[Repost] O Lutador de Jiu-Jitsu 19

Um conto erótico de Jhoen Jhol
Categoria: Homossexual
Contém 10955 palavras
Data: 05/03/2016 15:26:40

Quando abrimos a porta o cheiro da comida invadiu nosso ar... era delicioso... olhei e ela tinha organizado o apartamento... pôs até flores num jarro...

Mãe> Filho? É você? (gritou da cozinha)

Gabriel> Sou eu mãe...

Mãe> O Guilherme veio contigo? (gritou novamente)

Guilherme> Vim sim Julia!

E ela apareceu na porta... tava de avental...

Mãe> Boa noite Guilherme... sinta-se a vontade... daqui a pouco chego ai...

Guilherme> Boa noite dona Júlia... fique a vontade também... quer ajuda?

Mãe> Não brigado... (fiquei feliz) só do Gabriel quando for por a mesa...

Fiz uma careta!

Gabriel> Tá bom mãe... vou pro quarto viu... conversar com o Gui lá...

Mãe> Já sei que esse conversar é jogar vídeo game!

Rindo, fomos pra o quarto... o engraçado é que minha mãe considerava o Guilherme um guri como eu... porque pra ele dizer que a gente ia jogar videogame era porque na cabeça dela ele tinha 16 ao invés de 23 rs... coloquei a sacola com o presente do Gui no guarda-roupas e ele me olhava com sorriso no canto da boca...

Gabriel> O que foi...

Guilherme> Você! (ele estava encostado na mesinha do notebook com os braços cruzados) poderia ter me dado o presente... mas faz o mistério... por quê...

Gabriel> Porque senhor Guilherme... não é você que diz que temos que esperar... que tudo ao seu tempo!

Ele riu e me puxou abraçando...

Gabriel> Gui para! Mainha pode nos ver...

Guilherme> Bom... aí facilita as coisas...

Gabriel> Deus me livre... eu não estou preparado...

Guilherme> Tá bom (me deu um selinho e me soltou) tudo ao seu tempo!

E ficou mexendo nas minhas coisas... tava ai... pra eu aprender! Deveria ter bisbilhotado as coisas dele...

Mãe> Meninos! Venham... já vou servir... Gabriel! A mesa!

Respirei fundo... não tinha como escapar... Chegamos na cozinha e o Gui foi cumprimentar mainha... eu olhava de lado... achava estranho... rs... verdadeiramente estranho o fato dele está ali... beijando minha mãe no rosto, sorrindo daquele jeito lindo que ele faz... com o canto da boca... e os olhos negros brilhando... era estranho ver a minha mãe segurar a mão do Gui e olhar nos olhos dele sorrindo como dois amigos... de forma leve tranquila... na realidade era algo que me fugia o fato deles terem se tornado amigos antes deu nem imaginar que o Gui poderia existir... era estranho mesmo... pois minha mãe era amiga de meu namorado sem nem imaginar que ele era o homem de minha vida... que eu era gay e que simplesmente dali a pouco... talvez meses... ela ficaria sabendo que o seu amigo... que ela apresentou... iria ser o seu genro!

Mãe> Gabriel! Tá voando... ponha os pratos filho...

Acordei e sorri... eu tava viajando naquele pensamento... fiquei um pouco vermelho e me dirigi ao armário pra por a mesa...

Guilherme> Ele sempre fica vermelho quando é pego de surpresa?

Mãe> Quando é pego de surpresa... quando está envergonhado... quando se assusta... quando vai pedir algo a alguém... quando é apresentado a estranhos... quando é provocado... quando...

Gabriel> Mãe! Chega tá...

Os dois riram... eu deveria estar um camarão!

Guilherme> Também fica envergonhado quando é elogiado...

Mãe> Quando está recebendo nota alta do professor... imagina

Gabriel> Ei... parou! Chega! Ou vou pro quarto e vocês ficam ai a noite toda a falar de mim... sozinhos!

Eles riram muito e eu pus emburrado a mesa...

Guilherme> Como era o Gabriel pequeno? Tipo... eu ainda acho ele pequeno...

Gabriel> Guilherme! Me poupe...

Mãe> Pequeno? Só se for pra você que é um gigante! Mas ele até que é grandinho...

Riram mais ainda... aff... ia quebrar um copo de propósito pra ver se eles paravam...

Mãe> O Gabriel sempre teve o mundo dele... quando ele era pequeno ele simplesmente vivia no mundo dele... com os personagens que ele criava... passava horas sozinho brincado... desenhava os personagens que assistia na TV... e depois os recortava pra brinca... (suspirou) ele tinha vários brinquedos... mas o quer realmente gostava era desenhar... recortar os bonecos e brincar com eles... daí ele criava muita coisa...

Eu olhei de rabo de olho pra ele... não me recordava muito de quando eu era pequeno... mas me lembrava dos desenhos que fazia!

Mãe> Sabe Guilherme... foi duro pra o Gabriel perder o pai... e pra mim também...

Dei as costas pra eles... e me apoiei na pia... não gostava daquele história... não gostava mesmo...

Mãe> E depois que nos mudamos... e viemos pra aqui... bem... foi difícil... e ai ele se fechou mais ainda no mundo dele... nunca teve muitos amigos... tipo... ele nunca quis... nunca teve vontade... a única pessoa que se tornou amiga dele de verdade foi a Jú... e por insistência... você conhece a Jú... simplesmente ela impôs-se amiga dele e pronto... mas ele sempre foi sozinho... e por preferência... não porque era triste... mas porque estava além... além dos demais... entende?

Gabriel> Mãe por favor!

Mãe> Você é o primeiro amigo que ele traz pra casa... bem... teve a pouco tempo outro que veio assistir um filme aqui... mas eu nunca o vi... e outro que veio trazer um livro que ele deixou na escola... mas bem... também não voltou mais...

Respirei fundo... parecia que eu era um eremita!

Gabriel> Vai ter café pra eu por xícara ou vamos tomar suco...

Mãe> Os dois...

Guilherme> Quer dizer que ele teve poucos amigos...

Gabriel> Guilherme suco ou café?

Mãe> Sim... mas não por ser esnobe... por ser tímido e viver no mundo dele... ele realmente se punha em um mundo só dele...

Gabriel> Em Guilherme?

Guilherme> Os dois... e o que ele mais gostava de fazer quando criança?

Mãe> Tocar piano nu... (fechei os olhos) daí eu dizia me aproximando dele e pegando no pintinho dele... (pus as mãos no rosto) meu piu-piu vai tocar hoje o que pra mamãe... e ele respondia... mainha vou tocar o... ursinho pimpão!

Os dois gargalharam. E eu queria chorar... que vergonha!

Guilherme> Qual a idade que ele tinha?

Mãe> Sete anos...

Guilherme> Que música é essa? Ursinho pimpão...

Eu estava rezando pra que houvesse um abalo sísmico e o chão se abrisse me tragando Dalí...

Mãe> É uma música que não é do tempo de vocês... eu assistia quando ainda era adolescente... um programa infantil... balão mágico...

Guilherme> Sei sim... bem anos 80... já fui a festas com tema do Balão...

Mãe> Pois é... ensinei a ele esta música e ele cantava quase todo dia...

Guilherme> Pelado!

Mãe> E com o pintinho a mostra...

Me virei e olhei sério...

Gabriel> Senhor Guilherme se não parar que isso... e você senhora Júlia... se não pararem eu me tranco no quarto e só saio pra aula amanhã...

Ele me olharam sérios...

Mãe> Duvido que abra mão disso aqui...

E ela abriu a panela de creme macaxeira com carne de sol desfiada... meu estomago roncou e minhas sobrancelhas sobre meus olhos se juntaram suplicantes...

Gabriel> Tá... aguento mais um pouco!

E me sentei com o garfo na mão! Eles riram muito e eu fiquei olhando... mainha não parava de rir... o Guilherme se encostou na pia e se dobrava... eu estava arrasado... humilhado... envergonhado... mas por nada no mundo eu iria sair dali sem comer pelo menos metade daquela panela de macaxeira...

Mãe> Ele sempre foi comilão... tomava três mamadeiras quando deveria tomar uma...

Gabriel> Dá pra servir a janta?

Guilherme> Vejo que tudo o que come sai... ele não tem gordura nenhuma...

Olhei pra ele e quase dizia... e a bunda seu desgraçado? Mas era melhor não falar aquilo!

Mãe> Realmente... mas pode ter certeza que ele come feito um leão! Teve uma vez...

Gabriel> Mãe!

Mãe> Tá vou servir...

O Gui se sentou na minha frente... o sorriso dele era enorme... olhei envergonhado... mainha pôs uma travessa com a macaxeira... tinha inhame... também pão... manteiga... biscoito... pamonha... canjica... café... suco de cajá... e bolo de chocolate... simplesmente salivei... e esqueci da conversa daqueles dois...

