Comissário de Bordo Cap.1 de 4

Um conto erótico de gustavinho
Categoria: Homossexual
Contém 1986 palavras
Data: 05/08/2015 04:53:09

Cap.1

Quando eu era mais novo sempre me perguntavam o que eu queria ser quando crescer. Eu respondia " Não sei ainda. Mas sei que quero trabalhar com aviões ". Todos eles riam, era algo tão surreal ver alguém de uma família não muito rica dentro de um avião. Mas eu queria muito. Ia para o aeroporto que ficava próximo a minha casa quase todas as tardes. Tinha um terraço, e nele eu ficava admirando as idas e vindas, aquelas pessoas indo e vindo sem rumo, e aquela magia que sempre envolve a aviação. Ah, mais é perigoso ! Pessoas morrem diariamente, de doenças, assassinadas, em acidentes de carro. Uma acidente aéreo de grandes proporções com fatalidades as vezes leva anos para acontecer. A chance é de uma em um milhão, provando assim que é o aparelho mais seguro do mundo. As pessoas correm muito mais riscos no chão, com toda a criminalidade e a imprudência que impera no mundo, do que acham que correm no ar, controlados por profissionais capacitados, sóbrios, e por sistemas muito bem planejados. Eh, a aviação é mágica ! Desde os antigos Boeing 707 até o " Super Jumbo" A380, sempre foi envolvida por uma magia que nenhum outro transporte é capaz de proporcionar. Aviões supersônicos, de dois andares... E ela tem muito mais a oferecer. Foi por isso que decidi seguir a aviação. Sou Samuel Watanabe. Descendo de japoneses, meus avôs são, por isso o nome estranho. Atualmente tenho 29 anos. Todos dizem que tenho uma aparência muito interessante. Bem branco, loiro, olhos verdes, e mantenho um corpo bem legal usando minhas horas vagas nas idas e vindas dos vôos. Quando completei 18 anos, minha família tinha melhorado um pouco mais de vida. Meus pais, com sacrifícios, haviam conseguido se formar e conseguir empregos melhores. Foi nessa época que quando chegou a época de escolher a faculdade, preferi fazer um curso. O de Comissário de Bordo.

- Mas menino, comissário ? Por Que não escolher algo mais nobre como Médico ou Advogado ? - meu pai indagava.

- Porquê eu não gosto pai. Quero sim é estar voando por aí, conhecendo novos lugares, trabalhando nos aviões. É isso que eu quero, sempre quis ! - eles sabiam que eu nunca desistiria dessa ideia.

- Você tem certeza disso mesmo ?

- Sim pai, tenho !

E foi então que me inscrevi na escola de aviação. No início, diversas teorias. Ao contrário do que pensam algumas pessoas, servir o lanche é apenas uma das funções dos comissários. Os mesmos devem zelar pela segurança dos passageiros tanto quanto os pilotos, garantir seu conforto, coordenar as operações que acontecem em solo com a aeronave, resolver conflitos, além de verificar diversos indicadores e condições de segurança e operacionalidade dos aviões. Além, claro, prestar assistência em emergências. É, comissário trabalha muito ! Mas é ótimo ser comissário. Por isso escolhi essa profissão. Após o curso, e com muita dedicação logo consegui minha licença e fui contratado pela maior companhia aérea do país. Meu primeiro vôo foi super marcante. Ligeiramente nervoso e emocionante, a primeira vez que um passageiro sorriu pra mim foi marcante. Desde então sempre tento fazer meu trabalho com alegria, deixando nas pessoas a sensação agradável que todos queremos em um vôo. De lá para cá me tornei chefe de cabine, e agora tinha mais algumas funções. Mas cumpria todas muito bem. Comecei a trabalhar também em vôos internacionais, primeiramente apenas na América do Sul. Aquele dia, eu faria meu primeiro vôo para a Europa. O trecho Rio - Paris, era meu primeiro vôo transatlântico kkk Acordei como sempre acordava antes de um vôo. Bem disposto, alegre e feliz com meu trabalho. Passei meu uniforme, separei para não amassa-lo. Guardei todos os meus pertences para os 3 dias que ficaria na França antes de retornar ao Brasil. Peguei meus documentos. Me barbeei. Cobri algumas manchas com maquiagem e logo estava pronto para mais um dia de trabalho. Como morava em São Paulo, precisava me deslocar até o Rio para fazer o vôo. 2 da manhã e eu pego um táxi para o aeroporto de Guarulhos. Mais um dia de trabalho estava prestes a acontecer.

