Dentro de Nós - Capítulo 4

Um conto erótico de Thomaz
Categoria: Homossexual
Contém 2433 palavras
Data: 01/12/2014 22:58:39
Última revisão: 07/06/2015 16:39:17

“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.”

Quando eu achei essa frase, eu comecei a refletir, no caso, eu ainda estou refletindo. Isso vale para o que está acontecendo aqui fora, eu nunca pensei no “hoje”, eu sempre deixei as coisas para amanhã, a amar foi uma delas. Eu confiava que “amanhã vou dizer pra ele que o amo”, “amanhã eu falo com ele”, “amanhã eu faço tal”. Isso me atrasou muito, perdi muitas chances de dizer o que eu sentia e continuo perdendo, continuo confiando no amanhã que sabe lá Deus se vai vir. Eu preciso confiar mais no hoje, assim como vocês. “Não deixa para amanhã, o que você pode fazer hoje” ou “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há”.

- Tá apaixonado, é? – ele pergunta, sorrindo.

- Am? Eu? – pergunto, todo encabulado. Juliane me olhava estranhamente.

- É, aquelas frases no facebook, tá apaixonado? – ele não tirava o sorriso do rosto.

- Não. – respondi ríspido. Juliane virou o rosto pra mim rapidamente e me mostrou uma feição de raiva. Olhei para William e ele deu de ombros.

- Então não sei o porquê daquelas frases. – ele se levantou e foi caminhando lentamente.

- Falta do que fazer. – diz Juliane, levantando-se também. Eu faço o mesmo.

Penso em ir atrás dele e ir contar tudo, mas resolvo deixar pra lá, outra hora eu conversaria com ele (amanhã). Olhei para Juliane e segurei minhas lágrimas para não chorar, eu iria transbordar e inundar o ginásio. William já havia saído do ginásio, havia algumas pessoas ali nos bancos enquanto as meninas jogavam. O time da Juliane havia ficado de fora.

- Você é um trouxa, orgulhoso. Não sabe o que quer nem o que faz! Não sabe expressar seus sentimentos! POR QUE NÃO FALOU PRA ELE? – diz Juliane, me dando tapas no braço.

- Por que eu não posso falar, ia mudar alguma coisa? Ele ia continuar gostando de mulher e o máximo que ia fazer era parar de falar comigo por eu gostar dele! – eu me largo na cadeira, e começo a chorar.

Juliane agacha-se ao meu lado e me abraça, e vejo uma lágrima escorrer do seu olho também. Eu não conseguia falar nada, só sabia chorar. Ela também estava calada. Vi o William escorado na porta do ginásio e ele observava o jogo com uma feição séria, e de repente ele me olha e vê eu em lágrimas. Ele pergunta de longe em silêncio o que havia acontecido, e eu tentei no máximo traduzir o que ele havia falado, e fiz que não com a cabeça, e a abaixei, voltando a chorar, agora mais forte. Letícia também me viu chorando e viu William também.

Na sala, vi William conversando com Letícia e fazendo uma expressão de surpresa, com uma das mãos tapando a boca. Na boa, eu queria ser aquela mão, na verdade, minha boca poderia ser. Letícia me vê entrar na sala e faz cara de espanto, ela sussurra algo para William e ele vira-se para mim e me encara até eu sentar no meu lugar, ao lado dele. “O que essa vadia disse pra ele?”, pensei. Juliane acenou para que eu sentasse na frente dela, na fila da janela. Peguei meus materiais e fui até lá. O professor ainda não havia entrado na sala.

- O que eles estão conversando? – perguntei a Juliane. Ela me olhou seriamente, e não respondeu nada. – Me fala.

- Eu acho que é sobre você, eles olhavam toda hora pra mim, e pra porta. E quando você entrou...

- Eu vi, eles ficaram me encarando. Se ela disse alguma coisa pra ele sobre isso, eu, nossa, eu não sei o que eu faço com ela!

