Amar ou Te Matar... Eis a Questão! - 15 (FIM DA PRIMEIRA FASE)

Um conto erótico de Bernardo DellaVoglio
Categoria: Homossexual
Contém 2266 palavras
Data: 29/11/2012 22:53:30

-- Lorenzo... Amigão... Acho que já chega de bebida por hoje. - disse Oliver preocupado.

-- Não! - disse bebendo angustiado. - Eu não vou parar.

E mais uma dose garganta abaixo. Estávamos em uma taverna, depois do dia de hoje... Onde recebi o golpe daquele desgraçado.

-- Mas do que vai adiantar isso? - ele falou segurando a garrafa evitando-o que eu a pegasse.

Minha intenção era beber... Pelo menos beber até eu apagar e quem sabe esquecer de tudo aquilo que foi dito.

-- Você não me entende. - disse com os olhos encharcados. - Não tem a menor ideia de como eu estou me sentindo. Eu me sinto tão...

-- Está bêbado. Tem de parar com isso... Precisa é dormir. - ele falou sério.

-- Eu não entendo Oliver... Eu sei que errei por ter forçado a situação no calor do momento. Mas, ele me rejeitou. - disse já chorando.

Ele ficou pensativo.

-- Disse que não poderia ficar comigo... Disse que ele não era feito para colher batatas e viver o resto da vida como um criado. - falei me lembrando das palavras.

-- Lorenzo, com certeza ele deve ter um motivo para tudo isso. - ele falou.

Virei me de frente para Oliver, e suspirei balançando a cabeça.

-- A verdade é que fui um tolo em acreditar... Em acreditar que eu e ele ficaríamos juntos. Eu não tinha nada para oferecer para ele e sabia disso. - disse limpando as lágrimas. - Fui um imbecil em acreditar que aquele fútil e egoísta iria ficar comigo.

Calei-me por um momento e continuei.

-- Eu achei de verdade que ele era um pedaço de mim... E ele disse que ele era meu. - falei sentindo o rancor - Mas no final das contas, só fui um imbecil que ele usou...

-- Ele não deve ter feito isso por mal, Enzo. - Oliver disse.

-- Sim, ele fez sim. E a pior parte disso... É que eu o odeio tanto... Sinto um ódio tão profundo... Por que eu o amei e o amo demais. É um amor e ódio que dói, por que eles estão me destruindo lentamente... Pouco a pouco. - disse com raiva.

-- Daqui a uma semana é o casamento deles Lorenzo. - disse Oliver.

-- Tão rápido assim? - perguntei.

-- Sim. A data foi acelerada... Não farás nada? - ele arregalou os olhos.

-- O quê por exemplo?

-- O raptar... Fugirem para longe. Ele deve estar assustado Lorenzo... - ele falou.

-- O raptar... - disse com amargor. - Pra quê? Para ele esfregar na minha cara que eu não sou um nada... Que nunca serei nada e nunca terei nada?

-- Amigo! - ele falou assustado.

-- Mas isso não vai ficar assim. Eu vou passar por cima de tudo isso. - disse enfurecido.

-- Pense... Você se casar com uma boa moça... Ter filhos... Uma família! - disse Oliver.

-- Quem sabe... Quem sabe... - disse pensando nessa alternativa.

Depois daquilo, eu e ele fomos para nossa estalagem. Dormir que nem um bebezão, mas sem nenhum sonho... Não irei contar como acordei e nem como passei o meu dia, ou melhor, a semana inteira, por que isso seria contar em palavras o que seria o "nada". Nada de importante aconteceu... Apenas mais lembranças dolorosas... E apenas dor.

...

Os sinos das igrejas badalavam. Nunca me senti tão... Vazio. Era um daqueles momentos em que você passou por tanta dor... Apanhou tanto... Que nada mais de ruim, poderia te machucar, em tese é claro. A cerimônia foi marcada em Santa Maria del Fiore. Toda a nobreza Florentina iria estar lá. Uma festa seria em homenagem aos noivos.

Eu me vestia aos poucos. Oliver disse que aquilo era querer sofrer, mas não me importei. Eu precisava ver... Tinha a necessidade de olhar com meus próprios olhos, ele se casando com Cecília. Depois de terminar de me vestir, sai do dormitório e partir em direção a catedral. Fiquei em pé, escondido atrás de uma coluna de mármore.

Louis estava no fundo do altar, vestido de azul-claro com bordados a fios de ouro... As cores de sua casa real. Mesmo de longe coração batia irregular ao vê-lo ali... Ele estava absurdamente lindo, se era possível. Absurdamente lindo... E infeliz. Pelo menos era isso que eu sentia. Sem nenhuma expressão.

