Como Não Me Apaixonar ep. 05

Um conto erótico de John
Categoria: Homossexual
Contém 2340 palavras
Data: 08/07/2015 23:17:18
Última revisão: 15/10/2017 17:22:49

E ae galera, muito obrigado pelos comentários, eu estou muito feliz que a história esteja agradando. Peço que sempre comentem, não ligo pra pontuação, mas a opinião de vocês é muito importante. Agora boa leitura e até amanhã.

5  Abrindo os Sentimentos

Com uma dor de cabeça e uma preguiça fora do comum eu comecei a acordar. Abri meus olhos bem devagar devido a claridade no ambiente, olhei ao meu redor e o quarto estava vazio. Abri a porta e andei em direção à cozinha procurando-o, mas dei de cara com sua mãe. Ela levou um susto e deixou um prato que estava em suas mãos cair.

– Ai meu Deus! Quem é você?

– Calma senhora, sou um amigo do seu filho.

– Que amigo? Eu conheço os amigos dele e você não é... – Nicholas apareceu de toalha ao meu lado, apressado ao ouvir a situação. Eu percebi que ele estava no banho.

– Mãe! O que houve? – disse ele assustado.

– Quem é esse garoto? – Disse ela nervosa.

– É meu amigo da faculdade mãe, ficou tarde para ele ir embora ontem, então o convidei para dormir aqui, não te avisei porque você já estava dormindo. – disse ele em quanto eu só observava. Estava morrendo de vergonha e com uma vontade inenarrável de ir embora dali.

– Agora isso Nicholas, não sabia que esse tipo tinha condições de passar no vestibular, o mundo está de cabeça para baixo mesmo. – disse ela ironicamente.

– Mãe! Já disse para não falar esse tipo de coisa!

Demorei uns segundos para entender o que estava acontecendo. Fiquei péssimo de imediato, me virei e fui para o quarto dele pegar meus sapatos. Já não ouvia mais o que eles diziam. Entrei, e enquanto os calçava Nicholas entrou com raiva e fechou a porta. Eu estava sentado na cama, ele se abaixou na minha frente e olhando nos meus olhos disse:

– Me desculpe pela minha mãe, ela é muito sem noção. – disse ele ainda com raiva da situação.

– Está tudo bem, já passou. – falei terminando de amarrar os cadarços.

– Não, não está John! Desculpe-me por ela.

– Eu pensava que ela fosse reclamar, no máximo, por você não ter avisado que eu estava aqui, mas ela é preconceituosa! Nicholas, isso é abominável, ela é racista, homofóbica ou os dois? – falei triste.

– Ela é tudo e mais um pouco, ela achou que você fosse roubar algo aqui em casa. Vou exigir que ela te peça desculpas, ok?

– Ela pensou isso? Se ela fez esse show pela minha cor, não imagino a reação dela ao saber onde moro, ou pior, se ela soubesse que sou gay – falei com as mãos no rosto. – Olha Nicholas, isso é grave. Eu só quero ir embora, quero esquecer tudo isso.

– Podemos conversar amanhã? É domingo, podíamos dar uma volta, precisava falar umas coisas contigo.

– Acho melhor não, preciso ficar na minha por agora.

– Por favor, só te peço um pouco do seu tempo.

– Tudo bem, onde? – falei.

– Pode ser aqui na praia mesmo. 15h, ok? – disse ele mais tranquilo.

– Marcado então, agora me acompanhe até o elevador, por favor.

Saímos do quarto e a mãe dele já não estava mais por perto. Saímos do apartamento e chegamos ao elevador, estiquei minha mão para apertar a dele, mas fui surpreendido com um abraço, tão aconchegante quanto aquele do sonho que eu tivera. Ficamos assim por uns segundos.

– Mais uma vez me desculpe por tudo isso - disse ele olhando nos meus olhos.

– Relaxa, já passou, até amanhã! – falei já entrando no elevador.

