FODA-ME SUSSURANDO PALAVRAS BONITAS AO MEU OUVIDO

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 2606 palavras
Data: 09/12/2014 09:24:41

O TAXISTA – Parte Um

Devo dizer-lhe, cara leitora, que sou um tipo comum. Nem bonito nem feio. Tampouco tenho um pênis grande. No entanto, prefiro guardar meu nome e minhas outras características físicas já que não quero constrangê-la, caso algum dia viaje comigo.

Estou taxista. Herdei a praça do meu pai, assassinado com um tiro no peito quando estava em serviço. Até hoje a polícia não descobriu o motivo do crime nem quem o matou. Suspeita-se de que seja alguém do seu conhecimento, já que o tiro foi dado de fora do carro e à queima-roupa. Deve ter lutado com o assassino, pois um dos projéteis ficou alojado bem entre as minhas pernas, na cadeira onde agora estou sentado. Minha mãe, coitada, perdeu a saúde mental desde o ocorrido. Era ele quem pagava meus estudos, então tive que relaxar a faculdade de administração para botar comida dentro de casa. Ela queria que eu vendesse o táxi, mas eu bem sei o quanto papai ralou para poder comprá-lo, pagando altas prestações e ainda tendo que arranjar dinheiro para o sustento da família. Sou filho único. Logo, cabe a mim agora tal responsabilidade.

Como pretendo recuperar sua clientela, passei a trabalhar à noite, no mesmo horário em que ele dirigia. Levaram toda a féria do dia, mas deixaram um livro que eu sempre o via lendo, como se a decorar seu conteúdo. E o celular que estava no porta-luvas, que ele usava para se comunicar com os seus clientes. Era o meu primeiro dia na praça. Quando eu cheguei à Praça do Derby, perto do centro da cidade, por volta das seis da noite - local servia de ponto para taxistas - muitos vieram conversar comigo e me dar boas-vindas, além dos pêsames. Agradeci o carinho de todos e fiquei a esperar alguma ligação. A primeira aconteceu por volta das 21h00, quando já me dava sono de ficar sentado ao volante sem fazer mais nada. Nem ouvir o rádio do carro eu podia, pois o som poderia abafar o baixo ruído do celular tocando. Atendi ansioso à primeira ligação. Era uma voz feminina, melancólica, pedindo que eu a pegasse no mesmo lugar de sempre. Expliquei que estava substituindo o dono do táxi e que precisava de mais detalhes de onde deveria apanhá-la. Ela me deu todo o roteiro.

Dez minutos depois eu estava em frente a um luxuoso prédio em Boa Viagem, um dos bairros mais nobres da cidade. Ao ver o táxi chegar, o porteiro ligou imediatamente para algum dos apartamentos e depois se aproximou do carro sorridente. Espantou-se em me ver. Expliquei que estava substituindo o dono do táxi e ele me olhou meio atravessado. Disse na minha cara que a senhora não iria gostar de mim. Dito e feito. A mulher elegantemente vestida assomou à portaria em poucos minutos. Apesar de seus cabelos totalmente brancos, aparentava muito menos a idade que tinha e era belíssima. Mas tinha uma tristeza no olhar que me doía na alma. Pediu que eu saísse do carro e me examinou de cima a baixo. Depois me dispensou rudemente, pedindo que o porteiro providenciasse outro táxi. Irritei-me com ela e já ia lhe dizer poucas e boas quando o senhor que cuidava da portaria me fez um sinal, pedindo para que eu não dissesse nada.

Perguntou à madama quem ela queria que ele chamasse. Ela deu-lhe o nome do meu pai. Enquanto ele ligava do telefone da portaria, o celular vibrou dentro do porta-luvas do carro. Pedi licença, me afastei alguns metros e atendi. Ele passou o telefone para ela. Ela me disse ao aparelho que precisava de mim, achando que quem atendera fosse meu velho. Disse-lhe que era o filho, e que ele havia falecido. Ela olhou em minha direção com os olhos marejados de lágrimas. Depois veio até mim e me abraçou fortemente numa crise de choro. Soluçava a minha perda. Só depois de algum tempo, quando melhorou, entrou no meu táxi e acomodou-se no banco traseiro. Abriu sua pequenina bolsa e me entregou um envelope cor-de-rosa, perfumado. Li o endereço num cartão que estava dentro e devolvi a ela. Disse-me que iria indicando o caminho. Fez-me dar algumas voltas pelo quarteirão, sempre a olhar para trás, como se quisesse se certificar se não estava sendo seguida. Depois paramos num outro prédio luxuoso do mesmo bairro. Percebi que estacionamos num edifício a menos de cem metros de onde partimos, depois de fazer alguns rodeios, mas não comentei nada. Ela desceu do carro e pediu que eu a aguardasse no estacionamento para levá-la de volta.

