Doce Precipício - 2

Um conto erótico de Vítor Astro
Categoria: Homossexual
Contém 1138 palavras
Data: 01/11/2014 01:14:25

- Boa a noite à todos, meu nome é Carlos Benício, estaremos iniciando os trabalhos amanhã, defendo a melhoria da didática durante minha gestão. Também vou fazer uma inclusão de cursos para que haja maior entrosamento, criar uma faculdade em que cada curso interaja e entenda a importância uns dos outros.

Ele olhava em volta, mas focava em mim, não entendi isso.

- Em aviso, a partir de amanhã estarei observando algumas turmas que apresentaram algumas queixas.

Droga, meu professor estava sendo acusado de oferecer notas melhores por uma quantia em dinheiro, nada provado, mas estávamos indo em investigação educacional. Pq dessa atitude agora, achei que o conselho universitário iria cuidar disso.

- Bom, já que houve atraso de minha parte irei recompensar vocês com o adiantamento do intervalo, vocês vão ter aula só a partir do 4o tempo, muito boa noite.

Um sorrisinho no canto da boca de lábios carnudos surgiu e ele se virou para cumprimentar os outros docentes, havia alguma coisa nele, algo diferente. Talvez eu soubesse em um futuro próximo, talvez não. Me virei pra saída, Lana atrás falando de algum cara que ela estava afim, eu não estava ligando muito, estava sem paciência, a conversa do Ramon sobre a mãe dele saber sobre "nós", assustado por não querer um relacionamento, ainda mais as escondidas, pensativo por perder um sexo bom.

Lana falava pelos cotovelos enquanto seguia em meu encalço, virei pro lado de supetão:

- Lana, desculpa, eu realmente preciso fumar e quero fazer isso sozinho, ok?

- Vi, você disse que estava parando.

- Uma vez vício, sempre vício.

Peguei meu Marlboro Icegold ball, as vezes eu acho que tudo se resolveria se todos fumassem e conversassem, as vezes eu acho que as coisas poderiam se resumir a cinzas. Me afastei mais do auditório, fui em direção ao laguinho que havia aqui, tentei acender, mas meu isqueiro não acendia

- Fogo?

Me virei com o cigarro nos lábios, o susto me fez soltar o isqueiro

- Claro, senhor Carlos

- Posso pedir um também?

Ele puxou o que estava na minha boca e ascendeu para ele, tive que puxar outro pra mim, totalmente confuso, sem entender muito bem

- Não sabia que o senhor fumava

- Não com frequência, mais quando estou nervoso ou algo perto disso, não é fácil assumir uma universidade assim, no meio de um período, já preciso pegar a carroça andando

Ele tirou o cigarro da boca e pôs na minha.

- Até amanhã, Vítor.

Sim, eu me surpreendi em ele lembrar meu nome, mas mais ainda com essa ação, quem fazia isso era eu, eu era encantador assim. Eu tinha as atitudes que prendiam a surpresa, minha heroína é Samantha Jones.

- O que o senhor quis dizer com até amanhã?

- Nada demais, senhorito, eu sou o reitor agora, podemos nos ver por aqui, não é mesmo?

- Oh, claro. Até.

Tirei o cigarro da minha boca e caminhei até ele, coloquei de volta entre os lábios dele, dei um sorrisinho e saí, não podia deixar barato.

Segui em frente e encontrei a Lana aos beijos com o cara do 5o período do curso dela. Não me surpreendi, devia ser dele que ela falava. Estava tão entediado que me sentei mais longe, pus meus fones. Estava em outro mundo, ouvia Heaven da Beyoncé, pensava na vida. Sinto mãos fortes e macias pousarem sobre os meus olhos, mas retiro-as imediatamente, olho para o cidadão e vejo o Ramon com um sorriso maroto

- Eu queria saber o que você achou de hoje

- O que eu sempre acho, Ramon, eu adoro transar com você

Tentei dar ênfase na palavra "transar", acho que estava cada vez mais preocupado. A cara dele de tristeza me surpreendeu, mas confirmou minhas suspeitas. A sineta tocou anunciando o 3o horário, ainda havia um tempo pra suportar aquilo

- Ramon, eu não sei o que há, mas eu não sou esse tipo de cara, eu te avisei, sempre fomos muito amigos e descobrimos prazer juntos, mas me desculpe. Não posso ir contra eu mesmo, pelo menos não agora.