– Até! – disse ele com um aceno de mão até que a porta fechou.

Depois que a porta fechou, encostei-me a um canto do elevador e, enquanto ele descia, eu ia pensando em tudo o que acabara de acontecer. Ainda não acreditava que aquele garoto tão legal possa ter sido criado por ela, mas por outro lado eu fiquei feliz, provou que ele tem uma opinião própria, independente.

E agora pensando bem, aquela situação com a mãe dele foi tão ruim que nem parei para ver que ele estava só de toalha enrolada na cintura o tempo todo, apesar de magro ele tinha um corpo bonito, poucos pelos, havia tímidos traços delineando os gominhos da barriga. Acabei me lembrando daquela frase que ouvi antes de apagar, estava com dúvida se aquela voz antes de eu apagar foi real ou fruto da combinação de álcool e imaginação.

Ah droga, não estou com cabeça para pensar nisso, acabei de passar por uma situação humilhante. Como pode haver pessoas que julgam as outras por características tão superficiais? Já passei por situações constrangedoras, como não ser atendido em uma loja por acharem que não tenho condições ou coisas do tipo, mas nada se compara ao que aconteceu há pouco. Sai de lá com uma mistura de sentimentos de tristeza e indignação. Andei para o ponto de ônibus e fui para casa, comi algo e fui dormir. Acordei às 21h, ainda cansado, vi que havia varias mensagens no celular, mas nem me dei ao trabalho de responder, porém vi uma de Nicholas que foi impossível ignorar.

“Espero que tenha chegado bem, te espero amanhã no quiosque três, até amanhã.”

Resolvi não responder, fui jantar, fiz minha higiene e voltei para a cama. Acordei às 11h da manhã, meu pai já havia chegado do futebol dominical dele, minha irmã ainda dormia e minha mãe já preparava a almoço. Permaneci em silêncio na mesa durante o almoço. Minha mãe falava sobre o andamento da reforma que estava sendo feita na nossa casa enquanto meu pai planejava a compra dos móveis novos para os quartos deles e da minha irmã. Ninguém notou minha ausência na conversa. Após almoçarmos, eu fui me arrumar para encontrar Nicholas, vesti uma camisa regata preta que destacava meus braços, uma bermuda verde menta, um boné azul NY de aba reta e chinelos. Peguei o ônibus e fui ao encontro com ele.

Cheguei quinze minutos antes do horário marcado, mas ele já estava lá me esperando. Ele estava sentado em um pergolado no calçadão. A praia de Camburi estava movimentada como em todo típico dia de sol daqui. Ele estava com uma camisa normal branca, bermuda xadrez azul com branco e óculos escuros, confesso que ele estava lindo.

– Chegou cedo. – falei enquanto o cumprimentava.

– Moro aqui perto então cheguei rápido. Como você está? – disse ele.

– Estou bem Nicholas, e você? – falei olhando para o horizonte.

– Melhor agora. Gostei da camisa, preto combina com você. – disse ele sorrindo. Achei estranho o comentário. Hétero não elogia outro cara assim, mas entrei na brincadeira.

– Digo o mesmo para a sua bermuda. – coloquei a mão nos olhos fingindo bloquear o sol e brinquei com ele – Nossa você precisa de se bronzear urgentemente. Cara você está tão branco que está refletindo a luz do Sol e me cegando – disse enquanto caíamos na gargalhada.

– Venha! Vamos caminhar um pouco, não quero ficar sentado. – disse ele se levantando e me puxando em sua direção.

Andamos pela orla sem rumo, conversávamos sobre a faculdade e coisas do tipo, mas não falamos sobre o incidente do dia anterior. Mas após uma hora de caminhada achei que devia perguntar.

– Nicholas, por que sua mãe é assim?