A espera foi breve. Menos de meia hora depois ela apontou na luxuosa portaria do edifício onde eu estava estacionado. Agora vestia um casaco de peles, carregava uma pequena sacola e parecia esconder o rosto. Abri-lhe a porta e ela acomodou-se no banco de trás. Então, desatou num choro convulsivo. Deixei que ela desabafasse um pouco e depois perguntei se podia ajudá-la. Ela pediu que eu a levasse a algum bar na orla. Cruzei a Domingos Ferreira e Av. Conselheiro Aguiar e voltei um pouco pela Beira-Mar. Parei num restaurante aconchegante e com poucas mesas ocupadas. Ela aprovou minha escolha, ainda soluçante. Só quando sentamos e ela escolheu o que iríamos tomar é que eu percebi seu olho roxo. Pedi desculpas pela minha indiscrição e perguntei-lhe o que havia acontecido. Ela pediu que eu puxasse a cadeira mais para perto e aninhou-se em meu peito. Cheirou o meu perfume e disse que preferia o que meu pai usava.

Bebeu duas taças do vinho caríssimo que havia pedido enquanto eu saboreava ainda o meu segundo gole, embevecido pela a bebida. As parcas férias do meu pai não nos possibilitava fazer estripulias financeiras. Jamais tomei um vinho tão caro. Nem tão gostoso. Evitei olhar o rótulo, para não cair em tentação de um dia pedi-lo novamente. Ela pareceu ler meus pensamentos. Acenou para que eu relaxasse, pois seria ela a pagar a conta. Depois, começou a me contar a história da sua vida.

Disse-me que havia sido Miss Brasil em sua juventude, e essa havia sido a sua ruína. Conheceu vários homens, mas todos só a viam como um belo monumento de carne. Casou-se três vezes, mas nunca fora feliz em nenhum dos casamentos. Jamais havia tido um orgasmo. Com o tempo de convivência era tida como frígida e não demorava muito a seu marido pedir a separação. Apesar de não ter filhos, seus ex-maridos haviam cada um lhe deixado uma pequena fortuna. Somando-se isso aos aluguéis de alguns apartamentos deixados de herança pelos pais falecidos, vivia muito bem. Não tinha uma profissão, pois nenhum dos ex- companheiros permitiu que trabalhasse. Talvez por ciúmes. Mas sabia pintar muito bem e conseguia vender seus quadros com certa facilidade. Sobreviveria sem as polpudas pensões dos ex-maridos. Por um longo tempo, não quis mais saber de homem, até que conheceu um jovem de 25 anos por quem se apaixonou. Ele fê-la descobrir que o que a excitava eram frases bonitas ditas na hora do coito, coisa que nenhum de seus companheiros tentara com ela. Sabia que ele era um gigolô barato, mas se satisfazia ao ter sexo com ele, mesmo pagando caro por isso. Comprou-lhe um apartamento luxuoso, assim como toda a mobília, e ainda dava-lhe uma substancial mesada todo mês. Mas um dia ele cansou dela.

Cansou de dizer frases bonitas. Passou a copular com violência. Estuprava-a e a xingava com palavras horríveis. Queria saber onde ela morava, para poder transar com ela em domicílio. Ela nunca quis, com medo que ele a chantageasse e extorquisse mais dinheiro, ameaçando fazer escândalo em seu prédio. Por isso dava tantas voltas, com medo que ele a seguisse. Aí descobriu que ele havia conhecido outra mulher, da alta sociedade, que adorava ser chamada de cadela, de puta e de tudo que ela abominava. As mulheres que conhecia e que gostavam de ser tratadas assim eram as que dependiam financeiramente do marido. Muitas vezes faziam sexo com eles com interesse em ganhar um vestido novo ou um luxo qualquer. Sentiam-se verdadeiras prostitutas sendo pagas para copular com um homem que já não amavam, e ainda ficavam iradas com eles por não terem coragem de dizer-lhe na cara que eram vadias. Por isso, adoravam que outro homem a punissem, xingando-as de tudo que achavam ser. Brigou com o seu gigolô e disse-lhes algumas palavras duras.