Naquela aula fiquei sentado na frente da Juh. Olhava para trás e William não parava de me encarar, assim como Letícia, e eu estava me irritando. O sinal tocou, Juliane, William e eu saímos por último. William me encarou e eu quase perguntei o porquê daquilo, eu iria explodir. Então somente puxei Juh para fora da sala e fui até Letícia, aquela vadia, otária e sonsa estava conversando com a Lívia.

- Ei, o que você foi falar de mim pro William? – perguntei, num tom que apenas a gente podia ouvir.

- O que? Eu? Eu não disse nada! – diz, tentando se inocentar.

- Depois que tu falou com ele, ele ficou me encarando o resto da aula e não abriu a boca pra falar comigo, ele não estava assim até você ir falar com ele. Me diz!

- Eu falei que tu tá afim dele. – diz. Lívia que estava ao seu lado se surpreende.

- Você gosta do William? – pergunta.

- Não, não é exatamente isso. Mas escuta aqui o bichuruca, o que tu ganha falando isso pra ele? Tu acha que ele vai te querer só porque você falou que eu gosto dele? Você ganharia, talvez, se você falasse que VOCÊ estava afim dele e não eu. Aí sim, ele saberia que você gostava dele e talvez tomasse alguma atitude. Mas você disse? – perguntei, desafiando-a.

- Já chega. – ela levanta-se e sai dali.

- Otária! – falo em voz alta, ela vira-se para mim, mas nada fala. Começo a rir, mas de raiva.

Fui até o corredor e o vi vindo em minha direção. Imaginei que não iria parar então fui a passos normais em direção à sala. Mas ele parou, olhou nos meus olhos e se aproximou de mim, abriu a boca para falar e eu fiquei esperando alguma palavra.

- ? – fiz um sinal com a cabeça, precisava ouvir o que ele tinha para falar e o que eu tinha.

- Am, não dá. – ele acena com as duas mãos, como se fosse encerrar uma partida, e volta a caminhar para onde ia.

Eu queria chorar novamente, a Letícia havia estragado a única chance de eu conquistar o William. Vi a Jade sair da sala dela, ela estava linda e ao lado de Jéssica. Jade veio correndo na minha direção e me deu um abraço, que eu retribuo.

- Então, eu já sei de tudo. – diz, olhando-me nos olhos.

- Tudo o quê? – pergunto, com espanto.

- Que você tá gostando de um menino da tua sala, do Will. – ela sorri, e olha para Jéssica que sorri também e então muda a feição quando o vê vindo na nossa direção.

- É ele? – pergunto e ela confirma com a cabeça.

- De qualquer forma, Thom. Eu te amo, tá? – Jade me abraça e beija meu rosto, eu acabo segurando-a e virando meu rosto, fazendo meus lábios tocarem os de Jade.

- OMG! – diz Jéssica, aos sussurros.

O meu beijo com Jade foi calmo, sincero. Eu realmente senti algo naquele beijo, foi mais forte que o primeiro. Eu sentia algo a mais pela Jade. William me viu beijando-a, e me cutucou ao passar ao meu lado. Eu a larguei rapidamente e o encarei.

- Felicidades aí. – diz ele, de cara fechada. Eu não sabia o que fazer, o que decidir. William viu eu e a Jade juntos, e sabe que eu gosto dele mas pode não ter acreditado. Eu precisava fazer alguma coisa pra confirmar isso, eu o amava mesmo, senti meu coração arder quando ele passou por nós.

Jade olhou nos meus olhos e sorriu, me deu um selinho e me abraçou.

- Eu to de vela. – diz Jéssica, com feição entediada. Eu e Jade rimos.

- Não. – respondi.

- Vai dar tudo certo entre vocês, ele deve sentir alguma coisa, eu penso que sim. – diz Jade.

- Olha eu não sei mais nada. – digo, abraço Jade novamente, e Jéssica também. Após o sinal tocar, retorno a sala e a aula tediosa.

