Diário de um Hétero REAL - 03 [DIFICIL DECISÃO]

Um conto erótico de Tomas
Categoria: Homossexual
Contém 2353 palavras
Data: 01/07/2015 21:12:14
Última revisão: 08/07/2015 01:02:50

03.

Saímos dali e fomos até o vão do MASP (museu de arte de São Paulo), quem conhece o MASP, sabe que atrás do museu tem um murinho, e tem uma vista do bairro da "Bela Vista", que particularmente eu gosto, amo cidades como São Paulo!

Matt: a primeira coisa que queria te dizer, é que eu te amo! - suspirou fundo. - porém, também já amo essa criança mais do que tudo. E espero que entenda que nada disso foi planejado, nem o filho e muito menos me apaixonar por você. - e deu outro suspiro. Mas aconteceu... E não tem como voltar atrás! Te peço desculpas por estar te fazendo sofrer, também não era minha intenção.

Eu por mais que tentasse lutar contra, não consegui, me vi chorando novamente. Mas não era um choro de novela mexicana, espalhafatoso, era como se fosse um choro que viesse do fundo da alma, um choro doído, sentido, parecia que com aquelas palavras eu o estava perdendo para sempre, e o pior é que eu não tinha armas ou artifícios para lutar por ele. Logo eu que sempre fui tão decidido, com uma personalidade forte, estava me sentindo como se me afogasse em meu próprio veneno de escorpião (meu signo) e estivesse morrendo aos poucos, paralisado, inerte, sem forças para lutar, esperando pelo momento em que o ar me faltaria dos pulmões e meu coração finalmente parasse de bater.

Matt: mas eu não tenho como abandoná-la neste momento. Nunca pensei que me apaixonaria por outro homem, eu não sou GAY! - ele pronunciou de uma forma bem decidida, e depois repetiu mais calmamente. - Eu não sou gay... - e ficou de cabeça baixa - ...mas me apaixonei por você. - completou.

Não falávamos mais nada, olhávamos para o chão, e eu sentia o vento nos meus cabelos e algumas lágrimas ainda teimavam em cair, sentindo-as rolar pelo rosto e cair em direção ao chão. A partir daquele momento, eu senti que o tinha perdido, levantei-me e saí andando sem rumo. Ele ainda me alcançou, me puxou pelo braço, me deu um abraço forte e disse que me amava...

Entrei no metrô, e fiquei rodando sem rumo. Voltei pra casa tarde da noite, o Jérémy estava mega preocupado, disse que o Mateus tinha contado mais ou menos o que tinha acontecido, e tinha lhe pedido pra cuidar de mim. E apesar do cansaço, o que mais doía era meu coração. Como todo escorpiano, eu preciso chegar ao fundo do poço para enfim renascer como uma fênix, saída das cinzas. Eu tenho uns momentos muito introspectivos, e apesar de todo o apoio que o Jimmy estava me dando naquela hora, eu só queria ficar quieto no meu canto. Me bateu uma enorme saudade de casa (em Nice), dos meus tempos de infância, mesmo tendo algumas dificuldades financeiras, éramos muito felizes, eu não tinha nenhum desses problemas.

E como já contei aqui, minha vida é embalada por músicas. Peguei um CD onde estava escrito "international", coloquei e a primeira música que tocou foi:

It Must Have Been Love

It must have been love but it's over now...

Lay a whisper on my pillow

Leave the winter on the ground

I wake up lonely, there's air of silence

In the bedroom and all around

Touch me now, I close my eyes

And dream away

It must have been love but it's over now

It must have been good but I lost it somehow

It must have been love but it's over now

From the moment we touched 'till the time had run out

Make-believing we're together

That I'm sheltered by your heart

But in and outside I've turned to water

Like a teardrop in your palm

And it's a hard winter's day

I dream away

It must have been love but it's over now

It was all that I wanted, now I'm living without

It must have been love but it's over now

It's where the water flows

It's where the wind blows

It must have been love but it's over now

It must have been good but I lost it somehow

It must have been love but it's over now

From the moment we touched ‘til the time had run out

It must have been love but it's over now

It was all that I wanted, now I'm living without

It must have been love but it's over now

It's where the water flows

It's where the wind blows

TRADUÇÃO:

[Deve ter sido amor]

