O namorado da minha amiga *36

Um conto erótico de Jhoen Jhol
Categoria: Homossexual
Contém 1818 palavras
Data: 29/03/2013 12:07:01

A saudade de quem se gosta devora dias para passar e quando do regresso do ser amado só se pensa em receber o outro em sua alma em seu corpo, só se quer estar dentro da alma do outro, dentro do seu corpo. Só se deseja beber da boca do outro. Sentimento assim jamais houvera em mim. Queremos estar nos braços de quem amamos e somente isso, coisas outras não bastam. Tomamos uma ducha, pusemos nossos pijamas e sentamos na varanda do quarto.

Tropeçava meus olhos nas poucas estrelas que se podia contar quando notei que Marcello me observa. “Eu queria cantar uma música que aprendi a tocar para você, menino brigão do olho roxo” Disse Marcello que se levantou apanhou o Bruno (Bruno é o violão dele, é!, ele tem essa mania de dar nome a tudo, é coisa de garoto eu sei e já disse a ele, mas fazer o que?) e voltou o afinando.

Ele sabe que eu amo o ver tocar e ele parece fazer isso com muito gosto. Enquanto um arrepio me percorria a pele eu reconhecia nos primeiros acordes, era Weird fishes do radiohead.

Como eu amo ver esse moço cantar, amo sua voz e a forma apaixonada dele dizer a mim, por meio do que canta o que sente. A família de Marcello guarda uma intimidade com a música que admiro. Enquanto ele iniciava os acordes dizia “Isso é o que eu sinto quando olho dentro dos seus olhos, meu coelhinho de briga”

Marcello tem uma relação de adoração com o radiohead, como eu. Dividimos a mesma paixão pelo senhor Thom York, a voz masculina mais linda que as ilhas da velha e loura Albion jamais produziram. Esse moço York entra pelos meus ouvidos, corre por minha artérias e vai direto para meu coração me fazendo sentir coisas que não podem ser explicadas com palavras.

Daí o amanhecer se fez lindo; enquanto ele, meu Marcello ainda tocava, tirávamos nossas roupas e voltávamos para a cama, como que num acordo mudo em que nossos corpos, senhores de si mesmos, se procuravam desejosos de beber a vida um no outro, ele abandonou o Bruno de lado, nos beijamos mais e terminamos de cantar baixinho a Weird fishes, eu no ouvido dele, ele no meu, deitados, enquanto nos recebíamos um ao outro e eu ouvia dos lábios de Marcello o quanto ele amava tocar a minha pele.

Weird Fishes / Radiohead http://www.youtube.com/watch?v=57q2uFaMjNs

Dormimos abraçados até o meio dia quando Guto bateu na porta do quarto. Havíamos combinado de irmos à cidade com os meninos. Encontraríamos outros amigos nossos que haviam decidido ir a Pirinópolis no último feriado.

Quase meia hora para levantarmos e nos compormos para descermos à rua. Os meninos estavam tagarelando muito, nem pareciam que haviam ido dormir depois de nós.

Na cidade encontramos duas amigas de Guto e três amigos de Marcello que eu ainda não fora apresentado. Resolvemos todos à casa de uma parenta de um desses amigos de Marcello. Lá chegando havia uma festa, muita gente. Coincidiu de eu encontrar uns colegas da faculdade lá, Rubinho estava entre eles. Ele havia ido com outras amigos nossas.

Como o mundo é pequeno, pensei. Rubinho se aproximou e me deu um abraço, ele visivelmente já estava, digamos, colocado, devia ter bebido a manhã toda. “Claudinho, que coisa boa, hein?” disse ele com a voz meio pastosa, hihihi.

Gosto dele, é um ótimo amigo, muito traquilo e ótimo parceiro nos grupos de estudo.

“Tudo bem?”, prosseguiu Rubinho estendendo a mão a Marcello que deu um rosnado para ele e em seguida um forçado sorriso. Rubinho sorriu sem entender muito e disse “Depois nos falamos, Cláudio” despediu-se Rubinho voltando ao grupo onde estava. Marcello cerrou os dentes e deu um latido quando ele se afastava.

