Semestre in Love. 9 capitulo

Um conto erótico de Luckas Borges
Categoria: Homossexual
Contém 2467 palavras
Data: 02/03/2015 12:03:07

Nos capítulos anteriores...

(~lê: voz de Narrador)

“O acampamento está chegando ao fim, mas os romances estão apenas no começo”.

Lizi andava estranha e cheia de segredinhos, então, finalmente descobriu-se a razão, ela estava de namorado novo: Michael. Tatiane ficou irritada pelos amigos a fazerem de “tola” e pensando que as cartinhas de Kaio eram uma brincadeira de mau gosto, procurou o garoto e o “estapeou” na frente de todos.

Kaio irritou-se e para tentar esquecer o amor “não correspondido” ficou com outra garota. Derick não gostou da história e foi “tirar satisfação”, quase que apanha, mas Ian apareceu e o defendeu na hora “H”.

Ian revelou que não era o traficante e muito menos usuário de drogas, o frasco que Derick viu são apenas remédios que o anjinho tomava para um probleminha que tem no coração. Derick ficou muito envergonhado e fugiu para o seu acampamento particular.

Mais tarde naquela noite recebeu uma “visitinha” de Ian, e conversa vai, conversa vem, um beijo rola e uma amiga emburrada aparece pedindo socorro. “Me viram”, ela disse caindo por cima dos dois.

E isto é o que está acontecendo em GAY – Semestre in Love.

Acampamento – Noite – 4º dia

Em algum lugar próximo a quadra

- Se vacilar mais uma vez, não vai ser sangue e sim formigas a sair da sua boca;

- Eu, eu... eu juro que não vai acontecer de novo.

Sentada próximo a algumas árvores, Tatiane observava a lua cheia. Deveria procurar os amigos para conversarem melhor. A noite anterior foi muito confusa e nem tudo ficou esclarecido, ela refletia.

Estava tarde e o vento balançava a vegetação. Em meio ao zumbido da natureza observou um movimento estranho no escuro próximo à quadra. Estavam machucando alguém. Ela aproximou-se cautelosamente e observou que uma silhueta torcia o braço de Lucas.

- Se vacilar mais uma vez, não vai ser sangue e sim formigas a sair da sua boca;

Aquilo era uma ameaça? O que Lucas teria feito? Quem era aquele homem? Ela continuou a espreitar, mas o vento dificultava a audição. Enxergou então, quando trocaram alguns objetos: drogas e dinheiro.

- Eu, eu... eu juro que não vai acontecer de novo – Lucas falou, guardando o envelope no bolso.

A silhueta masculina olhou ao redor para ver se não havia ninguém por perto, certo disto abandonou a região escura e a claridade de um poste revelou sua identidade, Tatiane ficou de boca aberta e então compreendeu, o traficante era...

Porém antes de aceitar a realidade ouviu gemidos. Lucas sentava-se na calçada escura a chorar. Algum tempo depois secou as lágrimas e tomou fôlego. Tatiane preparava-se para sair quando novamente a cena chamou-lhe a atenção, Lucas tirou o envelope do bolso e tomou um dos comprimidos.

- Minha nossa – ela colocou a mão na boca e levantou-se – alem de vender ele consome – Pensou enquanto se afastava a passos lentos e então estremeceu com o barulhão... Quaaacccc

Nervosa, não percebeu um pato que estava deitado logo ali, acabou por tropeçar no bichinho e não conteve o grito. Imediatamente Lucas olhou para trás e viu a garota encapuzada na escuridão.

- Ei – Ele gritou e subiu o morro em direção a ela. A última coisa que Tatiane lembra-se e de ter caído por cima de Derick e Ian, certa de que estava sendo perseguida.

Silhuetas na escuridão

- Você está mais calma? – Derick perguntou após a amiga ter tomado um pouco de água.

O vento zumbia e a noite estava congelante. Ian deixou que os dois conversassem e ficou próximo ao caminho vigiando se alguém realmente seguia a garota. Estavam todos no escuro e sussurrando baixinho.

- Será que ele está vindo? – Ela olhava assustada para a estradinha de mato amassado.