Passou-se uns minutos e o coro da igreja começou a cantar.

Cecília entrou na igreja vestida de preto e vermelho (nota do autor: a cor branca só foi instituída em casamentos pela Rainha Vitória I no século XIX. Antes disso era costume das noivas usarem outras cores, inclusive o preto), com quatro damas de honra segurando a capa de veludo. Ela também parecia infeliz.

A cerimônia ocorreu com o padre falando sobre a união de almas e corpos, o casamento...

-- Se algum aqui presente na sagrada casa do senhor, ter algo que impeça essa união... Que fale agora, ou se cale para sempre.

Muitas coisas passaram em minha cabeça... Raptar o fedelho... Matá-lo na frente de todos... Falar para todo mundo que ele era um sodomita e pecador e vê-lo queimar na fogueira... Mas me calei.

Naquele momento notei que Louis me viu. Ele e Cecília. A cena seria cômica se não trágica... Fui para a cama com esses dois que me olhavam, como se quisessem serem salvos. Os dois arregalaram os olhos... Os dois esperavam a minha reação. Mas fiquei em meu lugar.

-- Louis Édouard Saint-Clair... Aceita a mão de Cecília Maria Antonieta Castela Garleranni?

Silêncio.

Ele olhou para mim... Fechou os olhos... E os abriu para Cecília.

-- Sim. Aceito. - em um som sem emoção... Vazia como a consciência podre dele.

-- Cecília Maria Antonieta Castela Garleranni, aceita Louis Édouard Saint Clair?

Ela olhou para mim em um silêncio gritante... Esperava alguma reação minha. Virei-me de costas e sai para fora a tempo de ouvir o "aceito" dela.

Ambos os dois... Marido e mulher.

...

Os dois se mereciam. Ambos os dois eram perfeitos um para o outro, pelo simples fato de que Cecília sempre quis ser uma duquesa e não esposa de um pobretão... E Louis. Esse já era um ser totalmente desprezível. Oliver me disse que eu estava falando isso para ocultar a minha dor e os sentimentos pelo o fedelho.

Não havia me restado nada. A não ser ódio. Ódio de tudo, de todos, do mundo e da grande hipocrisia que reina sobre ele. Mas isso não era o suficiente. Eu tinha que fazer algo... E foi em janeiro de 1516, um mês depois do casamento de Louis, eu cheguei a uma conclusão. Estava na hora de eu agir, de me vingar por todos que me fizeram mal, e destruíram a minha vida.

O primeiro da lista era Tio Vespuccio. O ladrão que roubou minha família, e foi o responsável pela a morte de meus pais e meu irmão caçula... Ele morava em um pequeno castelo há umas duas milhas de Florença. Era um rico latifundiário, sem filhos e sem mulher. Provavelmente tinha medo de algum deles o matar para herdar o dinheiro. E ele devia ter medo mesmo.

-- Oliver, eu tenho uma missão para nós. - disse de manhã.

-- Epa amigão... Pode falar! - ele disse já animado.

-- É o seguinte... - falei contando o meu plano.

Ele ouviu atentamente cada coisa.

-- Certo. Eu arranjarei o que precisa. - ele falou.

-- E uma espada nova para mim. - disse.

-- E aquela? - ele perguntou.

-- Aquela não... Ela é... Especial. - disse incomodado. - Não quero usá-la.

-- Ahh sim. Entendi! Pode deixar comigo camarada! - ele saiu disparado.

Ele consegui com um farmacêutico, um vidro de uma poderosa erva... Depois disso, fui ao padeiro e pedi que na massa do pão incrementassem a seiva herbal. Em uma hora, pães recheados de um doce feito na Espanha, um tal de chocolatt e sonífero o suficiente para que em uma mordida qualquer um caia em um sono profundo.

Depois disso, reuni o que precisava. Pegamos dois cavalos e partimos em direção ao isolado castelo de Vespuccio... Em três horas de cavalgada chegamos lá. Era isolado o suficiente para tudo o que iria fazer... Mandei Oliver ir lá sem nenhum armamento, se fingir de vendedor de pães. Os guardas eram tão burros que logo caíram. Em questão de minutos todos caíram em sono, roncando...

Eu e Oliver entramos em sorrateiro no pátio central. Era lua cheia e isso refletia nos muros no castelo em um brilho prateado. Pedi que ele ficasse no saguão para ter certeza de que não teria ninguém. Estava com medo é claro... Mas o segredo era não ter medo. Depois de mais de dez anos, eu veria aquele demônio. E já tinha tudo planejado.

