The Darkness - Introdução as trevas 01

Um conto erótico de M. Ferraz
Categoria: Homossexual
Contém 2040 palavras
Data: 03/01/2015 22:05:57
Última revisão: 05/01/2015 17:25:04

Teria sido fácil para mim se nada disso tivesse acontecido. Seria menos doloroso. Existiria paz. Mas, talvez se não tivesse acontecido... Eu não teria o conhecido.

...

“Lucas... Lucas... Lucas?” eu estava deitado na minha cama, minha mãe não parava de me chamar e isso estava me irritando.

“Já vou!” respondi.

Todos os dias da minha vida depois do ensino médio foram assim. Acordar, mas antes de levantar ficar pensando. Faz um ano e dez meses que me lembro de acordar cedo para pegar o ônibus e encontrar meus amigos em frente do portão da escola. Foram bons tempos.

Coloquei a primeira camiseta e um short que encontrei no guarda roupas e fui direto para a cozinha. Minha mãe estava debruçada na mesa olhando um livro de receitas.

“O que você vai fazer?” perguntei a ela.

“Estou pensando em fazer algo diferente... Sua tia de Florianópolis” ela disse levando as mãos ao cabelo para fazer um coque. “Seu pai foi buscar ela no aeroporto.”

“Sério?” eu disse. “Tinha se esquecido disso”

“Eu sei meu amor” ela olhou para mim sorrindo. “Foi por isso que te tirei da cama mais cedo... Preciso que vá ao supermercado, comprar tudo o que tem nessa lista, o.k.?”

“O.k.” confirmei. Ela me entregou a lista e me deu um abraço. Minha mãe sempre foi assim, a melhor pessoa do mundo. Ela sabia sempre como me deixar mais irritado e feliz ao mesmo tempo.

“Eu te amo... Agora vá se arrumar para ir” ela disse me soltando. “Se quiser pode chamar alguém para ir com você”

Vitor, Bianca e Cecília. Eles são as melhores pessoas que existem na minha vida, desde o ensino médio nós estamos juntos. Estávamos mais juntos na época da escola, mas depois ficamos um pouco afastados – não por estarmos seguindo caminhos diferentes, mas por minha causa, exclusivamente minha.

...

“Você acha que eu sou um cara bonito?” Vitor e eu estávamos no supermercado perto de casa, procurando os itens da lista da minha mãe.

“Essa pergunta é meio estranha, você não acha?” eu disse rindo para ele.

“Eu sei que é, mas é que estou muito a fim de uma pessoa e sei lá” Vitor era um pouquinho mais alto do que eu, e tinha os olhos e cabelos castanhos e escuros.

“Eu não diria que você é feio” Vitor olhou para mim e começamos a rir juntos.

“Talvez isso seja válido” disse ele.

“Sim... Mas de quem você está a fim?” perguntei.

“Não posso falar quem é... Mas, você a conhece” Vitor pegou a lista da minha mão e observou-a.

“Vai ficar de segredinhos agora?” Eu olhei para ele, e vi que ele estava se distanciado e indo para uma prateleira de macarrão e molhos.

“Em breve você saberá” disse ele. “E você, não tem nenhuma novidade?”

“Não” respondi. Eu nunca gostei muito de falar sobre essas coisas com ele, nem com Bianca e Cecília.

Alguns meses antes da formatura, eu conheci uma garota. Larissa. Ela era uma pessoa encantadora e me deixava muito feliz. Nós ficamos juntos durante algum tempo até a formatura. Depois disso, ela foi morar com os pais no Canadá. Para meus amigos, isso foi devastador e acabou comigo. De fato, porém isso foi mais que devastador.

...

Meu pai e eu nunca fomos muito chegados. Sempre existiu uma barreira entre nós, isso não facilitava muito as coisas. Sempre que estava conversando com a minha mãe e ele chegava perto, nós não continuávamos a conversa. Era como se ele deixasse uma tensão no ambiente. Entretanto, meu irmão que agora está em intercâmbio na Austrália, nunca teve problemas com meu pai. Os dois conversavam e se divertiam e até meu irmão conseguia tirar gargalhadas do meu pai.

Meu irmão, João, é a pessoa mais fantástica que conheço. Nós somos muito amigos e isso me deixa feliz. Ele está estudando Ciência e Tecnologia, e todos os sábados, eu e minha mãe nos reunimos na frente de um notebook para falar com ele pelo skype. Minha mãe e meu irmão são as pessoas que eu mais amo na minha vida, e eles sabem como me fazer feliz.

...

“Chegamos!” disse meu pai.

“Que saudades!” disse minha tia Sheila.

