Semestre in Love. 10 capitulo

Um conto erótico de Luckas Borges
Categoria: Homossexual
Contém 1668 palavras
Data: 04/03/2015 11:02:35

O sol iluminava aquele belo céu azul e as nuvens corriam lentamente, Ele sentia como se a vida passasse rapidamente e estava grato por tudo que vivera até ali.

Casas, postes, vias, carros, tudo ia ficando para trás no trajeto feito pelo ônibus. Derick seguia para o primeiro dia de retorno às aulas.

O acampamento de férias durou uma semana, ao fim, o garoto viajou com os pais para a cidade natal e após o longo mês era hora de começar tudo de novo: acordar, se arrumar, mochila nas costas, pé na estrada, sala de aula.

O veículo parou em um sinal fechado. Pela janela Derick observava a movimentação. Na parada, várias pessoas aguardavam seu itinerário. Idosas agasalhadas em roupas de lã, senhoras com bolsas saindo para o trabalho, homens de terno, adolescentes uniformizados, um casalzinho abraçado. “Ian”. Os pensamentos ficaram distantes após o soar de uma buzina:

“Isso é seu” – Ian o entregava o envelope azul que antes pensara ser de Kaio. Em suas lembranças viu o garoto correndo em direção a outro ônibus. Era o fim do acampamento. A cartinha (na realidade um desenho feito a lápis) mostrava Derick sentado próximo à lixeira. “o dia em que se conheceram”, “Deve ter sido especial para ele” – deduziu.

O ônibus freou e tornou a parar em um sinal. Os olhos do garoto continuaram a vaguear distantes pela avenida, desta vez relembrando a última noite, a beira da fogueira:

“Lucas?” – As amigas ficaram surpresas ao ver Derick trazendo o garoto. “Tudo bem meninas” – Tentou acalmá-las, “Ele precisa da nossa ajuda” – Os cinco entraram em acordo de que deveriam fazer algo. Lucas explicou como se envolveu com o tráfico e como o coordenador o induziu aquilo tudo. Estava arrependido, mas não sabia como sair. Recebia ameaças e tinha medo da mãe descobrir. O estopim foi no acampamento, o coordenador o agrediu e a ameaça tornou-se mais intimidadora. O que fariam para denunciá-lo não sabia, mas uma coisa era certa, tinha que ser o mais rápido possível.

O ônibus continuou seu trajeto. Pessoas ficavam para trás, outras apenas começavam sua viagem, e então o colégio ergueu-se logo à frente.

Quando pisou na calçada, Derick recordou-se de vários outros momentos divertidos e conflituosos, estar ali era tão bom, sentia-se bem. De longe avistou o grupinho formado perto de uma das entradas do prédio.

Lizi abraçava Michael, os amigos dele também estavam no local. Tatiane parecia enturmada enquanto ria das palhaçadas de um dos garotos. Derick abriu o sorrisinho e foi se aproximando lentamente. O sol refletia-se em seus cabelos escuros e uma leve brisa esvoaçou os fios ao ar.

Aproximou-se, foi abraçado, interrogado sobre as férias e continuaram ali até que o sinal tocou.

POESIAS

A primeira aula era literatura, neste semestre estudariam poesias. A senhora Eliane levou toda a turma para a biblioteca e pediu que formassem duplas. Deveriam pesquisar sobre a vida de algum poeta e escolher um texto para recitar em sala.

Lizi fez par com Tatiane e desta vez Derick não pôde participar. Acabou por fazer o trabalho com Ian. Eles tornaram-se bons amigos após o acampamento. Conversaram repetidas vezes nos dias posteriores. Ambos tinham Whatsapp e evitavam tocar no assunto referente ao beijo.

- O que acha desta aqui?

“Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

- Ah não – Derick o interrompeu – Para, para, para – sorriu – Essa é muito dramática, escolhe outra – E com um sorriso radiante Ian folheou o livro a procura de um novo texto. Derick não conseguia afastar o olhar daquela boca. Sentia-se encantado quando conversava com o garoto. Um sorrisinho abobalhado teimava em aparecer.

“A coisa mais divina que há no mundo, É viver cada segundo como nunca mais...

Ian recitou com voz intelectual, parou e olhou para Derick com uma expressão de “ninguém merece”. Entreolharam-se e caíram na gargalhada, poesia não era seu forte. As outras duplas viraram-se com olhar de desaprovação, afinal, estavam em uma biblioteca. Sorrisos altos tiravam a concentração.

- Para de bobagem – Derick falou com seriedade – precisamos terminar logo.

A amizade parecia ser de longa data. Ninguém diria que começaram a se falar a pouco menos de um mês, ninguém diria que estariam se dando tão bem depois de se estranharem várias vezes. Então Ian recitou:

“Eu peço perdão por te amar de repente – a voz tornou-se aveludada – Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos...

Levantou a cabeça e não pôde prosseguir. Seu olhar encontrou o de Derick e as mãos tocaram-se. Quando perceberam, estavam entrelaçando os dedos suavemente por cima dos livros de poesia, acariciando-se sem palavras e com o coração acelerado como as águas de um rio. Pareciam ter se esquecido dos grupinhos espalhados ao redor, pareceu uma eternidade até que o sinal tocou. Derick pegou suas coisas e retirou-se pensativo.

- Tem certeza? – Tatiane e Lizi abriram um sorrisinho quando o amigo desabafou seus sentimentos por Ian. Era algo muito forte, tinha mexido com ele e parecia ser recíproco.

