Um Amor Improvável (Episódio 03)

Um conto erótico de leopinheiro
Categoria: Homossexual
Contém 4942 palavras
Data: 30/07/2015 02:46:07
Última revisão: 30/07/2015 20:15:36

-> (Skrillex and Diplo feat. Justin Bieber - Where Are Ü Now. https://youtu.be/nntGTK2Fhb0)

O celular despertou fazendo aquele barulho irritante, meio sonolento fui mexendo minha mão até alcançá-lo. Desliguei o alarme e vi as horas, eram 7:15. Eu sei que ainda era muito cedo, mas a ansiedade me dominava, meu sobrinho chegaria daqui a algumas horas e faziam 7 anos que eu não o via. Esfreguei meus olhos tentando acordar mais um pouco, levantei da cama, coloquei uma cueca que estava ali perto, antes de sair do quarto olhei para a cama e vi Thiago de bruços. Ele estava completamente, com um lençol tapando metade de seu corpo, a outra metade sensualmente se mostrava para mim, não pude evitar um sorriso no meu rosto.

Coloquei água na cafeteira, fui até o sofá e liguei a TV, dei uma zapeada básica e não encontrei nada de interessante, deixei então na MTV que passava uns clipes aleatórios, olhei pela janela da sala e vi o reflexo do sol batendo nos prédios ao lado do meu. No brilho daquele sol minha mente começou a viajar, uma viagem ao passado, uma viagem as minha memórias. Lembranças de quando meu sobrinho nasceu, de como eu adorava carrega-lo em meus ombros, de como nos divertíamos jogando bola, de como sempre era uma bóia para ele na piscina. Lembranças de como o protegia quando ele tinha medo, ou estava assustado com alguma coisa, lembranças de como ele segurava forte a minha mão e como seus olhos verdes brilhavam quando olhavam para mim. Então, como uma consequência natural de uma viagem pelas memórias, vieram as lembranças daquela noite, do que aconteceu, de como eu agi, de tudo que eu fiz, e claro, de tudo o que eu não fiz.

A cafeteira fazia aquele barulho de sucção, já não tinha mais água para puxar, mas eu continuava perdido em meus próprios pensamentos, quando de repente, uma mão encostou no meu ombro e me fez retornar ao mundo real.

- Guto: Caramba! Que susto! (dei uma risada me recuperando do susto, Thiago acabou levando um susto também)

- Thiago: Mas tava longe hein... (ele lançou um sorriso pra mim que rapidamente foi retribuído)

- G: Tava sim... viajando no passado... lembrando do meu sobrinho, de como éramos próximos...

- T: É verdade, você fala que sempre foi muito próximo do seu sobrinho, mas não o vê há muito tempo... o que aconteceu? (Thiago fez uma cara de curioso, mas eu fui logo me levantando e tentando desconversar)

- G: Coisas da vida mesmo... vim morar no Rio né... a distância sempre muda algumas coisas...

Fiz o maior esforço para mudar de assunto, peguei uma caneca, coloquei o café e dei um gole, rapidamente me perdi novamente em meus pensamentos. Thiago chegou perto de mim e me deu um abraço por trás, beijou minha nuca e me deixou todo arrepiado, chegou próximo a minha orelha e sussurrou.

- Thiago: Calma amor... vai ser legal esse reencontro de vocês...

Me arrepiei todo com aquele abraço e aquelas palavras aquietaram meu coração, como eu queria que tudo voltasse ao normal, mas será que isso seria possível? Me entreguei aquele abraço e senti o calor do corpo de Thiago. Ele foi descendo sua mão que estava em meu peito, descendo pelo meu abdômen, então, com delicadeza, repousou sua mão em meu pau. Eu começava a ficar excitado e ele segurou meu membro, passando a ponto do dedo indicador na cabeça por cima da cueca. Respirava ofegante com aquelas carícias, me virei e olhei direto naqueles olhos castanhos cheios de vida, coloquei a mão no rosto dele e nos beijamos. Um beijo gostoso, nossas línguas não brigavam, elas passeavam em nossas bocas, desci a mão por suas costas e segurei em sua bunda firme. Puxei ele pra cima de mim e Thiago soltou um gemido.

