Portas Fechadas VIII

Um conto erótico de Irish
Categoria: Homossexual
Contém 932 palavras
Data: 05/01/2015 16:59:21

Levamos cerca de uma semana para acertar completamente nossa nova vida em Itu. A principio hospedados numa pensao baratissima e porca, fomos em seguida ajudados pelos colegas de Paolo que nos arranjaram um casebre de meia-agua no suburbio miseravel da cidade. Durante esse tempo o italiano havia conseguido (pelos mesmos colegas) um emprego de carregador de cargas de caminhao num deposito. Eu tentava um modesto cargo de auxiliar de secretario num escritorio de registros; todavia, ainda aguardava confirmaçao do emprego apos breve entrevista. Meu diploma novinho da Faculdade de Direito causou uma boa impressao ao encarregado pela seleçao do pessoal, e eu dava como certa aquela vaga.

Tudo isso era, entretanto, temporario. Nada sabiamos de nosso futuro dali por diante, e havia sempre o medo de que Rodolfo nos descobrisse. Seria dificil disso acontecer, porem nao impossivel e ele na certa jà devia estar procurando.

Os colegas de Paolo eram dois irmaos. O mais velho estava casado, tinha dois filhos, e o outro mais novo andava pela nossa idade, vinte e tantos anos e solteiro. Desse sujeito eu nao gostava; por algumas vezes flagrei nele um certo tipo de olhar insinuante na direçao de Paolo, e havia uma sutil aura de constrangimento quando estavam perto um do outro. Nada tirava da minha cabeça que eles andaram tendo um caso qualquer no passado, e imaginando o meu italiano com aquele rapazola anemico, comum e longe de ser bonito, me vinha um ciume indignado, ofendido. Incompreensivel, na minha opiniao, o fato dele ter sido consolado por aquele tipo morrinhento enquanto estive fora.

Para todos os efeitos eramos "amigos de infancia" tentando uma boa oportunidade na cidade, embora o mocinho, que se chamava Valter, tenha certamente desconfiado de algo pois nos olhava com um ar velhaco, feito soubesse. E se de fato a banda dele tocasse como a nossa, como eu imaginava, era facil nesse caso perceber as coisas. Se mantivesse o segredo, entretanto, eu jà ficava tranquilo.

Minha relaçao intima com meu carcamano avançava aos poucos. Tinhamos camas separadas por "aparencias" no quarto, mas ele sempre dava um jeito de dormir comigo. Às vezes os beijos eram quentes demais, porem ele progredia com cuidado, com medo, sempre atento às minhas reaçoes e ao meu conforto. Delicadamente Paolo foi me instruindo a dormir apenas de cueca, assim como ele, acostumando-me ao toque de nossas peles juntas e quentes. Em outra noite, com a luz apagada, ele ficou nu e se encostou a mim, excitado, mudo; embora eu a principio travasse como uma maquina enguiçada, aquilo ia aos poucos me acendendo a virilidade, quebrando o trauma inicial, e na minha mente o pensamento de que se eu me recusasse por muito tempo teria que ceder lugar ao Valter naquela cama, deu-me mais coragem e pude enfim me livrar da cueca.

- Deixa eu amar voce, Nano _ sussurrou ele me cobrindo com seu corpo pesado, peludo e quente com delicadeza.

A tensao ia e vinha como grandes ondas sufocantes em mim, apesar dos beijos dele sobre meu corpo terem o mesmo efeito que baforadas de tranquilo ar vespertino. Em seguida, por mais cuidadoso que fosse, a dor da penetraçao foi algo terrivel, e revivi o trauma, gelado de medo, incapaz de sentir prazer, de relaxar durante o ato todo; aliviei-me, no entanto, quando ele se descarregou em mim, fatigado, resfolegando. Saber que lhe proporcionei esse prazer me enlevava e ele queria saber, todo solicito, se eu estava bem.

- Ainda tenho que me acostumar, Paolo. E muito _ falei afagando seus cabelos umidos de suor.

