O vizinho — parte 8

Um conto erótico de Bumbum
Categoria: Homossexual
Contém 1700 palavras
Data: 17/02/2016 03:42:46

Eu não sei de mais nada. Acho que pelo fato de eu escrever de madrugada meu texto sai carregado demais. Digo, com uma aura...sei lá como. Esse daqui é outro que eu nem gostei. É sofrido. Mas vamos ao que interessa: Considerações. Gostei de todos os comentários. Eu me sinto até alguém importante quando os leio. Kkkkkk. Brincadeira. Mas ainda em relação aos comentários, acho que aqueles que tinham alguma dúvida em relação ao Victor tem que ler mesmo esse capítulo aqui. Sejam felizes.

Ah, um beijo...em que parte agora...na parte de dentro da coxa esquerda de vocês. Acho que esse pode ser bem molhado pra gerar mais sensação. E antes que eu me esqueça, para uma pessoa em específico, Malévola, se me permite, desejo uma mordidinha bem carinhosa e suave na nuca. Kkkkkkkkkk

Email para...sei lá o quê: lucasrique10@hotmail.com

@@@ Conto anterior

E então o beijo chegou. Boca na boca. Mas não foi um beijo tão orquestrado, como de cinema. Foi simples e singelo; acreditei que foi de proprósito, para eu não me assustar. Ainda assim, a primeira impressão foi estranha. A pele dos lábios do Victor estava fria e quente ao mesmo tempo. E o movimento, que era quase nenhum, fazia nossos rostos se moverem bem pouco. Eu não via nada, estava de olhos fechados, mas sentia tudo. E, no fundo, até gostei.

...

Na tarde seguinte eu saí um pouco de casa, como recomendado pelo Victor. Decidi dar uma volta no campinho de terra ali perto. O dia estava bem fresquinho e começava a escurecer. Calcei um chinelo bom e fui.

O campo há muito que tinha sido abandonado, a terra estava batida feito pedra e cheia de buracos. Por isso os muleques preferiam jogar bola na rua. Também porque ali já não havia mais traves ou travessões, e o campo estava coberto por um mato alto ao redor, e até dava medo passar por perto. Mas aqueles que se aventuravam, ainda utilizavam o espaço para fazerem suas caminhadas. E foi o que eu fiz.

Quando a hora se aproximou das sete da noite (eu não tinha relógio mas julguei estar certo), resolvi andar uns passos a mais e chegar à casa do Victor. Sem nenhuma pretensão, queria apenas conversar.

Bati no portão.

— O Victor está? — Disse eu a seu pai, que me atendeu com um sorriso pouco cortez.

— Espera um segundo. Victor? Ta te chamando aqui no portão — Gritou o pai.

Esperei e então o Victor apareceu. O pai entrou e nos deixou só. Antes, porem, recomendou ao filho que não ficasse muito tempo ali fora.

— Oi, Lucas, tudo bem?

— Estou, sim. E você?

— Estou ótimo.

Trocamos cumprimentos e nos sentamos mesmo no chão. Eu um pouco suado não estava nem ao menos preocupado em me sujar. Já o Victor parecia bem limpo e achei que fez aquilo só para me seguir. Ficamos um de frente para o outro, como duas crianças bem pequenas com as pernas dobradas, uma sobre a outra.

— Então, Victor, comecei a escrever. E já enchi três ou quatro folhas.

— Isso é ótimo. Mas sabe que quantidade não significa nada, ne? O que vale é expressar o verdadeiro sentimento.

Cada vez que Victor falava em sentimentos, verdades, desejos, eu o imaginava como aquele profissional que em algum lugar aqui já mencionei. Era impressionante como Victor sabia ser manso e correto com as palavras. E hoje pensando, porque na época não tinha cabeça para isso, era para ser muito mais admirável se levássemos em conta o fato de que Victor era apenas um jovem. E encontrar um jovem com a cabeça tão mansa e no lugar é sempre difícil em qualquer tempo. Mas sorte foi a minha por tê-lo encontrado. Ou, por acaso, foi ele quem me encontrou?

— Eu sei que o que vale é o conteúdo, só to falando o tanto que já escrevi contando apenas o começo da história. Aquela sacanagem.

Victor balançou a cabeça e limpou a terra das mãos.

— Mas não vamos falar disso. Acho que agora você já passou da fase de ficar relembrando as coisas. Só pode voltar atrás pra escrever. Vamos falar de uma coisa boa, ora. O que você faz por aqui? Veio só me ver? — Sorriu.

Para falar a verdade, a resposta era sim e não. Eu saí para caminhar, e só isso. Acontece que no fim eu simplesmente decidi que queria conversar com meu amigo. E ali estava eu.

— Eu segui o seu conselho de aparecer um pouco na rua, sabe, espairecer. Aí decidi vir aqui. Algum problema?

— Claro que não — Victor fora tão espontâneo que era impossível estar mentindo. — Se quiser, pode vir todos os dias, será um prazer.

Nessa hora não cheguei a corar as bochechas, mas confesso que faltou pouco. Apenas demonstrei-me um pouco envergonhado. E Victor percebeu logo.

— Você faz umas expressões tão bonitinhas, Lucas — O sorriso recatado do Victor apareceu outra vez. E a minha vergonha aumentou um pouco mais. — Não fica assim, bobo, foi coisa boa que eu disse.

— Eu sei, mas...

— Mas o quê?

Uma pausa.

— É que eu nunca ouvi isso de alguém, sebe? Aí é estranho pra mim.

Victor fez então aquela onomatopeia que quer dizer "que coisinha fofa!", como um "ownnnnnn", não sei bem como reprezentá-la. Desculpem-me. So sei que eu fiquei um pouco mais encolhido ao ouvir. Mas no fundo eu gostei.