TEMPO DEPOIS

Me despeço do pessoal do Check-in e me direciono até a sala de embarque. Levava meu uniforme na mão, para não amassa-lo. Ainda não havia sido aberto o embarque, então me sentei, esperando que logo o embarque fosse iniciado. Atualizei meu status no Facebook com a frase " Paris me aguarda !" . Logo diversos comentários de "Boa Viagem amigo" e "Traz presente" apareceram na minha caixa postal. Por algum motivo naquele momento eu olhei pro lado, e vi algo que me chamou atenção. Um homem, com um garoto. Pareciam ser pai e filhos. O garoto vinha com um sorvete na mão, já estava se lambuzando. O homem vinha o trazendo, entre brincadeiras, com uma mochila nas costas e uma pequena mala de mão como a minha. O homem veio e sentou ao meu lado.

- Aí filho, você não imagina como o papai tá com medo !

- Medo de que pai ?

- Você sabe que eu não gosto de voar ! Me dá Medo ! - dizia, limpando a boca do menino.

- Mas é tão bom, dá um frio na barriga tão gostoso - disse, sorrindo.

- Você gosta né ? Mas eu não... - reparei um pouco mais naquele homem e pude perceber que não era igual aos outros. Era distinto. Tinha uma voz bonita, falava bem, era um homem com H. Não tinha pinta de que tinha medo de avião. Bonito. Branco, de cabelos castanhos lisos, olhos castanhos, um olhar penetrante. Era inacreditável que um homenzarrão daqueles tivesse medo de fazer uma ponte aérea de 35 minutos. De repente percebo que o garoto se solta do pai e sai correndo. De repente ele tropeça em algo e derruba seu sorvete sobre a minha camisa.

- Nossa ! - o susto foi grande, estava tão entretido que me assustei quando o vi caindo. O segurei e ele acabou não batendo de cara no chão.

- Felipe ! Eu já não disse que você não pode se soltar de mim

- Desculpa pai, eu só queria ver aquele desenho ali - falou, apontando pra uma pintura.

- Como você é animado garoto ! - foi então que o homem olhou pra mim e viu que ele havia me sujado - Oh meu Deus ! Moço... Me desculpa, você sabe como são as crianças ! - falou, nervoso.

- Está tudo bem... Eu vou ali no banheiro e troço a camisa - falei, tirando uma outra camisa da mala - eu sei como são as crianças - falei, lembrando das diversas que já tive que enfrentar nos vôos - desastradas e espertas - ele riu .

- Eh - dei uma olhada em seus olhos, ele retribuiu o olhar. Nunca olhei tão fundo nos olhos de alguém, principalmente de um passageiro. Foi incrível !

- Já volto... - quando entrei no banheiro acabei me recordando do seu olhar. Nunca tinha visto alguém tão bonito, a ponto de me fazer sorrir. Era estranho !

MINUTOS DEPOIS

Quando sai do banheiro o embarque já havia sido iniciado. Mas por algum motivo vi o homem ainda ali.

- Não entrou ainda !

- Estava esperando você voltar ! - fomos os últimos passageiros a passar pelo portão.

- Acho que essa também está boa - falei, fazendo ele ficar confuso - a camisa...

- Ah sim ! Está - ele sorriu.

- Papai, a gente Vai demorar muito nesse avião ?

- Não filho, a gente vai pro Rio, até lá são meia hora apenas. Meia hora torturantes - ri.

- Você tem medo de avião mesmo né ?

- Como sabe ?

- Ouvi ele falar - riu.

- Ah... - ele baixou a cabeça - é vergonhoso mas tenho.

- Pois devia deixar de ter. É tão seguro viajar de avião - ele riu, enquanto entravamos na aeronave. Acenei para as comissárias, conhecendo algumas, e logo fomos procurar as poltronas.

- Seguro... Sei ! Já viu cada acidente que acontece ?

- Se parar pra pensar, mais pessoas morrem no chão que no ar, com todos os riscos que corremos - ele riu.

- Mesmo assim, não me convence - acabei rindo. O vôo estava lotado, fazendo assim eu perceber que só tinham três poltronas vazias. As nossas. Lado a lado. Sim, ficaria ao lado do homem medroso - qual é a sua ?

- A da janela - falei...

- Ah pai, mas eu queria ir na janela ! - o garoto falou.

- Filho ! A... - acabei os interrompendo

- Deixa ele ir, eu fico no corredor. Mas acho que você não vai conseguir ver muita coisa nessa escuridão.

- Brigado tio - o garoto era uma Fofura, tanto quanto o pai. Saiu correndo em direção a janela e começou a fuçar nos folhetos e revistas.

- Ele gosta de voar né ?