“Eita Eita Eita, eu vou ter que conseguir duas funcinheiras é?” Perguntou o Guto fazendo troça com a cara de Marcello que respondeu “Cáspita, não pra mim, foi o tocha humana que começou”. Marcello, não sei porque, tem ciúme de Rubinho e faz brincadeira com o fato dele ser ruivo, muito ruivo. Tadinho, ele tem muita sarda e me confessou ter dificuldade de se relacionar com as meninas porque elas não gostam de ruivos.

De qualquer forma é um amigo, Marcello um dia se acostuma. Como é comum, grupinhos se formaram, a certa altura uma das moças que organizaram anunciou um concurso de karaôke. Imaginem. Muita gente que já estava “pra lá de bragada” hihihi se inscreveu.

Prêmio: uma caixa de cerveja, como se mais fosse necessário. Hihihi Marcello ao ver a empolgação dos meninos disse: “Pronto, a italianada vai se acabar em cima do microfone” e foi verdade, a família de Marcello, canta muito, bebe muito, sorri muito e quatro deles juntos bastavam para uma festa.

Ouvi coisas engraçadíssimas, algumas até legais. Acho que eu ri mais quando uma garota cantou “Like a virgin” e não satisfeita em cantar, fez a coreografia, hihihi impagável. Lol.

Os meninos não se contiveram e como já estavam de pilequinho se inscreveram e cantaram em um italiano perfeito, “La forza della vita”, foi um arraso, a galera adorou, hihihi. Tanto que Pedro conseguiu uma admiradora, digamos, bem empolgada. Hihihi.

Como foram incentivados resolveram cantar mais uma, Guto se juntou a eles e notei que cochichavam entre si antes de cantarem como que combinando algo. Antes de cantarem disseram juntos ao microfone: “Ora, questa canzone è per due persone molto particolare per noi, Cláudio e Marcello, Non rifiuti la vita perché la vita è adesso”

Dedicaram a mim e a Marcello “La vita è adesso” que é uma das canções preferidas de Marcello que pôs o braço sobre meus ombros e enquanto ouvíamos o trio, notei que ele não segurou as lágrimas. Acompanhou cantando baixinho e quando terminaram todos bateram palmas, adivinhe quem ganhou o prêmio?

La vita è desso - A vida é agora / Renato Russo

http://www.youtube.com/watch?v=B8ZmYTyvQ5E

Eu devo confessar que fiquei muito emocionado, por ver aquela demonstração de carinho e amor entre eles, admirar esse afeto gostoso que essa família cultiva.

Depois que deixaram o aparelho, ninguém mais quis concorrer. Hihihi. Ficamos ainda alguns instantes só nós à mesa. Contamos piadas, zoaram com a cara de bobo de Marcello, deram beijinhos no rosto dele, e disseram pra ele cuidar bem de mim. “Acho que é o Claudinho quem vai cuidar, vocês não conhecem o cruzado de esquerda desse cara” disse Guto rindo.

Sabe, tenho procurado trazer um pouco disso para minha família, mas temos outra origem, queria ser assim com minha irmã; bem quem sabe um dia. Tenho aprendido italiano com Marcello e essa música é realmente linda.

Os meninos foram cercados e depois de um tempo algumas garotas vieram sentar perto à nossa mesa. Discretamente, saímos, Marcello e eu, nos despedimos deles discretamente. Guto estava ocupado entretendo duas moças e Pedro, visivelmente, havia se “entendido”, com uma, morena. André conversava com alguns amigos seus daqui de Brasília e disse que nos encontraria depois.

Dali saímos e resolvemos caminhar um pouco pelas ruas com calçamento de pedra. Sentamos num bar próximo a uma pracinha. “Eu amo esses caras” disse Marcello ao que respondi que ele tinha razão para amá-los. Ele me contou histórias de quando eram crianças, das pipas e peões, dos vídeo-games, de uma vez que o Guto engasgou com pipoca hihihi e de quando jogavam “búlico” que depois descobri que eram bolas de gude. das férias na casa dos avós no interior.

