Sangue Quente: Depois da tempestade vem a Calmaria

Um conto erótico de V.
Categoria: Homossexual
Contém 2585 palavras
Data: 11/01/2015 22:14:53
Última revisão: 11/01/2015 22:17:14

Água pingando. Isso mesmo, é água pingando. Eu estava em uma gruta, muito escura. Eu mal podia distinguir as coisas. Alguém gritava pelo meu nome. Uma voz grossa e forte, mas estava tão longe. Tentei avançar, porém meus pés estavam presos.

Eu estava descendo. Me encontrava em uma areia movediça. A voz ficava maior e mais desesperada. Aquela voz era conhecida para mim, tinha certeza. Mas eu estava tão cansado e a areia ficava cada vez mais próxima do meu rosto.

Uma batida na porta. Eu acordei, suado e olhando em volta do quarto escuro que era da mansão dos Cortazar. Outra batida, mais desesperada e um chamado.

- Entra . - Falei. Akira entrou no quarto todo suado e me olhando estranho.

- Nicco? Vo-Você me chamou? - Balancei a cabeça, em forma de negação. - Eu juro que ouvi alguém me chamando, eu pensei que era você. Já que você sempre tem pesadelos e as vezes grita. - Ele olhou para os pés descalços.

- Desculpa Akira, mas eu não te chamei. Aliás, o que você estava fazendo, para ficar todo suado?

- Eu estava treinando. - Me olhou o menino. - Eu não tinha conseguido dormir dai resolgrito.

Foi quando tudo começou, de modo rápido e destruidor. Akira começou a gritar o mais alto possível. Caiu no chão com os joelhos e colocou as mãos nos ouvidos tentando tampar algo. Mais um grito, maior e angustiante.

Corri para seu encontro. O menino estava em posição fetal e gritando tanto, seu rosto estava muito vermelho. A porta da frente se abre, e aparece Akemi no seu pijama azul com pantufa de coelho. A menininha olha do irmã para mim. Nossos olhares se encontram por um minuto e depois ela sai correndo.

Tento abraçar Akira, para ele se acalmar e perceber que eu estou do seu lado. Fiquei murmurando "calma", mas eu sabia que não ia adiantar. Talvez esteja falando para mim mesmo em vez do menino.

Ele estava agarrando minha blusa quando seus pais apareceram. Ele gritou de novo. Nunca tinha visto algo assim. Sr. Cortazar tirou ele de mim e carregou-o, como se fosse papel para uma sala.

Segui ele para dentro de uma sala escura. Sr. Cortazar puxou um livro e outra porta surgiu como magica. Quando eu pensava que aquela casa já fosse grande... Adentrei no corredor, ou melhor na escadaria. Era tão escuro, e tinha uma luz que vinha das tochas presas na parede. A escadaria era escorregadia e fria. Aquele lugar era assustador.

Surgi em uma caverna, do tamanho de uma sala. Era muito fria e quando eu respirava, saía uma fumaça branca.

- Niccolau! - Disse a Sra. Cortazar. - O que está fazendo aqui? - Olhou para seu marido que deu de ombros e colocou Akira em um circulo de velas. - Tudo bem, - colocou a mão na cabeça e olhava para o filho com aflição. - Nathaniel, ligue para Morgana, AGORA! - Gritou a mulher na ultima palavra, nunca a vi nesse estado. Estava com uma expressão severa. - Calma meu filho, já vai passar.

Mas um gritou que fez a mim e a sua mãe tremer. O Sr. Cortazar já estava de volta, avisando que a tal Morgana estaria em menos de quatro minutos. A mulher transformou o rosto doce em algo assustador. Seu rosto adquiriu uma carranca tão pesada que me fez temer por todos.

Mais gritos e agora saía sangue dos ouvidos de Akira. Eu estava desesperado andando de um lado para outro. A Sra. Cortazar estava olhando para o filho, segundo um pingente feito de jade. A campainha toca. O homem deslocou-se para fora para trazer a mulher.