Mãe> Continuando (ela sentou-se e serviu o Gui, depois a mim...) teve uma vez que a Jú simplesmente falou pra ele repetir o prato... dizendo que tava com fome... Guilherme esse menino me fez uma vergonha... estava Dona Alba aqui e ele falava... mãe tou com fome...

Gabriel> Mas eu tava!

Mãe> Ele falava mãe tou com fome... e comeu um prato enormee a jú falava... avisa que tá com fome... e ele engolindo corda!

Suspirei... aquilo ia durar tanto...

Mãe> Mãe tou com fome... Guilherme esse menino comeu cinco pratos... Cinco! Com nove anos de idade!

O Gui me olhou e eu peguei um pedaço de pamonha e pus no prato... olhei de rabo de olho...

Mãe> Também ele no mesmo instante sentiu-se tonto... e queria cochilar... Guilherme era de fazer dó... ele não queria ir pra escola... mas ele foi! Foi arrastando a mochila... com os olhos sonolentos... mas foi pra escola... tive pena... mas ele precisava aprender a não ir na onda dos outros...

Peguei mais um pouco de macaxeira e abri a canjica... hummmm

Guilherme> E o que aconteceu na aula?

Mãe> Ele dormiu a tarde toda!

E mais uma vez gargalharam de mim... aff

Guilherme> Quer dizer que ele sempre foi comilão...

Mãe> Sim... mas, assim... não que fosse mal educado... se tivesse pouco ele dividia normal... por igual... comia pouco e nunca aperreava por mais... mas, como sei da peça... sempre fazia muito... e ele então... tem garfo forte... olhe só... tá no terceiro prato...

Olhei e vi os dois em observando... mesmo na hora em que eu punha na boca uma colher mal-educada (cheia demais) e com a outra mão espetava um pedaço de inhame! Ficamos uns segundos, poucos, mas que gerou um anticlímax que ocasionou uma gargalhada de ambos...

Guilherme> Melhor me apressar senão fico com fome!

Gabriel> Até parece! (com a boca cheia e a voz embolada)

Mais gargalhadas...

Mãe> Mas o melhor dele é que ele é um filho especial... é o único que tenho... e o que mais me orgulho dele é o fato dele nunca mentir...

Eu olhei pra ela e fiquei desconfiado... aonde ela queria chegar...

Mãe> E um dia eu seu que ele irá me contar coisas que eu não entenderei...

Meu coração disparou... aonde ela queria chegar?

Guilherme> Como assim Júlia... que coisas o Biel tem pra dizer que poderia não entender?

Olhei pra ele assustado e suplicante... perdi a fome totalmente... aonde ele queria chegar?

Mãe> Guilherme eu sei muita coisa...

Meu coração agora estava a uns 300 por minuto... senti falta de ar... e engasguei com o suco... parecia que meus olhos saltariam da órbita...

Guilherme> Como assim... pode ser específica Júlia?

Minha mãe tava de cabeça baixa... olhei pra ele e ele me olhou com um semblante de não se preocupe eu estou aqui e estou pra te proteger e apoiar... pelo menos foi o que ele falou entre os lábios “eu te protejo”. Será que ela iria revelar que tinha suspeitas de que eu era gay?

Gabriel> Mãe por favor... que papo estranho é esse... eu não tenho nada... nada que precise confessar (frisei o precise pois não mentiria jamais)...

Ela me olhou e tocou minhas mãos...

Mãe> Você é a única benção que tenho em vida... depois que seu pai morreu apenas me restou uma única razão de viver... você! Você é a única razão por eu estar viva... e a pessoa que lhe tiver do lado será a mais abençoada do mundo meu filho... seja quem for... terá a maior sorte do mundo... porque você é digno... honesto... cativante... simples... humano... bom... coração bom! Simplesmente tão bom que a gente julga não existir... por ser lindo por fora e por dentro... quem tiver a chance de ter o seu amor... será absolutamente feliz... e é por isso que eu digo... posso não compreender algumas coisas... mas uma eu gostaria de entender...

Seria agora?

Guilherme> O que a senhora queria entender... pode dizer Julia!

Olhei pra ele, senti o apoio...

Mãe> Queria entender porque não me contou na época... (ela fechou os olhos e senti sua voz falar) porque não me contou que foi abusado sexualmente meu amor?

E então chorei!

Guilherme> Júlia! A senhora sabia?

Ela olhou pra o Gui e eu apenas chorava... de cabeça baixa... era um assunto horrível pra mim e saber que minha mãe sabia me deixava absolutamente desolado... envergonhado... exposto...

Mãe> Sim... desde o tempo em que aconteceu... mas, você sabia Guilherme? Ele te contou...

Guilherme> Júlia eu sei o quanto seu filho é maravilhoso... estou dia a dia descobrindo isso... e sim... ele me falou...

Eu chorava em silencio...

Mãe> Mas ele confiou em você?

Guilherme> Sim... porque eu confiei nele... e contei minha vida... minha história... e hoje estamos muito ligados... mas o que importa é que eu sei e pelo visto a senhora também sabe... mas como?

Mãe> O médico me disse... no hospital... eu tentei perguntar a ele, mas ele se fechou naquele tempo... não quis conversar... e toda vez que eu tocava no assunto ele saia sempre da situação... sem falar nada... apenas mudava o assunto... e nunca ficou triste... aliás ele simplesmente se empenhava em mostrar que estava bem... mas eu por dentro estava destruída... arrasada... e impotente! Tinha medo de abordar e simplesmente ele ficar traumatizado... não sei... só sei que passou... o tempo passou... e hoje eu simplesmente na companhia de vocês dois tive esta lembrança... e então... chegou a hora... (me tocou a mão) mas me diz apenas porque nunca me falou nada...

Olhei pra ela e falei...

Gabriel> No começo eu pensava que eu era impuro... e não queria que me visse assim... mas ultimamente eu acho que eu não te contei porque não representou nada de relevante na minha vida... simplesmente foi um capítulo sem importância... daí passou-se... e chegamos até aqui... mas foi algo que me deixou mais tímido... introspectivo... envergonhado até de cantar em público... bem... sei lá!

Guilherme> Bom, acho melhor depois vocês falarem sobre isso... mas Júlia eu posso te garantir... esse rapaz corajoso aqui está sem sequela nenhuma daquele tempo viu!

Mãe> Eu sei... eu sei... mas vou entender um dia como é que existe gente que possa fazer mal a uma criatura como o Gabriel... enfim (suspirou) não quero falar mais disso... vamos nos confraternizar... é o primeiro jantar do Guilherme, meu amigo, e agora amigo de meu filho em nossa casa... e não vamos falar de coisas tristes...

Guilherme> Vamos falar de coisas alegres... qual foi o maior mico do Biel?

Eu ainda chorava um pouco... mas olhei pra ele e tive sentimentos assassinos... como poderia me dividir entre a tristeza e a raiva... que homem eu fui escolher pra amar em! ele me olhava com o rosto um pouco triste, então percebi que ele queria animar a todos...

Mãe> Teve uma vez que ele se apresentou numa gincana...

Limpei as lágrimas nos olhos... pelo menos aquela ele sabia... meu nariz estava vermelho... o Gui me olhou com o sorriso no canto da boca de volta...

Guilherme> Esse eu já sei...

Mãe> Ah tá... mas eu não acho esse o maior... é verdade que foi muito engraçado e que ninguém em sã consciência dançaria com pinico... (riram... comecei a não gostar do rumo da história) mas o que eu acho que foi o maior mico dele...

Gabriel> Gente, vamos jantar! Vocês só falam de mim... que coisa chata!

Guilherme> Fica quieto Biel... fala dona Júlia...

Desisti...

Gabriel> Tá, tá bom eu falo! Foi quando eu, com sono... acordei a noite desorientado... acho que eu tinha...

Mãe> Tinha passado o dia todo na piscina... e tava enfadado... aliás tomou bebida alcoólica também... a primeira vez... tinha uns 11 anos, foi a Jú que deu a ele... mas ele não bebeu muito não... em fim...

Era melhor eu contar de uma vez senão ela iria incrementar demais...

Gabriel> Eu acordei desorientado e com sede... fui pra cozinha e na realidade andei tateando e entrei dentro do elevador... subi até a cobertura... bem... o salão de festas fica lá em cima... e...

Mainha começou a rir sem parar... e eu já fiquei extremamente constrangido... o Gui riu junto sem entender o porquê mas só riu porque mainha tava quase que descontrolada...

Mãe> O Gabriel sai do elevador com cara de sono... segurando um lençol e... totalmente pelado... no meio das bodas de ouro do casal do sexto andar! Todos olharam pra ele... inclusive eu...

Olhei pra cima e suspirei... porque a vergonha me persegue?

Guilherme> Eu não acredito!

Mãe> A sorte é que ele não tinha pelinho nenhum... mesmo com 11 anos... era limpinho... acho que ainda hoje é... é filho?

