O doce nas suas veias - (Capítulo 4)

Um conto erótico de Vamp19
Categoria: Homossexual
Contém 2436 palavras
Data: 30/10/2015 17:58:43
Última revisão: 30/10/2015 18:41:54

Ponto de vista de Jesus.

Eu estou nos aposentos privados de meu tio no interior da igreja católica da cidade. Sozinho, entrego-me para os meus estudos. Fico lá por duas horas lendo um livro a respeito da história do país. Quando acabo, meu tio entra nos aposentos que ainda está claro com a luz do sol, mas isso não irá durar por muito tempo. Daqui a pouco, a missa começará e ele terá que ficar por uma hora e meia em pé lendo a bíblia para os fieis.

‘Sobrinho, ajude-me’ ele diz. Nunca me chama pelo nome. Jesus é um nome sagrado. Ele é velho e não consegue pegar a bíblia gigante na parte de cima do armário. Pego-a para ele e fico no seu ombro para olhar. Mas ele me manda um olhar de repreensão e eu saio. Ele começa a resmungar. ‘Olhos vermelhos… Olhos vermelhos… Olhos vermelhos… Corpos sem sangue, olhos vermelhos…’

‘Tio?’

‘Sim?’ ele responde impaciente.

‘Estou curioso. O que há com olhos vermelhos? E corpos sem sangue?’ Sinto um arrepio me percorrer.

‘O caso da garota. Se lembra? A que veio conversar com você?’

‘Sim, Niara. Ela veio me ver hoje e já foi. É uma boa pessoa. Horrível o que aconteceu.’

‘Sem dúvidas… mas eu estou pensando se o que aconteceu com ela realmente é o que ela diz.’ Fico sem entender e levanto-me da cadeira.

‘Do que está falando, tio?’

‘Os policiais encontraram um dos corpos dos meninos desaparecidos na mata. O nome dele é Lindomar. Está morto.’ Sinto-me doente com a notícia. Mesmo sabendo o que ele tinha feito com a minha amiga. ‘Alguns acham que a morte foi bem merecida. A mãe não é uma delas, está em prantos e veio falar comigo para uma benção. Perguntou-me se o filho dela iria para o céu.’

‘O que disse?’

‘Que Deus perdoa.’ Ele fez o sinal da cruz. ‘Mas como você sabe, os boatos se espalham rápido e a polícia achou o corpo enterrado, sem sangue algum no corpo embora o único ferimento que exista nele é na cabeça e dois pequenos furos no ombro. Como se fossem dentes.’ Ele me olha quando diz isso como se estivesse esperando que eu soubesse de alguma coisa. ‘Um dos sobreviventes delinquentes também fala de olhos vermelhos na escuridão. Outros boatos falam que há um homem de olhos vermelhos da cidade.’

‘Tio… Espere, deixe-me entender melhor. Está dizendo que acha que a palavra de um menino assustado na floresta pode ter algum crédito? Eu conheço o homem de olhos vermelhos. Senhor Eduardo. Ele é muito gentil e um homem bom.’ Estranho também, mas isso eu não falo.

‘Você o conhece?’ Ele perguntou.

‘Sim’ respondo, e falo de tudo que aconteceu entre mim e senhor Eduardo. Meu tio aparenta estar morrendo de preocupação enquanto me faz sentar numa cadeira dos seus aposentos e me questiona a respeito de coisas muito peculiares, como por exemplo se eu já tinha visto senhor Eduardo à luz do dia. Eu respondo que não, mas isso se deve ao fato de que eu raramente saio à luz do dia. Realmente não posso acreditar que aquele homem tão bom tenha algo a ver com aquela coisa horrível que aconteceu na mata. Niara não me disse nada disso. Após me questionar, meu tio me manda ter cuidado e não falar com senhor Eduardo. Pergunto-o por quê, mas ele não responde. As horas passam e a noite chega, decido não participar daquela missa por causa do meu estado de espírito perturbado. Decido ir a procura de Niara que mora na parte mais apagada da cidade. A noite chega rápido enquanto eu caminho e o frio me acolhe de um jeito devorador.

Coloco as mãos nos bolsos e vou em frente. No caminho percebo que existem muitos lugares ali que ainda necessitam de luzes. Passo por um beco estreito e tenho que voltar pois outro rapaz já está o atravessando pelo outro lado, ele passa por mim com um sorriso sonhador e enfeitiçado. Uma rajada de vento vem do beco em minha direção e bate em meu rosto poderosamente, eu fico surpreso com aquele acontecimento estranho.