Morgana havia chegado. Ela tinha uma voz que lembrava uma pantera. Quando entrou dentro da alcova eu pude visualiza-la. Era uma mulher alta e esbelta. Tinha uma pele escura e seu cabelo era tão cacheado e bonito. Me lembrava uma juba majestosa de um leão. Suas roupas eram tão elegantes como a mulher que as possuía. Um vestido amarelo, com um pequeno cinto na cintura. Não possuía mangas. A cor do vestido destacava mais ainda a cor negra de sua pele. Ela me olhou, de baixo para cima e semicerrou os olhos.

- Cordélia - Acenou a mulher. Mais um grito. - Opa, eu não sabia que ele ja estava na hora para isso.

- Morgana - Falou Sra. Cortazar num tom ríspido e ameaçador. - Faça o que você tem que fazer logo, e acabe com esse sofrimento do meu filho.

- Calme, eu já trouxe o que eu preciso. Quero todos fora - Ela apontou para e todos começaram a sair. - Menos o garoto, eu quero ele aqui.

Todos me olharam e eu fiquei sem entender. Quando estávamos a sós, a mulher murmurou algo como "esses caçadores nunca aprendem".

- Um Bennet... Nunca pensei que fosse ver um tão de perto assim.

- Como a senhora sabe quem eu sou? - Falei.

- Eu senti sua áurea menino, uma áurea forte assim não passa despercebida. E.. - Mais um grito. Akira se contorcia no chão e mais sangue saía do seus ouvidos. - Melhor eu começar logo. Anda me ajude aqui. Faça o que eu mandar.

A mulher pegou um pincel e tinta negra. Começou a desenhar no chão símbolos em volta de Akira. Murmurava palavras em um idioma que eu desconhecia. Quando terminou de desenhar, os símbolos começaram a brilhar em tons de azul. As velas bruxulearam e se apagaram. A sala tinha apenas a luz dos símbolos.

- O que esta acontecendo? - Perguntei. Akira tinha parado de se mexer e de gritar.

- Fique quieto e me de suas mãos.

A mulher pegou minha mão e picou o meu dedo com uma faca cerimonial. Formou-se uma gota de sangue e a mulher manuseou a faca para que conseguisse pegar a gota. Morgana levou a faca até dentro do circulo de símbolos.

Três gotas. Justamente três gotas caíram dentro do circulo e as velas se acenderam. Agora um fogo azul esverdeado tão forte e grande. Akira voltou a gritar, mais forte que antes. Os símbolos pareciam se mover para dentro da pele do garoto. Ele sentia tanta dor! E depois, tudo parou.

As velas se apagaram, os símbolos sumiram e tudo ficou escuro e frio de novo. A mulher pegou a faca e começou a subir as escadas.

- Terminei aqui. - Esboçou um sorriso cansado.

Os pais do menino surgiram e abraçaram o corpo caído de Akira. Ele agora dormia. Parecia uma criança agora, sem aquelas linhas estranhas no rosto. A bruxa estava sentada em uma cadeira quando eu apareci na sala. Ela tremia que me deixou preocupado.

- Tudo bem com a senhora? - Disse me aproximando.

- Você... É tão poderoso que nem sabe... - Falou a mulher e segurou minha mão e virou a palma para cima. - Um guerra se aproxima, meu querido. E só você poderá decidir que rumo levará. Seja forte e corajoso. - Abaixou a cabeça e encostou a testa na minha mão. - Deus tenha piedade dessa bruxa e de todos... Desculpe por assustar Niccolau... Mas talvez tenha sido para isso que eu nasci. Para simplesmente dar-lhe essa informação.

- Não senhora! - Puxei minha mão dela. - A senhora ainda vai viver por muito tempo, pode confiar em mim.

- Eu já vivianos não é para qualquer um - Deu um riso seco.

- E vai viver por mais 400 anos - Falei e me retirei.

Para alguém com 400 anos, até que ela era bem cuidada. Eu entrei no quarto de Akira. Seu pai e irmã estava de um lado da cama. Akemi segurava a mão do irmão. A Sra. Cortazar saiu do quarto e foi falar com Morgana.

Fomos informados que ele acordaria só no dia seguinte. Nossa sorte que no dia seguinte seria sábado. Tive que voltar para meu quarto, assim como Akemi. Tínhamos que deixa-lo dormir essa noite.