Gabriel> Mãe! (gritei)

Os dois gargalharam... aquele jantar tava um saco!

Mãe> Até hoje se fala naquela visão... eu corri pra ele e o cobri com o lençol... ele tremia de frio e não entendia direito onde tava... tenho até uma foto dele comendo bolo pelado, enrolado no lençol e com a boca toda melada... era tão fofo meu piu-piuzinho!

Gabriel> Mãe para! Por favor... quero café! Quer café Gui?

Guilherme> Quero sim... me serve Biel...

Mãe> Ele sempre foi assim... tava morto de vergonha... mas quando viu o bolo... topou ficar na festa enrolado no lençol, mesmo com todo mundo rindo dele...

Guilherme> Ainda bem que ele era novinho imagina se fosse mais velho e tivesse...

Fechei os olhos e rezei fervorosamente...

Mãe> Mas estava... durinho!

Baixei a cabeça sob os braços cruzados sobre a mesa... era o fim! As gargalhadas eram trombetas que avisavam o meu apocalipse pessoal!

Guilherme> Estou completamente chocado (conseguiu dizer depois de tossir engasgado) como foi acontecer isso Biel?

Eu passei seis anos de minha vida tentando esquecer aquele dia fatídico e simplesmente Guilherme e mainha o traziam aquele episódio de volta... o que eu fui zoado naquela época não tem noção! Todo vizinho olhava e perguntava se eu ia pra praia de nudismo... se eu era naturista... se eu encontrava alguém no elevador... logo ele olhava pra mim rindo e perguntava se havia conhecido finalmente roupas... era absolutamente constrangedor...

Mãe> Foi... foi porque esse moço bebeu cedo demais... com 11 anos... tudo coisa da Juliana! Mas foi bem feito... ele só veio pegar novamente em bebida a uns meses atrás... numa outra festa... mas que desta vez ele se comportou... pelo menos tava vestido...

Riam mais uma vez...

Guilherme> Gabriel eu nunca imaginei que sua vida tivesse sido tão emocionante...

Mãe> Mais emocionante foi quando ele fez xixi nas calças no halloween do Miralilândia. Quando um vestido de mostro chegou por trás dele e falou: sai da frente Demônio, kkkk!

Gabriel> Eu tava com a bexiga cheia! (falei emburrado)

Riram novamente!

Gabriel> Chega mãe... por favor... vamos terminar o jantar... tá chato!

Mãe> Tá bom... tá bom... senão você não dorme hoje.... nem me deixa dormir... (e finalmente mudando de assunto) mas me conta Guilherme, como foi a competição em São Paulo?

E eles começaram a conversar sobre as lutas em Sampa... o que me deixou mais tranquilo... pelo menos momentaneamente...

O jantar transcorreu mais ‘tranquilo’ dali então... quanto terminou o Gui ofereceu pra lavar a louça... que coisa mais fofa... mainha recusou, mas ele insistiu e pegou das mãos dela a louça que ela recolhia e pôs na pia...

Guilherme> Eu insisto e fico magoado se não aceitar essa pequena ajuda... além do mais, o Gabriel vai me ajudar...

Engasguei com um pedaço de bolo...

Gabriel> Eu o que?

Mainha riu...

Mãe> Só por essa eu vou querer sua ajuda... (e me olhou triunfante)

Gabriel> Gui é o seguinte... não precisa se preocupar...

Guilherme> Pega o pano de prato...

Gabriel> Mas é que...

Guilherme> Agora Gabriel!

Peguei o pano de prato e mainha riu... olhei pra ela bravo e ela levantou as mãos pra cima como se quisesse se safar da culpa e saiu rindo...

Mãe> Vou organizar uns planos de aula pra amanhã... quando terminarem me avisem...

Quando mainha saiu eu dei um beliscão no braço do Gui...

Guilherme> Ai Biel, que foi que fiz? (tentou fazer cara de inocente... mas o sorriso do lado denunciava)

Gabriel> Só quero dizer que estás de maus lençóis comigo viu (sussurrava pra mainha não escutar) e quando eu tiver uma oportunidade boa... vai ter revanche viu senhor Guilherme...

Ele riu e começou a lavar a louça... Terminamos com várias provocações... o Gui fingindo que não entendia nada e eu acusando ele de ter forçado uma situação pra mainha revelar meus micos... após lavar, enxugar e guardar a louça, fomos pra sala... sentamos no sofá... gritei por mainha mas ela falou que ainda tava ocupada, que eu fizesse companhia pro Guilherme...

Guilherme> Tou doido pra te beijar (falou baixinho) desde que na minha cabeça não sai a cena de você peladinho sentado ao piano... ou ainda só de lençol todo lambuzado de bolo... hummm, chego a começar a me excitar!

Gabriel> Gui! Por favor! Mainha (apontei pro quarto)...

Guilherme> Eu sei... eu sei... mas não sou de ferro! Tou passando por um mal bocado... viu... você nem imagina o que é ficar na abstinência!

Gabriel> Eu sei... estou há 16 anos de abstinência, em iminência dos 17! Mas...

Guilherme> Eu sei amor... não tou cobrando... aliás eu que não quero que seja agora...vou esperar... mas é que pensando como tudo aconteceu... só vejo você como é agora naquelas situações... e, poxa... isso me dá um tesão da porra! (falou baixinho)...

Gabriel> Então faça ioga e sublime isso!

Ele pegou minha mão e pos no pau dele...

Guilherme> Porque você não sublima isso aqui!

Era uma rocha... puxei minha mão dali rápido... o perigo tava ao lado!

Gabriel> Gui mainha ta ai! Ta louco...

Guilherme> Sou louco por você!

Ele ria e falava aos sussurros... então pensei... se tou na chuva é pra me molhar... e se ele queria brincar com o perigo eu mesmo iria mostrar a ele a real face do perigo...

Gabriel> Ah é... você que sabe...

E me levantei e fiquei na frente dele... me virei de costas... baixei a bermuda mostrando minha bunda...

Gabriel> Gui... olha se o machucado sarou... tipo... acho que ainda dói aqui... (e me curvei um pouco pra frente e olhei pra trás... ele respirava de boca aberta e seus olhos brilham muito...) aqui Gui... olha... (e toquei a parte superior da minha bunda com o dedo descendo pelo rasguinho... ouvi ele grunir)

Guilherme> Ok... mensagem entendida...

Ele levantou meu short cobrindo minha bunda...

Guilherme> Não vou te provocar... não tenho controle suficiente pra isso...

E se levantou com o pau fazendo um volume imenso...

Guilherme> Vou ao banheiro...

E saiu apressado... sorri... nessa guerra eu tinha a arma perfeita! Quando o Gui saiu do banheiro... notei ele mais calmo... ele sentou-se ao meu lado no sofá... fiquei curioso... e não resisti e perguntei...

Gabriel> Gui... você... você... tipo...

Ele riu e falou...

Guilherme> Me masturbei?

Eu baixei a cabeça envergonhado... era engraçada as minhas reações... não fico com vergonha quando provoco... mas fico em situações normais...

Guilherme> Claro que não Gabriel... eu ai desperdiçar esse tesão que tenho em você numa punheta! E ainda mais na tua casa com tua mãe perto!

Gabriel> Desculpa!

Guilherme> Eu só fiz xixi... o que ajuda aliviar... rsrsr....

Gabriel> Sou bobo!

Rimos... e ouvi a porta do quarto de mainha se abrir... o Gui se levantou e falou...

Guilherme> Julia já vou indo!

Mãe> Mas tão cedo!

Guilherme> Ainda tenho que passar em um local ali antes de ir dormir...

Fiquei intrigado... onde ele tinha que ir passar antes?

Guilherme> Bom, muito obrigado pelo jantar maravilhoso... foi inesquecível...

Gabriel> Sei...

Riram...

Mãe> Sinta-se em casa...

E se cumprimentaram...

Guilherme> Amanhã eu vou pegar o Gabriel pra aula... a senhora se importa? É que (e vi ele gaguejar)

Mãe> Claro que não! Acho sadia essa sua amizade com ele! Ele não tem amizades e vejo que você ta fazendo um bem enorme a ele...

O Gui agradeceu... eu tava morto... como sempre!

Guilherme> Bom, boa noite Julia... (mainha respondeu) Biel me acompanha até a porta?

Gabriel> Acompanho... mas antes Gui... esqueci de te entregar uma coisa aqui no quarto que você deixou, vem pegar...

E puxei ele pro meu quarto, quando entramos fechei a porta e deu um beijo profundo nele... que me correspondeu com urgência...

Guilherme> Seu maluco... e agora o que vamos dizer que viemos fazer no quarto?

Ele me abraçava e me apertava muito... suas mãos percorriam todo meu corpo com carinho e urgência... eu sentia o pau dele duro roçando em mim... eu adorava aquilo... era so ele me beijar que seu pau ficara duro instantaneamente...

