Don't ask, don't tell: Timmy & Sam 2 - 01

Um conto erótico de Syaoran
Categoria: Homossexual
Contém 5924 palavras
Data: 25/11/2014 01:35:42

Gente, peço mil desculpas pelo meu sumiço. Eu sumi de tudo, mas é que as coisas no mestrado não estão fáceis. Tinha começado a escrever há muito tempo atrás, mas sem condições de acabar, então hoje disse que tinha que sair pelo menos um pra saberem que eu tô vivo. Então espero que gostem deste novo capítulo, críticas e sugestões serão sempre bem-vindas.

Quando acordei na manhã seguinte, só vinham flashes da noite anterior, de como Sam tinha ido resoluto em acabar de vez com o nosso relacionamento, em como as coisas não haviam saído conforme o planejado e de como as coisas se resolveram da melhor forma possível, em outras palavras, na minha cama. Se minha vida desde que o conheci se transformou em uma verdadeira montanha russa, agora estava prestes a mudar mais uma vez, eu poderia continuar tentando ser o soldado que eu gostaria, mas com ele, o meu amor, ao meu lado. Engraçado que, até conhecê-lo, nunca fui muito piegas, achava a verdadeira melação que alguns casais tinham um verdadeiro saco, mas agora, depois de ter passado estes meses longe dele entendo tais casais, e se é pra ser meloso, serei, com toda certeza e, ao pensar nele, não me imagino de outra forma. Confesso que tenho minhas dúvidas, de como faremos isso dar certo, eu não quero machuca-lo, não quero ter que escondê-lo, eu simplesmente o quero, tanto que mesmo tendo acordado fico preso ao seu lado, apenas velando seu sono. Ele é simplesmente lindo, um grande menino, um pequeno homem que é meu.

- Bom di... – tentava me cumprimentar, mas permito?, colo seus lábios aos meus, os beijos da noite anterior não haviam sido capazes de apaziguar a saudade que sentia de seu corpo. Mas, mesmo com este sentimento, consegui me controlar e o beijei calmamente.

- Bom dia. – respondia, logo depois dando mais alguns selinhos.

Depois disso ele se levantava e vai em direção ao banheiro, enquanto ele caminha percebo diversas marcas ao redor de seu corpo, minhas marcas, algo que provava que ele era meu e que eu era inteiramente dele.

- Posso usar a sua escova? – Sam pergunta.

- Pode, tudo o que entra na minha boca é seu. – Respondo em um tom malicioso, ao que ele começa a rir.

Enquanto ele escova os dentes percebo a verdadeira zona de guerra, ou melhor, de amor que o “meu quarto” havia se transformado: a cama toda amarrotada, as roupas espalhadas pelo chão, os moveis fora do lugar, provavelmente na hora em que eu o havia derrubado e, claro, a segunda gaveta aberta. A gaveta em que eu guardava as camisinhas e claro, o cheiro, de nosso suor, de nosso sexo que ainda empestava todo o ambiente.

Quando ele sai do banheiro estou eu arrumando algumas coisas do quarto, organizando os móveis, trocando a colcha de cama, ao que ele começa a apanhar suas roupas, sua cueca, sapatos, calça, então ele percebe que a camisa com a qual ele havia chegado não existia mais, ou melhor, existiam duas partes dela no meio de meu quarto.

- E aé, o que vamos fazer? – indagava, mostrando o resultado de minha volúpia.

- Muito fácil. – respondo lhe dando outro beijo e o levando em direção ao meu closet. Gente, sei que é chato, sempre falar que eu o beijei, mais entendam, eu passei meses sem poder beijá-lo, e daqui a dois dias vou passar mais não sei quanto tempo sem poder fazê-lo, então tenho que aproveitar enquanto posso.

Começo a procurar alguma roupa minha que sirva nele, e era muito engraçado, quando eu namorava com mulheres isso não era muito difícil, pois as blusas normalmente ficavam muito grandes, como se fossem um pequeno vestido nelas, ou seja, não havia uma preocupação estética em servir, mas com ele não, ele era um pouco mais baixo do que eu e assim a blusa poderia servir perfeitamente. Enquanto estava procurando ele se cansa de esperar e logo escolhe uma com um tom azul.

- Quando eu comprei pensei em mim também. – falava ele lembrando, que aquela camisa havia sido um presente dele. Nisso tínhamos algo em comum. Eu gosto muito quando alguém com quem estou veste uma roupa minha, não sei, é como se fosse mais uma prova de que aquela pessoa era minha, Sam, a sua maneira também era assim, ele gostava de comprar roupas para mim, dizendo que gostava de me ver vestindo com coisas escolhidas por ele. Como se com isso ele demonstrasse que também cuidava de mim.