Estar nos braços dele, porem, era como estar em casa, num lar que me fora destinado talvez antes de meu nascimento. Com ele eu tinha uma paz que nao obtinha em nenhum outro lugar, uma sensaçao pujante de pertencer a mim, a ele e ao universo ao mesmo tempo. Era algo forte, sublime e inexplicavel.

Enfim pude trazer à tona naquele momento o assunto que vinha me preocupando hà tempos. E ele nao hesitou em confessar que nao era mais virgem ha alguns anos e que sim, ele e Valter tiveram um breve envolvimento na epoca em que ele, Paolo, morou em Itu. Jurava que foi algo à toa, tocado à bebida ainda por cima. Depois, em Santos, onde trabalhara, alguns poucos rapazes andaram frequentando sua cama. Nada de mais, garantiu ele. Perguntei se tinha dormido com mulheres tambem.

- Nunca tive vontade, Nano _ disse com uma risada deliciosa.

Ele percebeu o meu ciume, que foi algo meio silencioso, e talvez infantil. Falou em voz baixa, mas seria e convicta.

- Tudo isso nunca importou porque no final era voce quem eu amava, quem eu esperava, era por voce que eu acordava todos os dias para poder trabalhar, ganhar dinheiro e ter nosso canto em algum lugar. Era a lembrança do seu rosto, do seu beijo, do seu cheiro que me dava a tranquilidade necessaria para prosseguir na certeza de que, mais dia, menos dia, estariamos juntos. Faz muito tempo, Nano, que eu tenho a certeza de que estamos nesse mundo para vivermos juntos e em paz.

A tao esperada tranquilidade, contudo, parecia-se com uma borboleta belissima e rara que voava sempre que chegavamos perto dela. Foi essa a sensaçao que tive quando, passados cerca de dois meses e com nossa vida razoavelmente estabelecida em Itu com meu emprego garantido no escritorio e minha relaçao intima com Paolo progredindo, me deparei com horror ao chegar em casa certa noite, com o Buick do meu irmao parado na rua tendo o Quin encostado à porta, fumando tranquilamente.

*

*

*

*

Valeu, pessoal! Deixem suas opinioes :)

Beijao em todos!!!

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Irish a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Sorry 4 (Porque se faz isso ? Tava tudo perfeito até isso acontecer ;-;)

0 0
Foto de perfil genérica

Irish adoro riqueza!!! Muito obrigado pelos votos e energias positivos! Também te desejo diariamente amor, saúde, felicidade e dinheiro rsrsrsrs Linda história, medo do Quin do mal! Aff quando que esse Rodolfo vai descansar?!!! Cara mal amado!!!

0 0
Foto de perfil genérica

PQP...PQP.IRISH...não faz isso,to morrendo aqui...ai Deus.Continua logo,DEZ!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Não acredito que acharam eles?! Agora o negócio vai pegar! E sim,li tudo aquilo. O meu preferido sem sombra de dúvida foi o amor vai nos separar!

0 0
Foto de perfil genérica

Continua logo, achei q ia pegar uma traição kkk

0 0
Foto de perfil genérica

Oi, povo! :) • Respostas :• Geomateus, Ru /Ruanito, Pedro _henrique, obrigada meninos! , • Atheno, deu certo a fuga por enquanto, • Monster, valeu, man! , • nane borges, eu vi todos os seus comentarios. Leu tudo aquilo? o.O E de qual historia vc mais gostou? Bem vinda, querida! Abraçao!!! , • Quin, feliz aniversario, cara! Muita felicidade pra ti! Nao vai ter nem um bolinho? :( Poxa.O sr. merece uma festa de arromba là na chiquerrima The Week, que tal? Cheia de go go boys pra vc! Seria otimo!! :D Em todo caso, eh um dia feliz! Que todos os seus sonhos se realizem, viu? Alegria, amor, saude e dinheiro de montao. Beijo, querido!

0 0