- Thiago: Vêm... vamos pra cama... adoro começar o dia assim... (ele falou sussurrando em meu ouvido e mordendo meu pescoço em seguida)

- Guto: Você gosta né safado... eu gosto de começar o dia assim, continuar o dia assim... e terminar o dia assim (falei devolvendo a mordidinha no pescoço dele)

- T: Que delícia... pena que hoje não vai dar pra acontecer isso né... (ele deu uma risadinha) afinal, daqui a pouco mesmo você vai ter que fazer o almoço para seu sobrinho... (arregalei meus olhos e me afastei do Thiago) Que foi?

- G: Almoço?! Que almoço?

- T: Você não vai fazer um almoço para seu sobrinho?

- G: E-eu... eu... não tinha pensado nisso... (Thiago me olhou com uma cara confusa)

- T: Quais são seus planos pra hoje?

- G: Planos?!

- T: Sim, o que você vai fazer com seu sobrinho?

- G: O que vou fazer com ele? (Thiago começou a rir)

- T: Amor, você não vê seu sobrinho há quanto tempo mesmo? 7 anos? E hoje que ele vai ficar aqui, você pensou em que, em fazer um cafézinho pra ele e mais nada?! Que isso né...

- G: Eu... eu... não tinha pensado nisso...

Thiago me deu um abraço rindo e fez um carinho em minha cabeça, depois pegou uma caneca e colocou café, foi indo em direção ao sofá, sentou, aumentou um pouco a música que vinha da TV, pensou e falou.

- Thiago: Quando vocês eram próximos... o que ele gostava de comer? Você lembra se tinha um prato que ele curtia muito? (coloquei uma mão na minha cabeça e fiquei olhando para Thiago tentando lembrar de algo)

- Guto: Bem... eu não sei... na verdade... têm sim! Ele sempre adorava quando eu fazia um espaguete à carbonara.

- T: Então é isso, você vai fazer um espaguete à carbonara para o almoço.

Fui em direção ao Thiago e dei um beijo nele, o abracei como uma criança que tinha acabado de ganhar um presente.

- Guto: Brigadão amor! Agora eu preciso ver os ingredientes que preciso, você podia ir no mercado comprar pra mim o que falta né... (Thiago olhou pra mim com a cara mais porca do mundo)

- Thiago: Eu? Por quê? Eu já dei a ideia e o sobrinho não é meu... me avisa quando tudo tiver pronto...

Ele então pegou o laptop e o colocou em seu colo, ficou com um sorrisinho no canto da boca, doido para rir. Não aguentei e peguei uma almofada e tampei na cara dele. Nós dois começamos a rir e nos beijamos mais uma vez. Como era gostoso ter o Thiago em minha vida.

-> Um Amor Improvável (Tegan and Sara - Closer. https://youtu.be/9e9NSMY8QiQ)

Eu andava de um lado para o outro, olhava o celular e já eram 13:30, meu sobrinho poderia chegar a qualquer momento. Thiago estava sentado no sofá mexendo no laptop, uma playlist qualquer rolava e ele estava entretido lendo alguma coisa. As vezes ele olhava para mim e dava um sorriso. Eu ajeitava um porta retrato, consertava a posição de um quadro, pegava um pano e tirava uma poeira que nem existia, olhava mais uma vez o macarrão no fogão, reclamava de alguma coisa sem motivo algum, eu estava uma pilha de nervos.

- Thiago: Ai caramba!! (olhei assustado para ele)

- Guto: QUE FOI?!

- T: Você esqueceu de estender o tapete vermelho no corredor! (Thiago deu uma gargalhada e eu fiz uma cara de bravinho)

- G: Para amor, não tá vendo que eu tô nervoso?!

- T: Mas é isso que eu não estou entendo... quanta ansiedade! Relaxa, seu sobrinho vai chegar a qualquer momento

Na mesma hora que Thiago disse essas palavras o interfone tocou. Eu olhei para ele e congelei, não conseguia me mover, meus braços não se mexiam, eu não conseguia pegar o interfone. O barulho era ensurdecedor, mas eu simplesmente não atendia, Thiago então se colocou na minha frente e atendeu.