Ele desfez a cara, vestiu uma máscara, eu senti. As coisas seriam mais difíceis a partir de agora.

- Vítor, eu sei bem, não entendo o pq falar disso de novo. Eu também adoro transar com você.

Aquilo me deixou aliviado, ele sabia aonde se metia.

O restante da noite passou mais rápido, o intervalo e os horários correram. Peguei carona com a Lana pra casa, decidido a usar o meu carro a partir de agora, eu não sabia até onde a máscara do Ramon iria me inibir. Chegar em casa sempre é um martírio, minha mãe herdou a administração da empresa do meu avô, meu pai saiu de casa há anos e nunca nos demos bem. Entrei e só encontrei meus irmãos sentados, assistindo ao CN, me sentei também e acompanhei, passava na TV um desenho muito bacana até, Apenas Um Show.

Acabei cochilando e acordei com a minha irmã me chamando pra dormir, dei um beijinho de boa noite nela e fui pro quarto, eles já tinham apagado tudo. Tirei toda a roupa e fui tomar outro banho, queria dormir limpo do dia. Vesti uma cueca e uma blusa, sempre gostei de dormir assim, deitei, mas o sono de antes não veio. O cigarro, a boca, os olhos, a função dele, pq ele tinha tentado ser sexy comigo? Provavelmente ele era um pouco mais velho do que eu. Pensei bem e resolvi escrever sobre o dia, abri meu caderno, gostava da letra cursiva e da tinta preta mais do que escrever no notebook.

"As vezes o dia escurece de repente,

Um raio desce, ouro, ouro,

Um cigarro na boca,

Um sorriso nos lábios,

Brilho dos olhos,

Temos pressa em causar boa impressão

Temos sede de boa aparência,

Poderia o cavaleiro do coração de gelo

Virar o cavaleiro do coração de ouro?"

O que eu estou fazendo? Dizendo que vou me apaixonar? Por favor, no máximo uma boa transa, descartar depois, ou ser descartado, eu não ligava muito. Me deitei de novo, peguei meu livro de cabeceira, estava em uma trama de Sherlock Holmes, O Cão dos Baskerville.

...

Pela manhã, acordei e fui direto para a academia, precisava manter um corpo bonito já que a alma era negra. Eu sempre disse que eu alimentava os dois lobos igualmente, tanto O Lobo Bom quanto O Lobo Mau. O problema é que eu dava petiscos furtivos para O Lobo Mau.

O dia passou com pressa, até estranhei a rapidez que chegou a hora de ir pra faculdade, apenas senti isso de fato quando me vi no corredor da minha sala, abri a porta e me deparo com ele.

Ao lado da minha cadeira, aos fundos, estava o novo reitor.

Continua...

Serviço de Atendimento ao Leitor: artpopboy86@gmail.com

Agradeço à todos os comentários e não pretendo parar antes do término. Já tenho alguns capítulos planejado.

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Comentários

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Ta otimo continua e se der de uma lidinha no meu conto ok

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“(...) eu dava petiscos furtivos para o Lobo Mau.” jkajkajakajajaskakaaaaa! Gostei disso! Amando seu conto, chéri! Bom saber que você já tem capítulos prontos e, melhor ainda, não vai nos abandonar. Quando o autor fica perguntando a cada postagem se é para continuar ou não eu fico preocupada. Conto com sua palavra, afinal, como cantava Fábio Jr. “Promessa não é dúvida, é dívida!” Bisous et bom samedi!

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