‘Sentiu isso?’ pergunto ao homem. Ele estava se afastando e olha para mim ao parar abruptamente, seus olhos parecem que estão voando num sonho.

‘Isso o quê?” a voz do homem também é sonhadora.

‘O vento que saiu do beco. É tudo tão fechado por aqui…’

‘Tenho problemas mais importantes’ é tudo que ele diz e vai embora. Eu continuo no meu caminho e chego na casa de Niara, mas quando bato em sua porta quem me atende é sua mãe.

‘Ela não está!’ ela responde impacientemente e eu vou embora, derrotado. Quando chego na parte do beco novamente vejo dois olhos vermelhos na escuridão encarando-me intensamente.

Sinto medo por um momento até que reconheça o olhar. Tinha lembrado do que meu tio falou hoje cedo a respeito dos olhos vermelhos na floresta, mas esse é apenas Eduardo e a gente se encontra mais uma vez. Acho muito peculiar que a gente só se encontre em momentos incomuns como esse. Caminho em sua direção e ele vem na minha, seu rosto finalmente recebe um pouco de luz quando ele saí da total sombra do estreito.

Eduardo é um homem pálido e calmo, muito educado e extremamente único. Digo isso pois nunca conheci ninguém como ele. Tem olhos vermelhos que parecem brilhar às vezes e usa um sobretudo muito fora de época para todos no momento. Eu consigo perceber que sua voz tem um sotaque de outras terras. Ele tem uma barba espessa no rosto e cabelos longos e negros. Eu não costumo me socializar bem com as pessoas. Mas Eduardo parece ser tão estranho quanto eu, e o jeito que o homem pálido fala parece que vem de outra época e eu tento falar da mesma maneira.

‘Está perdido novamente?!’ falo de forma amigável. Ele está usando seu chapéu daquela vez.

‘Juro que não, meu amigo.’ Sempre me sinto estranho quando ele me chama de amigo, mas de uma forma agradável. ‘Estou apenas conhecendo o local para ter certeza de que nunca mais vou precisar da sua ajuda para chegar nos locais dessa cidade pequena. Quem sabe assim você pode arranjar um tempo para mim sem que seja para me guiar.’

Eu sinto minhas bochechas queimando. Não encontro nenhuma palavra para respondê-lo e um silêncio longo se segue que aparentemente só eu me sinto desconfortável com ele pois Eduardo está sorrindo.

‘Posso caminhar ao seu lado?’

‘Mas é claro’ falo. Lembro das palavras do meu tio mas certamente ele está errado por achar que Eduardo pode ser de alguma forma perigoso.

‘Vamos por ali!’ ele diz, apontando para a estrada de barro às minhas costas que serpenteava um bocado de casa mal feita e pobre e por fim se encontrava com algumas árvores grandes e gordas. ‘Sozinho, eu acabei encontrando um lugar muito agradável em cima de uma pequena colina.’ Eu posso dizer não mas não quero. A gente caminha junto pela estrada e eu converso com ele a respeito de Niara e de tudo que aconteceu com o meu tio. Acabo contando a ele da desconfiança de meu tio para com ele.

‘Isso tudo porque tenho olhos vermelhos?’ Parece ofendidíssmo e realmente tem motivos para isso. Eu fico muito envergonhado e peço perdão. Senhor Eduardo dá um riso fraco e esquece de tudo. Fico confuso em chamá-lo de senhor, às vezes o modo como ele age parece de alguém maduro, mas seu rosto tem uma aparência jovem e bonita.

‘Quantos anos você tem?’ pergunto.

‘Quantos acha que tenho?’ ele retruca.

‘Não gosto desse jogo. Tenho medo de ofender as pessoas.’

‘Acha que sou tão velho assim, Jesus?’ Ele dá uma gargalhada. Sinto minhas bochechas esquentarem mais uma vez.

‘Na verdade, você parece jovem demais e age como um velho’ digo, e depois tenho certeza que acabo de piorar toda situação. ‘Me perdoe.’ Acho tudo muito escuro e tenho medo de tropeçar, pois a estrada começou a ser de barro.