- Quem está vindo? ou melhor, o que aconteceu? – Derick preocupou-se com a colega, a garota estava tensa e tremendo.

- É o Lucas – Ela disse enigmática.

- O que tem o Lucas? – Derick a aconchegou abaixo das cobertas.

- É ele... o usuário... traficante... está sendo obrigado. – Nada fazia sentido.

- Como assim o Lucas? Obrigado? – E então recordações vieram à sua mente. Lembrou-se da noite na boate e do comprimido que o garoto o dera dizendo que aquilo “o soltaria mais”.

- Entregaram um pacotinho e ameaçaram matá-lo se alguém descobrisse. Daí ele ficou chorando, Daí eu pisei no pato, Daí ele correu atrás de mim... – E o medo deu lugar ao choro, eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo.

- OMG – Derick abraça a colega e observa a silhueta de Ian se aproximando.

- Tudo bem? – Sussurra abaixando-se próximo aos dois.

- Ela está nervosa. Tem certeza de que ninguém está vindo? – Derick diz.

- Não vi nada. – Ian coloca as mãos enluvadas sobre o rosto tentando aquecer as próprias bochechas – O que aconteceu? – quer saber.

- Depois eu conto. Volte a vigiar – Derick permanece abraçado à amiga que tenta controlar as emoções e observa a silhueta de Ian no clarão da lua, posicionando-se na estradinha.

- Derick, me desculpe por ter brigado com você? – Tatiane afasta-se secando o choro.

- Esquece amiga. Depois conversamos e esclarecemos – Eles se abraçam novamente e sentem o coração disparar. Uma luz que surgia ao longe. Quem seria?

Ian esconde-se próximo a uma árvore de caule grosso, assim, surpreenderia o “intruso” quando chegasse ao local. Derick e Tatiane deixam os cobertores e seguem para trás de um arbusto próximo.

A luz torna-se mais intensa. Derick levanta-se e é encontrado pela claridade da lanterna focada em seu rosto. Ele coloca a mão sobre os olhos e caminha em frente, protegendo a visão.

- E ai índio?!?

Não dá tempo de o garoto responder. Ian pula sobre a silhueta jogando-a no chão. Em instantes ouve-se um grito assustado. Cobertas, almofadas e lanterna caem ao chão... Tudo fica no escuro.

- Para, para – Derick corre e puxa Ian, os dois tropeçam e cai um sobre o outro – É o Michael – Ele completa – O Michael e a Lizi.

- “Putts”, O que foi isso?!? – é possível ver apenas os vultos. Lizi ajudava Michael a levantar-se. Ela estava surpresa com a recepção.

Derick também se levanta e ajuda Ian.

- Foi mau cara, pensamos queera um bicho – Derick interrompe Ian colocando a mão sobre sua boca. Não podiam revelar quem aguardavam. E se Michael fosse a silhueta que Tatiane vira ameaçando o Lucas?

Uma lanterna foi ligada, agora Michael e Lizi conseguem ver direito. Ian e Derick estavam em pé num canto e Tatiane encapuzada saía dos arbustos esquivando-se da claridade.

- O que vocês vieram fazer aqui? – Derick observa Michael recolher os objetos que caíram no chão.

- Eu faço a mesma pergunta! – Lizi mira os companheiros de Derick.

Todos ficam se entreolhando e então a garota resolve prosseguir.

- Falei para o Mickey sobre seu acampamento e ele achou que seria legal passar essa última noite no mato, olhando a lua cheia, contando histórias – ela abre um sorrisinho e olha ao redor – e pelo visto vai ser bem divertido – então observa a garota encapuzada.

Ian se aproxima e ajuda Michael a ajeitar novas “camas” em meio a brincadeiras de meninos (briguinha). Derick observa os dois, Ian tinha um jeito tão moleque de ser, no início odiou, mas viu que na realidade amava aquilo.

- Tati? É você? – Lizi pergunta e observa a amiga abrindo um sorriso envergonhada.

A noite continua e o vento sopra. Michael e Ian estavam comendo pipoca e rindo da confusão acontecida há pouco. Derick e Tatiane em outra local contavam para Lizi sobre Lucas.