- Ao contrário do pai, gosta - ri. O homem sentou no meio, e eu no corredor.

- Mas você devia deixar dessa paranóia. A indústria aeronáutica tem avançado demais, buscando diminuir os riscos. Um em um milhão de chances é bem pouco - ele cerrou os olhos.

- Mesmo assim, morro de medo - ri da cara que ele fez, foi engraçado - como você sabe dessas coisas ?

- Sou comissário de Bordo - falei, ajeitando a mala debaixo da poltrona.

- Sério ? Eu nunca conheci ninguém que trabalhasse com aviação. Também, com essa fobia não tem como ! - ri. Logo as portas foram fechadas e nosso avião começou a se locomover. Ali mesmo ele começou a ficar nervoso - aí Jesus, se nada acontecer prometo ir a Igreja da Se toda semana esse ano.

- Calma homem, não vai acontecer nada. Dá uma olhada lá na janela - quando ele olhava e via a asa, se recolhia novamente.

- Meu Deus do céu, e pensar que vou ter que encarar isso de novo.

- Porquê ?

- Vou fazer conexão no Rio - ri.

- Boa sorte - em alguns instantes o piloto alinhou na pista.

- Meu Deus, será se pode desistir ? - ri. O pessoal ao meu redor percebeu que ele estava nervoso e começou a rir também.

- Não vai acontecer nada seu bobo - o momento que o motorista acelerou foi também o momento em que eu fiquei nervoso. De repente o homem jogou a cabeça no meu ombro como se quisesse se esconder.

- Meu Deus... - resmungava, amedrontado.

- Calma, nada vai acontecer - alisava suas costas tentando acalma-lo. Por alguns segundos, acabei sentindo seu cheiro, e gostado. Que homem cheiroso ! Apesar de medroso, ele era um fofo - é agora ! - falei, sentindo ao avião decolar. Ele me apertou ainda mais.

- Aí Jesus ! - ele era um dos passageiros mais engraçados e medrosos que eu já tinha visto.

- Calma... Da uma respirada, nada vai acontecer, vai dar tudo certo.

- Que droga. Tô me jogando aqui no seu ombro sem nem saber seu nome ! - disse, me apertando quando o avião fez uma curva.

- Meu nome é Samuel. E o seu ?

- Daniel...

Depois de alguns minutos ele se acalmou. Se separou de mim, mas qualquer balançada ele voltava a me apertar.

- Sou uma vergonha para os homens -ri.

- Eu entendo você, todos nós temos alguns medos, né ?

- É !

Como sempre rapidamente a ponte aérea se cumpriu, e logo estávamos saindo do avião.

- Olha, obrigado pela força que você me deu. Não sabe o quanto tenho medo desse pássaro de ferro - disse, com o filho no colo.

- Está tudo bem, isso acontece.

- Foi um prazer te conhecer sabia ?

- O prazer foi meu, Daniel - ri, me lembrando dos momentos hilários e sem dúvida únicos que presenciei com ele dentro daquele avião.

- Eu preciso ir.

- Pra onde vai ?

- Vou trabalhar agora. Esse vôo foi apenas pra me deslocar. A batalha começa - falei, sorrindo.

- Tudo bem. Até mais e... Desculpa qualquer coisa.

- Não foi nada, só tenta controlar esse medo ! - ele riu.

- Vou tentar. Tchau.

- Tchau - comecamos a andar para lados opostos. Por alguns segundos comecei a pensar no que tinha acontecido lá, e como algo sem explicação, parei e me virei pra olha-lo. Percebi que ele fazia o mesmo. Mais um sorriso foi dado de cada lado, e ele se despediu por gestos, acompanhado pelo filho. Esse homem mexeu comigo !

Continua

E aí ?? Gostaram ?? Comentem e votem por favor. Ai gente, agora não dá pra eu continuar aquela história. Já tenho duas atrasadas pra continuar. Quem sabe depois. Estou apostando nas histórias curtas, parece que eu me saio melhor e vocês gostam mais delas. Beijos...

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Comentários

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Simplesmente sensacional, realmente as estórias curtas estão fazendo um suceso inacreditavel, mas em hipótese alguma abrimos mão das mais longas, então trate de continua-las. Abração pra ti, parabéns pelo post e continua logo q tá ótima esta estória e já sei q isso vai terminar em um belo romance.

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Gostei, mas você sempre deixa suas outras historias pra tras...

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(...o momento que o motorista acelerou foi também o momento em que eu fiquei nervoso), isso é taxi ou um avião

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Amei. Interessante. O Daniel e seu medo é hilario. bjos

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