Lembanças de Rafael - Capítulo 3

Um conto erótico de Lucas
Categoria: Homossexual
Contém 1509 palavras
Data: 07/04/2015 19:17:10

A porta abriu e todos gritaram surpresa. Mal pude prestar atenção nele antes que sua mãe o abraçasse. Logo seu pai também abraçou os dois, e assim ficaram os três. Todos acabaram desviando a atenção do que era um momento íntimo deles, e continuaram a conversar, comer e beber. Alice, Sabrina e eu nos afastamos. Eventualmente, Rafael se separou da mãe e começou a cumprimentar os familiares. Em certo momento, notei que ele olhou para onde estávamos.

- É, Luke, ele já viu que você ta aqui, agora não da mais pra fugir. - Sabrina brincou.

- Não ache que isso iria me impedir. - Falei, em tom de brincadeira, sem saber se era realmente brincadeira.

Virei as costas e encarei Alice. Ela entendeu a mensagem: "me avisa quando ele estiver chegando". E não demorou muito para vir o sinal. Só um aperto leve na minha mão, e eu entendi que ele estava vindo falar conosco. Me virei a tempo de ver Sabrina o abraçando. Eles permaneceram assim enquanto ela o parabenizava. E então foi a vez de Alice. Enquanto ela dava os parabéns pra ele, notei que ele me encarava, e retribui o olhar.

E aí, Alice se desfez do abraço e era minha vez. Ele veio em minha direção e eu fui na dele. E então, eu estendi minha mão, interrompendo o que claramente iria ser um abraço. Ele parou, me olhou esquisito, e apertou minha mão. Eu quebrei o silêncio:

- Parabéns, Fael.

- Valeu, Lucas.

- Você nasceu pra isso, vai ser o melhor advogado dessa cidade.

Ele riu. Só então percebi que ainda estava segurando a mão dele. Soltei, ele sorriu, pediu licença, disse que ainda tinha gente pra cumprimentar.

- Ok. Que porra foi essa? - Sabrina falou, me encarando.

- Sério, Lucas? Um aperto de mão? - Alice também não parecia feliz.

- Eu fiquei nervoso...

- Nervosa to eu! Vai lá nele agora!

- Sabrina...

- Ai, tchau Lucas, cansei.

- Alice...

- Vou pegar alguma coisa pra beber.

E, assim, fiquei sozinho. Acabei sentando pra comer e beber na cozinha com uma prima de Rafael, Juliana. Ela me perguntou onde estavam minhas amigas, mas percebeu pela minha expressão que eu não queria conversar.

Uma hora depois, eu já estava cansado, e acabei decidindo ligar pro meu pai, pedindo pra ir me buscar. Sabia que as meninas não iam gostar de eu ir embora sozinho e sem falar com o Rafael, mas eu estava com vergonha demais pra me importar. Mas, quando procurei o celular pra fazer a ligação, lembrei que havia deixado ele no quarto do Rafael.

Fui para a sala, onde avistei Rafael ocupado em uma conversa com seu avô, e respirei aliviado, sabendo que ele não estava em seu quarto. Subi rapidamente e entrei no quarto, que estava vazio. Procurei muito, mas não conseguia achar meu celular. Cinco minutos e nada. Dez minutos, e eu já tinha certeza que não estava ali. Decidi sair e perguntar à Sabrina e Alice se sabiam onde ele estava. Me virei em direção à porta, e, o susto. Lá estava ele.

- Lucas?

- Oi...

- Precisando de alguma coisa?

- O meu celular... Tava aqui... Não tá mais... - eu não conseguia completar nem uma frase.

- Quer ajuda pra achar?

- Não... Eu vou nessa.

- Ok.

Ele se afastou da porta, deixando o caminho livre. Mesmo assim, eu não me movi. Pensei no que Sabrina e Alice tinham dito. E ai tive a coragem de formular uma frase inteira.

- Me desculpa. Quando você veio falar comigo, eu agi estranho. Eu tava nervoso.

- Ah. Ta ok. Eu também tava.

- Ah... Legal, então.

- Legal? - ele riu.

- Deixa pra lá.

Ficamos um momento em silêncio, ate ele falar:

- Senti sua falta.

A princípio, não respondi. Mas senti. Percebi o óbvio, que mesmo eu estando morrendo de medo de encontrar ele, eu também estava morrendo de saudade.

- Eu também.

Ele sorriu.

- Bom, você já ta indo?

- É.

- Então posso me despedir direito?

- Aham.

Ele andou calmamente até mim. Não tive coragem pra olhar em seus olhos. Mas, finalmente, ele me abraçou pela cintura. Fechei os olhos e absorvi tudo: o cheiro dele, o abraço, o som da sua respiração. E a voz dele, falando no meu ouvido:

- Igual eu lembrava. Ou melhor, se duvidar.

Senti meus joelhos bambos e um arrepio. Mas disfarcei e me afastei.

- Bom, ainda tenho que achar meu celular.

- Ok. Mas, Lucas...

- Oi.

- Nada. A gente se fala depois. Boa noite.

- Tchau. - sorri, virei e saí, me perguntando o que a gente ia falar depois.

No andar de baixo, encontrei Sabrina e Alice prontas pra ir embora.

- Já vão?

- Aham. Vai com a gente?

- Não sei. Vou? - perguntei pra Sabrina.

- Porque não iria?

- Sei lá, você parecia meio brava comigo...

- Eu ainda tô ué, mas eu sei separar as coisas, diferente de você.