Gabriel> Fácil... o casaco vermelho que você me emprestou há muito tempo e eu nunca devolvi...

Guilherme> Mas eu te emprestei não foi pra devolver... quero ele de volta quando você for junto... morar comigo...

Sorri emocionado...

Gabriel> Depois você me empresta novamente... porque agora vai precisar dele pra sair daqui...

E apontei pro pau que queria rasgar a calça do Gui... ele concordou e eu peguei o casaco e entreguei a ele... saímos e mainha estava assistindo TV na sala! Mais uma vez se despediram.... agora o Gui com o casaco na frente dele. Segui até o elevador e desci com ele deixando-o na porta do prédio... ele ia caminhando e sorrindo olhando pra traz... foi quando lembrei...

Gabriel> Gui pra onde você vai? Você disse a mainha que tem algumas coisas pra fazer ainda hoje... por isso ia cedo...

Guilherme> Não! Disse que tenho que passar num local antes de dormir...

Gabriel> E que local é esse?

Guilherme> Surpresa Gabriel... surpresa...

E sorrindo acenou e foi embora... me deixando apaixonadamente... intrigado!

Entrei no apartamento e fiquei imaginando aonde o Guilherme iria, e que surpresa era aquela? Bom, tentei desvia os pensamentos e subi pelo elevador... uma senhora que eu não conhecia estava dentro do elevador e eu a cumprimentei...

Gabriel> Boa noite... (falei sorrindo)

Senhora> Boa noite! (falou seca)

Olhei estranho pra ela... mas dei de ombros... entrei no elevador e o andar da senhora já estava solicitado, era o 11. Toquei no botão referente ao meu e subi... aqueles pequenos segundos entre o térreo e o andar da gente pareciam meses... a senhora olhava pra frente fixamente... e eu fiquei um pouco incomodado... quem era ela? Nunca havia visto ali.. Se bem que ultimamente aquele prédio estava com tanta gente estranha...

Finalmente chegou o meu andar e eu sai sem falar nada... olhei involuntariamente pra trás e os olhos dela estavam fixos em mim... quando o elevador ia fechando ela segurou com a mão, e fez aquele barulho característico de detecção de pessoas nas portas eletrônicas... ela me encarou e falou...

Senhora> Qual a tua idade?

Eu olhei e estranhei a pergunta... mas estava tão tímido que ao invés de perguntar qual era a dela eu falei...

Gabriel> Dezesseis... vou fazer deze... (e o elevador fechou – suspirei, que estranho!) sete em dezembro!

Balancei a cabeça... e entrei no apartamento... era muito estranho aquilo... minha vida tava se tornando um mar de estranheza... Quando entrei olhei e vi minha mãe sentada no piano tocando uma notinha só... ela não tocava apenas ‘arranhava’ rs.

Mãe> Filho já vai dormir né...

Eu balancei a cabeça...

Gabriel> sim mãe... boa noite...

Fui lá e dei-lhe um beijo... ela se virou e me abraçou...

Mãe> Quando quiser falar do que aconteceu, naquele dia... é só me procurar viu...

Balancei a cabeça... realmente tudo estava estranho... minha mãe saber uma coisa daquelas e não me forçar a nada... Realmente muito estranho...

Fui pro quarto e olhei a varanda... as luzes do apartamento do Gui estavam apagadas... poxa... ou ele chegou em casa e já dormiu... ou ele entrou em casa e só pegou a chave do carro e saiu pra ir naquele lugar secreto... ou ele nem foi em casa... saiu já da garagem mesmo... certamente já estava de chave no bolso... poxa! Pra onde ele foi? Peguei o celular e liguei... juro que não sou desses que ficam no pé, mas eu estava totalmente curioso... foi quando veio a mensagem #o celular esta desligado ou fora da área de

serviço#. Ele desligou o celular! Liguei pra casa dele... o telefone chamou até chegar na secretária eletrônica... desliguei...

Gabriel> Aonde ele se meteu? Será que descarregou a bateria? Será que ele desligou o celular? Será que foi assaltado?

Eu não sabia o que pensar... bom, alguma coisa deve ter sido... mas eu não vou pensar em besteiras... pensei na hora. Era melhor me concentrar no aniversário dele... e nas músicas que eu tinha que escolher... digitar a letra junto com a cifra e ensaiar... tava pensando até em fazer um programa bem bacana... mas ia me faltar grana! Bom, vou ter que decidir de uma vez... o que eu sabia dele? Que tipo de música ele curtia? Sabia que as poucas que cantei ele curtiu e que algumas ele nem conhecia mas gostou... mas não queria repetir as músicas... simplesmente tinha que ser coisa nova...

Peguei o celular e liguei pra Flávia...

Flavia> Oi gatinho!

Gabriel> Oi Flávia, beleza? Tudo legal contigo?

Flavia> Tudo gatinho... que manda?

Tava um barulho de som...

Gabriel> Tá numa festa?

Flavia> Não, não... tou na academia... é o som da academia... mas tá rolando uma reunião animada aqui...

Meu coração gelou... eu ia perguntar que tipo de música o Guilherme curtia... mas minha curiosidade aumentou...

Gabriel> Reunião? De que tipo?

Flavia> É que uma amiga nossa passou no vestibular pra educação física... e estamos comemorando...

Gabriel> Legal... mas ai na academia? Ta rolando bebida menina? Deixa o Gui saber...

Flavia> Tá rolando bebida não e... o GUI ESTÁ AQUI!

Meu coração parou... o Gui? Numa festa... sem me dizer... aquele era o segredo?

Gabriel> De quem é a festa Flávia? (falei num fio de voz, praticamente sabendo a resposta)...

Flávia> A Marcela...

Soltei o celular instantaneamente no chão... ele se espatifou todo! Bateria pra um lado... visor pro outro... novamente aquele celular não iria pegar... fechei os olhos... senti meu corpo todo tremer... o que o Guilherme estaria fazendo numa festa pra Marcela? Deveria ter uma explicação plausível... e eu queria entender que explicação era aquela... abri o armário, peguei uma calça jeans, uma camiseta preta e um casado jeans... vesti-os... estava indo em busca da explicação plausível!

Sai do quarto e mainha estava no quarto dela... o que facilitou minha saída... eu saí pela porta da área de serviço e fui pelo elevador de carga e descarga... desci até o piso e fui pra portaria...

Gabriel> José, você sabe o telefone de algum motoqueiro que faça serviço de taxi...

Porteiro> Conheço sim, um moto-taxi que a gente sempre chama pra fazer entregas aqui do prédio, tua mãe (interrompi)...

Gabriel> Tem como você entrar em contato com ele... tipo... eu preciso dar uma saída rápida agora e voltar em seguida... ele tem que ficar comigo... entende?

Porteiro> Claro...

Gabriel> Só que tou sem celular... tem como você ligar?

Ele ligou e chamou o rapaz que com 5 minutos chegou lá... olhei pro cara e era um tipo todo malandro, com brinco calça rasgada e sotaque esquisito... mas sem pensar fui... quando coloquei o capacete pensei... o que tou fazendo?

Moto-taxi> Pra onde moral?

Gabriel> Academia Atlantis...

E ele saiu dando pulos com a moto a cada vez que passava a marcha... fiquei um pouco receoso, mas quando lembrei que o Gui tinha ido pra festa da Marcela, meu sangue ferveu e esqueci do mal piloto e só queria chegar na academia...

Meu estomago se embrulhou! A correria do moto-taxi era absurda... bem como a forma dele pilotar... claro que o Gui corria mais, mas o Gui sabia pilotar muito... aquele cara me dava a sensação que a qualquer momento eu iria cair da moto... era sopapos e solavancos que provavelmente tenha deslocado meu cérebro!

Mas finalmente chegamos... quando ele entrou no estacionamento eu falei...

Gabriel> Fica aqui esperando que eu vou entrar lá dentro... daqui a poucos minutos eu volto e pago as corridas...

Moto-taxi> Firmeza moral... gente fina!

Ele me olhava estranho... de cima abaixo! Mas eu nem liguei... fui ver o Guilherme...

Subi a rampa e meu coração batia descompassado... e se ele estivesse ali, se confraternizando... qual o problema? Eram alunos da academia dele... eram amigos dele... mas... então porque ele não quis me contar onde ia e que era surpresa... nossa1 eu estava dividido!

Entrei na academia e tinha algumas pessoas malhando e outras conversando... me virei pro lado direito na entrada e vi a cantina... tinha muita gente lá... rindo... brincando... corri e vi um cara parecido com o Gui... eu estava cego... vi a Flavia... vi o Alysson e o Bruno... também o Samir... o Hugo (professor e lutador)... cadê o Gui e a Marcela?

Bruno> Gabi! (gritou e correu pra me abraçar com um só braço) o que faz aqui guri? Eita rimou! Rsrsrs...