Os professores explicam matérias e passam exercícios. William não parava de me encarar, acho que era vício, eu também não conseguia. Eu queria tê-lo comigo a qualquer coisa que eu pudesse fazer. Queria beija-lo e senti-lo, queria que ele me amasse. Fiquei feliz pela Jade respeitar meus sentimentos e mesmo assim ficar do meu lado, isso é bom. Assim como a Jéssica, a Juliane e a Lívia que acabou se aproximando de mim. Os meninos continuavam longe. Meu contato masculino era somente o Will, e agora nem ele mais. Mal falava comigo e a coragem para voltar pro meu lugar era quase nada.

Eu havia chegado em casa exausto, com dor de cabeça por conta do tombo na aula e ao entrar em casa vi meu padrasto sentado na mesa.

- Nem cumprimenta. – diz em voz alta. Minha mãe já o encara.

- Oi, Heitor. – digo, subindo as escadas – Oi, mãe.

- Oi filho. – diz Beatriz, minha única luz. Heitor nada fala, e eu não ligo.

- NÃO VAI LAMBUZAR PANO DE NOVO! – grita.

- Heitor, deu de briga. Eu sou responsável pelos meus filhos e não você, eles fazem o que querem aqui se eu deixar. E isso aconteceu porque eu deixei! E ele fez isso porque não é como você que joga numa camisinha e enfia no fundo do lixo. – eu ouvi isso, e comecei a rir lá de cima. Eles ouviram.

- Depois não diga que eu não avisei. – Heitor é frio ao falar aquilo, na verdade é sempre frio.

Os dias foram passando, semanas. Meu relacionamento com a Jade ia se fortalecendo, minhas amizades no colégio também. Eu já quase nem falava com o William, e precisa resolver aquilo pra ontem. Eu o amava, tinha certeza disso, e não podia deixa-lo assim. Queria muito estar com ele, beija-lo e ama-lo. Eu estava precisando dele mais que tudo.

Nesse meio tempo em que eu estava com a Jade, nós começamos uma namorizade. Era normal pra gente. Eu gostava dela e sei que ela gostava de mim. Falava tudo pra ela e de um jeito que não a deixasse se magoar, ela não merecia ser usada como moeda de troca, ou segunda opção. Eu mesmo não queria isso.

- Preciso falar com você. – eu paro em frente à carteira do William.

- É boato? – ele pergunta.

- Boato? Boato do quê? – eu estava confuso, acho que ele também.

- Não é nada, pode falar. – diz, atencioso e com os olhos nos meus.

- Não olha assim pra mim. – soltei aquilo, e fechei meus olhos, abaixando minha cabeça e ele fez o mesmo.

- Eu sei o que você vai falar, mas tem que ser aqui? – ele faz sinal com as mãos, mostrando o lugar, as pessoas.

- Tudo bem, o que for melhor pra ti. – respondi, e sentei-me ao seu lado.

- Que bom que voltou pra cá. – ele disse, seus olhos estavam brilhando e seu rosto lindo só me dava vontade de beija-lo ali, na frente de todos. Mas respeitei-o.

- Eu preciso muito. – sussurrei, encarando-o. Meus olhos encheram de lágrimas e ele percebeu. Pela sua feição, ele parecia preocupado comigo.

- Precisa do que, Thomaz? – perguntou, olhando para mim sem desviar os olhos em nenhum momento.

- Eu preciso de ti, William, eu não quero ninguém, eu só te quero. – falei aquilo aos sussurros para somente nós ouvirmos.

- Vamos ali pra rua. – ele acenou para a professora e pediu permissão de saída e ela deixou. Todos nos encararam.

Ao sairmos da sala eu o abracei forte, muito forte e não queria solta-lo.

- Eu te amo, cara. – eu disse, em lágrimas. William apertara meu corpo contra si, e acariciava meus cabelos. Não disse nada, e eu não esperava nada mesmo.

- Senta aqui. – ele sentou-se no banco ao lado da porta e tocou nele para eu sentar.