- Nossa então ele é o traficante? – Lizi estava impressionada.

- Sim – Tatiane responde observando os garotos.

- Claro que não – Derick interrompe e defende Lucas – Você disse que estavam ameaçando ele, não foi? Então ele está sendo obrigado – conclui.

- Mas, e quem é essa pessoa que ameaçou Tati? – São interrompidos por um novo barulho de passos. Todos se levantam e Michael joga a luz no rosto da silhueta que vinha pela escuridão.

- Derick? – A voz masculina pergunta enquanto coloca a mão sobre o rosto. Só então repara que havia mais gente ali.

- Kaio? – Derick dá um passo e observa Ian se aproximar.

- E ai Kaio – Ian o encara parando ao lado de Derick, sério e com os braços cruzados – Beleza? (Derick se esforça para segurar o risinho – “Meu grande herói” – repara no porte “muito macho” de Ian querendo saber se havia algum problema).

- O que vocês estão fazendo aqui no meio do mato? – Kaio torna a olhar ao redor ignorando a recepção agressiva – essa hora? – completa.

- Acampando. Chega ai – Michael convida .

Ele lança um “joinha” para Michael e vira-se para Derick – posso falar com você?

Em instantes os dois seguem para um local mais afastado, observados vez em quando por Ian que junto a Michael começavam a acender uma fogueira.

***

O barulho de crepitação é ouvido, logo em seguida a fumaça sobe e um clarão ilumina o local. A fogueira foi acesa.

- O que foi Kaio? – Derick tenta ser amistoso, mesmo se lembrando da confusão ainda recente.

- Aquela encapuzada é a Tati? – Enquanto conversa, Kaio observa a fogueira iluminando as garotas sentadas em um canto.

- É ela sim. O que você quer? – fica um tanto irritado ao lembra-se da “ficante” de Kaio.

- Eu queria pedir desculpas pela confusão lá na quadra – Ele volta a olhar a garota encapuzada – Tipo, eu estava irritado. Porque a “Tati” – sussurra - rasgou as cartas e deu um tapão na minha cara – Ele volta a olhar para o garoto – E nem sei por que fez isso cara.

Derick ficou meio perdido. Como é que iria contar sobre “tudo” o que aconteceu antes daquele episódio.

- Olha. Foi uma série de mal entendidos – Derick hesita – Mas eu queria deixar claro uma coisa – observa a fogueira ao longe – a Tati é muito, muito afim de você, desde que te conheceu...

E assim, naquela noite fria e escura, observando os grupinhos ao longe, Derick toma coragem e conta do amor que a amiga nutria pelo rapaz.

- Cara. Porque você não falou antes?

Porque eu estava apaixonado por você – Derick pensou, mas respondeu defensivamente.

- Não podia. E agora que você já sabe não vai dizer que foi eu quem dedurou – Ele ajeita o cabelo dentro da touca.

Kaio abriu um largo sorriso. De surpresa pegou Derick, deu um abraço super apertado, levantando-o do chão. Não é preciso dizer que o coração do garoto quase saiu pela boca.

***

Á beira da fogueira dois grupinhos se dividiram. Michael, Kaio e Ian revezavam o violão, talvez apostando quem tocava “pior”. Lizi, Derick e Tatiane do lado oposto, conversavam.

Kaio se esforçava fazendo gracinhas para que Tatiane reparasse nele, ela estava envergonhada pelo tapa, mas as vezes não segurava o sorrisinho por baixo do capuz. Lizi confidenciava sobre o Mickey e por alguns instantes tudo pareceu voltar a ser como nos primeiros dias de aula. E então o assunto “Lucas” retornou.

- Quem foi a pessoa que o ameaçou? – Derick precisava saber, aquilo estava o incomodando.

- É melhor eu não contar. Tenho medo que alguém descubra – Tati tinha razões para temer. Estavam falando de um criminoso que fazia ameaças de morte.

- Meninas – Derick pegou a mão das duas – Nossa amizade ficou abalada porque guardamos muitos segredos – Eles se entreolham – O melhor a fazer e sermos confidentes de verdade. Um apoiando o outro.

Após alguns minutos olhando para a fogueira, Lizi toma a frente.