- Thiago: Deixa eu atender isso antes que pensem que não têm ninguém em casa...

[- T: Oi?]

[- Porteiro: Boa tarde, é do 602?]

[- T: É sim...]

[- P: Oi Sr. Augusto, tudo bem? Tem um jovem aqui embaixo, que se chama Vinicius]

[- T: Ah sim, é meu sobrinho, pode deixar ele subir]

[- P: Tudo bem então...]

[- T: Brigado.]

Thiago colocou o telefone no gancho e foi indo novamente se sentar no sofá. Eu comecei a suar, minhas mãos estavam meladas, meu coração começou a palpitar.

- Guto: Seu sobrinho? (lembrei e fiz uma cara de curioso)

- Thiago: O porteiro achou que era você no interfone, resolvi fingir que era pra fazer o menino subir logo...

Comecei a andar de um lado para o outro, dei mais uma olhada no apartamento para ver se estava tudo em ordem, olhei pelo olho mágico para ver se ele já tinha chegado no corredor, ajeitei mais um quadro, dei uma mexida no macarrão no forno, consertei um tapete no chão. Thiago ria do meu descontrole. Então, a campainha tocou.

Encarei a porta do apartamento e fui andando devagar em direção a ela. Olhei pelo olho mágico e pouco consegui ver, Vinicius estava em um ângulo que não dava para ver muita coisa do olho mágico. Minhas mãos foram trêmulas em direção a maçaneta, lentamente comecei a girar e a porta destravou, fui puxando e então vi aqueles olhos. Poderiam se passar dez, cem, mil anos, mas sempre reconheceria aqueles olhos. Seus olhos verdes brilhavam, ora olhando pra mim ora desviando o olhar.

Vinicius tinha crescido bastante, ele estava quase da mesma altura que eu, devia estar com 1,80 de altura, sua pele continuava bem branquinha, com a mesma aparência delicada que tinha quando era criança. Ele não era magro, mas também não era forte, seu corpo tinha uma definição mais natural, muito provavelmente por praticar algum esporte. Seus cabelos continuavam lisos, mas em um tom de castanho mais escuro que antigamente, tinha um corte despojado, curto, mas bagunçado tentado formar um meio moicano. Seu rosto era limpo, sem barba, com uma pele impecável, com poucas sardas, sua boca tinha uma cor que se destacava, parecia até que passava batom. Como era de se esperar, Vinicius tinha se transformado em um lindo jovem de 18 anos.

Não me aguentei de emoção e fui em sua direção com os braços abertos. O entrelacei em um abraço forte, cheio de saudades. Estava tão feliz que não percebi uma coisa simples, Vinicius continuava com seus braços abaixado, não demonstrando nenhum esboço de queria me abraçar de volta. Constrangido, fui disfarçadamente o soltando e o trazendo para dentro do apartamento.

- Guto: Bem, esse é o meu apartamento. É pequeno, mas é jeitoso...

- Thiago: Jeitoso como um viado... (falou Thiago rindo logo em seguida. Eu fiz a maior cara de bravo que conseguia) Hora errada para piadas? (Eu afirmei com a cabeça, Thiago simplesmente riu)

- G: Então Vini, esse comediante aí é o Thiago... (Thiago estendeu a mão para cumprimentá-lo)

- T: Oi Vinicius, fica tranquilo, você não vai precisar me chamar de tio não tá... (acredito que nesse momento eu deva ter ficado mais vermelho que um pimentão, Thiago simplesmente ria)

- Vini: Prazer... (falou um tímido Vincius, mas sorrindo e achando graça das falas do Thiago)

- T: Aí Guto, pode falar, sou foda, consegui tirar as primeiras palavras dele! (Thiago fez um gesto comemorando que me fez rir na hora) O prazer é todo meu.