- Tudo bem. – sentei ao seu lado, e ficamos nos encarando por alguns segundos.

- A Letícia me falou que você estava afim de mim. Por que, quando eu perguntei se você estava apaixonado você me disse que não?

- Porque eu fui um trouxa. Eu não queria contar naquela hora, não estava preparado pra contar e ver sua reação. Me senti um tremendo idiota depois que você saiu.

- Vi você chorar. – ele escutava cada palavra minha com atenção, seu olhar era de curiosidade.

- Eu nunca senti isso por ninguém, ou melhor, por nenhum garoto. Eu levei muito tempo pra descobrir o que eu sentia e mais ainda para você descobrir, e mais para eu me declarar, eu te amo, eu preciso de ti junto comigo, William. Não sabe como dói ver você com outra pessoa, eu quero te sentir, quero ficar contigo sempre William, ficar do teu lado, eu te amo muito e eu nem sei, nem sei ao certo o que eu sinto, mas eu não consigo parar de pensar em ti. Eu não acreditava que ia acontecer alguma coisa comigo em relação a ti e aconteceu! – eu estava despencado em lágrimas, e ele havia me abraçado. Não havia quase ninguém na rua e isso facilitava.

- Me desculpa não ter ido atrás de ti. Eu esperei você vir até mim pra saber se era tudo mesmo como me falaram. Porque eu vi você e a Jade, vocês se beijaram então ali eu descartei na hora. Mas eu tinha esperança de ficar com você, mas aí eu me afastei de ti quando os vi juntos. Você me ama de verdade, a gente tá aqui agora, eu também te quero e acho que tanto quanto você me quer.

- Você gosta de encarar os outros né? – pergunto, com um sorriso estampado no rosto.

- Foi só com você. – ele colocou a mão sobre meu pescoço e veio trazendo meu rosto até o dele, eu senti seu hálito e o seu perfume forte.

Nossas respirações eram profundas e eu sentia meu coração pular dentro do meu peito. Eu poderia enfartar a qualquer momento. Nossos lábios se tocaram, levemente. Ele então afastou seu rosto um pouco do meu e me olhou nos olhos.

- Eu te amo, Thomaz.

Após isso nos beijamos, um beijo calmo e feroz ao mesmo tempo. Abri a boca e ele a invadiu com sua língua, o mesmo eu fiz. Ficamos ali nos beijando, e eu tentando acreditar que aquilo realmente estava acontecendo, que nós estávamos ali, eu e ele, juntos!

=

Oooooooolá! Foi rápido, eu poderia ter colocado mais coisas nesse capítulo e deixado isso para talvez num sexto ou sétimo capítulo ou mais ainda. Mas não resisti. Estou pensando em como continuar depois disso, em quais palavras colocar, o que citar, enfim. Tudo o que precisamos em um conto. Esse capítulo foi um dos que eu mais tive prazer e receio de escrever, mas eu gostei. Quero ver onde a Jade vai ficar nisso tudo, e aquela Emily também. E a Letícia? Teve culpa ou fez certo em contar pra ele sobre Thomaz? Gostaram do capítulo? Comentem, votem, pois é essencial, e obrigado. Até o próximo, beijo.

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Comentários

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Perfeito, maravilhoso, amei. Linda declaração de amor. :)

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Comecei a ler seu conto agora e já gostei muito! Tu escreve bem e eu estou adorando a história desses dois e isso me leva a perguntar, essa história se passou com vc de verdade ou com outra pessoa, não é fictício né?! Bom, estou um pouco confuso com o Thomas pois ele diz que tbm sente algo por Jade mas está amando Will agora, não quero que ela saia ferida da história pois gostei dela, mas ela tbm me deixa confuso pois pelo visto ta aceitando super bem o Thomas gostar do Will! Tenho medo de tanta menina assim envolvida na história, sei lá, acho que não pode acabar bem! Mas voltando, vou acompanhar viu, gostei muito, continua logo pfv!!! Bjos ^^

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