Gabriel> É nada... é que... onde tá o Gui?

Perguntei na lata... e antes do Bruno responder, ouvi uma voz nas minhas costas...

Marcela> Está me esperando no carro dele... vamos sair pra comemorar minha universidade...

E passando por mim beijou o Bruno dos dois lados...

Marcela> Tchau Bruno, agradece a galera por mim... mas o Gui ta buzinando e eu só vim pegar minha bolsa...

Se virou pra mim e beijou o próprio dedo pondo na minha testa...

Marcela> Até mais garotinho...

E saiu me deixando completamente perplexo... olhei pro Bruno que sorria debilmente pra Marcela que saia pela porta lateral da academia e eu, como um autômato me virei e sai quase que correndo... mal ouvindo os gritos de Flavia me chamando...

Corri pelo estacionamento e não vi o carro do Gui... nem a Marcela... mas eu nem me importava... meus olhos estavam começando a lacrimejar, mas eu não queria chorar... não podia! Deus... porque o Gui fez aquilo... mas meu coração dizia que havia algo errado... mas eu tava dividido... com dor no peito se fosse verdade... e com vergonha de minha criancice se fosse mentira... se o Gui tivesse simplesmente em casa com o celular sem bateria, morto de cansado... ou se ele estaria com a Marcela no seu carro indo a algum lugar (minha mente evitava motel) pra comemorar a passagem dela no vestibular... mas não podia ser...

Moto-taxi> Pra onde vamos?

Gabriel> Pra casa... (peguei o capacete dele) voltamos pra casa, por favor...

Moto-taxi> Certo moral! Chefia manda!

E subi na garupa dele e ele arrancou dali... quase passando por cima de um carro que vinha no sentido contrário... meus olhos estavam turvos d’água e eu simplesmente fiquei desnorteado... sem ver nada na frente... Quando simplesmente senti a moto dá uma guinada pra esquerda... e entrar numa avenida transversal a qual me levava lá pra casa... abri a viseira... limpei as lágrimas dos olhos e olhei pro lado!

Gabriel> Pra onde você tá indo?

Moto-taxi> Pra casa chefia! Pra minha casa!

E senti o maior frio na espinha que poderia sentir! Jesus! Ele estava me sequestrando... meu corpo se retesou por inteiro e um tremor tomou conta totalmente de mim... ele corria feito um doido... sem pilotar direito...

Gabriel> Pra sua casa? (eu balbuciei com a voz quase paralisada do medo) eu não quero ir pra sua... quero ir pra minha...

Moto-taxi> Cala a boca ou eu te mato agora mesmo!

Gabriel> Quem é você?

Ele deu uma gargalhada enorme, que me fez a alma querer desencarnar!

Moto-taxi> O cara que matou o otário dono desta moto, agora a pouco!

E senti todas as minhas funções vitais faltar... e minha respiração ficou absurdamente dificultada... eu estava tendo uma crise! Minha cabeça estava tonta... eu pressenti um desmaio...

Moto-taxi> Nem acreditei na minha sorte quando o celular do carinha tocou e o outro me disse pra ir buscar você num prédio de bacana... moral nem acreditei... por isso nem tirei o capacete... kkkkk

Sua voz era de pura maldade... eu apenas tentava me concentrar numa forma de sair dali... olhei pra trás e vi o farol alto de um carro... se eu pulasse será que seria atropelado? Ou quebraria uma perna... ou o pescoço...

Gabriel> Por favor... para a moto eu te dou o que quiser...

Moto-taxi> Quem vai me dar é sua família moral... é só mandar um dedo teu...

Fechei os olhos... seria o fim! Então ele diminuiu a velocidade da moto pra fazer um cruzamento entre o canal e uma pista dupla... e eu não medi esforço... pulei da moto e cai rolando pelo chão...

Meu corpo inteiro doía... doía muito... senti minhas mãos relando no chão e gosto de sangue na boca... meu joelho bateu feio no chão e acredito que eu não rasguei todo o meu braço porque eu estava de jaqueta jeans... contudo a calça rasgou na altura do joelho... senti calor ali... acredito que estava sangrando... tentei me levantar mas a dor no joelho era enorme... eu estava no meio da pista, caído... com o rosto em chamas e totalmente desorientado... sem ar... se eu não me levantasse provavelmente eu seria atropelado... No momento que eu me levantei vi o farol da moto em cima de mim...

Moto-taxi> Tá maluco Mané... vô te matar agora fila de uma puta!

Corri pra calçada e ele veio com tudo... me deu um soco nas costas que simplesmente cai desajeitado... ele subiu a calçada com a moto e jogou ela ali... olhei pra cima e vi o rosto dele sem o capacete... na mão tinha uma faca já suja...

Gabriel> Por favor...

Moto-taxi> Eu te mato agora...

Foi quando simplesmente o farol de um carro nos ofuscou... O carro, em alta velocidade subiu na calçada parando a menos de um metro de nós... o moto-taxi pôs as mãos nos olhos e com a faca na mão apontou pra direção do carro... em segundos o condutor desceu e num grito terrível falou!

Guilherme> Seu miserável que pensa que vai fazer... HEIN!?

Era o Gui... eu levantei o rosto e não acreditei no que vi... seu olhar era de tanto ódio... e foi apenas a maior das selvagerias que eu pude presenciar... Gui avançou para o cara que jogou-se pra frente com a faca em punho e o Gui num golpe incrível desarmou ele, batendo forte na mão de forma que a faca voou longe... vi seus olhos rapidamente me olharem e ai os lábios tremeram e então pude presenciar uma reação violenta sem precedentes... o Gui pegou o bandido e o chutou tão forte que este caiu no chão com um gemido alto de dor... depois caiu feito um animal selvagem em cima... e eu apenas vi o Gui bater em seu rosto descontroladamente onde o sangue começou a espirrar... era as duas mãos batendo de cima pra baixo feito um alucinado... e o cara tentando proteger-se o rosto com as mãos mas em vão... ele apanhou tanto que chegou um momento que não mais reagiu... era apenas o Gui em cima dele esmurrando como se bate num monte de estrume!

Gabriel> Gui... (gemi de dor me arrastei) pare!

E ele instantaneamente parou... sua boca estava aberta e seu peito arfava... ele me olhou e vi quase desespero em seu rosto...

Guilherme> Pensei que perderia você... entende?

E olhou pra o cara desacordado e deu mais um soco...

Gabriel> Gui para...

Ele voltou a bater no cara desacordado... parecia um animal enfurecido...

Gabriel> Gui me ajuda (gritei) para de bater ele... (ele parou e me olhou) eu acho que rasguei a perna... (gemi de dor)

O Gui se levantou num pulo e tirou a própria camisa... limpou as mãos do sangue do cara e jogou a camisa no chão... me levantou...

Guilherme> O que houve? Me diz... machucou onde?

Gabriel> Aqui (e comecei a chorar...)

Ele me levantou no colo e me pôs no carro...

Guilherme> Fica aqui...

Fiquei chorando muito... ele deu a volta e abriu a porta do motorista... pegou um celular ali na porta... era um celular novo... diferente...

Guilherme> Cadê o seu celular Gabriel? (falou duro)

Gabriel> Quebrou de novo... ta em casa...

Ele praguejou. Pegou o celular dele e tirou o chip. Puta mera! O celular dele tava descarregado... ele pegou o outro e pos o chip... ligou...

Guilherme> Alô... olha meu nome é Guilherme (e falou o nome completo) tou na rua (falou o nome da rua) e abordei um amigo meu que estava sendo sequestrado... desarmei o cara e ele ta aqui acordado... mande a viatura agora! Sim espero...

O celular dele estava desligado porque estava sem bateria! E onde tava a Marcela?

Gabriel> Gui...

Guilherme> Conversamos em casa!

Falou duro e foi pra perto do cara... vi ele ainda chutar ele... fechei os olhos... o que eu fiz?

Gabriel> Deixa só dizer uma coisa...

Guilherme> Em casa!

Gabriel> É importante...

Guilherme> Gabriel em casa! (gritou)

Gabriel> É sobre ele... (apontei)

O Guilherme me olhou... seu olhar era de muita raiva... disse apenas...

Gabriel> Ele acabou de matar o dono desta moto!

Vi Gui fechar os olhos e sua cabeça balançou lentamente...

Guilherme> Francamente Gabriel! Francamente...

E quando ele se aproximou de mim... a viatura chegou... e foi então ter com os policiais. Fui interrogado, junto com o Gui e o cara foi levado preso... os policiais o acordaram e ele foi levado pra delegacia, bem mal... nós ficamos de prestar esclarecimentos no outro durante um inquérito... eu queria morrer, só de pensar no que me meti... e que meti o Gui... nós fomos a delegacia e prestamos esclarecimentos... quando eu estava falando eu vi o Gui falar com mainha... ele falou que estava na academia comigo e que me levaria mais tarde pra casa... suspirei aliviado... mas sabia que eu iria ter que contar pra ela o que aconteceu... fomos liberados em 40 minutos e fui mancando pra o carro... o Gui me ajudou a subir e fomos pra casa... ele ficou em silencio o tempo todo...