- Hã? Dá pra explicar?

- Não se faz de sonso, Lucas. Um dos seus melhores amigos passou no vestibular, você estava há dois meses sem ver ele, e cumprimenta ele daquele jeito...

- Pra sua informação, eu já pedi desculpas, já cumprimentei ele direito.

Aquilo pareceu surpreender ela.

- Bom, nesse caso não tem porque ninguém ficar bravo. - Alice falou - Podemos ir então?

- É, então vamo nessa. - Sabrina concordou.

- Calma, eu não consigo achar meu celular.

- Tá comigo, cara. - Alice falou, tirando DK bolso. - Você deixou no...

- Quarto do Rafael. To ligado, valeu. Já se despediram dele?

Elas assentiram. Então nos despedimos dos pais de Rafael e fomos embora. Sabrina deixou Alice em casa primeiro, e fomos em silêncio pra minha casa. Lá ela estacionou e desligou o carro, o que só podia significar que ela queria conversar.

- Foi mal, Luke. Exagerei.

- Não, tá de boa. Eu merecia.

- É, merecia...

- Ele disse que sentiu minha falta.

- E o que você respondeu?

- Ah... Que também ué.

Ela sorriu. Ficou calada por um tempo, e disse:

- Sabe, Lucas, você sabe que eu gosto do Pedro. Mas o mundo tá cheio de Pedros. Caras que são legais e que gostam de você, mas que não querem nada sério. E eles são ótimos, pra alguém que também não quer nada sério...

- Eu não sei se quero algo sério...

- É isso que você sente mesmo, ou é o que finge sentir porque ta magoado com o Rafael?

- Eu não to magoado.

- Sério? Porque se eu estivesse com um cara, e ele pedisse um tempo, fosse pra outra cidade e ficasse com outra pessoa, eu ia ficar magoada.

- Mas a gente não tinha nenhum compromisso.

- Eu sei, mas me responde uma coisa, de verdade.

- Fala.

- Quando o Rafael pediu pra você pensar em vocês e foi embora, naquelas primeiras semanas, o que você achava que ia acontecer?

Parei pra pensar. Lembrei de uma conversa que tive com Alice, duas semanas após Rafael sair da cidade. Ela havia me perguntado se eu queria namorar com ele. Eu havia respondido que sim.

- Eu achei que ele ia voltar. Que ia me perguntar se eu gostava mesmo dele. E eu ia dizer que sim.

Sabrina parecia esperar aquela resposta.

- E o que mudou?

Não soube responder. O que havia mudado?

- O que eu acho... - ela continuou - É que você reprimiu tudo o que sentia por ele. Pra não sofrer. Mas agora ta tendo que lidar com tudo isso. E por isso tá pirando.

Concordei com a cabeça.

- Eu acho que vou terminar com o Pedro.

- Já decidiu então?

- Não. Mas se eu for me resolver com o Rafael, tenho que acabar logo com o Pedro.

- É, eu acho que seria bom.

- Vou pedir pra ele vir aqui.

- Agora?

- Agora. - falei, já procurando o contato no celular. A ligação durou somente alguns minutos. Pelo meu tom de voz, Pedro sabia que era algo sério, e concordou em ir me ver. Quando a ligação acabou, Sabrina perguntou:

- Quer que eu espere com você?

- Não. Pode ir. Eu preciso ficar um pouco só.

- Ok. Te ligo mais tarde.

Dei um abraço nela e saí do carro. Fui em casa, estavam todos fora, na missa de domingo. Voltei pra calçada e sentei no meio fio. Pensei em tudo o que Sabrina havia dito e tive a certeza de que eu ia fazer a coisa certa. Logo vi faróis de um carro, levantei, mas percebi que não era o carro do Pedro, por isso voltei a sentar no meio fio. Mesmo assim, o carro parou perto de mim, e alguém saiu dele. Meu coração parou por um segundo ao perceber quem era.

- Rafael?

- E aí? Gostou?

Percebi que ele estava falando do carro.

- Ah... Gostei.

- Ganhei de presente. - ele parecia muito feliz - Pensei em sair pra dar um passeio, que tal?

- Eu não posso. - estava começando a ficar nervoso. Precisava fazer ele ir embora antes que o Pedro chegasse.

- Porque não? Vamo. Eu te levo naquele restaurante... Daquele dia...

Meu coração ficou mais apertado ainda, lembrando do jantar romântico que tivemos. Parecia ter sido há tanto tempo.

- Fael, eu ia adorar, de verdade. Mas eu não posso mesmo...

- Tá esperando alguém?

- Hã...

- Tá tudo bem, Lucas? Você tá pálido.

- Lucas? - ouvi outra pessoa me chamar. Meus joelhos ficaram bambos ao reconhecer de quem era a voz.

- Oi, Pedro.

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Comentários

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Seria muito te pedir pra continuar? Por favooooor! Eu amo esse conto!

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Agora eu quero ver como você vai sair dessa hein kkkkkkkk. Muito bom, torço muito por você e pelo Rafael

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Queria ter a certeza de que é verdade e no desenrolar queria saber qual é o atual.

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Quem ele quer dar o dele também Irich, amei o conto e não liga pro que ele fala, isso é recalque. Como é parte de sua vida só peço que continue. Abraço.

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E agora, gente? Climao!! Torço para vc ficar com Rafael <3 OBS: nao releve esse troll, tal de Minx36cm. Esse cara tinha sumido, voltou, e adora dar zero para todo mundo :/

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