Então, ela contou de como conheceu meu pai. Falou que ele não era romântico, mas extremamente erótico. Não falava de amor, no entanto dizia frases que despertavam a sua libido. Encontravam-se quase todos os dias e ela ficava toda molhadinha quando pensava nele e no que lhe falava. Nunca haviam transado. No entanto, só de pensar como seria uma foda com ele já a deixava com uma enorme excitação. Às vezes ele enviava torpedos eróticos para o celular dela e ela se masturbava lendo até à exaustão as suas frases. Aí o gigolô soube da existência do meu pai. Usou isso para se afastar de vez dela. Hoje, ele bateu-lhe no rosto, arrumou suas poucas roupas e pediu que ela sumisse da sua frente. Quanto a mim, não conhecia essa faceta erótica do meu velho. Ele sempre foi muito discreto. Também, nunca tocamos em assunto de sexo.

A elegante senhora falava-me tudo isso com o rosto encostado ao meu peito. Dizia todas essas coisas de um jeito dengoso e acariciando-me com a ponta da unha, às vezes cravando ela no meu tórax. Percebi-me excitado e notei, pelo arfar do seu ainda firme busto, que ela também estava. Perguntei-lhe por que ela e meu velho nunca haviam transado. Ela olhou-me com aqueles olhos tristes cheio de lágrimas e me confessou que gostava de homens mais jovens que ela. Era como se buscasse neles a beleza e a jovialidade perdida dos seus tempos de miss. Disse-me que me daria tudo o que eu quisesse para fazer amor comigo, mas para isso eu deveria provar estar á altura do meu pai. Declinei da ideia. Eu não era virgem, mas tivera poucos relacionamentos. As poucas namoradas que tive tratava com respeito. Queria o seu amor e não as suas carnes. Acho que, por isso, todas me deixaram.

Ela não quis mais beber e chamamos o garçom. Passou-me discretamente por baixo da mesa uma nota de cem reais e eu paguei a conta. Quis dar-lhe o troco e ela recusou-o decididamente. Pediu licença para ir ao toalete, antes de sairmos, e caminhou até lá. Foi quando tive a oportunidade de vislumbrar melhor o seu corpo. Era alta, esguia, uma silhueta perfeita apesar da idade. Caminhava lentamente, sem pressa, com uma leveza feminina incomum e uma graciosa elegância. A expressão triste em seu rosto combinava bem com o seu andar sensual, porém sem exageros. Deu-me uma intensa vontade de copular com ela.

Quando voltou, tinha a maquiagem retocada e quase não se via mais sinais do olho roxo, machucado por um murro do amante, que a rejeitara de forma definitiva e violenta. O cara já tinha tudo que queria e ainda possuía outra ricaça, sua nova fonte de renda. E transando de forma animalesca, do jeito que ele tanto gostava. Ela pediu-me para levá-la para casa, já recomposta do choro. Deixei-a na frente do prédio onde morava e o porteiro perguntou-lhe se era para eu subir com ela. Respondi que não, antes que ela dissesse qualquer coisa. Ela pareceu ficar triste e ele decepcionado comigo. Mas não dei muita importância. Despedi-me de ambos e fui embora, depois de entregar os pertences dela que ficaram dentro do carro.

Só quando cheguei novamente ao meu ponto de táxi é que me deu curiosidade de pegar o velho livro do meu pai, dentro do porta-luvas. Senti vontade de lê-lo, para passar o tempo. Já era mais de meia-noite e todos os taxistas daquele ponto estavam circulando, à procura de eventuais passageiros. Eu preferia contar apenas com a clientela do meu pai, por enquanto. Ele sempre me disse que dava para viver exclusivamente dela. Acendi a luzinha interna do carro e peguei o livro. Apesar de a capa ser bastante interessante, o título não me causou a mesma impressão. POUCAS PALAVRAS BASTAM, estava estampado. O autor era para mim desconhecido. Um fulano chamado Ehros Tomasini. Abri a primeira página e o que li fez meus olhos brilharem de alegria. Sim, meu velho sabia das coisas. Estava ali o segredo do seu sucesso com a bela e elegante coroa. Procurei entre as chamadas recebidas do meu celular e localizei o número daquela que já vencera um concurso nacional de beleza. Liguei para ela.

