Minha vida está em suas mãos #02

Um conto erótico de Caio
Categoria: Homossexual
Contém 1801 palavras
Data: 22/02/2015 23:03:56

Olá meus amigos da Casa dos Contos! Hoje saiu mais um capítulo do meu conto. Eu agradeço pelos votos e vou ser mais detalhista na minha história - graças ao toque de Atheno. Por favor comentem e votem

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Eu despertei – ou pior – fui despertado com alguém jogando água no meu rosto. Eu ainda sentia uma dor na minha nuca por causa do golpe que recebi. Eu olhei em volta e só via escuridão, as únicas frestas de luz vinham de uma janela semi fechada com tábuas, mas que deixavam escapar filetes de luz. Eu só escutei aquela voz grave que me arrepiava todos os pelos do meu corpo. Eu chorava em silêncio....

CARA: Eu estou sem paciência para mentiras e ladaínhas! Eu quero a PORRA desse dinheiro. AGORA!!!

Eu nada respondi. PLAFT!

CARA: Não me faça te bater de novo, filha da... EU QUERO O DI-NHEI-RO – disse isso bem perto do meu ouvido esquerdo.

Meu Deus! Meu patrimônio se resume a R$ 10 mil, receita do mês passado da oficina, que ainda que faria o balanço. Mas eu acho que ele queria um valor específico.

EU: Senhor, tenha piedade de mim! Eu sou um pobre homem, tenho uma pequena oficina. Não tenho fortuna...

CARA: Quantas vezes eu terei que dizer para NÃO MENTIR PRA MIM! FILHA DA ....

Recebi um golpe no estômago que me deixou com falta de ar...

EU: Por favor, por tudo o que é mais sagrado – inspirei fundo para recuperar ar – eu não tenho dinheiro – outra pausa – eu mal consigo pagar as parcelas do carro – inspiração – Não me mate! Por favor...

Eu estou apavorado! Gente, eu vou morrer! Não consegui enxergar um palmo na minha frente. Imaginem o que é estar no breu, com uma voz grossa e nervosa, a todo tempo te ameaçando de morte, o som da arma sendo armada...

De repente eu escuto um toque de celular. Tava mais para mini trio elétrico. Eu não consegui entender bem o que falava, mas parecia ser algum familiar dele, pois o tom de voz nervoso deu lugar a um calmo e respeitoso, tipo o que um filho fala pro pai de antigamente.

Eu sei que irei fazer uma loucura, mas eu estava tão amedrontado que tive uma reação inesperada:

EU: SOCORRRROOOOOOOO! – gritei a plenos pulmões – FUI SEQUESTRADOOO! VOU SER MORTO!!!

CARA: CALA ESSA BOCA! – o sequestrador gritou comigo – VOCÊ QUER MORRER AGORA???

Eu estava louco, mas uma coragem surgiu dentro de mim, e continuei a gritar pela minha vida. Enquanto me esguelava gritando, eu escutei ele falando ao celular, tentando disfarçar a minha cena. Ele resolveu sair do local, eu sei porque meus olhos foram atingidos com uma forte fonte de luz que logo desapareceu. Deduzi que ele abriu a porta e continuou a chamada fora do local.

Passada a adrenalina, o meu pavor voltou com força. Eu pensava: “Meu Deus! Pra quê eu fui fazer isso? Certamente ele vai estourar os meus miolos quando voltar. Provavelmente essa é a minha última noite.”

Passou muito tempo desde que o sequestrador saiu daquele lugar escuro. Eu conseguia escutar som de carros e motos, mas parecia que poucos veículos passavam por ali. O silêncio no local era quebrado pelo som dos grilos e gafanhotos.

Logo o silêncio foi quebrado por uma porta sendo aberta. O meu sequestrador entra no local. Ele ainda usava o brucutu mas seus olhos pareciam sem vida. Eu já sabia o meu veredicto.

CARA: Você foi um idiota. Eu f pesquisei sobre você, e vi que você não é o cara que eu procurava. Eu iria te soltar, mas você resolveu gritar. Eu quase me coloquei, mas agora tudo está resolvido. Por isso você vai morrer! Se resolvesse ficar calado, poderia estar vivo. Agora é tarde!

Ele colocou uma pistola colada na minha cabeça. Eu levaria um tiro à queima roupa. Eu comecei a chorar de novo! Não acredito que nunca mais verei as pessoas que amo, meu emprego, meus amigos, nada. Tudo o que veio na mente foi o meu velório, com caixão lacrado, pessoas em luto, chorando pela minha morte. Eu não merecia passar por isso...

Eu ouvi o som da arma sendo armada, o tambor girando, aquele pedaço de ferro frio encostando na minha cabeça.

CARA: Você já era!

A arma foi engatilhada. Eu iria morrer, mas acho que alguém intercedeu por mim no último segundo.

VOZ: PARE ISSO AGORA!

Essa voz... Eu conheço aquele timbre... Não acredito! Seu João!!

CARA: PAI??

Pai?? Foi isso mesmo que eu ouvi? O Seu João é pai do desgraçado que vai me matar?!

CARA: Pai? O que você está fazendo aqui?

JOÃO: Impedindo você de fazer uma loucura! Solte esse homem! Solte meu amigo!

CARA: Pai, desculpe-me, mas não se meta nos meus bagulhos aqui. Ele e eu temos um assunto a resolver!

JOÃO: Você não vai fazer nada contra ele, rapazinho. Ele é meu amigo e você disse que não faria nada contra os meus. Se você descumprir esse acordo, esqueça que você tem um pai!

Nossa! Eu fiquei calado, ouvindo toda essa discussão e mais preocupado com a minha vida. Logo eu ouvi só silêncio. Em seguida eu senti alguém se aproximando de mim e dizer.