Deve ter sido amor... mas agora acabou

Deixe um suspiro no meu travesseiro

Deixe o inverno pros outros

Eu acordo sozinha, tem um silêncio no ar

No quarto e em toda parte

Toque-me agora, eu fecho meus olhos

E me perco em sonhos

Deve ter sido amor, mas agora acabou

Deve ter sido bom, mas eu o perdi de alguma forma

Deve ter sido amor, mas agora acabou

Do momento que nos tocamos até o tempo que passou

Faço de conta que estamos juntos

Que estou abrigada pelo seu coração

Mas por dentro e por fora estou desabando

Como uma lágrima na palma de sua mão

E é um duro dia de inverno

Eu sonho

Deve ter sido amor, mas agora acabou

Era tudo que eu queria, agora estou vivendo sem

Deve ter sido amor, mas acabou agora

É para onde a água flui

É para onde o vento sopra

Deve ter sido amor, mas agora acabou

Deve ter sido bom, mas eu o perdi de alguma forma

Deve ter sido amor, mas agora acabou

Do momento que nos tocamos até o tempo que passou

Deve ter sido amor, mas agora acabou

Era tudo que eu queria, agora estou vivendo sem

Deve ter sido amor, mas acabou agora

É para onde a água flui

É para onde o vento sopra

No dia seguinte, acordei mais disposto e chamei o Jérémy para uma conversa. Queria acertar com ele como ficaria o lance do ap na minha ausência, agora mais do que nunca eu precisava me afastar dali. Como seria difícil vê-los juntos, a barriga crescendo, o nascimento do bebê, ver a criança crescendo. Pelo menos, naquele momento eu precisava me afastar.

Eu: então, resolvi mesmo ir fazer as horas de voo no interior de sp.

Jérémy: você tem certeza mesmo que quer ir? Sua vida é aqui agora! - falou ele em um tom triste.

Eu: quero sim, até porque fazer as horas de voo no interior vai valer bem mais a pena, é bem mais barato do que fazer no Campo de Marte (é um aeródromo na Zona Norte de São Paulo), eu ia ficar aqui você sabe por causa de quem... - falei isso e abaixei a cabeça.

Jérémy: será que você não ficaria por outra pessoa? - levantou minha cabeça segurando na ponta do meu queixo e olhou bem no fundo dos meus olhos.

Eu: por quem mais eu ficaria? - rebati a pergunta.

Jérémy: por mim! - falou convictamente.

Eu: por você? Mas por que por você? - estava levando isso adiante, pois apesar de já imaginar a resposta, eu queria saber até onde isso iria.

Jérémy: por causa disso! - veio e me deu um beijo no qual eu senti como se uma corrente elétrica atravessasse meu corpo, meus pêlos dos braços ficaram todos atiçados, seu hálito me produziu uma sensação de frescor indescritível.

Era o segundo homem que eu beijava depois que cheguei no Brasil, isso teria me transformado em viado? Um milhão de coisas passavam pela minha cabeça! No que eu me tornei? Estou convertendo todos os héteros ao meu redor? Meu melhor amigo, mon collocataire (roommate ou colega de quarto), o cara que eu vi comendo uma menina há uns dias atrás, estava ali me beijando! Que loucura! Nossas bocas pareciam imãs, e apesar de todas essas perguntas eu não conseguia parar de beijá-lo! Eu o beijava de olhos abertos em um determinado momento, pra ver se aquilo realmente era verdade... E era verdade sim! Jérémy, homem-menino, moleque travesso, estava me beijando!

Terminamos o beijo com um abraço, apertado, sentia cada músculo de seus braços se contraindo, passava minhas mãos por suas costas, sentindo a rigidez graças à academia. Afoguei-me em seu pescoço, em seus cabelos, nossas respirações estavam fortes e profundas, meu coração batia a trilhão e podia sentir o seu também batendo compassadamente, ritmicamente, e ele batia por mim! Como era boa aquela sensação de sentir-se quisto, desejado, seguro! Mas eu não poderia misturar as coisas, eu estava ferido, carente, amargurado. Não podia usar o Jimmy como válvula de escape. Precisava curar meus males internos, para sim, depois, entregar-me a novos amores.

Eu: preciso arrumar minhas coisas... - falei retomando a lucidez.

Jimmy: mas... Pensei que você fosse mudar de idéia...

Eu: Jérémy, eu gosto muito de você, muito mesmo. Mas antes e acima de tudo somos amigos, então peço o seu apoio de amigo nesse momento. Preciso desse momento pra mim, preciso colocar as idéias no lugar. Mas pode ter certeza que você tem um lugar bem especial reservado no meu coração. - dei um selinho bem demorado e fui arrumar minhas coisas, deixando-o, sozinho na sala com seus pensamentos.

Resolvi tudo muito rápido, faria as horas de voo em Jundiaí, em uma escola famosa, onde eu ficaria alojado também. Não ficaria tão longe de São Paulo, e também tinha Campinas que estava ao lado. Tentei me animar de todas as formas, e juro que na despedida eu não chorei, senti uma sensação estranha de que muita coisa ainda iria acontecer. Como minha mãe diz: "o mundo dá muitas voltas e aí de quem não se segurar!". Mas nada melhor do que um novo objetivo na vida, para dar uma animada, o mundo não termina por causa de uma decepção amorosa, isso faz parte do nosso crescimento como ser humano, como indivíduo, e eu mais do que nunca tinha essa certeza em minha vida. O Matt foi uma ótima experiência em todos os sentidos, mas agora seria vida nova. No fundo, desejava que ele fosse feliz com sua nova família!