– Minha mãe foi criada assim John, meus avos eram daqueles tradicionais que só aceitavam gente do “porte” deles para se socializar. Infelizmente minha mãe foi educada conhecendo apenas esse mundo, então ela não consegue ter uma visão diferente. – ele foi tão simples e tão objetivo que eu quase senti pena da mãe dele.

- E por que você não é como ela? – disse pensativo.

– Bom, eu tive a oportunidade de conhecer o mundo como ele é, e apesar das coisas que minha mãe falava, sobre eu não me envolver com quem não é da minha cor, gays ou ateus, eu conhecia essas pessoas maravilhosas e que via que não havia nada de diferente entre elas e eu.

– Entendi, acho que agora percebo melhor a situação. – falei olhando para o chão – E o que você queria conversar comigo?

– É que eu não tenho muitos amigos, íntimos, e precisava de ajuda. - disse ele com a voz mais baixa.

– Claro, você pode contar comigo para o que precisar.

– Vem! Vamos sentar naquele banco. – ele foi andando na frente e sentou-se, havia poucas pessoas próximas daquele local, e as árvores e os coqueiros davam um alivio ao Sol da tarde.

– Pode falar. – disse curioso.

– É que eu não sei como começar. – a partir daí ele só falou com uma voz mais baixa e doce.

– É só relaxar e deixar sair as palavras. – disse sorrindo tentando confortá-lo.

– Esta bem... – ele olhou em meus olhos, algo me dizia que eu sabia o que ele iria dizer. – Eu... Eu... Eu estou gostando de alguém...

Meu coração acelerou de tal forma que pensei que iria morrer ali mesmo, eu pensava que ele iria dizer que gostava de mim e ai ele me diz que esta gostando de alguém. Minhas mãos gelaram e uma tristeza me invadiu, mas eu não podia deixá-lo perceber, então prossegui.

– Poxa, mas isso é ótimo. Não vejo um problema nessa situação. Qual o nome dela? – disse tentando disfarçar minha surpresa.

– Pois é, mas o problema é que essa pessoa não sabe ainda, e não é ela, é ele. – disse ele olhando para as ondas quebrando na areia.

Agora sim eu senti meu coração doer. Ele gostar de uma garota eu até entendia, mas de um garoto? Desde quando ele é gay? Tudo bem que eu só o conheço há um mês, mas sei lá...

– Ele? Você é gay Nicholas? – disse tentando demonstrar ser o mais compreensível afinal era isso que ele precisava.

– Não! Quero dizer, não sei... Eu comecei a sentir essa atração há pouco tempo, ele se mostrou tão incrível, ele é lindo e agora só penso nele, acho que sou gay mesmo... – disse ele ficando triste.

– Ei, olha para mim. – segurei as mãos dele em quanto ele olhava para mim. – Se você é gay, bi, hétero, isso não importa já a sua felicidade sim. Esqueça as classificações e títulos, esqueça sua mãe, e quem for contra o que você quer. Você é incrível Nicholas, se abra pra esse garoto e ele será a pessoa mais idiota do mundo se não corresponder aos seus sentimentos. – falei com uma sinceridade que até me assustou, eu queria que ele sentisse isso por mim, mas se ele tem alguém que o complete então eu fico feliz.

– Obrigado. – disse ele me abraçando com aquele aconchego mágico que só sinto nos abraços dele.

– Não se preocupe, estou aqui quando precisar. – disse de olhos fechados.

– John, é você! É você o garoto que eu gosto. – sussurrou ele no meu ouvido.

Abri imediatamente os olhos, me afastei do abraço e olhei com olhar de surpresa para ele, ele se assustou.

– John me desculpa por dizer isso, ah droga! Não devia ter dito. – dizia ele desesperado.

– Ei! Olha para mim. – disse em um tom mais forte, ele parou e me olhou, segurei mais uma vez em suas mãos. – Eu gosto de você desde o primeiro dia que te vi. Nunca disse para você, pois pensava que você fosse hétero, mas ouvir tudo o que você disse me fez a pessoa mais feliz do mundo no momento.