Saímos do quarto, ele gostaria de voltar logo a casa de seus pais, embora eu tentasse demovê-lo desta ideia, vamos em direção a entrada e percebo que a casa estava estranhamente calma, onde estariam todos? Mamãe, Craig e Vivi? Quando chegamos mais perto da entrada percebemos uma movimentação perto da cozinha, com várias vozes, lá estava a minha família tomando o seu café da manhã. Sam pensa em sair sem fazer muito barulho.

- Você sabe que se sair assim... – eu o informo.

- Serei um homem morto. – ele completa. Ao longo destes anos, ele já sabia que nada deixaria minha mãe e Vivi mais chateadas, do que saber que ele havia passado por lá, as visto e não ter dito nada. E, dado sua relação com minha irmã, não seria muito difícil que ela descobrisse.

- Timmy – ai, como era bom ouvi-lo me chamando assim. – eu vou ter que ser rápido.

- Veremos. – digo, já sabendo de como era minha mãe. Nas primeiras vezes que ele veio e acabava merendando conosco era uma coisa normal, como qualquer outro amigo. No momento em que meus pais descobriram a real natureza de nosso relacionamento ficou um pouco estranho, eles simplesmente não aceitavam que eu estivesse com um outro cara, meu finado pai nunca aceitou, morreu renegando a mim e ao homem que eu amava, mas, com minha mãe foi diferente, mesmo com todas as suas ressalvas, o Sam tinha uma lábia, ele cuidava de mim, tanto que acabou conseguindo conquistar a minha mãe. E, desde então, quando ele passava a noite e tomava o desjejum conosco, ela o cobria de atenção, compensando a cara de bicho, ou o clima que a presença de meu pai pudesse infringir a ele.

- Bom dia, família que me ama. – cumprimento a todos.

- Bom di- - dizia minha mãe ao notar quem estava ao meu lado. – Mas ora, ora, o que temos aqui, Samuel, meu querido.

- Bom dia, Luna, Vivi, Craig. – ele falava, um tanto ruborizado.

- Vadia, não me diga que... tu dormiu aqui? Como tu não me conta uma coisa dessas? – Inqueria Vivi de forma que ele ficava ainda mais vermelho.

- Viviane! – falava minha mãe com a voz um pouco alterada, na certa para que ela percebesse que aquele não era o momento para aquele tipo de comentário.

- Mamãe, por favor, não tem nenhuma criança aqui. E eu tenho meus direitos como irmã e amiga. – falava ela, como se sentisse indignada de não ter sido informada das coisas que aconteciam.

Minha mãe e Vivi discutiam os modos desta, ela deveria ter mais tato, se não fosse Sam e sim outro, com certeza teria saído correndo, o encarar minha família e, principalmente os despautérios de minha irmã. Craig, como era de seu costume, apenas nos olha, dá um leve sorriso e acena em sinal de aprovação. Sei que terei muitos problemas, sei que a minha jornada será difícil que, dentro de minha própria família existem pessoas que não aceitam o meu relacionamento com Samuel e que devem ter ficado maravilhadas quando entrei para o exército e acabamos terminando, como é o caso dos meus tios, mas só de saber que as pessoas da minha família que realmente importam, minha mãe e irmãos, tem carinho e apreço por aquele que eu amo, faz com que eu tenha forças para encarar o que está por vir. Eu estou inteiro, estou com ele.

Dona Luna então se levanta e o cumprimenta com um forte abraço.

- Então, lancha conosco? – ela questiona de maneira retórica, já pegando um prato e o colocando na mesa.

- Não, muito obrigado, mas eu tenho que ir pra casa. – ele tenta se desfazer da oferta.

- Pode se sentar e comer alguma coisa. Imagina se você vai sem comer nada, o que seus pais vão pensar? Você vem pra cá e não come nada? – Fala obrigando ele a se sentar, minha mãe era assim, as vezes séria, mas outra nos tratava como verdadeiras crianças.

- E quem disse que ele não comeu nada? – Questionava Vivi, com um ar malicioso.

- Viviane! – minha mãe a interpela de novo.

- Eu não disse nada demais, apenas que o Tim pode ter dado alguma coisa pra ele comer, mamãe a senhora não... que mente suja. – falava ela tentando fazer graça.

- Engraçada você, não é Viviane. – dizia minha mãe super séria.

O café da manhã se desenrolou sem mais contratempos, salvo alguma presepada que minha irmã falava, mas isso era dela mesmo, ninguém conseguia levar seriamente a mal, se ela não se expressasse dessa forma não seria ela. No entanto, no meio de nossa conversa escuto algo que me faz ficar muito envergonhado

- Graças a Deus vocês voltaram, já não aguentava mais esse vai e vem de vocês. – falava Craig. Ao que todos viravam o olhar pra ele, que ficava meio ruborizado, mas continuava falando, agora encarando meu namorado – Samuel, não me leve a mal, eu gosto muito de você, mas desde que vocês se separaram o meu irmão era um verdadeiro saco, oh homem chato. Vou te contar viu, sei nem como você aguenta ele. – ele continuava, contudo eu me questionava de onde vinha todo este senso de humor.