“Achei que fossem demorar muito mais...” disse minha mãe abraçando-a. “nem terminei de assar a carne”

“Eu disse no telefone que não precisava disso... um lanche do Mc Donald’s estava perfeito” disse ela.

“Olha só pra você!” já fazia mais de um ano que ainda não nos víamos. “Estou espantada com o seu crescimento”

“Você que encolheu” ela me abraçou e começou a rir comigo.

Depois de uma hora, nós sentamos-nos à mesa para comer. Minha tia começou a falar de todas as novidades dos parentes que temos em Florianópolis. Ela também fez várias perguntas sobre como iam às coisas aqui.

“Lucas já está no quarto semestre de Jornalismo” disse minha mãe.

“Que legal Lucas!” disse minha tia. “Fernanda, seus filhos são lindos”

“Sim! E como havíamos conversado por telefone, João está no intercambio e só volta ano que vem” continuou ela.

“Um grande investimento” disse meu pai.

“Sim, claro” confirmou minha tia. “Dois grandes investimentos Carlos... E como está na faculdade, querido?”

“Está bem puxado” respondi.

No meu bolso da minha calça, sinto meu celular vibrar. No tela de bloqueio vejo uma notificação do Whatsapp.

O Marcelo acabou de mandar uma mensagem dizendo que vai dar uma festa hoje à noite.

- Cecília

Qual Marcelo?

 - Lucas

Lembra aquele que estudava conosco no ensino médio? Que deu aquela última festa depois da formatura.

- Cecília

Sim

 - Lucas

Ele vai dar mais uma festa para relembrar os velhos tempos e você precisa ir...

- Cecília

As festas do Marcelo na época eram muito populares. Antes e depois das férias de julho e final de ano, era sempre um motivo para encher a cara e ás vezes se drogar. Nós quatro – Cecília, Bianca, Vitor e eu– sempre íamos a suas festas, mas nunca chegávamos ao ponto de se drogar.

Mas, as suas festas também me traziam outras lembranças que eu estou tentando esquecer até hoje. Lembranças escuras e sombrias que quero apagar.

Não acho uma boa ideia.

 - Lucas

O que aconteceu com você? Nós quatro sempre íamos juntos em todas as festas dele. E agora você nunca mais tem tempo para nada.

- Cecília

Não aconteceu nada, e nós saímos juntos SIM.

 - Lucas

Ir ao bar e em restaurantes é diversão para você?

- Cecília

Sim, estar com vocês já basta para mim.

 - Lucas

Lucas, por favor... Saia um pouco, você precisa disso.

- Cecília

Quem vai estar lá?

 - Lucas

AHHHHH você é tão lindo.

- Cecília

...

“Eles estão ali” eu disse mostrando ao taxista onde Cecília, Bianca e Vitor estavam.

“Lucas, eu sabia que você viria” disse Bianca.

“È um momento só nosso... e ele não poderia andar para traz” disse Cecília que estava sentada com Bianca e Vitor no banco de traz.

“Para onde iremos?” perguntou o taxista.

“Leve-nos, por favor, para este endereço?” Bianca mostrou a ele no seu celular.

“Fica perto do bairro do Brooklin Novo” disse Vitor.

“Vai ser muito legal” disse Cecília.

“Parece que nem todos vão, alguns dos amigos da faculdade do Marcelo também vão” disse Bianca.

“Mas não é uma festa para relembrar os velhos tempos?” eu perguntei.

“Foi o que ele disse” disse Bianca.

“Vai pessoas conhecidas e pessoas novas e legais” disse Cecília.

Depois de meia hora, chegamos a uma casa de festas. Estava muito lotado no lado de fora, e tinha uma fila na entrada. Nós quatros podíamos entrar sem precisar passar pela fila, segundo Vitor.

“Os que estudaram no ensino médio com ele não precisam” disse Vitor.

“Nomes e apresentem a identidade, por favor?” disse o segurança.

“Vitor, Lucas, Cecília e Bianca” disse Vitor entregando nossas identidades para o segurança.

“Por favor, entrem” disse o segurança depois de olhar para nós e para as identidades. “Tenham uma boa noite”

Dentro da casa havia muitas pessoas, nós tivemos que nos espremer entre as pessoas para procurar o Marcelo. A música era eletrônica e muito alta, quase perfurando nossos tímpanos.

“Ele está ali” disse Bianca apontando para perto do bar.

“Vocês vieram” disse Marcelo quando conseguimos alcançar ele. “Vocês são demais!”

Marcelo abraçou cada um de nós. Ele estava muito suado e tinha o hálito de cerveja e cigarro. Toda ás vezes que nos víamos, ele estava daquele jeito.