Thiago então voltou ao sofá, pegou o laptop e voltou a fazer o que estava fazendo. Vinicius ficou parado ali na entrada do apartamento, eu também permaneci imóvel. Devemos ter ficado uns 20 segundos sem falar nada e sem se mexer, até que Thiago olhou para mim e fingiu uma tossida. Eu acordei de repente e mostrei o resto do apartamento para Vinicius, mostrei onde ele iria ficar, coloquei sua mala em um canto, mostrei o banheiro, entreguei uma toalha a ele e então me posicionei ao lado do fogão.

- Guto: Bem, eu imaginei que você estaria com fome depois da viagem, então eu preparei um almoço para você (me virei, peguei a travessa e mostrei pra ele) ESPAGUETE À CARBONARA! (Vini ficou parado sem demonstrar nenhuma reação, continuei tentando ficar empolgado) Eu lembrei que você adorava quando eu fazia isso pra você... você comia até quase explodir (dei uma risadinha) Faz tanto tempo que não faço... espero que eu não tenha perdido a mão...

- Thiago: Tenho certeza que você não perdeu a mão... Vinicius, você não faz ideia de como as mãos do seu tio são mágicas... (fiquei corado de vergonha)

- G: PARA THIAGO! (ele deu uma gargalhada) então, vamos comer?

Vinicius desviou um pouco o olhar, depois olhou para a travessa em cima do fogão, deu uma suspirada, gaguejou um pouco e depois falou.

- Vini: Bem... é que... eu... eu acabei comendo um salgado na rodoviária... (tentei disfarçar minha decepção)

- Guto: Claro, claro... eu nem avisei que faria almoço né...

- V: Eu...

- G: Têm problema não... eu deveria ter avisado... (Thiago se levantou do sofá e colocou uma mão no ombro de Vinicius que olhou para ele)

- Thiago: Só tenho uma coisa a dizer para você... SÓ LAMENTO! (ele riu alto) Esse macarrão tá com uma cara deliciosa e você trocou por um salgado?! (ele riu mais um pouco e conseguiu tirar um tímido sorriso de Vinicius também)

- G: Mas... não têm problema... depois, quando você sentir fome, você come...

- T: Depende do tamanho da minha fome... talvez eu coma tudo... (Thiago fez uma careta e todos rimos)

Fui servindo um prato para Thiago e depois um para mim. Vinicius estava encostado na parede olhando para nós dois. Não sei o que passava na cabeça dele naquele momento, mas ele olhava fixamente para nós dois. Ele por um momento desviou o olhar e falou.

- Vini: Eu... eu estou um pouco cansado... será que eu poderia descansar um pouco... agora...

Coloquei rapidamente meu prato na bancada da cozinha americana e o levei para meu quarto. Falei que o lençol tinha sido trocado e que ele poderia deitar ali. Disse para que ficasse a vontade, que estaria na sala se ele precisasse de alguma coisa, fui saindo do quarto e lembrei de mais alguma coisa, quando me virei para falar com ele vi a porta fechando diante de mim. Fiquei parado alguns instantes encarando a porta. Me sentia triste, esse reencontro não estava sendo da maneira como tinha imaginado, aliás, não poderia ser mais frio. Senti uma mão quente segurando em minha mão direita, virei minha cabeça e vi Thiago com o sorriso mais carinhoso em seu rosto. Ele foi me puxando devagar em direção a ele, me abraçou e falou baixinho em meu ouvido.

- Thiago: Calma... ele acabou de chegar... vocês vão ter tempo ainda... tudo vai dar certo...

Não sei que magia aquele garoto tinha, mas ele conseguia me acalmar, conseguia me dar a segurança que eu não conseguia sentir naquele momento.

Estávamos ali abraçados, mas eu não tinha como imaginar o que acontecia dentro do quarto. Sentado atrás da porta, estava Vinicius. Com um olhar perdido, seus olhos começaram a se encher de lágrimas. Ele encostou a cabeça na porta e olhou para o teto, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e ele falava baixinho para si mesmo.

- Vini: Ai tio... você não imagina o quanto senti sua falta... como eu senti sua falta... mas... eu não consigo te perdoar... não consigo...