Gabriel> Gui...

Guilherme> Em casa! Em casa! (repetiu definitivo)

Me calei... e temi pelo que me esperava!

Quando chegamos em Boa Viagem, ao invés do Gui para no meu prédio, rumamos pro dele... temi... a conversa seria terrível... lá era o local onde ele iria me interrogar... sem perturbações...

Subimos em silencio e quando entramos no apartamento, ele acendeu as luzes... jogou a chave em cima da mesa e foi em silencio pro quarto... ele tirou a calça e o tênis... a cueca, depois veio em minha direção e tirou toda a minha roupa... gemi de dor em alguns momentos, principalmente quando tirou a calça e o sangue que havia pregado na calça foi arrancado como um velcro, então ele olhou meu corpo e seus lábios tremeram... o Gui me conduziu até o banheiro e tomamos uma banho de chuveiro quente... senti meu corpo relaxar e o sangue que estava preso começou a se dissolver na água e o Gui me ensaboou todo... depois tirou o sabão e me secou... saímos do banheiro e ele me deu um roupão... ele também pôs um roupão e me fez sentar na cama... ele se ajoelhou na minha frente e falou...

Guilherme> Vou dizer a miserável últimas horas que eu tive, sem brigar contigo... e sem julgar suas atitudes... pois sei que o susto que teve já te castigou bastante... (e suspirou) mas tenha uma certeza... tenho vontade de te dar uma surra! E essa eu não teria remoço!

Senti meu queixo tremer... era anuncio do choro... mas eu segurei e tentei de toda forma... não podia chorar... aliás, não tinha direito...

Guilherme> Gabriel, eu saio de um jantar maravilhoso com a mãe do amor de minha vida e saio feliz... feliz porque encontrei a minha paz... você... a minha perfeição... você! E saio pra a academia, porque eu havia, feito um idiota e bobo, esquecido o celular que eu comprei pra você... já que o seu vive quebrando... este aqui (e me mostrou o celular que ele havia posto o chip) quando chego lá, vejo meus amigos, depois de malharem, num dia normal e sem combinação, dando os parabéns a Marcela, que já exclui de minha vida. Ela havia passando em vestibular, sei lá, nem me interessei... fui direto pro escritório... pego o telefone fixo e ligo pra o seu celular e ele ta desligado! (eu já havia ligado pra ele e o dele tava desligado e já havia ligado pra Flavia... nossa!) estranhei... então liguei pra sua mãe e ela não atendeu... estranhei (mainha quando vai dormir tira o telefone da tomada e o celular ela desliga) então estranhei mais ainda... liguei para o seu condomínio pra saber se vocês tinham saído (ele tinha o telefone até do meu condomínio, aquilo que era ser bem informado), foi quando o porteiro, desesperado, havia recebido a ligação da esposa do amigo dele dizendo que ele tinha sido assaltado e a moto roubada... e que você havia pego a moto com o possível assaltante... eu enlouqueci Gabriel... enlouqueci e fui falar com a Flávia... e disse que se ela visse você entrasse em contato comigo... então sai em disparada pra ver se te encontrava no caminho até a academia... então pouco tempo depois a Flávia me liga dizendo que te viu na academia e você havia falado com o Bruno e a Marcela e saiu correndo, onde ela não teve chance de falar contigo... quando chego na academia, quase bato numa moto... numa fração de segundo vi que era você na moto e a mesma correr desgovernada e entrar violentamente a direita... então segui... mas não consegui chegar nem perto... e só consegui porque você pulou...

E os olhos dele se encheram de lágrimas...

Guilherme> E eu vi você cair da moto...

Gabriel> Eu pulei pra fugir! (sussurrei)

Guilherme> Foi loucura... poderia ter se machucado, mas Deus (e se levantou e pos as mãos na cabeça, passando vigorosamente pelos cabelos) foi porque pulou que eu te alcancei... eu nem acreditei que te alcancei... (e voltou a se ajoelhar em meus pes) você foi muito corajoso meu amor... muito... se não tivesse pulado... eu teria perdido você... sabe a dor que senti em pensar em te perder... sabe a dor? Tu não tem ideia...

E me abraçou muito forte... me apertando...

Guilherme> Quando vi você caído naquela calçada e aquele miserável com uma faca na mão te ameaçando, eu agradeci a Deus que você tenha caído... pois eu ainda não sabia que você tinha pulado... eu achava que você tinha caído! (seus lábios tremiam) eu acho que foi a pior coisa que já senti na vida... não tem nem precedentes isso...

Eu o olhei arrasado! Quanto sofrimento eu causei...

Guilherme> Meu amor... porque foi sair de casa dessa forma? Nesta hora... me diz... por favor... o que aconteceu que você foi tão imprudente?

Então não tive escolha... tinha que falar...

Gabriel> Sou um completo imbecil! Gui eu não mereço você!

Suspirei...

Guilherme> Nunca diga isso! Eu que fico o tempo todo procurando em mim qualidades que façam te merecer... por favor não seja bobo!

Gabriel> Eu pensei que você tinha ido pra festa da Marcela, pois a Flavia disse que você estava lá e você quando saiu disse que não me diria onde você iria, ai pensei que você tivesse ido na festa dela... desculpe foi por ciúmes...

Guilherme> E o que te fez pensar isso...

Gabriel> Primeiro eu pensei, mas depois descartei a ideia, mas a curiosidade me foi maior então fui pra lá... e pedi pra o porteiro chamar a moto... não imaginei que ele iria chamar um bandido... e nem ele, poxa foi só uma combinação infeliz... o amigo dele morreu e tudo! Mas ai quando cheguei lá, a Marcela simplesmente me disse que tava indo sair contigo de carro, pra comemorar... ai ceguei na hora e fui embora com ciúmes... desculpa...

Ele me abraçou forte...

Guilherme> Não vou brigar contigo... mas tou bravo, viu! Amanhã terei uma conversa com a Marcela... ela vai ter que sair de vez de nossas vidas... na realidade tudo foi um mal-entendido... você achar que eu tava curtindo com ela... eu fazer mistério pra onde ia por causa do celular... e você ter a má sorte de pegar um bandido... foi tudo infeliz meu amor...

Balancei a cabeça...

Guilherme> Vamos vou te levar pra casa... e amanhã contaremos a sua mãe... tudo... certo?

Balancei a cabeça... mainha iria me matar...

Gabriel> eu quero dormir aqui... não quero ir pra casa...

Guilherme> certo! Vem, vou preparar um leite pra você... e depois cama...

Saímos abraçados... eu tava arrasado... o que faria pra compensar tanta dor...

Enquanto Guilherme preparava o leite eu fiquei completamente triste... havia passado por poucas e boas... e tudo por minha culpa... exclusiva, por ter sido impulsivo... e totalmente tolo... claro que ninguém poderia supor que o cara moto-táxi simplesmente havia sido morto e o assaltante simplesmente me pegaria fingindo ser a sua própria vítima... mas, se eu não tivesse sito tão cabeça dura... curioso entre outras coisas, eu simplesmente estaria em casa, bem e Gui provavelmente já estivesse naquela varanda observando-me dormir...

Gabriel> Gui onde tem antisséptico, mercúrio sei lá... qualquer coisa pra pôr no ferimento do joelho...

Ele estava na bancada da cozinha preparando um copo de leite pra mim... me olhou sério, ele tava sério... e falou...

Guilherme> Melhor não por nada hoje... só lavamos com sabonete... amanhã eu coloco alguma coisa...

Gabriel> Mas vai magoar na cama quando ficar me virando...

Guilherme> Você não vai se virar...

Gabriel> Como não? (interrompido)

Guilherme> Acredite em mim... você não vai se virar...

E me entregou o copo de leite.... bebi intrigado...

Gabriel> Gui...

Ele suspirou alto... estava na cozinha tomando uma xícara de café... ele tem uma maquininha de café expresso que sai rapidinho... eu adoro!

Guilherme> Que foi Gabriel! (falou meio sem paciência)...

Gabriel> Me perdoa?

Ele tomou o café e fez sinal pra que eu tomasse o meu leite... tomei tudo de uma só vez... ele pegou o copo e pôs na pia... me pegou pela mão e me levou pro quarto... deitou-se na cama e se deitou do lado... pôs um braço em volta de meus ombros, pra que eu encostasse a cabeça no peito dele...

Guilherme> O medo que tive de perder você é algo que não quero sentir nunca mais na vida... e só por causa desse medo que eu nem penso se tenho o que perdoar... porque o fato de você ta vivo aqui... (e me beijou na testa) me dá tanta felicidade que não penso em erros, acertos, em nada! Somente que tenho você aqui salvo, pra mim...