— Tem tanta coisa que eu posso falar sobre você — Começou Victor. E na mesma hora entreguei a ele um olhar curioso. — Só coisas boas, claro — Melhorei o olhar. — Veja, você é legal, é inteligente, é amigo, é bonito...deixa eu ver mais, é legal...bonito eu já disse?

Rimos.

— Mas é sério — continuou —, só não sei porque não fomos mais amigos antes — pausou a fala, como se pensasse em algo. Prosseguiu: — Acho que fiquei com medo de eu gostar de você.

Eu não soube o que falar. Foi a deixa para ele:

— Eu não te conhecia bem, foi isso. Imagina você me dando um soco assim — Esticou o braço o quanto pôde lentamente em direção ao meu rosto. Eu entrei na brincadeira e fingi ter recebido o golpe. Nessa hora passou um carro na rua e o farol nos iluminou. Ficou parecendo cena de filme. Rimos mais outra vez. — Mas agora sei que você não me bateria. Só não sei se...

— Se o quê? — Fiquei curioso.

Victor estava sem jeito.

— Se o quê, Victor? — Repeti.

E então ele disse de uma vez:

— Se você iria gostar de mim.

Silêncio profundo entre nós.

E então eu me lembrei do beijo. E lembrei que eu havia gostado mas não com aquele sentimento profundo e indecifrável. O beijo entre nós, pelo menos pra mim, foi muito mais por curiosidade do que por instinto ou desejo.

Eu encarava o Victor e enxergava seu olhar sincero. Mas por dentro eu estava meio cru em relação a nós. Eu percebia isso e lamentava. Na verdade, eu gostava muito do Victor, mas era um gostar que pendia muito mais para a mizade, afinal de contas ele foi um tremendo de um amigo.

Ainda assim eu precisava respondê-lo. Pensei em algo sensato para dizer mas não encontrei.

— Eu acho que iria gostar, sim, você é legal e amigo.

— Serio? Fico muito feliz. E eu sou bonito também? — Disse em meio a sorrisos.

E com certeza Victor era bonito, isso sem discussão. Ele era alto, bem mais que eu, e também magro. Não era musculoso mas representava forte. Era branquinho e tinha o cabelo castanho liso e cumprido, que caia um pouco na testa e nas orelhas. Tinha os olhos também castanhos. E era um castanho forte.

— Claro que você é bonito. Bem mais que eu — Abaixei a cabeça e fingi estar humilhado.

"Ownnnnnnnnnn".

— Eu ja disse que você é bonito. E fica ainda mais quando faz essas caras...Posso te dar outro beijo? — Outra vez espontâneo. Mas agora não ficou sem jeito, continuou me encarando com olhar fitado.

E eu não sabia de nada. Eu só tinha medo. Medo de continuar sem corresponder o Victor e acabar magoando-o. Isso seria terrível. Eu não queria, nunca, jamais, ver isso acontecer. Mas de certa forma também não queria dizer um não a ele. Por isso confesso a vocês (e fico envergonhado por isso) que eu só pensei em aceitei aquele beijo para agradar o Victor, como se eu tivesse uma dívida com ele. Me desculpem.

— Você quer mesmo me beijar, Vicor? — Disse eu.

— É o que eu mais quero agora.

Victor então olhou para os lados e também para dentro da casa. Não viu ninguém. Aproximou-se de mim ainda sentado e passou as costas da mão pelo meu rosto. Depois trouxe a outra e pousou cada uma das palmas em uma das minhas bochechas. Ele não segurava com força, era tudo macio e suave. Suas mãos estavam quentes e começavam a suar. Então foi aproximando o seu rosto do meu.

Até que de repente parou no meio do caminho. Recolhei as mãos.

— O que foi? — Perguntei.

— Eu não posso te beijar. Por mais que eu queira muito, por mais que eu deseje profundamente, não dá.

— Mas por que? — Fiquei sem entender.

— Porque você não quer, Lucas. A sua boca diz sim mas a pele do seu rosto diz não. Você é sensivel, não consegue esconder a verdade.

— Mas eu quero, sim, Victor — Disse eu já esticando meu corpo em direção ao dele, levando a boca em primeiro lugar.

Mas Victor virou o rosto. Estava triste. E por isso eu também me entristeci.

— Não, Lucas, é melhor não. Eu que te pressionei. Eu fui errado — Levantou-se. — Quem sabe outro dia. Hoje, não. Já ta tarde, vou entrar, pode ser? Até mais.

O portão se fechou e meu semblante também. Foi a primeira vez na vida que eu me senti mal por algo que eu fiz mas que não tinha sido minha culpa. Sim, no fundo eu sentia que a culpa não era minha. Eu não tinha sentimentos formados por Victor e não podia fazer nada a respeito. Meu único erro foi não ter me aberto com ele. Contar logo de uma vez. Ele teria entendido. Ainda assim, eu me sentia muito mal, e iria escrever sobre isso.

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Comentários

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O que falar deste capítulo. Top. Sabe... tu escreve com um desejo, parece falar com o leitor. Gostando....

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O Victor tem que conquista-ló de pouco em pouco, nesse capítulo ele demonstrou ter sentimentos pelo amigo. Já o Lucas, deve tentar ou dar uma chance ao Victor, o medo e a falta de amor dele é muito irritante, digo, nos deixa irritados com esse lenga-lenga

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Acho que Victor é uma boa pessoa mais nunca se sabe né.

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Ainda acho que tem alguma coisa por trás disso. Abraços e bjs 😄 😘

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MUITO BOM. MAS FICO IMAGINANDO QUAIS SÃO REALMENTE AS INTENÇÕES DE VICTOR.

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