-> (Carla Bruni - Quelqu'un m'a dit. https://youtu.be/XvyMG0z0FZY)

Estava deitado no sofá, meus pés sobre o colo de Thiago, eu olhava pela janela e via o brilho do sol começando a sumir entre os prédio, olhei meu celular e já eram quase 17h. Virei um pouco meu corpo e olhei para a porta fechada, suspirei um pouco e novamente voltei a olhar pela janela. Thiago então desligou a TV, tirou meus pés de cima de seu colo e se levantou todo animado.

- Thiago: Anda, vamos sair.

- Guto: Sair?! Como assim?

- T: É inadmissível em um dia tão lindo como foi hoje, ficarmos o dia inteiro em casa... O DIA INTEEEEEIRO! (Thiago fez uma cara dramática) Vamos para a praia ver o pôr-do-sol!

- G: Para a praia? Thiago, você tá bem?

- T: Não, caramba! Tô entediado! O dia inteiro trancado nesse apartamento. Anda, vamos para a praia.

- G: Mas Thi, eu não posso sair, o Vini está aqui...

- T: Vamos chamá-lo para ir junto. (olhei para a janela mais uma vez e falei triste)

- G: Mas ele não saiu do quarto até agora...

Sentei assustado no sofá quando escutei o barulho de uma porta sendo batida. TOC TOC TOC. Me virei e vi Thiago batendo na porta do quarto, levantei rapidamente e fui na direção dele para tira-lo dali, na hora que segurei em seu braço a porta se abriu. Vinicius estava com aquela expressão de sono, seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse chorado a pouco tempo.

- Vini: Oi? Algum problema?

- Thiago: Sim, temos um grande problema, enooooorme (Vinicius olhou assustado) Eu não aguento mais ficar em casa, estamos indo para praia ver o pôr-do-sol e gostaríamos que você fosse também. (Eu não aguentei e dei uma risada na hora, Vinicius também deu um sorriso)

- V: Só um minuto... vou trocar de roupa (ele fechou a porta. Thiago então olhou para mim)

- T: Viu, nem foi tão difícil...

Olhei fundo naqueles olhos castanhos e dei um selinho em Thiago, era incrível como ele fazia tudo parecer fácil. Peguei minha carteira, meu celular e tomei um copo de água. Quando Vini saiu do quarto, Thiago já foi abrindo a porta do apartamento e nos levando para o elevador. Ele não parava de falar e isso foi bom porque não deixou o clima estranho dominar aquele passeio. Saímos da portaria e Thiago já foi fazendo sinal para um táxi que estava passando. Quando o táxi parou, ele abriu a porta, primeiro entrou Vinicius e logo depois eu entrei, foi aí que tomei um susto, Thiago bateu a porta e não entrou no táxi. Ele foi em direção a janela do carona, deu uma nota de 50 reais ao taxista e falou.

- Thiago: Meu camarada, faz um favor pra mim, tô te dando esses 50 reais pra você levar esses dois lá na Pedra do Leme, direto lá... (olhei bravo para o Thiago)

- Guto: Que palhaçada é essa Thiago?

- T: Palhaçada é esse clima estranho entre vocês, não tá dando pra aguentar mais, vocês precisam conversar sozinhos.

- G: Thiago eu não concordo com isso...

- T: Não importa. Bora gente boa, leva esses dois lá.

Thiago deu as costas para o táxi e voltou para o prédio. O táxi disparou e eu fiquei argumentando com o taxista que simplesmente me ignorava. Olhei para Vinicius e ele estava calmo, olhando para fora do táxi, observando a paisagem de prédios por onde passávamos. Reparei que havia um sorriso em seu rosto, e por um momento, um breve momento, vi o meu antigo sobrinho ali. Relaxei e me acomodei no táxi, dei mais uma olhada para ele e também comecei a olhar pela janela. Um sorriso também se formou no meu rosto, e pela primeira vez aquele dia, me senti bem.