No dia seguinte, havia um sol forte em Nova Iorque. Estávamos entrando no outono. Na mesa para o café da manhã, Akira estava sentado no seu lugar, rindo e conversando como se nada tivesse acontecido. O menino me olha e abaixa o rosto e encara o seu prato. Dou bom dia a todos, porém ele não me responde.

Eu fui para a sala de treinamento, mas Akira não estava lá. Treinei até minha camisa ficar completamente encharcada. Tinha se passado horas e sem sinal do garoto.

Ele estava me dando gelo, mas por quê?, pensei.

Fui para a biblioteca depois de comer algo na cozinha e lá estava ele. Akira me olhou e depois ficou ruborizado e voltou a ler.

- Akira? - Me pronunciei. - O que esta acontecendo?

- Nada - Falou rispidamente, coisa que não combinava nem um pouco com o menino.

- Fala, agora! - Bati as duas mãos na mesa de frente para ele.

Akira fechou o livro calmamente e depois me encarou: - Por que você não conta a verdade?

- Como assim? - Perguntei confuso.

- Você é um verme, Bennet - Cuspiu cada palavra que falava. - Você mentiu para todos nós. Porque não contou sobre seu namoradinho?

- Do que você esta falan..

- Basta! - Gritou. - Conte a verdade, uma vez na vida, ao menos.

- Bem, se é isso que você quer... Mas prometa manter segredo.

- Eu juro.

Suspirei e contei tudo para Akira. O que mais poderia acontecer?

- Então, é isso...

- Eu... Eu me sinto usado. Como você fez isso conosco? - Falou o menino.

- Me perdoa, eu não sabia o que fazer. Eu... Eu estou desesperado. - Suspirei, com lágrimas nos olhos.

- Hm... - O menino olhou nos meus olhos. Tinha um ar travesso naquilo, como ele tivesse se divertindo com aquilo tudo. Se pronunciou depois de um minuto em silencio - Porém eu ja sabia disso... - E esboçou um sorriso travesso.

- Co-como? - Agora sim eu estava confuso.

- Nossa família é sempre a mais bem informada... Sabe por quê?

- Não... - Confessei

- Porque nós escutamos coisas...

- O que menino? - Eu já estava quase dando um murro nele.

- Nós escutamos... Escutamos os... Espíritos.

- Meu deus! - Tampei a boca com a mão para não gritar. - Akira isso é tão...

- Assustador? Medonho? - Começou a rir. - Eu já sei.

- Não! É magnifico... - Sentei do seu lado. - Me perdoa, por ter mentido e tudo mais.

- Tudo bem, é que eu odeio quando mentem para mim. Aliás, aquela vadia da Samantha é a princesa dos vampiros, ao menos isso você deveria contar, né Nick? Ela sabe de nós?

- Desculpa por não ter contado. Bem, eu acredito que sim... Não tem como esconder coisas dos vampiros. Principalmente dos mais antigos. - Encarei as prateleiras.

Será que ele podia fazer uma coisa por mim? Será que era pedir muito? Mais do que já pedi? Era justo? Eu só queria saber se ela estava em um lugar bom de verdade...

- Nick... - Falou Akira, com um ar sinistro. - Eu já tentei fazer isso que você está querendo. Mas parece que nenhum espírito conseguiu me dar essa resposta...

- Como assim Akira? - falei.

- É isso mesmo, é como se ela não tivesse...

- Morrido? - Completei. - Isso é impossível, eu vi minha irmã morta. Eu estava no enterro de Rebekah.

- Desculpa... Contudo eu posso tentar outra coisa... Se quiser ainda é claro.

- Qual ? - Agora estava mais intrigado que nunca.

- Eu posso saber alguma coisa sobre o vampiro. Sobre o Thomas.

Eu não sabia o que responder, eu estava em choque. Akira agora parecia ser um computador que conseguia qualquer informação possível. Era... Magnifico! Eu balancei a cabeça confirmando. Não tinha força para responder verbalmente.

O menino fechou os olhos e franziu as sobrancelha, estava se concentrando.

Se passou longos minutos no silencio. Akira continuava de olhos fechados. E eu encarando seu rosto. Com um salto ele "acorda" do seu transe.

- Tenho más notícias...

- Quais?

- A primeira é que não consegui saber onde Thomas está... A segunda é que teremos que ir mesmo na vesta de gala...