O abracei, mas desta vez eu queria fazer ele se sentir seguro, meus braços cobriram o corpo dele, ele ajeitou a cabeça em meu pescoço e ficamos uns minutos assim, ouvindo apenas o vento e as ondas. Olhei para ele, ele fechou os olhos e eu dei um selinho, de poucos segundos, mas que me mostrou que ele seria para a vida inteira.

– Eu nunca beijei um garoto. Na verdade nunca tive nada com um garoto. Estou com medo, pois tudo isso é novo para mim. – disse ele preocupado.

– Já disse para você, estou aqui, quero te fazer a pessoa mais feliz do mundo, não precisa ter medo, pois a partir de agora você nunca estará sozinho. – disse olhando em seus olhos castanhos claros.

– Eu confio em você – disse ele, aproximando-se do meu rosto.

Fechei os olhos e senti seus lábios tocarem os meus, macios, delicados e firmes. Os movimentos se intensificaram e senti sua língua, seu gosto. Ele havia acabado de chupar uma bala Halls de melancia, aquele gosto tornou-se a sua marca. Terminou o beijo com um selinho longo e um sorriso marcante de quem prova algo e gosta.

– Foi incrível - Disse ele extasiado.

– Eu estou sem palavras, foi mágico – Disse recuperando o fôlego.

– Acho que alguém esta animado demais - Disse ele ficando vermelho ao ver o volume em minha bermuda. – Ual quanta animação.

– Nossa que vergonha, é que foi muito bom, e ele sabe reconhecer o que é bom – disse rindo tentando disfarçar a vergonha e o volume.

– Agora preciso ir para casa, já está meio tarde. Esconde isso ai e vamos. - disse ele rindo da situação.

– É difícil esconder, ainda mais pelo tamanho que eu tenho. – falei já ajeitando para não passar vergonha na rua. – Pronto! Vamos, Eu te deixo em casa.

Andamos uns minutos até o prédio dele, nos despedimos como se nada tivesse acontecido, sorrimos um para o outro, ele subiu e eu fui para casa.

Após chegar em casa, fui para o banheiro tomar um banho. Enquanto a água quente me relaxava eu não conseguia tirar o sorriso do rosto devido à tarde maravilhosa que tive, e a grande surpresa foi o ápice de tudo o que eu imaginei.

Ao me deitar, recebo uma mensagem dele, e começamos a conversar.

– “Foi à melhor tarde que já passei”.

– “Não estou acreditando até agora que tudo isso aconteceu”.

– “Estou da mesma forma”.

– “Nick, eu estou com medo do que virá daqui para frente”.

– “Nick? Hahahaha. Gostei... Agora não se preocupe! o importante é estarmos juntos, o resto nós enfrentamos... Você me disse isso hoje.”.

– “Você esta certo. Eu quero você, só você.”.

– “Gosto muito de você John, quero você, sempre”.

– “s2s2s2 Não queria, mas preciso dormir, amanha acordo cedo, mas sonharei contigo hoje, certeza! Um beijo e uma ótima noite Nick”.

– “Um beijo e boa noite s2”.

- Continua -

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Comentários

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Ta maravilhoso, quero um nick pra mim 😭😭😭😭, se escreve os detalhes perfeitamente cara e isso é maravilhoso parabens não pare de postar conto nota mil

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A era de ouro da CDC está voltando, seu conto é bem simples mas ao mesmo tempo tão completo. Continue assim e quanto maior o destaque para os detalhes melhor. Abracos man...

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Graças a Deus a casa tá voltando aos velhos tempo. Espero que perdure! Quando falo de tempo, falo de escritores como você e outros que acompanho, e houve um tempo em que a "casa" era cheia de raridades assim como você , agora parece estar voltando, só espero que os idiotas preconceituosos de antes não voltem, era terrível. Muito bom sabia, obrigado por dividir seus relatos conosco.

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