“Faz muito tempo, não?” disse ele.

“Sim! E você não mudou nada” disse Bianca.

“Eu faço mais sexo agora” disse ele. “A faculdade é um paraíso de gostosas”

“Posso ver” disse Cecília olhando envolta.

“Vou ter que sair agora... mas aproveitem a festa” disse Marcelo saindo.

Nós fomos para a pista de dança e começamos a dançar. Eu não sabia dançar, mas Bianca e Cecília me ajudavam a disfarçar. Vitor estava na sua segunda lata de cerveja, e Bianca estava começando a ficar irritada.

“Vou pegar uma cerveja também, alguém vai querer?” eu perguntei.

“Eu vou querer” disse Cecília.

“Eu também” disse Vitor.

“Você não vai querer nada!” disse Bianca.

“O.k. mamãe” disse Vitor.

Para chegar ao bar foi uma luta difícil. Era tantas pessoas que fazia o lugar parecer o metrô em horário de pico.

“Por favor, duas cervejas...” tentei terminar a frase, mas o som estava tão alto que o garçom mal conseguia me ouvir.

“HEY” falei novamente. E naquele mesmo segundo outra pessoa do meu lado estava tentando também.

“GARÇOM” gritou um garoto que estava ao meu lado. “Vai ser difícil ele escutar, vamos ter que tentar novamente”. Nós gritamos mais duas vezes até que um garçom percebeu nossos berros e veio nos atender.

“Posso ajudar?” gritou o garçom.

“Quero duas cervejas geladas, por favor?” eu disse.

“Aqui está” disse ele entregando as latas de cerveja.

“Eu vou querer uma caipirinha” disse o garoto dos berros.

“Vou preparar” disse o garçom se afastando.

“Obrigado” gritei para o garoto.

“Pelo o que?” ele gritou.

“Sem seus berros não teria conseguido minha cerveja” gritei novamente.

“Não precisa agradecer” quando ele gritou houve uma pausa na música, nós dois se olhamos e começamos a rir.

“É melhor eu ir... Se não as cervejas não vão ficar mais geladas” eu disse.

“Foi um prazer” ele disse. “A propósito, meu nome é Jonas”

“Lucas” eu disse.

Quando voltei para meus amigos, entreguei a cerveja da Cecília e começamos a beber juntos. A festa foi muito mais animada depois, e todos nós conseguimos nos divertir demais. Bianca estava sempre tentando tirar as latas de cerveja e copos de bebidas das mãos de Vitor. Cecília não parava de fazer caras sexys para todos os caras musculosos que passavam do nosso lado. Ela também me pediu duas vezes para oferecê-la a um deles.

“Faça isso si mesma” eu disse.

“Não posso... vão pensar que sou uma vadia” ela disse.

“E você não é?” perguntei.

“Muito engraçado” disse ela.

Cecília tinha os cabelos louros e olhos verdes. Seu corpo era de fato, parecido com os daquelas modelos que aparecem nas revistas de biquíni.

Jonas, o garoto dos berros, apareceu várias vezes depois disso e apresentei-o para meus amigos. Quando foram quase quatro horas da manhã, nós decidimos sair e chamar um táxi.

“Faz um tempo que não me divirto assim” eu disse.

“Foi muito legal... Eu beijei um garoto tão lindo” disse Cecília.

“Apaixonada novamente?” disse Bianca.

“Eu estou por você meu amorzinho... Já contou para eles?” Vitor estava deitado no colo de Bianca no banco traseiro comigo.

“Ele está bêbado” disse Bianca.

“Um minuto... Hoje o Vitor disse que em breve ele iria falar o nome da pessoa que ele está gostando” eu disse.

“A gente ia contar no dia 12 de novembro... o que seria daqui a quatro dias que faríamos um mês de namoro” disse Bianca.

“MENTIRA” disse Cecília que estava sentada no banco da frente.

“PARABÉNS!” eu disse.

“Obrigado” disse Vitor com o dedo na boca.

“Que bebê lindo, isso merece uma foto” eu disse e começamos a rir.

Quando eu retirei o celular do bolso, vi uma notificação do Whatsapp na tela de bloqueio. Eu cliquei para ver a mensagem e o número era desconhecido, não fazia parte da minha lista de contados. Apertei em cima da foto do contato para ampliar. Era Jonas.

OLÁ! (leia como se eu estivesse gritando RS)

- Jonas

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Comentários

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Eu gostei muito da sua história, bem grande hahaha. Não demora a podta pff 😍❤️

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Ótimo. Vou gostar de acompanhar pois o enredo de estigou so não demora a postar.nota 10

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