Atravessei os corredores e cheguei devagar nos aposentos dele.

-- Ainda bem que está aqui Marieta sua imprestável. Estais fazendo eu perder a minha paciência. - ele resmungou sentado em uma poltrona de frente para a lareira.

-- Lamento em informar, mas os serviços da cozinha estão temporariamente suspensos. -falei colocando uma espada na garganta dele.

-- O-o quer de mim? Pode levar tudo o que tenho... Mas não faça nada comigo, sou um pobre velho...

-- Deixe de mentir seu verme. - disse agressivo. - Vire-se de frente!

Ele saiu trêmulo da poltrona, e virou-se de frente. Estava velho... Careca, com os dentes tortos amarelados, e o nariz parecendo um gancho. Asqueroso.

-- Quem és t-tu? - ele perguntou.

-- Advinha titio Vespuccio... - falei rindo irônico.

Ele empalideceu.

-- N-Nã-não pode ser... Tu... Tu morreu... Há anos... - ele gaguejou pensando ser uma assombração.

-- Não. Estou tão vivo quanto você. - disse me aproximando dele com espada.

Ele recuou.

-- O que quer de mim? - ele disse.

-- Minha vida que tu roubastes de mim. - sorri.

Ele pegou uma faquinha de abrir cartas e tentou avançar... Dei um chute no peito dele o atirando no chão.

-- Ahhhhhhhhh - ele se contorceu no chão.

-- Levanta! - disse severo.

-- Me deixe em paz... - ele disse ainda no chão.

-- LEVANTA ANTES QUE EU CORTE A SUA CABEÇA! - gritei.

Ele se levantou... Joguei na cara dele um pergaminho.

-- O que é isso? - ele perguntou trêmulo.

-- Uma procuração. Falando que passará TODA a sua fortuna para mim quando morrer. - disse.

-- Nunca assinarei isso! - ele disse jogando no chão.

-- Vai sim... E vai colocar o seu selo nesse documento. Senão vai ver essa água imunda que tu chamas de sangue, espalhada pelo o chão. - disse.

-- Promete que não derramará o meu sangue? - ele disse.

-- Prometo. - sorri diabólico.

Ele choramingando, pegou a pena e o tinteiro e assinou o documento. Depois pegou a cera e carimbou o selo autentificando o documento. Peguei aquilo e enrolei, guardando-o para mim.

-- VENHA CANALHA! - disse o empurrando para fora dos aposentos, empunhando uma espada e uma lamparina de querosene.

Ele cambaleando foi para fora, no saguão totalmente escuro, só com a luz da lua.

-- Ajoelha! - eu disse.

Ele ficou parado.

-- AJOELHA!!! - gritei.

Ele ajoelhou chorando.

-- Como se sente em saber que matou toda a minha família? Todas aquelas pessoas que ré amavam? - disse o rodeando com a lamparina.

-- Não fiz isso! - ele mentiu.

-- Sim... Fez sim. Por causa desse dinheiro... Você os mandou para a fogueira. - disse.

Ele chorava.

-- Me arrependo...

-- Reze... Reze para essa sua alma de porco quem sabe ser salva. - falei cruel.

Ele empunhou as mãos... E em joelhos começou a orar em latim arcaico. Peguei a querosene da lamparina e derramei inteira nele.

-- O que.. O que é isso? - ele perguntou ao se ver encharcado.

-- Querosene seu verme. - disse segurando uma vela de cera.

-- Você disse que não ia derramar o meu sangue... - ele chorava.

-- Falei. Mas existem formas de morrer sem nem mesmo derramar um única gota sequer de sangue? - disse. O rosto dele gotejava.

-- Eu te imploro! - ele disse. - Eu já dei tudo o que queria!

-- Não. Eu... Quero... Que... Você... QUEIME NO INFERNO! - disse me afastando, jogando a vela no rastro de querosene vendo o fogo seguir o caminho do óleo, atingindo rapidamente.

-- AAAAAAAHHHHHHHHHH POR FAVOR ME MATE! - ele falou, gritando em chamas...

-- Sinta a dor que minha família sentiu! E morra olhando para mim... - disse, assistindo-o, se transformando em uma pira humana. O cheiro dele queimando me deu ânsia de vomito, mas fiquei lá. Até o ultimo momento. Depois de um tempo ele virou apenas ossos e carne deformada pegando fogo.