Fiquei emocionado e senti meus olhos mareados de lágrima! Fechei os olhos e fiquei quieto... não tinha como falar nada... senão poderia estragar aquele momento lindo que eu tava vivendo... fechei os olhos... e me recostei mais...

Gabriel> Boa noite Gui...

Guilherme> Boa noite meu pequeno levado...

Sorri e adormeci quase que instantaneamente. Escutei alguém me chamando de longe... protestei... não queria sair daquele calor delicioso... mas era insistente... absolutamente insistente... resmunguei pedindo pra me deixar em paz... foi quando escutei uma risada conhecida... tentei abrir os olhos... mas não consegui ver direito...

Guilherme> Acorda preguicinha! Ta na hora de se levantar...

Gabriel> Vou não... quero ir pra aula hoje não!

Guilherme> Mas vai ter que ir...

Ai que saco... detesto acordar cedo... abri os olhos e desta vez consegui divisar o local que eu estava...

Gabriel> Verdade Gui, ne me revirei no sono...

Guilherme> Olha que você tentou... mas como eu disse... você não iria se virar!

Olhei pra ele e vi olheiras profundas... uma aparência de cansado... nossa tive pena!

Gabriel> Gui, por um acaso você ficou acordado?

Guilherme> A noite toda!

Me sentei chocado... ele passou a noite toda acordado...

Gabriel> Por que?

Guilherme> Porque precisava olhar você dormido... precisava me tranquilizar e ver que você tava bem... além do fato de não deixar você magoar o ferimento do joelho... e chega! (falou se levantando) vamos pequeno... ta na hora de se levantar... seu dia vai ser cheio... pois tens aula e depois uma conversa comigo e sua mãe...

Temi... aquele ia ser O dia CHEIO!

Tomamos um café super rápido e já fui pro quarto trocar de roupa... mas que roupa eu usaria? Ele rasgou a calça... a camisa e a jaqueta jeans estava com um pouco de sangue... enfim, o Gui me olhou e pegou uma calça cargo dele, de elástico na cintura... e uma camiseta branca. Vesti e ficou bom... um pouco folgado, mas não muito. Entramos no carro e logo em seguida mainha ligou pro meu celular e eu atendi...

Mãe> Bom dia filho... já ta indo pra escola?

Estranho... ela não tinha perguntado se eu dormi fora de casa...

Gabriel> Bom dia mãe... sim, já estou no carro do Gui...

Mãe> Ótimo, hoje eu não vou pela manhã... mas nos encontramos na hora do almoço... eu, você e o Guilherme. Beijos e até mais tarde...

E desligou sem nem ao menos eu ter a chance de indagar qualquer coisa...

Gabriel> Estranho!

Guilherme> O quê que é estranho?

Gabriel> Era como se ela soubesse que eu não dormi em casa e tratou numa boa... ao invés de surtar a minha procura... como isso se explica?

Guilherme> Fácil... eu liguei pra ela hoje cedo e contei que estava no meu apartamento...

Gabriel> Mas, mas... mas ela (gaguejei)...

Guilherme> No almoço conversamos... certo?

Balancei a cabeça... ele voltou a se concentrar no transito... também eu não queria muito papo... tava ficando intrigado, novamente... balancei a cabeça... melhor não ficar intrigado, a última vez me pôs naquela situação esdrúxula! Assim que chegamos na escola o Gui estacionou e eu já ia tirando o cinto e abrindo a porta, ele tocou meu braço me impedindo... olhei e ele estava me observando atentamente...

Guilherme> Biel eu estou muito cansado e acho que vou tirar um cochilo agora... mas quero que me prometa uma coisa... alias... quero que me obedeça e diga que vai me obedecer...

Gabriel> Mas o que é?

Guilherme> Apenas diga Gabriel (falou exasperado)

Gabriel> Tudo bem... prometo! (daí olhei pra ele e falei) mas posso saber o que eu prometi obedecer?

Ele riu e falou...

Guilherme> Tenho muita coisa pra resolver hoje, mas tou muito cansado e acho que tirarei um cochilo de duas horas e depois resolvo algumas coisas... almoço contigo e sua mãe e volto a dormir a tarde... (eu ia falar da academia, mas ele me silenciou) nem eu nem você vamos trabalhar hoje na academia, ok? (suspirei e balancei a cabeça afirmativamente) certo, o que eu quero que me prometa é que simplesmente se acontecer qualquer coisa... qualquer que seja, contigo, me ligue imediatamente... eu dormirei tanto pela manhã como a tarde com o celular de meu lado... certo?

Gabriel> Certo... prometo...

E fiz menção de sair e ele me puxou...

Guilherme> Mais uma coisa... assim que sair da aula, venha pra academia... tome uma chave... (e tirou um chaveiro dentro do porta luvas e destacou de lá duas chaves) essas são as cópias da porta principal e de meu escritório... vai fazer tudo o que pedi...

Gabriel> Vou sim... não tenho coragem de desobedecer depois de tanta burrada!

Ele riu e me puxou dando um beijo enorme... que perigo! Ali na escola... se alguém visse... ele se afastou rápido.

Guilherme> Não consegui evitar pequeno... mas vá lá...

Desci do carro e antes que eu abrisse a boca pra dizer mais alguma coisa, ele arrancou dali como se fosse um participante da corrida maluca! Andei apenas uns cem metros dali e senti uma coisa bater na minha cabeça... olhei pra coisa caída no chão e vi que era a semente de uma... pinha? E antes que eu levantasse a cabeça pra ver de onde vinha fui atingido por outro caroço... olhei pra o local de onde vinha e vi... realmente... só poderia ser...

Jú> E ai Mané? Belezinha? Quem foi o defunto?

A Jú tava recostada no banco junto a uma árvore... fui até ela...

Gabriel> Diz abestalhada! Já ta aqui cedo...

Ela se levantou me olhou com olhar felino... pensei que fosse me cheirar em algum momento...

Jú> Cabelo despenteado... roupa de outro homem... mancando de uma perna... sem os livros escolares... (fez uma pausa dramática com mãos na cintura...) Gabriel (e falou meu sobrenome) o que está acontecendo? Drogas?

Gabriel> Juliana me poupe...

Jú> Prostituição? (olhei chocado pra ela) Bom, pensei pois já que ta precisando de uma grana pra fazer a festa do Guilherme...

Gabriel> Nem vou responder viu... nem vou (e me virei e sai andando com ela me acompanhando)

Jú> Foi uma possibilidade só! Mas o que tá acontecendo hein? Por que tá mancando e com roupas de outro...

Gabriel> Do Guilherme! Roupas do Guilherme...

Jú> Certo... e sem material.... por um acaso deu este cú inexplorado e fez uma posição que lascou o joelho e litros de sangue foram jorrados na sua roupa... isso agora, dentro do carro, quando ele te trouxe de casa? Tipo... fez dupla penetração com o pau do Gui e a marcha do carro?

Gabriel> Santo Deus! Que mente perversa...

Jú> Perversa seria se eu pensasse que você ta mancando por que a marcha ficou enterrada no cú, colega!

Fechei os olhos e andei o mais digno possível... com a impossível Jú, me enchendo o saco!

Jú> Não vai me contar?

Gabriel> Depois Juliana... depois... embora esteja pensando se realmente merece que eu fale contigo...

Jú> E quem vai te emprestar os livros, folha em branco e lápis? O Danilo?

Gabriel> Prefiro repetir de ano...

Jú> E estudar com ele novamente ano que vem? Porque meu bem, acho difícil aquele ali passar esse ano... acho que vai ser reprovado novamente... 3ª ou 4ª vez?

Gabriel> Sei lá...

Jú> Ele vai ser igual aquele zelador da escola de Harry Potter... como é mesmo o nome dele?

Gabriel> Filch!

Jú> Viciada!

Entramos na aula e ao sentar lá atrás vimos o Danilo... ele tava com o cabelo nascendo, mas de boné! Odiei ele mais ainda... e tive um vislumbre na memória do vídeo que havíamos gravado...

Jú> Vontade de pôr no cinema box o videozinho desse ai...

Gabriel> Jú, pelo amor de Deus, não faça nada que possamos nos ferrar depois... vamos com calma... você sabe da opinião do Gui sobre isso...

Jú> Sei sim... e por isso imagino que um dia ele venha a ser passivo!

Olhei pra ela e fingi que nem ouvi aquela bobagem... olhei de lado e vi o Danilo olhando fixamente pra mim... seu semblante era de nojo...

Suspirei, então empatamos! O que posso dizer? A aula foi tensa! O Danilo resolveu fazer o local de onde eu estava de quadro negro... era o tempo todo olhando pra mim... e aquilo já estava me incomodando ao extremo! Olhei pra Jú e ela tava mandando mensagem pelo celular... fiquei intrigado... será que era pra o Bruno?

Gabriel> Jú?