- Por que? - perguntei receoso.

- Vai ter uma pessoa naquela festa que como encontrar seu namorado.

- Mas como é essa pessoa? - Segurei em seus pulsos.

- Então, isso eles não me falaram. Informaram que não gostam de intrusos ou de pessoas que perguntem muito... Desculpa. - Encarou as mãos

- Akira! - Falei me levantando. - Não tem o que se desculpar, eu tenho que te agradecer tanto. Muito obrigado, meu amigo. - Abracei ele. - Agora, pelo amor de Deus, podemos ir treinar? Eu odeio não ter nada para fazer!

Voltamos ao meu lugar preferido daquela casa. Akemi e eu começamos a lutar. Não tínhamos a intenção de um machucar o outro. Mas eu e ele não fazíamos a ideia de que usávamos um pouco de força à mais. Porque eu acabei dando um chute no menino que o jogou para o outro lado da sala. E o mesmo veio correndo ao meu encontro e deu um salto. Acertando um soco no meu queixo.

- Meninos, acho que vocês ja podem parar - Falou Akemi segurando o riso. - Até que vocês lutam bem.

- Aé sua diabinha, volta aqui - Akira saiu correndo atrás da irmã.

Corra, gritou. Corra Nick, salve-se. Era a mesma voz grossa. Eu sabia que a conhecia de algum lugar. Era uma gruta, agora tinha um pouco de luz, e um corpo acorrentado perto da água. Tentei correr, mas algo me prendia no chão. Eu estava preso por uma corrente.

Nicco!, fuja.

Acordei, todo suado. Akira batia na minha porta.

- Anda Nick, vamos nos atrasar! Mamãe vai nos levar para comprar nossas roupas.

Levantei e me arrumei o mais rápido possível. Hoje íamos a uma loja da cidade para comprar as roupas para a festa. A festa em que eu ia descobrir onde Thomas estava.

Quando abri a porta, Akira já estava pronto e me puxou pela casa para tomarmos café. O motorista apareceu na porta e seguimos junto com a Sra. Cortazar.

Nova Iorque estava em um clima fabuloso. As arvores tinham folhas em tons amarelo e vermelho. Pareciam em chamas, arvores de fogo. O clima já começara a esfriar. Paramos em uma loja grande com vitrines enormes, onde mostravam manequins com vários tipos de terno.

Todos nós entramos na butique. Era mais majestosa ainda. Decoração impecável, com lustres feitos de cristais e espelhos por todos os lados. O vendedor chegou e começou a atender Akira. Eu fiquei no canto olhando as roupas.

- Posso atender-lo senhor? - Falou uma voz atrás de mim.

- Não eu só.. - E me virei. - Asad? O que faz aqui?

O menino deu um sorriso. - Meus pais são donos dessa empresa de roupas. Bem minha mãe desenha e meu pai é o empresário por trás de tudo. Eu só estava aqui passando o tempo. - Olhou de Akira para mim. - Não sabia que vocês vinham aqui.

- É para a festa... Akira e a mãe dele me arrastaram para cá. - Voltei a olhar para as roupas. - Pelo que disseram, eu não tinha muitas roupas apropriadas para a festa. - Esbocei um sorriso tímido.

- Hahaha, eles são demais. Bem se quiser eu posso te mostrar o resto da loja - Falou com um olhar selvagem.

-Não, eu estou bem... - Me virei e vi a coisa mais linda do mundo. - Acho que descobri o que eu quero. - Akira pareceu com sua mãe e me olharam

- Tem certeza, meu querido? - Falou a Sra Cortazar com sua voz doce.

- Absoluta.

A cada passo. Um passo de cada vez, e eu estava mais próximo de Thomas. Fechei os olhos e toquei o tecido do smoking negro como a noiteMais um capitulo novooooo!! Sim, hoje eu coloquei em um domingo pelo fato que irei viajar amanhã. Então melhor eu postar antes, do que não postar. Espero que tenham gostado do episodio. E eu amo, simplesmente amo, quando eu vejo nos comentários a ansiedade e as especulações de vocês. hahahah. Amo isso. Bem, se gostaram, comentem e se não gostaram, também comentem...

Bj Bj, do V

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive vbp a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários