Apaixonei-me por meu filho (parte 1)

Um conto erótico de Andre
Categoria: Homossexual
Contém 732 palavras
Data: 31/08/2014 15:55:28

Ter crescido em uma família evangélica, além de ser filho de pai militar, influenciou-me de tal modo que, às duras, e só depois de muito tempo, aceitei minha homossexualidade. Devido a toda repressão a que estava submetido, namorei durante dois anos da minha vida uma garotinha mimada da igreja, filha do pastor. Aos dezessete anos, perdi minha virgindade com ela – ocasião dolorida, decepcionante, em que me certifiquei, de fato, de que gostava de machos, mesmo – e, logo depois, a notícia angustiante que mudaria minha vida chegava em minha casa, através da boca dos pais de Marina: minha namoradinha estava grávida de mim.

Obviamente, minha família não gostou da notícia, mas, já ciente de meu desejo sexual por homens, sabia que seria muito mais fácil para eles ganharem um netinho do filho de 17 anos do que tomar ciência de que ele, na verdade, era gay. Minha mãe, fervorosamente religiosa, obrigou-me a casar com Marina, em parte para abafar o caso, em parte para que eu fosse “homem” e cumprisse com minhas futuras obrigações de pai. Pois, aos 18 anos, eu já estava de aliança na mão e um filhinho nos pés. Mais hetero do que isso não devia existir, pensei.

Nesse meio tempo em que estive casado, Marina e eu não tivemos relações sexuais. A não ser a noite de núpcias, em que transei com o pinto meio mole, esperando que Marina atingisse o orgasmo para que eu pudesse tirá-lo de sua vagina, aleguei seguidamente que estava cansado demais do trabalho pra que tivéssemos sexo como um casal de verdade. Mari chorava pela dissolução de nosso casamento, mas, se algo me impelia a permanecer casado com ela, era somente o bebê lindo, Rodrigo, que ela havia gerado. Tínhamos um casamento de fachada: para satisfazer minha excitação sexual, recorria constantemente à minha mão; desconfiava que Mari fazia o mesmo, e sabia que Mari também desconfiava de meu comportamento solitário.

Até que a tragédia chegou. Meus pais haviam falecido juntos, em um acidente de carro. A notícia me deixou em estado ainda mais depressivo do que já manifestava durante as primeiras semanas após o incidente; porém, logo findo o momento de luto, decidi tomar uma decisão radical para minha vida e, no fatídico ano de 1999, revelei a minha esposa toda a verdade: eu era gay.

Surpreso, percebi que Marina não ficou tão desolada com a revelação. Estávamos sofrendo tanto com aquele relacionamento fadado ao fracasso que ouvi de minha esposa tão somente uma ordem nada mais do que justa: eu sairia de casa, faria o que quisesse da minha vida, mas não diria ao Rodrigo, até que ele fosse maior de idade, que eu era homossexual. Eu o visitaria umas três ou quatro vezes por ano em sua casa, mas não o levaria para minha. Não queríamos, nem eu nem ela, que nosso filho sofresse tanto quanto eu sofri com um pai diferente dos demais. Era início da década de 2000, e o mundo (ou o Brasil) não estava preparado – pensávamos nós – para pais gays.

Fiquei triste pela lonjura entre mim e meu filho, mas mudei-me para Porto Alegre, bem longe de Rodrigo e sua mãe e resolvi assumir, em meu círculo de relacionamentos, minha sexualidade. Morava sozinho, em uma quitinete, e, finalmente, fiquei feliz: eu era eu, sem amarras. Ao longo dos anos, visitava regularmente Rodrigo e o vi crescer, tornando-se um garoto e, posteriormente, um rapaz lindíssimo. Embora distante, nossa relação era saudável, e, na medida em que eu estava satisfeito com minha sexualidade e em que eu o via sempre que podia, estava bastante acomodado com minha situação.

Quando Rodrigo completou 17 anos, Mari faleceu de câncer. Ela já havia me comunicado meses antes que a descoberta fatal da doença não lhe daria mais do que cinco meses de vida e que eu deveria levar Rodrigo para minha casa após seu falecimento. Este tempo era mais do que suficiente, dizia ela, para reestruturar meu estilo de vida e não permitir com que Rodrigo sequer desconfiasse que possuía um pai gay. Jurei a ela que o cuidaria da melhor forma possível, entretanto, imiscuí-me de prometer-lhe não contar a verdade ao meu querido filho. Tinha medo de seu ódio, mas sabia que, em algum momento, Rodrigo deveria saber de toda a verdade. Por enquanto, todavia, resolvi cuidá-lo da melhor maneira possível: eu seria o pai presente que nunca tive oportunidade de ser.

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Comentários

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Já publiquei a segunda parte. Está um pouco longa, e possui mais erotismo. Esperem a parte 3 pro conto ficar mais picante.

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Muito bom, adorei... Voltando a ler contos e já achei um bom rsrrs

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gostei da imtrodução .voce screve muito bem .vou acompanhar com certeza.

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Bem interessante e bem escrito o conto.Sera sucesso com certeza!

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