Olá! Estou de volta com mais um conto para vocês =D espero que gostem desse conto! Beijo e Abraço!
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Olá. Isso que vou contar a vocês não é a história de um dia, um mês ou um ano. É a história de uma vida inteira. Ou melhor, parte expressiva de uma vida. Em certos momentos de menos importância, resumirei a história. Mas espero que goste.
Meu nome é Felipe Magne. Nasci em uma cidade no Sul de Minas Gerais. Tenho cabelos castanhos, olhos de mesma cor. Pele clara.
Até a minha 4ª Série do ensino fundamental eu estudava em uma escola onde eu sofria um pouco do que chamado hoje de Bullying. Antes eu achava ruim, hoje eu percebo que se não fosse os meninos mais velhos, hoje não estaria onde estou.
Deixe-me explicar melhor. Quando eu saí da 4ª Série e passei para a 5ª, eu mudei de escola. Com traumas, eu tinha dificuldade para me relacionar com os outros alunos, mas pelo menos eu não sofria mais nas mãos dos valentões. Aos poucos fui melhorando cada vez mais. Mas não ao ponto de ser “descolado”.
Devido a isso, durante todo o meu ensino fundamental eu nunca tive um amigo de verdade. Alguém em quem confiar, alguém para chamar de “meu melhor amigo”. Eu era no máximo um colega legal.
No ramo das garotas eu era ainda pior. Eu fica vermelho fácil e era tímido. Até antes do ensino médio eu havia ficado com apenas uma menina. E de quebra era a mais feia da escola. Isso me rendeu boas zuações.
Mas com isso aprendi logo cedo uma lição importante: Existiam dois tipos de zoações. As maldosas e as amigáveis. As maldosas tem a função de te ofender e ferir, portanto é só ignora-las que uma hora vai parar. Se não parar, entre no meio da brincadeira. É bem mais eficaz. As amigáveis tem intuito apenas de tirar sarro, e, quando passa dos limites, um simples “Cara, para, passo dos limites” é suficiente. O maior problema era saber qual estava sendo feita.
Continuando. No meu primeiro ano, muita coisa mudou. Pra começar a escola. Eu fiz um vestibular para um curso técnico integrado (pra quem não sabe é o ensino médio mais um curso técnico) e passei. Na minha nova sala eu fiz um amigo, chamado Dhiego.
Eu e Dhiego nos tornamos amigos logo no primeiro dia. Mas Dhiego se mudou para outra cidade, me deixando novamente sozinho nesse mundo hostil. Mas eu havia animo para tentar me socializar.
Na ultima semana de aula, todos os meus colegas marcaram de ir a um barzinho. Uma das meninas, a Paulinha, perguntou se poderia levar o namorado e todos concordaram numa boa. Uma vez no barzinho, essa minha colega chegou com a coisa mais linda que eu já vi na vida. Um garoto alto, na época, magricelo, com uma carinha inocente, mas máscula. Olhos verdes e cabelos negros. As outras meninas da sala olharam boquiabertas para ele. Ele chegou até nós e se apresentou:
- Prazer, meu nome é Fernando – Todas as pessoas à mesa se apresentaram, menos eu. Eu apenas dei um sinal com a cabeça. Ele sentou à mesa e começamos a conversar, mas eu falava pouco, era tímido.
Após começar uma música mais animada, os garotos da minha sala foram andar para pegar alguma menina. As garotas fofocavam e eu fiquei sentado, apenas apreciando o movimento. Após um tempo, Fernando sentou-se ao meu lado.
- Você deve ser o Felipe. Paulinha disse que você era meio estranho... – Eu dei uma risadinha e disse:
- Qual sentido de estranho? Se você olhar no dicionário, estranho significa fora do comum, extraordinário. Por outro lado significa esquisito, contrário ao bom senso. Qual dos dois ela me descreveu? – Ele fez uma cara pensativa e concluiu:
- Isso eu descubro depois de te conhecer. Prazer, Fernando Albuquerque.
- Prazer, Felipe Magne – Após isso ficamos um tempinho conversando. Além de gato, Fernando era carismático. Tempo depois ele foi embora com Paulinha e eu fui embora para minha casa. Olhei na página do Facebook de Paulinha e adicionei Fernando. Imediatamente ele aceitou.
Creio que esse dia foi um divisor de aguas na minha vida. Tornei-me amigo de Fernando. Nossa amizade era de uma química incrível. Era harmônica. A gente nunca brigava. Um olhar bastava para dizer tudo o que precisava. Mas eu era uma segunda opção pra ele. Ele só conversava comigo quando ninguém mais falava com ele, só me chamava pra ir na casa dele quando ele não tinha mais o que fazer. Mas eu não ligava.
Entenda. A minha situação era muito cômoda. Antes eu não tinha amigos, não saia de casa, só estudava. De repente, fiz um amigo que eventualmente me chamava pra dormir na sua casa, conversava comigo e melhor, confiava em mim. Isso era bom, eu não queria ser exclusivo, queria ser amigo de alguém, e desse jeito, eu era.
Mas tudo um dia muda. Eu sempre soube que era gay, embora tentasse esconder de isso de mim mesmo. Ninguém sabia. Meus pais eram preconceituosos nesse ponto. Então, mantinha isso escondido da sociedade.
Como eu disse, Fer, como eu o chamava, era muito gato. Muito mesmo, e eu já havia dito isso pra ele, em tom de brincadeira, claro. Nós sempre fazíamos esses tipos de brincadeiras, mas não passava disso. Um tempo depois, eu comecei a notar mais no rosto e no corpo de Fer. Ele fazia academia há algum tempo e os resultados estavam aparecendo. Seus braços estavam mais fortes e seu abdômen mais definido.
Comecei também a notar seu cheiro. Era um perfume diferente de tudo que eu já havia sentido. Inspirava confiança, masculinidade. Isso foi gradativo, cada vez mais eu percebia isso e cada vez mais eu queria que aquelas brincadeiras fossem mais do que brincadeiras.
Percebi que era amor de verdade quando eu me peguei pensando nele, no meio de uma aula de matemática, escrevendo um trecho de musica de romance no meu caderno. Depois disso, não quis mais negar para mim que eu o amava.
Depois disso, todas as vezes que meu celular tocava eu olhava correndo para ver se era ele. Mas Fer nunca me ligava. Todas as vezes que eu entrava no Facebook, eu ficava procurando mil motivos para conversar com ele. Ou ficava esperando ele falar comigo. Mas raramente ele falava comigo.
Quanto mais o tempo passava, mais eu precisava dele perto de mim. Mais eu necessitava do seu carinho. Mas parte das minhas esperanças foram por agua abaixo quando um primo dele assumiu que era gay, e ele me disse que não aceitava esse tipo de coisa. Eu, obvio, concordei.
Mas como dizem, a esperança é a ultima que morre. Houve uma vez que nós íamos a uma festa, e eu fui pra sua casa antes, pois iriamos juntos. Cheguei um pouco cedo, e ele estava no banho. Sua mãe pediu para eu espera-lo no quarto dele mesmo. Eu estava no computador vendo seu histórico cheio de pornôs heteros quando ele entrou. Eu só percebi que ele entrou e disse:
- A noite ontem foi boa em... – Quando finalmente eu olhei para ele, perdi o fôlego. Ele estava só de cueca. Com aqueles cabelos pretos perfeitos ainda molhados, seu corpo perfeito com alguns respingos de agua. Sua toalha no ombro. E o melhor: uma cueca boxer vermelha com um recheio proeminente. Fiquei algum tempo perdido em devaneios, olhando aquela criatura perfeita, quando ele me perguntou:
- O que tá olhando? – Essa pergunta me trouxe de volta a terra. Fiz uma cara de indiferença e respondi:
- A resposta óbvia é você – Para você pode parecer que eu estava me declarando para ele. Mas era comum eu dar esse tipo de resposta. Então nos cumprimentamos e eu o zuava pelo seu histórico do PC enquanto ele se vestia. Seu cheiro de quem acabou de sair do banho era perfeito. Cada vez mais era difícil me segurar. Se eu continuasse daquela maneira, acabaria cometendo uma cagada, e perdendo e meu único amigo. Então, eu deveria me afastar. Será que eu conseguiria?