No outro dia na hora de sair, o Jérémy quis fazer aquele drama.

Eu: eu vou estar em uma cidade aqui do lado, não tô voltando pra França e muito menos mudando de planeta. Jundiaí é bem aqui...

Jimmy: ahhh mas como vai ser acordar e não te ver aqui? Jantar sem você? Ir pra academia sem você? Eu me acostumei poxa!

Eu: já falamos sobre isso, quando der eu venho, não estou te abandonando, só estou indo estudar em outra cidade, e no mais minhas coisas vão ficar aqui, esqueceu?

Jimmy: eu entendo, mas não aceito, mas mesmo assim te desejo boa sorte e vê se não demora a vir em casa senão serei obrigado a ir te visitar, e cuidado com esses pilotos dando em cima de você!

Eu: era só o que me faltava agora, crise de ciúmes, somos amigos viu, você não é meu dono! - falei rindo.

Jimmy: ainda não... - falou ele sério.

Eu: be-be-bem, acho melhor eu ir... Senão vou perder o busão, falou, se cuida! Vê se come direito, nada de ficar comendo besteira, deixa de preguiça e faz uma comida descente! - falei como última recomendação.

Jimmy: d'accord Maman! (Tá bom Mamãe!) - respondeu ele, me zoando!

Peguei o busão e em pouco menos de duas horas estava em Jundiaí. O centro de aviação era muito bom, um dos melhores do Brasil, se não for o melhor. Fui recebido pela coordenadora do curso, apesar de ser uma mulher, notei que ali o ambiente era muito masculino. Homens para todos os lados, a maioria da minha idade e até mais jovens, todos futuros pilotos, com seus óculos de aviador. Lembrei do meu presente, e senti um aperto no peito... Mas eu também usaria o meu! Hehehehe Acho um charme quem usa esse tipo de óculos, com o uniforme de piloto fica mais lindo ainda!

Iria dividir quarto com mais um rapaz, que provavelmente faria as aulas comigo também, porém fui informado que ele só chegaria em 3 dias, ele viria do Rio de Janeiro. Gostei disso, pois assim teria alguém de fora para conversar e sair pra dar umas voltas pela cidade, estudar juntos, enfim. Já estava planejando o que fazer com o carinha, mas nem ao menos o conhecia. Mas tinha certeza que nos daríamos bem.

Contudo, o GROUND SCHOOL (aulas teóricas sobre o avião que iríamos fazer as aulas práticas) só começaria em 4 dias, ou seja, na segunda-feira, e ainda era quinta. Então, o que fazer nesse interim? Vi que tinham algumas aulas de reforço sobre meteorologia e regras do ar, e seria legal dar uma relembrada nessas matérias. E assim se passou a sexta e o sábado. No sábado, só teríamos reforço pela manhã, então decidi ir conhecer Campinas, ir ao shopping ou algo do tipo. Acabei, voltando no início da noite para o alojamento, quando abro a porta do quarto e me deparo com um carinha secando os cabelos, só de cueca.

Renan: e ai parça, blz? Prazer sou o Renan seu colega de quarto! - falou estendendo a mão com aquele sotaque carioca forte. Eu o fitei da cabeça aos pés, ele tinha 1,78m, uns 75kg, moreno queimado de sol, todo saradinho, estilo surfista carioca, barriga com os famosos "six packs", não era bombado, era todo sarado mesmo, músculos definidos, "fibrado" como dizemos na academia, e como ele estava vestindo uma slip da calvin cklein, notei que ele tinha uma marca de sungão, e a cueca por sinal estava com uma senhora mala, imaginei que o pau dele devia ser grosso, pois estava bem recheada a cueca.

Renan: que foi brow, vai ficar ai parado me olhando?!?Gente, andei sumido um tempo, problemas de saúde na família, tive que voltar pra França, mas depois de tudo resolvido estou de volta ao Brasil, e assim aproveito para escrever novamente minha história. Aconselho a retomarem os capítulos anteriores para refrescar a memória daqueles que estavam acompanhando anteriormente, e aos que chegaram agora, sejam bem-vindos à minha história. Espero que gostem!

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive theflyer a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Cara, chorei ao ler a parte do Mateu. Foda, a pesar de o cara ter se enrolado todo ele fez o certo em deixar bem claro que te amava.

0 0
Foto de perfil genérica

Salut, mon cher!!! T'es revenu enfin!!!Bisous!

0 0
Foto de perfil genérica

Seja bem-vindo, DE VOLTA, RSRSRS. Acompanhei da outra vez e vou tentar fazer o mesmo desta, mas isso só depende de você.

0 0