- Eu concordo. Mas quanto a mim... – faz uma rápida pausa procurando seus segredos – acho que não tenho mais nenhum – completa. Eles ficam a observar os garotos fazendo molecagens, e então Lizi lembra-se de algo e sorridente prossegue,

– Uma vez, o Mickey...

- Ah não amiga – Tatiane a interrompe – Chega de falar sobre o “Mickey”, acho que já sabemos tudo – Elas caem na gargalhada. Michael percebendo que falavam dele, vira-se e joga um beijinho para Lizi que falta rasgar o rosto tamanho o sorriso que abriu.

Derick percebe que Ian também o olhava – talvez tenha vontade de jogar um beijinho pra mim – disfarçou o sorriso e chamou as meninas para mais perto.

- Já que não vamos guardar segredos, é minha vez de contar uma coisa – sussurrou - O Ian me beijou.

- AI QUE FOFO – Lizi falou super alto e logo em seguida sentiu o beliscão.

- Você quer que eles ouçam? – Derick falou nervoso – Seja mais discreta.

Eles olham para lá dá fogueira e abrem sorrisinhos.

- E você Tati, vai contar ou não?

Ela pensa mais um pouco e depois de prometerem de todas as formas que não iriam contar, cedeu.

- Foi o coordenador – Um silêncio de medo cai sobre o grupo.

Então, o coordenador na realidade se aproveita do cargo para traficar na escola? Que revelação chocante e esclarecedora. Isso explica os sumiços do Lucas durante as aulas, nunca ninguém sabia por que, nunca ninguém desconfiou já que a própria coordenação encobria.

Os grilos cantavam e todos estavam ficando sonolentos. Lizi sentou-se junto a Michael e prestavam atenção numa história de terror que Ian contava. Às vezes Kaio olhava para Tati. Se ela percebia, ignorava.

- Tati, eu preciso ir ali. – Derick levanta-se sem dar muitas explicações. A amiga deve ter pensado que ele iria fazer xixi.

Quando chegou a determinada parte do caminho escurecido, olhou para trás e observou a cena. Os dois “deslocados” eram Kaio e a amiga. Um distanciado do outro. Kaio fingindo prestar atenção na história de terror de Ian e Tati sozinha na grama do outro lado. Então ele resolveu voltar...

- Já ia me esquecendo – Ele abaixou-se ao lado da colega, afastou o capuz e sussurrou em seu ouvido – O Kaio está apaixonado por você – O choque foi tão grande que ela despertou da sonolência. E então ele tornou a se aproximar e confidenciar,

- Ele me contou e por isso eu dei a idéia das cartinhas, só que aquele dia você não me deixou explicar. – Derick levantou-se e saiu rumo à escuridão, deixando Tatiane de boca aberta e coração acelerado, fitando seu príncipe encantado logo ali.

***

A Porta do quarto foi aberta, estava tudo escuro, solitário. Derick entrou, fechou a porta e aproximou-se do beliche.

- Lucas – Ele chamou baixinho, temendo acordá-lo. E então ouviu o gemido abafado.

Sentiu que ele tremia, retirou a luva e aproximou a mão, tocou-lhe a bochecha e percebeu a lágrima quente que rolava. Seu dedo desceu um pouco mais e acariciou o machucado rente a boca. Um soluço triste o comoveu, então sentou ao seu lado.

- Me perdoa. Eu... Eu... fui um idiota – Lucas tentou justificar-se inutilmente. Derick não queria explicações.

- Chiiiuuuu – ele o abraçou forte e sentiu sua pele quente sobre o pescoço, pela primeira vez percebeu o “verdadeiro” Lucas. Não o garoto popular e bad-boy, mas o garoto que precisava de ajuda.

Ele segurou-lhe a mão, os dedos se entrelaçaram e então Derick sussurrou em seu ouvido,

- Vem.

E os dois seguiram pela noite, rumo ao acampamento.

Derick não pensou sobre o que estava fazendo, apenas sabia que precisava fazer aquilo. Sabia que Lucas não era mal – era apenas um idiota, mas não mal – necessitava de ajuda, da sua ajuda.

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