-> (The Kinks - Sunny Afternoon. https://youtu.be/pIKsHh3BFPI)

O sol começava a sumir atrás da pedra do Cantagalo, mas eu aproveitava cada calor daqueles raios que batiam em meu rosto. Estávamos sentados lado a lado na areia da praia curtindo aquele final de sol, não falamos nada desde que chegamos lá. Estávamos a 20 minutos ali sem trocar nenhuma palavra, mas pela primeira vez esse silêncio não foi constrangedor, parecia que estávamos meditando e realmente não queríamos ser incomodados. Quando o sol sumiu, deitei na areia e olhei para o céu, ele ainda tinha certa claridade, então fiquei fitando as poucas estrelas que tinham no céu. O vento era fresco e me fez relaxar, fechei os meus olhos e fiquei escutando o barulho do mar, de repente, não escutava mais nada, o barulho de carros, de pessoas gritando, nada mais incomodava, entrei em um mundo só meu, e me sentia muito relaxado ali.

- Vini: Tio...

Abri assustado os meus olhos, será que eu escutei corretamente? Na verdade, será que eu escutei mesmo? Ou foi a minha mente me pregando alguma peça? Olhei disfarçadamente para Vinicius e vi que ele continuava sentado, fitando o mar. Conclui que estava imaginando coisas e voltei a fechar meu olho.

- Vini: Tio...

Sim, era verdade, ele tinha me chamado de tio mesmo, queria chorar naquele momento, fazia tantos anos que não escutava aquela simples palavra sair da boca dele. Me sentei novamente e olhei para ele, seus olhos não mudaram de direção, continuavam fixos olhando o mar.

- Guto: Falou comigo?

Não pude deixar de reparar que seus olhos refletiam o mar, e faziam seus olhos ficarem mais verdes ainda.

- Vini: Você e Thiago estão juntos a muito tempo? (Fiquei surpreso pela pergunta, achei que iríamos conversar sobre nós dois, mas não quis contrariar, o que importava era que estávamos conversando)

- Guto: Têm alguns meses...

- V: E você o ama? (fiquei mais surpreso ainda com a pergunta, olhei para ele e vi que ele não desviava o olhar, então passei a olhar o mar também)

- G: Eu... honestamente não sei...

- V: Não sabe?

- G: Não...

- V: Mas vocês parecem tão felizes juntos...

- G: E somos, mas... eu não sei se já o amo... com certeza estou apaixonado por ele, mas não sei se o que sinto já é amor... (não sei porque fui tão sincero com Vini, mesmo depois 7 anos sem conversar com ele, eu simplesmente não conseguia não ser extremamente sincero com ele)

- V: Entendo... eu gostei dele... (virei meu rosto e olhei para seu rosto que continuava apenas olhando o mar, sorri)

- G: Tenho certeza que ele gostou de você também... esse é o jeito do Thiago, sempre extrovertido, deixando as pessoas o mais confortável possível...

Ficamos durante alguns segundos em silêncio. Eu então, abaixei minha cabeça e pensei sobre nós, eu precisava conversar com ele sobre o que tinha acontecido. Respirei fundo, criei coragem e falei.

- Guto: Vini, eu... eu preciso falar com você...

Percebi então que Vini tinha começado a chorar, seus olhos eram dois poços de águas cristalinas transbordando. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, ele não olhava para mim, continuava fitando o mar. Meu corpo começou a tremer, meu coração a doer, instintivamente me lancei sobre ele e o abracei. Com muita rapidez Vinicius se desvencilhou de mim e me empurrou para longe dele, deu um pulo e saiu correndo. Correu uns 6 metros quando, de repente, parou. Ficou de costas, parado, mas dava para perceber que ele chorava copiosamente. Eu estava assustado, nunca imaginei na minha vida um dia ser empurrado com violência pelo meu sobrinho. Ele levantou sua cabeça, olhou para o céu, respirou fundo e virou na minha direção.

- Vini: POR QUÊ VOCÊ ME ABANDONOU??!! (berrou Vinicius, aquelas palavras entraram como facas em meu coração)

- Guto: E-eu... eu...

- V: VOCÊ SIMPLESMENTE ME ABANDONOU! NUNCA MAIS ME PROCUROU! NUNCA MAIS QUIS SABER DE MIM! POR QUÊ??!!

- G: E-eu... Vini... eu não sei...

- V: NÃO SABE??!! ESSA É SUA RESPOSTA DEPOIS DE TANTOS ANOS??!! VOCÊ NÃO SABE??!! (lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, eu me sentia sem chão...)