- Craig, por favor. – agora era a minha vez de ficar sério, ao que todos começam a rir.

- Bom, pelo menos a fase dele: “homem modelo”, “soldado americano” acabou. – Falava Vivi fazendo graça.

- Negativo, senhorita, volto em dois dias pro treinamento. – respondi, ao que todos agora nos olhavam com a cara de assustados, principalmente Vivi. Percebia que ela não aceitava que, mesmo com tudo o que havíamos passado eu ainda fosse cair na “besteira” de pedir a Samuel este tipo de relação, como eu poderia voltar pro armário e leva-lo junto comigo. Ela me encarava como se eu tivesse feito todo um rebuliço, mexido com a vida de muitas pessoas, mas ainda assim eu tivesse conseguido a receita do desastre, no qual ela não gostaria de estar mais envolvida. O olhar de minha mãe também era desaprovador, contudo, diferente de Vivi ela entendia que isso era algo que eu precisava experimentar, que esta seria minha vida a partir de agora, que chagavam momentos na vida de qualquer casal que tínhamos que aceitar as coisas como elas eram e não como gostaríamos que fossem, momentos em que ambos teriam que ceder, em quem um deveria apoiar o outro e eu não poderia ser mais grato aos céus por Sam me apoiar neste momento.

- É temporário. Vamos experimentar, se der certo, dará, se não der e nós acabarmos nos separando de novo, pelo menos ninguém poderá dizer – ele falava apontando pra mim. Como não dar certo? Vai dar certo. Ninguém começa um relacionamento já pensando em seu final. – que não tentamos.

- Ohhh, vamos parar com essa conversa chata, vão arrumar uns namorados, ou namoradas, seja lá o que quiserem e parem de agourar o meu namoro, que está muito bem obrigado e vai ficar ainda mais. – falava um Timmy exaltado. – E, oh mascote, - se referia a irmã – nós sabemos que não vai ser fácil, mas vamos tentar, e vamos mudar o rumo deste assunto.

Quando aquela agradável refeição acabou, Samuel foi para a casa de seus pais, precisava trocar aquela roupa e ir trabalhar, enquanto eu também precisava começar a organizar as minhas coisas. Combinamos que mais tarde eu passaria em sua casa, para sairmos para um jantar e depois uma balada, eu deveria aproveitar enquanto ainda poderia, enquanto ainda não era conhecido por todos os oficiais, esta noite seria como uma espécie de despedida, eu, juntamente com Samuel, estaria fechando um dos ciclos mais confusos de minha vida e me preparando para outro, no qual eu não sabia o que me esperava.

Em meio a tantos questionamentos lembro de minha segunda fiel escudeira, amiga de todas as horas, Isa. Ela ainda não sabia das novidades, ou melhor, ninguém sabia, exceto as pessoas da minha família que tinham, digamos, nos pegado no pulo. Eu deveria contar a ela, mas não, decido fazer coisa melhor. Ligo pra ela tentando fazer o meu melhor ar de preocupado, ao que ela parece não gostar, perguntando se estava tudo bem comigo. Respondo que é complicado, que gostaria de vê-la pessoalmente, ela e o Matt, seu futuro, senão já for atual, namorado. Ela não entende, mas repito que é algo sério que eu gostaria de dizer aos dois. Então combinamos em um determinado horário em um pequeno restaurante que já era de praxe.

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Uma semana havia se passado desde o leilão e eu estava beijando Sam, e nada poderia estar melhor. No entanto, eu não queria apenas beijá-lo, a proximidade de seu corpo do meu estava trazendo à tona um lado meu adormecido, eu queria estar com ele, desbravar todas as partes de seu corpo, então começo a tentar tirar a sua roupa, ao que ele me impede.

- Olha, você pode ter dado um lance por mim, mas... – ele tentava falar.

- Mas o que? Eu sei que você também quer. – respondia tentando convencê-lo.

- Olha, eu não tô afim de um caso tá legal. Se é isso que você quer de mim, desculpe, acho melhor acabar com isso agora. – Ele falava com um olhar sério.

- Sam, não vai me dizer que você? – Questionava, tentando entender o porquê de tamanha “castidade”, ele é gay, sempre foi. Homem não só pensa em sexo? Estando dois homens juntos, que só pensam em sexo as coisas deveriam ser mais fáceis, não uma complicação como esta dele.