‘Não se preocupe. Venha. Eu te ajudo.’ Ele arrodeia um braço pelo meu ombro e puxa-me para perto do seu corpo, não sei como ele pode enxergar tão bem no escuro mas sabia exatamente por onde ir para evitar pedras e buracos. É a primeira vez que sinto sua força e estou impressionado. Seu corpo também parece bem erguido e duro.

A estrada começa a ficar ingrime. Nunca vim por essas bandas e a cidade começa a se afastar atrás de mim. Olho para trás só para ter certeza e começo a sentir um arrepio no meu corpo enquanto a dúvida começa a me corroer por dentro.

‘Deseja retornar?’ Eduardo pergunta. Sinto-me envergonhado. ‘Estamos quase lá, mas depois do que aconteceu com a garota e o seu tio está preocupado comigo quanto a isso, é melhor voltarmos?’

‘Eduardo, me desculpe. Não estou…’ Encaro o seu rosto e tenho uma súbita certeza de que seus olhos estão realmente brilhando. ‘Não estou desconfiando de você como o meu tio. Eu juro. A gente pode continuar.’

‘Aqui estamos’ anuncia ele, ao me levar para um lugar onde o chão é pura rocha cinza e as árvores não as alcança. Ao olhar para baixo vejo árvores e escuridão e mais ao longe vejo as luzes da cidade. ‘Para falar a verdade, eu achei esse lugar no primeiro dia em que estive na cidade.’

‘Nunca conheci esse lugar’ admito, encantado.

‘Estou feliz por ter sido o seu primeiro’ ele sussurra. Sinto os pelos da minha nuca se arrepiarem. Percebo que ele ainda não tirou as mãos de mim e me abraça forte. Tento não me mexer mesmo estrando super alerta da nossa posição próxima. Temo fazê-lo sentir vergonha e me mandar para longe. ‘Deseja ficar aqui comigo um pouco?’ Eduardo fala.

‘Com certeza você deve ter coisas mais importantes para fazer?’

‘O que tinha para fazer hoje, eu já fiz.’

Eduardo me solta nesse momento e tira o chapéu. Seus olhos vermelhos estão encarando o horizonte. Ele se senta na rocha do chão e se deita apoiando-se nos cotovelos. Vira sim para mim e dá um sorriso. Eu sento-me ao seu lado e agarro nas minhas pernas para não ficar com muito frio.

‘Tome’ ele diz, tira o sobretudo e eu pego das suas mãos sem conseguir encontrar um jeito de recusar. ‘Não se preocupe, não sinto muito frio.’ A roupa debaixo é preta também, mas mais apertada no seu corpo e dá para notar seus músculos. Eu me enrolo com o sobretudo e agradeço.

Percebo que nunca fiz isso com outra pessoa na minha vida. É bom.

‘No meu tempo’ ele fala, daquele jeito que o faz parecer mais velho do que aparenta. ‘A gente não tinha muita coisa para nos entreter. O céu, o mar, a lua e as estrelas, as pessoas, os amados…’ Ele se vira para mim. ‘Você tem alguma amada, Jesus?’

‘Nem se quisesse’ respondo sinceramente.

‘Por que diz isso, amigo?’

‘Sou estranho. Fui mandado para essa cidade e para junto do meu tio porque minha mãe achou que eu iria melhorar dessa forma.’

‘Pois eu temo não ser capaz de notar qualquer defeito em você.’ Quando ele diz aquilo, eu me aperto em seu sobretudo para esconder o arrepio. ‘Está mesmo com muito frio?’ Ele pergunta, preocupado.

‘Não, está tudo certo.’ Não sei se devo agradecer pelo seu elogio ou retribuir. ‘Você também… você é, digo, você não’ Por que Jesus não ajuda Jesus nesses momentos? Dou um suspiro. ‘Eu também não consigo ver nada em você que me desagrade, Eduardo, senhor.’

‘Por Jesus, Jesus, não me chame de senhor. O único senhor é Jesus.’ Ele fala rapidamente e depois dá uma gargalha por causa da minha confusão. ‘Me chame só de Eduardo’ ele diz quando se cala, calmo como sempre. ‘Venha se deitar ao meu lado.’

Eu me deito ao seu lado e coloco a cabeça na rocha dura e meus pulmões ficam sem ar por alguns segundos com as estrelas que nunca na minha vida pareceram tão bonitas quanto agora. Sinto Eduardo se aproximando de mim.