- G: É que depois do que aconteceu... (eu abaixei minha cabeça desviando o olhar dele) eu não... sabia o que fazer...

- V: MEU DEUS DO CÉU!! VOCÊ NUNCA PERCEBEU QUE O QUE ACONTECEU AQUELA NOITE NUNCA FOI O PROBLEMA??!! O PROBLEMA FOI QUE VOCÊ ME ABANDONOU!! VOCÊ, QUE ERA A PESSOA QUE EU MAIS AMAVA NESSE MUNDO! VOCÊ QUE ERA MEU MELHOR AMIGO! QUE ERA EM QUEM EU MAIS CONFIAVA!! VOCÊ QUE ERA MEU HERÓI!! (me levantei chorando)

- G: Vini... eu... eu não sabia como agir...

- V: CARAMBA!! VOCÊ NÃO SABIA COMO AGIR??!! VOCÊ ERA O ADULTO LEMBRA, A CRIANÇA ERA EU... VOCÊ ACHOU QUE A MELHOR OPÇÃO ERA SIMPLESMENTE... ME ABANDONAR?!

Vi a expressão de dor no rosto de Vinicius, o que eu havia feito com meu sobrinho? Como pude ser tão tolo? Como pude ser tão egoísta? Eu pensei só em mim naquele dia, só pensei no meu lado, esqueci de pensar no lado de uma criança de 11 anos, que com certeza precisava de conselhos, de apoio, precisava do seu tio, que era seu melhor amigo. Vinicius se virou e começou a andar para longe de mim, saí correndo atrás dele.

- Guto: Espera Vini! Por favor, espera! (coloquei minha mão sobre seu ombro e ele parou) me escuta... por favor... (Vini foi se virando lentamente, nossos olhos cheios de lágrimas se encontraram)

- Vini: Não acredito que você tenha algo a dizer que possa mudar alguma coisa...

- G: Vini... eu... (então as lágrimas foram saindo cada vez mais) como eu gostaria de voltar no passado e mudar tudo, mudar minha atitude, fazer a coisa certa, mas... eu simplesmente não sabia o que fazer! Depois do que aconteceu com a gente aquela noite, eu... eu fiquei perdido, não sabia como agir, não sabia o que falar com você, eu não sabia COMO falar com você...

- V: Caramba! Quando que você vai perceber que o problema não é o que aconteceu aquela noite? O problema foi que você me abandonou no dia seguinte?

- G: Eu sei que agi errado Vini! Por favor... me perdoa... não me odeie pra sempre... eu sinto muito sua falta...

- V: Tio, eu amo você! EU AMO VOCÊ! Eu nunca conseguiria odiar você!

Fui pego de surpresa com aquela frase, fiquei muito emocionado e o abracei com toda a minha emoção, comecei a chorar, ele então me abraçou também, e assim ficamos durante um tempo. Eu então, olhei mais uma vez para Vini e pedi mais uma vez perdão.

- Guto: Me perdoa Vini! Me perdoa! Eu simplesmente não sabia o que fazer depois do que aconteceu...

- Vini: Tio... já falei que o que aconteceu aquela noite não é o problema... naturalmente aquilo aconteceria alguma hora... (fiquei meio confuso)

- G: Como assim?

- V: Tio, eu amo você! Se não tivesse acontecido aquilo naquela hora, em outro momento rolaria... (eu continuava confuso)

- G: Vini, eu também amo você, mas... não tô entendendo sobre que se rolasse aquela vez, outra hora aconteceria...

- V: Tio, eu amo você... sempre amei...

- G: Eu também te amo...

- V: Não, você não tá entendendo, eu AMO você...

- G: Isso eu entendi Vini, o que eu não entendi...

- V: Ai caramba...

Vini então interrompeu o que estava dizendo, segurou minha cabeça com suas duas mãos, olhou fundo em meus olhos e me puxou. Foi assim que nossos lábios se encontraram pela primeira vez.