Marcello me contou que seus avós paternos eram gente muito simples, imigrantes que se fixaram no Rio Grande do Sul, seus avós paternos vieram depois da guerra, mas eram gente muito simples também. Contou-me como foi difícil para seu pai estudar e como foi duro para seu pai perder o próprio pai que se foi sem ver o filho se formar. Coisas boas e tristes de uma família unida cuja alegria e ternura os revezes e tragédias não apagaram.

Aprendi a amar a família de Marcello por esse carinho todo que eles entregam uns aos outros e a quem mais se achegue. Lembrei da minha casa onde nem mesmo cheguei a conhecer direito meus avós, na verdade nem meus mais biológicos, mas amo os que me criaram muito e estaria mais feliz se estivessem melhor se entendendo.

Marcello percebeu que em certo momento fiquei menos alegre, esse moço me conhece mesmo. “Claudinho, problemas em casa?” ele perguntou. “Não, nada, tudo tranquilo” respondi. “Então porque essa carinha triste?” “Coisa sem importância” disfarcei. Ele insistiu “Na alegria e na tristeza, não é esse o trato?” Disse ele. Bem, daí eu despejei tudo que estava ocorrendo e ele a tudo ouviu.

“Não sabia que estava passando por tudo isso, Porque não me contou antes?” Ele perguntou. Disse que não queria incomodá-lo com assuntos meus. “Assuntos nossos, Claudinho” ele disse e seguiu “Cláudio, eu acho que você deve ser tolerante com sua irmã, mas não deixe ela ser ríspida contido, não quero precipitar nada, mas talvez seja o momento de você cortar esse cordão umbilical não? Digo, que não quero lhe influir, nem apressar, mas até o final do ano eu quero morar no mesmo teto que você, eu quero que você seja minha família, entende?

Eu entendo que você ainda tem medo, mas pense bem, não quero invadir seu espaço, mas deixa eu ser um pouquinho egoísta vai? Estou louco pra morar contigo, dormir juntinho todo dia, tomar banho junto, lhe deixar e buscar no trabalho, na faculdade. Eu até fico vendo mobília na rua imaginado como vai ser a nossa casa, Eu fico pensando coisas assim”

“Marcello, eu só preciso de um tempinho para organizar a minha cabeça, mas viver junto contigo é o que mais quero no mundo” respondi a ele que disse que daria todo o tempo que eu precisasse desde que não passasse até do final do ano senão ele me sequestrava hihihi.

“Agora vamos deixar de conversa e vamos voltar pro hotel porque eu tenho outro assunto para tratar contigo,” disse ele com aquele sorriso que eu já entendo o que significa hihihi. Voltamos para o hotel e depois da ducha Marcello já deitado na cama disse, imitando criança, “Coelinhooo, vem dengá seu nêgo vemm” hihihi Pode? Agora ele está com essa mania de fazer manha hihihi eu disse

“Já vou meu nêgo loiro” hihihi. Passamos o resto da noite no quarto e na varanda, aproveitamos pra dormir, muito. Ultimamente não tem sido fácil em razão da quantidade de trabalho.

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Obrigado a todos!! E que legal os outros que não conheciam a história estão gostando. Vocês iram surpreender o porque dessa conversa do Guto. Esse povo que estão dando zero e xingando, não importo pode perder tempo a vontade, mas se algum conto for excluído vou ficar Virado no Jiraya e dá um susto na pessoa, consigo rastreá - los VIU!! Acho bom parar!!

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Comentários

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Syaoran é só maneira de dizer ficar irritado demais hahahaha

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Talvez o lance do Guto nem seja com o coelhinho realmente, talvez ele tenha sentido algo por um cara? ! Kkkkk a gente pensa um bando de coisa, to curiosão já... Enfim, o Marcello é apaixonante, pqp.. 10

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