‘Deite-se por cima do meu braço para não machucar a cabeça.’

Eu fico sem falar por alguns segundos, perguntando-me quais eram as intenções de Eduardo. Mas eu levanto a cabeça e me deito por cima do seu braço. Ele está gelado.

‘Não está mesmo com frio?’

‘Não confie em mim, Jesus.’ Eu olho para seus olhos vermelhos, mais uma vez fico encantado com a beleza peculiar.

Eu confio.

‘As estrelas estão muito bonitas’ falo eu.

‘Elas aparentam estarem ansiosas para assistirem algo, para mim.’ Fico interessado no que ele diz.

‘Como assim?’

‘Estão olhando diretamente para nós, não vê?’ Seus olhos vermelhos estão tão vidrados no céu que eu me assusto quando ele olha para mim de repente e sorri. ‘Você deve achar que sou um louco.’

‘Não.’

‘Nem mesmo por te trazer aqui no meio da noite?’ Pela primeira vez, eu o encaro por um longo período e não tiro os olhos.

‘Também não.’ Meu coração está batendo muito rápido e meu corpo reage de todas as formas positivas possíveis àquele olhar que ele me dá. Ele parece perturbado. Como se algo o estivesse o corroendo por dentro, mas ele está se controlando. Parece até que quer pular em cima de mim. Por que não pula logo?

‘No que está pensando?’ ele pergunta.

Minhas bochechas enrubescem.

‘Nada.’

‘Jesus…’ ele suspira meu nome.

‘JESUS’ Meu coração para por um momento quando alguém grita atrás de mim. Só tenho alguns segundos para me levantar e o velho padre me acha, ele está segurando uma tocha na mão e uma cruz na outra. As chamas brilham em seus olhos. ‘DEIXE O MEU SOBRINHO EM PAZ, DEMÔNIO!’Esse é o último capítulo de hoje para aqueles que já estão cansados de mim.

Helloo: eu to com vários capítulos prontos aqui, quero mandar pra vcs, mas né, é chato.

S2DrickaS2: poxa vida, obrigado mesmo pelo elogio, senhorita. você me deixa com mais vontade ainda de escrever. por favor, volte! :)

Kempzz: olha só, não me peçam isso e depois reclamem quando eu posto hahaha

Ru/Ruanito: só esse. juro.

crys12: obrigado mais uma vez! é homem ou mulher?

dieguinho31: oi dieguinho? o que foi rapaz? me diz aí o que vc n gostou pra eu melhorar.

lu6454: nossa, tentei tentei mas n adivinhei. kkk. obrigado.

yami: desulpa, postei esses capítulos antes de vc comentar, mas obrigado por ter comentado, você é outra fofa - ou fofo? desculpa - e é por pessoas como você e dricka que eu fico com mt vontade de escrever.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Vamp19 a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Kkkkk eu adoro ler, e tipo, acho que quem pediu pra parar foi pro conto não acabar logo porque ele é muito bom 😘😂. E continue postando(quando vc quiser 😂😂😂)

0 0
Foto de perfil genérica

Oxi!!! Quem enjoou de quem aqui? eu não! Sabe o que é foda? tu nos deixou aqui na maior curiosidade. Tu acabou na melhor parte. Ai Jesus !! esse padreco aí estraga prazeres. Gostei da história na versão do Jesus.

Bjos baby e ó deixa dessa bobagem de que estamos enjoados de vc. . A.

0 0
Foto de perfil genérica

Sou fofo!kkkkk muito obrigado...Para se não vou ficar me achando kkkkk(Brinks)hehe e olhe a parte que você foi parar que me matar de curiosidade além de ansiedade de ler o próximo capítulo?!como voce é mau!kkkkkkkkkk.Um beijão na sua bochecha e bye bye lindo(ou linda,não sei e se você já falou não prestei atenção sorry kkk)♥

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

de nada. esse padre idiota as coisa vai esquentar...

0 0
Foto de perfil genérica

Mulher. Ameii esse capitulo e digo por mim que não estou enjoada de ver que vc postou. Adorooo seu conto e estou ansiosa pelo próximo capitulo.

0 0
Foto de perfil genérica

nossa... agora ferro! Ansiosa pelo próximo!!!

0 0