CARA: Você é um cara de sorte...

Depois disso fui desacordado com outro golpe na nuca.

*****

Eu acordei e me vi em um quarto. Era simples, com paredes pintadas de branco e o teto ainda com reboco. Uma lâmpada fluorescente iluminava aquele local.

Ainda bem! Isso significa que tudo o que eu passei foi um terrível pesadelo. Mas aí minha cabeça latejou e senti os golpes que levei na cabeça. Esse pesadelo era real!

Eu me recostei na cama e percebi que estava sem minhas roupas - na verdade estava só de cueca branca. Quando olhei pro meu lado, vi as minhas roupas dobradas num criado mudo. Estranhamente me senti bem. Abri um sorriso ao perceber que estava vivo e aparentemente bem.

Minha bolha de alegria estourou quando eu percebi que alguém abriu a porta. "Será que é o sequestrador?", pensei. Quando esta foi aberta quem passou por ela - para o meu alívio - foi o João.

JOÃO: Ei amigo! Você está bem? - disse o meu amigo com uma expressão de preocupação - Conseguiu dormir?

Eu acenei um sim com a cabeça.

EU: Eu não entendo o que é que está acontecendo. O que foi que eu fiz para estar nesse inferno que estou? Como você me achou nesse fim de mundo? E onde eu estou agora?

João suspirou e o que eu ouvi dele foi o seguinte:

JOÃO: Meu filho, você se lembra que eu te falei que tinha um filho, e que vive uma vida errada?

EU: Lembro sim. Mas você não entrou em detalhes sobre ele.

JOÃO: E eu não faria isso! Não é porque eu não confie em você... É porque ele é traficante de drogas aqui na comunidade... E quando quer ele faz sequestros relâmpagos - ouvi o tom de voz triste dele e uma lágrima descia pelo rosto dele - Sabe, eu choro todos os dias e rezo para que ele saia dessa vida. Eu amo muito meu filho e eu me culparia pra sempre se ele morresse...

O seu João acabou me abraçando e eu percebi o quão difícil deve ser pra ele suportar esse madeiro todos os dias. Há poucos instantes eu precisava de consolo e agora era eu que consolava o João. O que não nos demos conta era que o filho do seu João estava ouvindo toda a nossa conversa atrás da porta.

JOÃO: Eu reconheço que a culpa para ele estar nesse mundo é minha. Eu tinha que trabalhar para sustentar a família e minha esposa tinha falecido quando o Guilherme nasceu. Eu acabei renegando a educação familiar e quem criou o meu filho foi a rua... - ele olhava para a janela do quarto - e agora ele é o que ele é: um traficante. Um criminoso.

EU: Calma seu João! A culpa não é toda sua. Quem escolhe os caminhos somos nós mesmos. Apesar de dificuldades maiores, eu conheço gente numa situação pior do que o dele e hoje é uma pessoa de bem. Não se martirize!

JOÃO: Eu sei...

Ficamos um momento em silêncio até que ele retoma a conversa.

JOÃO: Eu desconfiei que tinha alguma coisa de errada quando não te vi na formatura. Você é muito pontual e quando saí da sua casa você estava quase pronto.

EU: É! Fui somente pegar o carro para ir ao local.

JOÃO: Eu conheço seu carro. E foi quando eu recebi uma ligação do meu amigo dizendo que meu filho estava armado com alguém bem vestido que eu me desesperei. Quando o meu amigo descreveu o homem bem vestido, eu sabia que era você. Filho, eu me desesperei! - ele suspira - Algo me dizia que você corria perigo e por isso eu saí correndo da festa e vim correndo pra cá!

Seu João para um pouco para recuperar o ar, e enxugar as lágrimas. Eu senti um frio na espinha, por tudo aquilo que ele me dizia. Parece uma história de terror essa a que vivemos hoje à noite. Como um cara tão bom quanto o João pode ter um filho tão desgraçado quanto o dele. Eu precisava falar algo para confortá-lo.

Eu: Seu João, o que passou, passou. Agora tudo está tranquilo e estamos aqui, vivos, bem. Um dia esse nosso pesadelo passará; será uma triste lembrança...

JOÃO: Eu não me perdoaria se algo acontecesse com você... Nunca me perdoaria...

Acabou que eu tive que me levantar e preparar um chá calmante pra gente. Curioso é que enquanto descia as escadas do quarto pra sala, eu ouvi o som da porta sendo fechada. E logo depois o som de uma moto acelerando. Acho que era coisa da minha cabeça.

***

O sequestro e a experiência de quase morte criaram uma fobia. Eu nunca mais saí à noite para lugar nenhum. Tinha medo de encontrar com o sequestrador e dessa vez não ter o seu João pra me defender. Perdi alguns amigos, perdi bons eventos, mas o medo de morrer me traumatizou de verdade.

Apesar disso, a minha amizade com o seu João aumentou exponencialmente depois do ocorrido comigo. Se antes eu o via como "alguém da família", agora ele era o "meu pai", meu herói, meu melhor amigo, meu confidente, meu tudo. Só não era meu amor porque não tínhamos essa química. Não tinha interesse romântico por aquele senhor pedreiro.

SEQUESTRADOR: Eu tenho que descobrir quem você realmente é, Caio. - pensou em voz alta o quase algoz ao olhar uma fotografia do sequestrado no celular - E a melhor forma de saber quem você é é por me aproximar de você. Tenha os amigos perto, e os inimigos mais perto ainda - concluiu e depois bloqueou a tela do celular e o guardou no bolso.

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Comentários

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Ah não queria q ele ficasse com o João, se o filho dele for rústico machudo também é lucro kkkkk....

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