- Não, tá bom, eu já transei sim, se é isso que você quer saber. Mas eu não sou qualquer um não, não sou um vadio, um puto que transo com qualquer um, poderia ser, mas não sou. E se você gostasse de mim, ou prestasse a mínima atenção em mim já teria percebido isso. – Ele briga. Nossa, como ele é sensível, seus olhos brilhavam de raiva e, mais uma vez, me hipnotizavam com aquele brilho. É incrível, eu gosto dele quando está feliz, gosto de quando ele está zangado, da forma como ele se porta, cara, eu tô realmente apaixonado por este cara.

- Desculpa, mas você, sabe, você é tão gostoso que eu não sei o que fazer. – falava olhando em seus olhos.

- Espere. – ele falava direto. – tem certeza que nunca ficou com outro homem? Que pra alguém que era hetero até pouco tempo atrás você está muito saidinho pro meu gosto. – ele falava, tentando fazer graça. Eu não sei se era hetero, ou não, a única certeza que eu tinha era que gostava dele, e, se isso me fizesse gay, tá legal, eu era gay.

Continuamos conversando amenidades até que fomos dormir, eu na minha cama e ele na dele.

Samuel havia se mostrado um namorado muito solícito, não pediu que eu me assumisse, ou assumisse o nosso relacionamento, pois acreditava que eu deveria ter o meu tempo. Se bem que, desde o leilão, qualquer pessoa que nos visse poderia desconfiar, pois não éramos mais Samuel e Timothy, separados, mas onde um estava o outro estava, quer na cafeteria, em algumas aulas, nas festas. Ninguém poderia duvidar de nossa amizade. Na verdade, naquele período só quem realmente sabia que éramos um casal era Isa, que, afinal sempre havia me apoiado, penso que até mais que eu, foi ela quem mais lutou para eu poder estar com o meu loiro.

Mas, confesso que a proximidade da Isa por vezes me incomodava, poim imaginem: você sai com sua ex-namorada e seu atual namorado, o que eles devem falar, que tipo de assuntos devem ter? Respondo, eu. Não gosto de deixá-los sozinhos, pois acredito que toda a minha intimidade passada e presente pode estar sendo compartilhada, pois Isa nunca teve muitas papas na língua, e Samuel fez primeiro amizade com ela e depois comigo.

Em meio a toda esta felicidade uma coisa sempre me preocupava, por enquanto eu estava protegido por Stanford, por enquanto Samuel não cobrava o “assumir”, mas isso duraria até quando? A medida em que o nosso relacionamento fosse ficar mais sério, e eu realmente esperava que ficasse, ele não pensaria mais assim, seria necessária uma determinada posição, tanto dele quanto minha. E o pior, no momento em que eu me assumir, ou assumir em Ashley como serão as coisas? Minha irmã, porra louca, com certeza iria aceitar numa boa, na certa viraria “amiga de infância” do meu namorado. Ela desde pequena sempre foi assim, mas as outras três pessoas, papai, mamãe e Craig são uma verdadeira incógnita para mim. Creio que eles não aceitariam, principalmente o meu pai. Eu amo Sam, mas eu também amo minha família, será que eu estaria disposto a, por ele, abrir mão de tudo que eu lutei, das pessoas que são importantes pra mim?

Isto, contudo, são problemas que eu não gostaria de pensar agora, não serei como o peru de natal, aquele que morre na véspera, então prefiro viver minha vida, aproveitar cada momento e, quando o momento de encarar aqueles que eu amo chegar, estarei preparado.

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No entanto, nem tudo eram flores em meu relacionamento com Samuel, pois, não tem aquele ditado popular: “o meu passado me condena”, pois bem, figuras do meu passado, ou melhor da minha fase: sou macho e vou pegar todas, vinham me condenar. Isto aliado ao fato de eu ser uma pessoa sem muitos preconceitos, ao ponto de dar um lance em um rapaz homossexual para ele não ter que sair com um completo estranho fez algum bem pra minha reputação. Mesmo que, a médio prazo, isso acabasse incomodando o meu namorado. Meu namorado. É tão bom poder pensar isso, o MEU NAMORADO!

Explico melhor, Sam já havia me falado da “procura pela escolhida”. Mas, o que é isso? Algumas garotas que eu havia ficado pensavam que o meu momento de reclusão, depois da fase cachorro no cio, foi porque eu estava em busca da pessoa certa, a escolhida – ao que elas não deixaram de estar certas, só que, eu não estava a procura, eu já tinha a pessoa certa e havia acabado de conseguir ficar com ela –, como eu não estava ficando aparentemente com ninguém elas achavam que eu ainda estava, da imaginação Disney delas, acabaram pensando que decidi me guardar para a escolhida e nisso, vez por outra, ficaram indo em direção ao meu dormitório. Me perguntem para que. Para perguntar ao Samuel quem era essa pessoa, como ela era, se alguma delas tinham reais chances comigo. Ele era sempre solicito, nunca as destratou, mas eu percebia que isso não o deixava nenhum pouco contente, como se sempre pousasse sobre ele a desconfiança de que eu poderia fazer com ele o mesmo que Clarkson. Ficar com ele, fazer mil juras de amor e no final, para não descobrirem, ficar com alguma garota. Ele nunca me acusou, mas sei que pensava assim.

Mas, eu não via problema nas garotas, afinal não estava nenhum pouco disposto a dar trela para nenhuma delas, eu já tinha Samuel, o problema real problema eram os garotos. Como eu bem suspeitava o fato de Samuel ter participado daquele leilão, dele ser tudo aquilo que eu sei que é e o fato dele ser assumidamente gay me deixou em maus lençóis, pois de forma semelhante às garotas que iam procura-lo, muitos garotos iam me procurar para pedir conselhos, ou perguntar formas de “chegar junto”. Desde garotos porra louca que gostariam de apenas serem fudidos por ele, até alguns não davam pinta nenhuma.

Em um desses dias, eu caminhando pelos corredores de Stanford me deparo com um homem estranho que me cumprimenta.

- Fala aê Timothy. – Dizia um homem estranho, mas que tinha algumas feições familiares.

- Oi, você é? – questionava.

- Você não sabe? Eu sou o Killian, da equipe de nado. – ele se apresentava, ao que me era indiferente.

- Ahhh, sim, acha que vamos ganhar? – respondia tentando estabelecer algum tipo de assunto, ele nunca tinha falado comigo até aquele momento.

- Claro, estamos treinando pra isso. – ele começava a rir de uma forma forçada. Lá vem o bote, eu pensava – Eu soube que você é amigo do menino lá, o ex do Luccio.

- Sim, o Samuel, o que tem ele? – questiono, não gostando do rumo daquela conversa.

- Sabe cara, o Luccio tá mauzão. Eles até que estavam indo bem, mas depois, do nada, o doido vai pra cidade dele e quando volta não quer mais saber do Luccio. Eu acho isso a mô sacanagem. Não acha não? – me questionava.

- Claro, como ele faz isso com o cara? Devia pelo menos... sei lá, dar algum tipo de satisfação... se despedir... – falava rindo por dentro.

- O problema é que o manézão do Luccio, ainda tá afim dele. Até naquele dia lá do leilão ele tentou dar um lance, mas outro sacana deu um lance maior. – ele falava olhando pra mim.

- Sim, foi o Samuel que me pediu. Ele morria de vergonha dessas coisas – Menti descaradamente. A pesar de não ter visto Luccio na plateia naquele dia, também o que eu vi depois que Sam chegou, apenas ele, uma pessoa como Luccio deve ter me passado despercebido.

- Que seja, mas já que tu é amigo lá dele, me dá alguns toques do que ele gosta... – ele parou esperando que eu desse uma lista completa, ao que eu não disse nada. Neste momento, ele continua. - Sabe, né? Pra eu poder dizer pro Luccio.

- O que você quer saber mais precisamente? – Pergunto, ao que um misto de raiva e vontade de rir se apoderam do meu ser. Eu gostaria de ver até onde iria a cara-de-pau do sujeito

- Sei lá, veja qual é o tipo dele, se ele ainda está interessado no Luccio, ou se o tipo dele é outro, sei lá...

Killian, da equipe de nado, continua me fazendo várias perguntas a respeito de Samuel, e quanto mais ele me pergunta coisas para ajudar Luccio, mais eu fico desconfiado de suas verdadeiras intenções, uma vez que ele praticamente se descreve ao perguntar um possível tipo de cara que Samuel pudesse gostar, ou as possíveis atividades que eles tivessem em comum, ou a forma de chegar junto dele. Se, no início, aquilo me fazia rir eu já estava ficando enojado.

O cara aparentava ser um hetero sem problemas com gays, mas estava me sondando para tentar dar em cima do Samuel. O Samuel que é o meu namorado. Ele estava usando o Luccio como uma desculpa esfarrapada para poder colher informações, mas na verdade era ele que queria o MEU loiro.

- Olha aqui, o Samuel tá esse tempo sozinho e diga ao Luccio que ele está aproveitando muito bem este tempo e NÃO vai ficar mais com ele. – eu falava sério. – Se ele não teve cacife pra conseguir ficar com o Samuel, não venha chorar suas lamúrias pra cima de mim não, que meu ouvido não é penico. E nem venha pedir pro amiguinho fazer o mesmo, tá legal. – falava possesso.

- Com um amigo como você, o pobre tá feito, não pensa nem na felicidade dele? – o idiota me acusava.