Ela parecia estar esperando meu telefonema. Perguntou-me de chofre qual seria minha primeira frase para excitá-la. Recitei a primeira que havia lido no velho livro em minhas mãos:

- Ousas desnudar meu teso erotismo. Excitado falo. Entalo-te as dúvidas. Atraco-te de prosa e de verso. Apeio-te talvez. Semeio-te, quem sabe? Gozas muito, com certeza!

Houve um silêncio repentino do outro lado da linha. Depois ouvi sua voz arfante perguntar o que eu diria para as suas carnes que tremiam carentes...

Procurei depressa, no velho livro, uma frase que se encaixasse ao momento. Encontrei. Respondi-lhe entoando a voz de forma bem sensual e lasciva:

- Eu sou vegetariano. No entanto, neste momento tenho fome de ti. Se fatiasse verduras, com certeza rodelas me excitariam. O talho das frutas decerto lembraria o teu. Até o cheiro da comida se misturaria flor. Ardo em ânsias de vomitar-te sêmen.

Ouvi um arrastado aaaaaaaaaaaaah do outro lado da linha. Perguntou-me se eu estava muito longe de seu apartamento. Mais uma vez tive que folhear rapidamente as páginas desgastadas do livro:

- Meu desejo viajaria léguas para te encontrar. Estás lá longe, mas bem dentro de mim. Chego a te apalpar os seios, sugar tua língua. E esguicharia longe, bem dentro de ti. Oh, curto prazer.

Seu gemido agora foi mais prolongado. Eu podia sentir que ela se aproximava de um orgasmo. Exigiu num sussurro que eu voltasse imediatamente ao seu prédio. O porteiro me indicaria o andar e o apartamento. Estaria me aguardando com urgência. Como o trânsito estava livre àquela hora da madrugada, fiz o trajeto em menos tempo que da primeira vez. O porteiro abriu a grade assim que me viu dobrar a esquina e me indicou o número do apartamento fazendo um sinal com ambas as mãos. Não tive problemas em estacionar na garagem interna do prédio. Subi até o número 501 e a porta estava entreaberta.

Atravessei toda a ampla e luxuosa sala, decorada com vários quadros de nus artísticos, todos belíssimos, e logo encontrei seu quarto. Não havia mais ninguém além dela no apartamento. Já me esperava toda nua numa cama redonda, coberta por uma colcha de vermelho vivo. O ambiente, à meia-luz, ressaltava toda a beleza do seu corpo. No entanto, mais belo era o seu sorriso de felicidade, por me ver entrar. Disse-me que eu não precisava dizer mais nada. Ela já estava bastante excitada. Mas eu ainda quis dizer uma frase que viera decorando pelo caminho, e que era a última do livro que lera apressadamente:

- Então, que não mais sejam pronunciados galanteios eróticos. Também não te deixarei à mercê de verdades invasivas, sopros de desejos ao teu ouvido. Mas quero-te excitada, pois estou aqui contigo!

Ela ajudou-me urgente a me livrar das vestes. Eu quis me lavar antes, mas ela apressou-se a me dar um rápido banho de língua. Depois abocanhou meu cacete duro enquanto eu levei a mão à sua boceta. Pingava de tão encharcada que estava. Jogou-me na cama e veio por cima. Foi uma longa noite de sexo em bandeirada livre...

FIM DA PRIMEIRA PARTE

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Comentários

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Aprecio contos bem escritos e este é. Às vezes prefiro a sensualidade à eroticidade e neste relato você esbarrou no erótico sem perder o sensual. Muito bom.

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Que Viagem este conto! Uma historia erotica que mistura emoção, erudição e consegue envolver quem lê. A melhor herança que o pai taxista deixou pro filho: Um livro que ensina a galantear. Linda a historia.

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Bom conto, excitante! Caso queira leu o meu fique a vontade.

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