-> (Ellie Goulding - Love Me Like You Do. https://youtu.be/AJtDXIazrMo)

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Olá meus amados amigos leitores. Dei uma boa sumida né? Peço desculpas, mas andei trabalhando muito e também viajei para estudar, então meu tempo estava muito contado e não tive como me dedicar a história, mas agora eu estou de volta e vou dar continuidade a série.

Espero que vocês gostem, mas quero lembrar que está só no começo e muuuuuuitas coisas ainda vão acontecer. No episódio de hoje eu acho que consegui desenvolver e mostrar um pouquinho mais da personalidade de cada personagem, mas claro que outros personagens ainda entrarão na série. Um beiiiiiijo, até a próxima.

Vocês sabem que eu amo ler e responder os comentários, então não se acanhem, comentem MUUUUUIIIIIITOOOOO!!! Mas só para lembrar àqueles que quiserem falar algo diretamente e somente para mim é só mandar um e-mail para leoleoleopinheiro@outlook.com

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- Roliv: Seu lindo, tô com saudades de ti, a muito tempo não conversamos. Tava gostando da ideia do incesto é? Mas será que vai rolar incesto mesmo? Será que Guto ficará dividido? Será que Thiago é tão legal? Será que eles serão os únicos? Hahahahahaha. Só estou querendo te instigar!! Espero que você goste. Eu concordo com você, prefiro que as pessoas imaginem de forma individual os personagens, mas se alguém quiser saber em quem me inspirei para cada personagem eu mando foto por e-mail. Beijãããããão

- Danny Fioranzza: Que isso? Tô com moral então?!! OBBAAAAA!!! hehehehe. Eu amo responder os comentários Danny, por isso não deixe de comentar, sempre fale o que você achou do capitulo, vou amar te responder. Beijooo

- Martines: Viu o que eu estava falando, acho que hoje desenvolvi um pouquinho mais. Essa é uma caracteristica minha, não gosto de escrever apenas um conto, onde a galera vai se acabar na punheta e acabou, gosto de escrever e desenvolver uma história, espero muito que você goste!! Beijãooo

- @Kaahh_sz: COM CERTEZA!!!! hahahahahaha comente sempre hein!! Beijão!!

- MAD MAX: Que bom que você esteja gostando, espero que continue gostando. Essa história tá me deixando empolgado de novo. Beijão

- esperança: Gostou mesmo? Não deixe de comentar hein. Quero saber sua opinião sobre o que está acontecendo na série. Adoro quando a galera fala o que acha q vai acontecer. Beijo

- samusam: Tudo isso?! Você acha que eu mereço mesmo?! Muito obrigado, escrevo com muito carinho e atenção, gosto de tentar desenvolver uma boa escrita, que bom que você está gostando. Homofobia é um saco né? Todos merecem um gelo, mas será que a Adriana é tão ruim assim mesmo? Acho que umas surpresas estão guardadas para o futuro... hehehehe. Beijoooo

- Safyrinha: Muitas saudades!!! Que bom que você gostou!! Eu amei escrever Segunda Dança, me divertia tanto escrevendo sobre aquela galerinha. Sabe que têm tanta gente me pedindo por e-mail pra voltar a escrever Segunda Dança que to até me empolgando pra uma segunda temporada, vamos ver o que acontece depois dessa atual série. Um beijo, comente sempre.

- prireis822: Priiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, que saudades minha amiga, que bom que você gostou, aliás, você é sempre a única pessoa que comenta sobre as músicas, acho que você é a única que escuta... hahahahaha... Esse tema é meio polêmico né, têm um monte de gente aqui no CDC que não curte, mas vou tentar desenv

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Comentários

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Léeeeeoooo! Estava morrendo de saudades também homem. Sabes quem é aqui, troquei de user por raiva. Durr. Mas enfim, podemos falar de coisas boas ao invés de... esquece. Eu estava tão atolado na faculdade que nem vida social eu tinha mais. Enfim, é assim mesmo. Cara, e cadê as palavras pra falar sobre seu conto? Já pensou em publicar um livro? Haha, parabens e sucesso. Ainda hoje te mando um email.

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Vale o leitor chorar ao ver seu conto de volta e ler o capitulo chorando do começo ao fim? Pois foi isso que me ocorreu tamanha foi a emoção!

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