- Acho que sim – Derick respondeu com um sorrisinho recordando a cena.

- Poxa amigo – Lizi arrumou os cabelos que o vento esvoaçava – Dou o maior apoio. É tão bom amar e ser amado – e então começou a falar sobre seu in love com Michael.

As folhas secas rolavam pelo estacionamento. Os pinheiros balançavam levemente refletindo vários pontinhos de luz no chão quando o sol ultrapassava por entre a folhagem. Os três estavam em uma elevação abaixo das árvores.

- E como vai o lance com o Kaio? – Observou o ranger rover estacionado logo ali.

- Não vai – Tatiane foi direta e indecisa - Estou com vergonha depois do tapa... - continuou a falar e falar, mas Derick não prestou atenção à lamúria. Sabia de uma coisa, precisava fazer algo porque no que dependesse daqueles dois, morreriam se amando a distância – ... por isso resolvi deixar prá lá – Tatiane completou.

“Deixar pra lá?!?” – Derick abriu um sorrisinho traquina esboçando seus pensamentos malvados – “vocês não perdem por esperar”.

CUPIDO DESMIOLADO

Os dias passaram, as nuvens correram, a lua surgiu e então o sol, e mais uma vez a lua. Toda vez que deitava a situação de Lucas voltava em seus pensamentos. Tornou a aparecer machucado. Quando questionou se havia sido o coordenador ele reagiu com brutalidade, empurrou o garoto e disse que não queria ouvi-lo tocar naquele assunto novamente.

Na manhã seguinte, ao chegar, deparou-se com Ian ao longe. Ele fez-lhe um sinal e dirigiu-se aos pinheiros, Derick entendeu o recado. Deixou os materiais na sala, esperou o sinal e quando todos entraram seguiu o garoto.

Ian o aguardava escorado em uma árvore onde há algum tempo esculpiram as iniciais. Um ponto de encontro. Estava com o mesmo sorriso encantador, porém os cachinhos de anjo haviam sido aparados. Derick correu em sua direção, olhou-o nos olhos, aproximou-se lentamente e os lábios se uniram em um beijo romântico cercado pelo som de passarinhos. O perfume de seu amor tocou-lhe o nariz e o abraço fez-lhe suar.

- O tempo passa rápido – Disse enquanto se aconchegavam abaixo da árvore. Estavam ficando há dois meses. Ainda era um segredo, ambos não tinham coragem de assumir em público, pelo menos não até agora.

Conversavam e trocavam carícias. Derick estava abraçado e uma de suas mãos tocava os cabelos de Ian, encaracolando os cachinhos agora curtos, enquanto o sentia roçar o nariz a seu pescoço.

- Tenho uma coisa para falar – Derick virou-se para ouvir o que o garoto tinha a dizer – Pensei bastante e acho que não dá para adiar...– Um barulho desviar a atenção, observa ao longe Kaio entrando no carro. Estava irritado e sabia qual era o motivo: Tatiane.

- Anjinho (assim Derick o chamava), você espera um pouco? Preciso resolver aquele probleminha e tem que ser agora – Ian engoliu o que tinha a dizer, apenas beijou-lhe e observou seu amante retirando-se às pressas. A missão de Derick era importante e não podia ser adiada. Não mais.

Era hora do intervalo e os corredores estavam movimentados. Derick dirigiu-se até a sala e encontrou Tatiane conversando com Lizi e Michael.

- Tati. Preciso mostrar uma coisa pra você. É urgente e do seu interesse – Derick chegou às pressas puxando a garota. Aquela era a semana do seu aniversário, pensou que fosse alguma surpresa. “e que surpresa”.

- Ainnn eu quero ir também – Lizi deu um pulinho de sobre a mesa, mas Derick jogou um olhar para Michael controlar a namorada.

- A não amor. Fica aqui comigo – ele puxou a garota e a abraçou – Daqui a pouco o intervalo termina e seremos separados até o fim do horário.

Depois da intervenção, Lizi ficou e Derick puxou Tatiane para o estacionamento com passos apressados. Eles abeiraram alguns carros e seguiram até o ranger rover preto. Kaio estava sentado no banco do motorista, cabeça apoiada no volante e olhos fechados sob o óculos escuro. Apenas percebeu o movimento quando Derick abriu a porta do carona e empurrou Tatiane para dentro. Ela relutou, mas ao ver onde estava perdeu a força das pernas. Ficou mole. Era a carruagem do seu príncipe encantado.

Bateu a porta, deu a volta e ficou frente a Kaio que não entendeu nada. Derick nem perdeu tempo explicando, apenas entrou janela adentro e puxou a chave da ignição.

- É o seguinte seu dois palermas – falou enquanto trancava a porta do motorista – Se os dois se amam desde o ensino fundamental, porque ficam nessa palhaçada de timidez? – Ele apertou um botão no molho de chaves e concluiu enquanto o vidro subia – Ficarão trancados até resolverem esse dilema, Ah.. – lembrou-se – a Tati ainda é BV – e o vidro fechou. Derick deu as costas com um sorrisinho de missão cumprida e seguiu para o prédio, ouvindo o sinal colocar fim ao intervalo.

- O que você fez seu maluquinho? – Ian o aguardava sorridente.

- O que precisava ser feito – Derick sorriu. Quis beijá-lo, mas não estavam em um local privado, balançou as chaves e completou – Só precisavam do empurrãozinho de um cupido.

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