- Não sei, mas acho que o pobre Luccio também está muito bem servido, um amigo que vem pedir ajuda, mas faz as perguntas relacionadas a si. – ele me olha atônito. – E pra falar a verdade, nem lembro do Luccio no leilão, e se eles tiveram alguma coisa no passado, não seria o próprio que deveria procurar o Samuel? Sabe de uma coisa, você parece bem mais interessando que o seu amiguinho. – falei sarcástico.

- Olha aqui cara, eu sou hetero, falou. – fala me encarando lívido. – tenho namorada e a fodo todo dia.

- Eu não disse nada, e quer saber, eu tenho mais o que fazer do que ficar conversando aqui. Bom treino, foda sua namorada bem muito e tchau. – falei me despedindo.

Sabe, eu não gosto deste tipo de gente, o cara tem uma namorada mas fica querendo dar em cima do Samuel. Tipo, ele falando “fodo todo dia”, o que eu tenho haver com isso? Foder namorada todo dia pode até ser um comprovante de masculinidade, mas pra mim não cola não. Aposto que se o meu loirinho desse mole este sacana tentaria logo lançar as garras por cima dele. O engraçado nisso tudo é que Killian pensava seriamente que poderia me enganar, mas não. Eu já havia passado por isso, Isa havia terminado comigo por conta de Sam e eu peguei todas as garotas possíveis. Isso me fez mais macho? Aos olhos dos outros sim, isso me fez. Acho que este comprovante de macheza é outra coisa que impede que surjam rumores sobre o Samuel e eu, mas internamente este comprovante tão valorizado pelos outros pra mim se convertia em uma vergonha tremenda, pois ele comprovava não minha valentia, ou virilidade, mas o meu medo. O medo de me apaixonar, ou melhor, de assumir o que eu sentia por Samuel. Sei que não posso julgar Killian, ele não tem culpa de passar por esta confusão, da mesma forma que Sam não tem culpa de que por seu jeito doce de ser acaba semeando a dúvida na cabeça das pessoas, mas desejo do fundo de meu coração que Killian, ou fique com a namorada, ou arrume um namorado próprio, mas de qualquer forma, se mantenha bem, mas bem afastado de Samuel, que é MEU.

Meu ânimo para ir para alguma aula depois deste encontro desagradável tinha ido pro espaço, ao vagar pelo Campus vejo uma cena que me deixa muito bolado, Samuel estava conversando animadamente com um homem que eu nunca tinha visto. A forma como ele gesticulava e sorria ao falar com este estranho me deixavam deveras enciumado. Ele parecia uma criança que estava tramando uma arte, está face dele eu nunca tinha visto, mas porquê?

Será que Samuel iria me pôr a prova? Será que ele estava pensando em me trocar por este cara? Meu Deus, que dia maravilhoso este meu.

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Ao cair da noite começo a me preparar para o encontro com Isa e Matt, como seria em uma pizzaria relativamente perto da casa de minha mãe não iria tão arrumado, chegando lá peço uma mesa para quatro e fico no aguardo de meus convidados. Senhor Paolo, o dono do estabelecimento, ao me perceber sozinho logo vem me cumprimentar. Nos conhecemos há muito tempo, pois frequento aquele estabelecimento há mais de 15 anos, ia sempre com os meus pais. E sua filha, Maria, era muito amiga de minha irmã, ou seja, aquele era um local muito familiar. Sem falar que, logo depois que comecei a namorar com Samuel descobri que o Senhor Paolo era padrinho deste, ele sempre foi muito amigo de meus sogros, quando ele falava isso sempre me perguntava como nunca havia cruzado com Sam antes.

Depois de falar um pouco comigo, puxar minha orelha pelo que eu tinha feito com seu afilhado e mandar lembranças para todas as pessoas de minha família ele se despediu e foi olhar as outras mesas, dizendo que, algumas vezes fazia isso por praxe, pois alguns clientes poderiam não gostar dele dar mais atenção a uns que aos outros. Ri com o seu comentário, no momento em que ele estava saindo Isa chegava.

- Senhor Paolo, a quanto tempo. – ela falava preparando um abraço.

- La mia sempre bela, Isabella – ele falava demonstrando uma alegria ao vê-la - quello che si vorrà mia cucina?

- Senhor Paolo, eu não sou boa em italiano. – ela falava começando a rir.

- Ci dispiace, desculpe, ficará com o menino Timothy? – questionava ele, ao que ela afirmava - ma si sente. – dizia ele ao nos deixar sozinho.

Quando Isa se sentou ela passou certo tempo apenas olhando o meu semblante, como se tivesse percebido algo diferente, minha felicidade talvez, mas não questionou nada naquele momento. Ficamos apenas nos olhando por alguns momentos, como se estivéssemos naquela brincadeira do sério. Nem mesmo percebemos que Matt já havia chegado e não parecia gostar nenhum pouco da forma como nos olhávamos. Chegando à mesa e dando aquela tossida para chamar a atenção.

- Interrompo? – Ele questionava, afinal havia sido convidado por mim.

- De forma alguma. – Isa respondia, eu sabia que ela estava com uma enorme vontade de rir pela cara que havia ficado. Ao que ela pediu para que ele ficasse ao lado dela.

Eu percebia que a curiosidade de minha amiga crescia cada vez mais, ela tinha ideia do que eu queria dizer, mas queria uma confirmação. Que chegou logo depois.

- Padrino Paolo? – Dizia uma voz grave que conhecíamos muito bem.

- Samuel, mio ragazzo? – o dono do estabelecimento já cumprimentava o afilhado.

Eles se abraçam e Paolo parece muito confuso, pedia várias desculpas ao afilhado, mas dizia que negócios eram negócio, que se soubesse da vinda dele não teria me deixado vir a pizzaria, mas já dizia que iria colocar Sam em um lugar muito especial, onde não seria necessário que ele me visse. Pelo menos foi o que eu pude compreender, já que o homem falava em italiano.

Samuel dizia a ele que isso não era necessário, que ele iria sim querer um lugar mais seleto. Ele me disse que eu era um idiota, mas que ele me amava de toda forma, então decidiu me dar mais uma chance, mas aquilo ficaria em segredo, pois, por algum tempo eu iria viver a vida de um militar. O padrinho dele questionava se aquilo seria uma vida, dizia que não o gostaria de vê-lo sofrer, ao que ele responde que iria fazer uma tentativa, se desse certo, bem. Senão, pelo menos tentou. Então, acolhendo ao pedido de seu afilhado fomos a um local mais reservado da pizzaria. Antes de se despedirem Samuel disse que logo depois iria falar com Maria e sua madrinha, e que ele é que deveria pedir desculpas por estar na mesma cidade e não vir visita-los mais vezes.

Ao sermos deslocados de lugar, fiz as apresentações de Samuel e Matt, brinquei dizendo que ele e Isa já se conheciam pois eram muito amigos em Stanford, ao que éramos inseparáveis. Começamos a comer, e beber um pouco, e conversa vai, conversa vem, decidi parar com as enrolações.

- Matt, te chamei aqui porque a Isa tinha me dito que tu tinha um amigo que tinha se interessado pelo Sam, não é? – fui na lata ao que tanto Isa quanto Sam se engasgaram.

- Bem, sim, mas ele... – lamentava Matt, mas eu percebia que ele escondia algo.

- Mas ele o que? – questionou Sam. – Arranjou um namorado, me achou um fracassado por minha irmã louca ter feito aquilo de ter feito propaganda de mim? Pode falar, eu já ouvi e um tudo por conta dessa sandice.

- É, achou que você deveria ser muito fácil. – falava todo ruborizado – mas eu tenho outros amigos gays, caso queira conhecer. – tentava melhorar sua situação.

- Calma Matt, não acho que a razão que fez o Timothy te chamar aqui seja essa, muito pelo contrário, ou estou enganada? – ela questionava de forma retórica.

- Até eu não entendi o porquê dele ter te chamado aqui. – dizia Sam – a não ser que... mentira... não me diga que... – ele começava a entender.

- Ele ia ter que saber de todo jeito. – eu falava olhando pra ele.

- Então eles realmente estão... Isa, parabéns...

- Não estamos não, ainda não. – ela interferia. – e com essa sua pressa nem sei se ainda vamos.

- Valha, ele é aquele cara que estava com vocês na balada naquele dia? De onde vocês desenterraram ele?

- Oi... – Matt falava.

- Amigo de infância. – ela respondia.

- Humm, rodou, rodou e rodou e voltou pro amigo de infância. – Sam falava fazendo graça.

- Alô. – Matt tentava entrar na conversa

- Quem vê pensa que eu sou “a rodada”.

- O que vocês estão falando? – questionava com raiva Matt. – Não falem de mim como se eu não estivesse aqui!

Vendo essa cara de raiva dele, todos começamos a rir. Ele também, dizendo que via que nos dávamos muito bem, mas que aquilo não era o tipo de coisa que se faz com as outras pessoas. Então, decidimos o deixar a par do que conversávamos.

- Tudo o que falarmos aqui vai ser segredo daqui a dois dias. – eu dizia sério.

- Dois dias? – ele e Isa questionaram.

- Pois eu vou voltar ao treinamento militar. – informava.

- Eu sabia, você nasceu pra isso. – Matt falava.

- Tu sabe que é um tremendo idiota. – ela falava olhando pra mim. – Tu vai deixar ele fazer uma besteira dessas? – questionava olhando Sam.

- Não posso fazer nada, é uma decisão dele. Decidi apoia-lo. Depois ninguém vai dizer que não tentei. – meu loiro respondia.

- Não é querendo adiantar as coisas, mas como você e a Isa estão se dando muito bem, e ela algum dia vai ser minha madrinha de casamento...

- Madrinha? Cara isso é doentio, que noiva, em sã consciência vai permitir que sua ex-namorada vire sua madrinha. Tu sabe que ela não vai aceitar. E tu Isa, vai aceitar uma asneira dessas?

- Ora, já aceitei. Veja bem, eu não queria, mas não sei quem me ficou mais na minha cola pra aceitar, se foi o Timmy ou Sam. Eles diziam que não estariam juntos sem mim, então sou a madrinha.

- Espera, para tudo, você tem noiva? Não é querendo ser puritano, mas por que ela não foi contigo naquele dia da balada? – ele questionava.

- Noiva? Quem diabos disse que eu tenho noiva? – eu decidi brincar com sua ignorância do que estávamos falando.

- Bem, se Sam já aceitou que sua madrinha de casamento seria a Isa, suponho que Sam é sua noiva. – ele falava e nós nos segurávamos para não rir.

- Olha isso Sam. – falava olhando pro meu namorado – ele acha que Sam é o nome da minha noiva.

- Sam é o nome da cunhada dele, minha irmã. – Sam falava para ele.

- Vocês estão brincando comigo não é? Cara, tu era um pegador.

- Ainda sou. Sou o maior pegador desse cara que já existiu. – disse isso beijado o meu loiro.

Depois disso, expliquei a Matt que, dado a sua proximidade de Isa ele acabaria sabendo de minha sexualidade, pois eu não deixaria de ser meloso só por estar em frente a minha melhor amiga. O resto da noite foi muito agradável, no fim Sam deu uma cumprimentou Maria e sua madrinha, depois fomos a casa de seus pais.

Continua...

Ru/Ruanito: Muito obrigado.

geomateus: vou continuar, estou continuando, só o tempo que é escasso, mas obrigado por sempre me acompanhar.

Irish: Obrigado pelo carinho. No início pensei em mais só o Tim, mas depois pensei melhor e vi que não seria legal tudo, literalmente, acontecer com ele, então haverão sim outros oficiais gays que estarão escondidos. Uns com o apoio das famílias, outros sem. Uns com o apoio dos companheiros, outros não. Companheiros serão perdidos e soldados também, soldados com anos de serviço serão tratados e expulsos quase como criminosos. E alguns sobreviverão e continuarão no exército e só assumirão quando a lei cair, mas todos serão trabalhados com cuidado. Também não posso colocar todos os personagens gays, embora as vezes queira. :D

enzo...ketler: Obrigado pelo carinho e desculpe pela demora, e cara para ser sincero, vai demorar de novo. Que agora eu tenho que focar no primeiro capítulo da dissertação.

CrisAc: Muito obrigado pelo carinho

Oliveira Dan: Meu Querido, obrigado pelo carinho. Trabalhei neste capítulo em uma relativa calmaria, mas a tempestade se aproxima e virá de muitos lados.

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Comentários

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Ei, cadê você? Espero que não tenha desistido desta história, mesmo quase 2 anos depois ainda estou esperando a continuação... Ao menos dê um sinal de vida. Enfim, espero que esteja bem :).

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Tem gente que perdeu o medo de morrer, me esqueceu foi? Vou nem comentar.

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Aeeee, meu dia já começou mais feliz. Depois de séculos você finzlmente teve um tempinho e voltou (já sabe né? Mais uns 2 capítulos essa semana que é pra compensar a demora rs). Pelo que lí nos seus comentários, então relacionamentos serão abalados com a aparição de outros soldados/ oficiais gays na história... Hmmmmmmm Sam vai se comer de ciúmes e insegurança ao imaginar o que o Timmy fará ao ficar tanto tempo "trancado" junto com outros caras fortes/ definidos/ musculosos com os sacos fervendo de vontade de transar hahahahahaha.

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Aeeee, meu dia já começou mais feliz. Depois de séculos você finzlmente teve um tempinho e voltou (já sabe né? Mais uns 2 capítulos essa semana que é pra compensar a demora rs). Pelo que lí nos seus comentários, então relacionamentos serão abalados com a aparição de outros soldados/ oficiais gays na história... Hmmmmmmm Sam vai se comer de ciúmes e insegurança ao imaginar o que o Timmy fará ao ficar tanto tempo "trancado" junto com outros caras fortes/ definidos/ musculosos com os sacos fervendo de vontade de transar hahahahahaha.

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Perfeito,maravilhoso.Parabéns.Volte logo.

Abraços.

Bom dia.

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