Depois daquilo sai em encontro a Oliver que mantinha os guardas trancados ainda em sono dentro de um cômodo. Peguei a chave de um quarto secreto no quarto do verme do Vespuccio... Doze baús... Entupidos até a tampa em ouro e jóias...

-- Lorenzo! Olha pra isso! - disse Oliver pulando de alegria. Sorri de leve.

Ele abriu baú por baú, vendo um mais recheado de ouro que o outro. Depois de um tempo ele perguntou.

-- E então camarada... O que pretende fazer agora que já é tão rico? - ele falou com uma tiara de ouro e diamantes em cima do chapéu, brincando.

-- O que eu pretendo fazer? - disse caminhando, vendo o feixe de luz dourada das moedas.

-- Sim!

-- Eu quero acabar com a vida de Louis! Quero vê-lo na miséria... Sem nada no bolso... Quero vê-lo se rastejando no chão... Humilhado... Com fome... Sem absolutamente nada! - disse.

-- Mas Lorenzo! Ele é o bambino que você ama! Não pode fazer isso com ele! - ele teve um sobressalto.

-- Por enquanto farei nada... Mas o que é dele está guardado. Mas escreve o que estou lhe dizendo. Louis vai se arrepender de ter brincado comigo e com meus sentimentos. - disse sorrindo.

...

FIM DA PRIMEIRA FASE.

QUE SE INICIE A SEGUNDA.

...

E ae galerinha!!!!! Esse é o fim da primeira fase... A segunda se passa 3 anos depois da primeira parte... Muitas coisas rolarão... Um abraço a minha amiga, GRIMM, Iky, Syoran, CrisBr (sou teu fã cara) e a todos vocês que são meus amigos do peito. Abraços a todos, e está aí o final da primeira fase rsrsrs Comentem por favor kkkkkkk Adoro os comments... Inflam o meu ego kkkkkkk

bernardodelavoglio123@hotmail.com

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Comentários

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Muito bom. Apesar de ter dito que não devíamos esperar aprender nada com o seu conto não se esqueceu de fazer uma muito bem feita contextualização temporal sem falar da sua maravilhosa capacidade de dar seguimento as acções no tempo e espaço sem perder o fio da mesma. Parabéns.

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Parabéns...Fez a lição direitinho sobre a história e seus costumes.

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rico e em busca de vingança.parece até o Conde de Monte Cristo,e eu ADOROOO o Conde.

nota 10 Bernardo...

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Bernardo amigo, está cada vez melhor, adoro vinganças, mas pra quem ela será mais prejudicial? O conto está magnífico! Parabéns!

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nuuuuussa B oque foi isso, acho que vc anda vendo muito Dexter rsrsrsrs

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ok ok PODE MANDAR O CEVEIRO QUE EU MORRI AKI....SE LORENZO FIZER ALGO COM LOUIS JURO QUE ENTRO EM GREVE...OK LORENZZO FIKOU RIKO SE VINGOU DO FARABUTO DO TIO DELE AGORA A CECILIA...SEI NAO MAS ELA TA GRAVIDA ACHO QUE ELA JA SABE DE LOUIS E ENZO E LOUIS SE CASOU COM ELA PARA SALVA-LA DA HUMILHAÇAO E LORENZZO PELO AMOR DE DEUS MEU SALVA TEU GURI MERMAO

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Se o Bernardo seguir a tradição literária... Lorenzo não terá um final feliz, pois nas histórias aqueles que optam por este caminho acabam, não apenas destruindo as vidas daqueles a quem se propuseram a destruir, mais também, aos poucos, destroem sua própria alma, e por isso, só existe um caminho possível para a redenção...

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Insisto como disse anteriormente Cecília pode estar grávida, Louis foi nobre em se casar com ela. Como Lorenzo se sentirá quando souber que destruiu a vida dos pais de seu próprio filho???! Uma pena o que causa a nós a dor e o desejo de vingança! Que triste rumo sua estória tomou... você é ótimo, 10!!

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O ódio vai corroer a alma do Lorenzo.

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Muitas perguntas precisam ser respondidas e eu estou ansioso para saber as respostas. Eu acho que Cecília está doente por isso que adiantaram o casamento. Mas é só esperar pra ver. Abraços

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MARAVILHOSO,DIVINO,PERFEITO.Nossa Bernardo seu conto esta um arraso como sempre,vc é um dos melhores e mais DIVINOS escritores da CDC.Continua logo por favor,eu quero ver o que o Lorenzo vai fazer com o Louis.BJSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

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Entre meus favoritos, com certeza. estou esperando ansiosamente pela segunda temporada, que seja em breve

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