Descobrindo o Amor Cap.20

Um conto erótico de gustavinho
Categoria: Homossexual
Contém 1123 palavras
Data: 29/11/2015 03:41:08

Acho eu, que antes de se tecer um comentário sobre esta história, deve se levar em conta o contexto histórico. Início do século XX, preconceito imperava mais que tudo. O nome era uma coisa importante. Os casais não trocavam o par por qualquer coisa, eles juntos buscavam um concerto para o dilema. Não se deve fazer comparações com os tempos atuais, as coisas são diferentes atualmente...

Cap.20

TRILHA SONORA : SURREAL - SCALENE

NARRADO POR ANTÔNIO

Obviamente eu fui totalmente surpreendido ao receber aquela notícia. Ao vê-lo, todo aquele sentimento que havia adormecido dentro de mim voltou fervilhando para dentro do meu coração. Vê-lo acendeu dentro de mim todo aquele amor que eu senti quanto a sua passagem ao sítio. E receber aquela notícia de que ele havia noivado, foi como uma faca nas minhas costelas. De repente, um ódio e uma revolta subiu em mim. Parecia que eu havia sido enganado. Que tudo o que eu havia sentido e todas as minhas expectativas haviam sido em vão. Porém, conforme ele foi explicando, tudo pareceu muito coerente para mim. Deixando o meu egoísmo iminente de apaixonado de lado, ele tinha a sua razão. Se um de nós fôssemos deserdados, pode contar que o nosso destino seria a Praça Tiradentes (sem ofensas aos que ali fazem a vida) . Eu também não iria querer que isso acontecesse com ele. Eu não tinha o direito de chantagea-lo, sendo que se nós concretizassemos o que queríamos, acabariamos parando em uma vala, um poço sem fundo. Hoje em dia, ninguém mais quer saber se a pessoa tem problemas com a família ou não, o que importa é o currículo. Mas em 1922, um filho deserdado, mal falado pelas pessoas simplesmente era visto com maus olhos por todos. Eu não queria isso para ele. Nem para mim. Sim, eu fui compreensivo. Ele tinha razão. Se nós ficassemos juntos, não teríamos sucesso algum. Ele tinha o dinheiro de querer que eu permanecesse bem economicamente, mesmo que para isso não pudesse me ter por perto. Isso era um ato digno. Poucos abrem mão do amor para ver o amado bem. Poucos pensam no amado. Foi por isso que fui tão compreensivo com ele.

- Então ficará assim... Nós dois... Longe um do outro.

- Nós não precisamos mais deixar de se falar. Só... Só não podemos deixar que... O que sentimos fale mais alto - falou, saindo do meu abraço em direção a porta.

- Maurice ? E depois ?

- Como assim ?

- E quando estivermos formados ? - ele respirou fundo.

- Será se o nosso sentimento se manterá até lá ?

- Ele aguentou por 4 anos, porquê não pode aguentar mais dois ?

- As coisas serão outras, Antoine...

E saiu, me deixando sozinho dentro de casa. Restou-me apenas catar os cacos daquele vaso que eu joguei na parede, e recolher-me. Preparei um banho quente. Joguei-me dentro da banheira e... Durante alguns segundos não pensei em nada. Nem em faculdade, nem em sentimento, nem em nada. Para em seguida desabar. Chorar. Cair em um pranto quase que interminável. O motivo, eu não podia amar quem meu coração amava. A sociedade não deixava. A sociedade não queria que eu fosse feliz. A sociedade queria que eu fosse mais um frustrado. Um frustrado se passando por homem comum, mas que na verdade ama um outro homem.

DIAS DEPOIS

Decidi parar de chorar. Guardar-me novamente e tentar esquece-lo. Eu devia. Eu tinha a obrigação de me concentrar na minha formação. Apenas nisso. Eu faria o meu nome como Astrônomo, não tinha dúvidas disso. Mas era difícil. Em 4 anos, aquele sentimento não havia mudado. Havia apenas adormecido. Nada mais que isso...