Jú> Fica quieto e deixa eu me concentrar...

Gabriel> Ta mandando mensagem pra quem?

Jú> Bin Laden!

Aff.. olhei feio pra ela e desisti, concentrei-me na aula e esperei o tempo passar...mas era difícil com o Danilo me olhando o tempo todo... levantei a mão e pedi licença pra ir ao banheiro... o professor autorizou e eu saí...

Quando saí da sala e me dirigi ao banheiro, pensei... será que o Danilo irá me segui pra aprontar? Fiquei com receio e antes de ir ao banheiro, eu dei meia volta e me escondi no andar de cima, atrás de uma lata enorme de coleta de lixo... não deu 30 segundos e o Danilo sai apressado para o banheiro... bingo! Ele iria me pegar ali... sorri, e segui para o banheiro... mas do andar de cima!

Fiz rapidinho e desci quase correndo... quando entrei na sala de aula o Danilo ainda não tinha chegado... ri e me sentei... uns dois minutos depois ele reaparece e todo mundo começa a zoar com ele por causa da demora, falando que ele tinha ido fazer o número dois e que provavelmente se limpou com a cueca... entre outras coisas... ele entrou emburrado com as brincadeiras e me olhou feio... eu sorri e nada disse... mas tava adorando o fato de ter feito ele de besta... A aula acabou e fomos pra o intervalo... a Jú não desgrudava do telefone... o que era aquilo?

Gabriel> Jú o que ta acontecendo?

Jú> Espera! (e escreveu mais uma e enviou, tendo recebido a resposta imediatamente)

Gabriel> Tá então não vou te contar o que aconteceu...

Jú> Espera Gabriel! (e recebeu outra mensagem e leu) pronto! Tudo ok... agora podemos conversar...

Estávamos sentados na nossa mesa panorâmica de sempre...

Jú> Por que cargas d’água você não me contou que simplesmente foi sequestrado, pulou de uma moto em movimento e depois ainda foi salvo pelo Guilherme, que receberá a chave da cidade... tendo sido vítima do assassino do dono da moto que você pensou estar com ele... e que, no fim de tudo... dormiu no apartamento do Guilherme e que por isso está usando roupas de macho alfa, mesmo sendo uma donzela saltitante como sei que é... oh Gabriel, senhora de todas as tragédias!

Gabriel> Como você sabe de todas estas coisas Juliana?

Jú> Existe um sistema extremamente moderno e eficaz que a maioria da população do planeta já consegue compreender o longo processo de se aprender a usar esta tecnologia... a de enviar e receber sms!

Respirei fundo e contei até 2...

Gabriel> Tá bom Jú... quem te contou?

Jú> Bruno, é claro... pois na qualidade de escrava, que sou... consegui arrancar dele a história que o senhor simplesmente não me contou no momento hábil...

Gabriel> E o Bruno, como ele ficou sabendo?

Jú> Ahhh, também quer o quê? Que saiba até a cor da cueca do moto-taxi lalau? O que importa é que eu sei... e já vou dizendo... rapaz melhor não ter comido a galinha com a farofa e ter usado as velas como decoração...

Gabriel> Que vela? Que galinha? Farofa?

Jú> Sim! Do despacho que tu chutou e eu avisei pra não chutar!

Gabriel> Jú!!!!!! Vai te lascar!

Ela riu alto e quando estava ainda rindo, uma cadeira foi puxada e o Danilo se senta a nossa frente... na nossa mesa!

Danilo> Olha quem ta sentadinho aqui... a miss pelanca e sua fiel escudeiro... a bichinha do pina...

Jú> Olha quem acabou de se sentar junto com a miss pelanca e a bichinha do pina! Mas não é mesmo o bambi sem mãe, enrustida... que virou Pitt boy pra esconder o Pitt gay que tem dentro... socado... bem enfiado pra ficar escondido, no cú mesmo!

O Danilo se levantou e deu um soco na mesa...

Danilo> Vocês nãos sabem com quem tão se metendo?

A Jú se levantou e bateu mais forte ainda na mesa... com os cadernos!

Jú> Talvez não... mas sabemos com quem você tá metendo...

E vi o Danilo ficar branco...

Gabriel> Juliana! (mas ela continuou)

Jú> Mas isso é folclore... porque quem realmente você queria meter é que é o X da questão... então Pitt gay, o problema não é nós sabermos com quem estamos nos metendo... muito menos na galinha que você tá metendo... o importante é... com quem você queria estar metendo... essa é a frase!

E pegou a bolsa e me puxou pelo braço deixando um Danilo confuso e perplexo!

Saímos dali e fomos pra sala de aula...

Gabriel> Juliana! Você tá louca? Se o Danilo...

Jú> Eu sei... eu sei... mas não me contive! O que poderia fazer... aquele cara precisa de uma lição! Ora que coisa! já chega... ele comete crimes... nos ameaça... bate em você... tenta bater em mim... e simplesmente fica por isso mesmo! Nada disso! Temos que fazer com que ele pague... tou cheia disso! Veja, mal teve suspensão e ele já voltou! É rápido demais...

Gabriel> Eu sei, mas ainda não é a hora...

E a professora entrou na sala... encerramos o assunto... voltamos a estudar... foram mais três aulas terríveis até chegar meio dia... que, em ponto, começa a tocar meu celular... Gui!

Guilherme> Pequeno, já estou aqui... saia...

E desligou... olhei pra Jú...

Jú> Já sei, já sei... começou a brincadeira de seu mestre mandou... e seu mestre mandou a donzela sair apressadamente né isso

Gabriel> Ate mais Juliana...

Jú> Não vai precisar de mim hoje a tarde? O aniversário do patrão!

Gabriel> Hoje não, hoje eu vou fazer seleção de música e ensaio! Mas, amanhã vamos alugar o piano... me liga mais tarde?

Jú> Se meu senhorio permitir...

Estávamos andando e eu já avistei o carro do Gui.

Gabriel> Deixa de leseira! Ei mas me diga, como ta a história da escrava?

Jú> Está muito bom... ele não é criativo não... só manda eu fazer bobagens... hoje pela manhã mesmo... ele pediu pra eu amarrar o cadarço dele... ah coitado... eu pus a bunda pra cima e puxei o decota da blusa... quando amarrei o cadarço e olhei pra cima pude ver um futuro maravilhoso pra meu currículo sexual... (e riu alto) depois te conto tudo... beijos...

E nos despedimos... fui até o carro. O Gui tinha tomado banho e estava bem cheiroso... sua aparência também estava melhor... vestia um Jens azulíssimo e uma camisa branca leve...

Gabriel> Boa tarde Gui... dormiu um pouco?

Guilherme> Nada! Não deu tempo... vamos? Sua mãe ta esperando a gente...

Gabriel> Onde?

Guilherme> Em nosso ap...

E ligou o carro saindo velozmente. Não sei se fiquei emocionado ou apavorado... emocionado por ele te mencionado NOSSO AP. apavorado porque minha MÃE TAVA ME ESPERANDO... só sei uma coisa... o frio na barriga tem horas que é o mesmo pra ambas as coisas...

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Comentários

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ACHO Q SOU O ÚNICO EM PLENO 2017 LENDO ESSE CONTO MARAVILHOSO?

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Estou viciado no conto viu.... Nem comentei os demais. Porém está maravilhosooooo ❤❤❤❤❤

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Vish agora vem bomba aí. Abraços 😄

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Esse celular do Biel é tão fraquinho rsrs. To me coçando toda esperando o próximo capítulo

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Jhoen posta mais um hj?! Preciso d mais é perfeito! Esse almoço promete!!!

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Como não conseguiu, Plutão? Deixei o seguinte aviso nos capítulo 6 a 10: Os capítulos 1 a 5 estão neste link: http://www.casadoscontos.com.br/perfil/217787 . É só você copiar o link e colar na barra do navegador ou pesquise por: [Repost] O Lutador de Jiu-Jitsu - Capítulo 1 ou por Triele.

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Coloca mais um ao menos hj? Sou velho e durmo cedo, nao demora ok? deliciosamente viciante esse conto. Se quiser pode colocar 2, ok? to esperando, nao demora. Obrigado, ahhahahahahaha

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Jhoen Jhol, acompanhei O namorado de minha amiga todo. Não sei se te agradeci pelo que fizeste ao publicá-lo. Quanto a este, não consegui acessar o link dos capítulos 1 a 5. Qual o nome do autor para que eu tente acessálo? Um abraço carinhoso,

Plutão

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A cada capitulo mais apaixonada por esse conto

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Aah, e esse regaste da Bella Swan (Gabriel) pelo Edward Cullen (Guilherme)?! Adrenalina pura!

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Nome: Mãe.... Função: Passar-te vergonha na frente dos outros! É Danilo, a senhora não tem estruturas pra enfrentar a Juliana. Eu acho que o Danilo está envolvido com a "gangue dos carecas".

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