NARRADO POR MAURICE

Sai da casa de Antônio destroçado. Em cada segundo, cada momento em que eu andava pela rua, a imagem dele chorando voltava a minha mente. Como eu estava sendo cruel conosco, com ele... Mas, era necessário. Vocês tem noção do que são capazes de fazer para ver o amado bem ? Eu faria de tudo, até me afastar dele, como é o caso. Durante esses anos o sentimento adormeceu dentro de mim, e ele deixou de dominar a minha mente. Mas reencontra-lo... E dessa forma foi marcante. Tudo voltou e com força. Voltou criando dentro de mim um vazio. Voltou com cara de ímã, querendo que eu me aproximasse dele sempre. Entrei na minha residência. Abri porta atrás de porta, até chegar em meus quarto. Apenas tranquei a porta. As minhas pernas falharam ali mesmo. Eu apenas me joguei no chão e começei a chorar. De raiva. De dor. Meu coração sangrava, como nunca antes havia acontecido.

- Porquê !? Porquê isso tem que ser assim !?

Eu não queria. Juro de pés juntos que não queria ter que esquece-lo. Ter que me separar dele. Mas era a única forma que eu via de manter a integridade nele. Não via mais uma alternativa. Era a única forma plausível de que isso acontecesse. Eu não tinha escolha ! Apesar do que possa parecer para um desavisado, eu não deixei de ama-lo. Eu ainda o amo. E isso se confirmou para mim assim que nossos olhos se cruzaram. E meu coração bateu forte, como uma bateria de escola de samba...

2 ANOS DEPOIS

NARRADO POR ANTÔNIO

E mais uma vez eu parei de pensar nele. Nos encontramos mais algumas vezes depois daquela conversa. Um esbarrão no bar, na rua, no mercado. Sorrisos amarelos, desejos estampados nos olhares. Mas nada mais aconteceu. Ele realmente levava a Sério aquilo.

FLASHBACK

O mercado estava cheio aquela manhã.

- Vou querer um quilo dessa carne aqui - dizia ao açougueiro, que agora me atendia.

- Só um momento - reparava ele cortar a peça, quando de repente um homem bem vestido parou ao meu lado.

- Com licença, o filé já chegou ?

- Sim, sr. Maurice. Chegou ontem a noite - meu olhar virou, e de repente aquele calor e aquela palpitação voltava. Ao me ver, ele também ficava nervoso. Se remexia, seu olhar brilhava.

- Está tudo bem com você ?

- Sim... E com você ?

- Estou mais ou menos... - tudo se resumia em poucos dialogos, e logo eu ja estava novamente separado do meu amor.

FIM DO FLASHBACK

Nao nego, era difícil cumprir o necessário. Eu queria muito te-lo para mim, mas não podia. A melhor forma que eu encontrava para tentar esquece-lo, era simplesmente me jogar de cara nos estudos. Faltava poucos meses para a formatura, eu agora me concentrava no meu trabalho de conclusão. Usava a luneta, em uma noite Aberta e cheia de estrelas em busca de mais material para ele, quando fui surpreendido por uma voz feminina.

- Olá ? Você é o... "Antoniô" - um forte sotaque francês pronunciava o meu nome em português

- É Antônio, na verdade.

- Ah sim.

- Quem é você ?

- Eu sou a mãe do Maurice...

Continua

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Comentários

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Infelizmente o preconceito naquela época era muito grande,mas nada empdiria dois amantes de ficarem juntos em 4 paredes,longe da sociedade,,,A mãe do Antonio e a do Maurice,bem que tentaram,mas acho que eles deveriam lutar pelo amor,que um sente pelo outro!1Continua logo!!!

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Cap esplendido Gu; Assim como já havia dito antes e algumas pessoas falaram novamente, tanto a mãe do Antonio quanto a do Maurice já haviam trocado correspondências e ambas sabiam do amor "secreto" deles. Quero só ver o q a mãe do Maurice quer tanto falar com o Antonio, coisa boa ñ deve ser concerteza. Aguardando mega ansioso por muito mais logo desta estória sensacional. Bjs e até o próximo post.

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Sabia as duas já sabiam elas duas tramaram essa separação e por isso a mãe de Maurice queria tanto que ele se casa-se logo mesmo ela não gostando da nora. . . Eita que agora vai ser o bixo esperando o proximo já!

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