meu amigo

Um conto erótico de vitor
Categoria: Homossexual
Contém 1891 palavras
Data: 10/03/2016 18:24:14
Assuntos: Amor, Gay, Homossexual

[Gustavo]

Após colocar uma roupa decente, saí de casa de moto, sem destino certo. Fiquei por alguns minutos rodando pelo bairro em busca de uma resposta, um motivo, um porquê de Vitor deixar se levar pelas conversas do Charles. Eu queria chorar, queria bater de moto, queria gritar. Eu voltei da Austrália com muita saudades dos abraços de Vitor, saudades do cheiro dele. Saudades de tê-lo só para mim. Queria beijar sua boca. Tirar a roupa dele e matar todas as nossas saudades, matar nosso desejo, que eu sei que ele ainda sentia o mesmo por mim. O fato de não o ter mais comigo fazia minha vida não ter mais sentido. Tudo o que eu sentia naquele momento era vontade de fechar os olhos e não acordar mais. Porque se fosse pra viver sem Vitor a vida não teria mais graça.

Por coincidência passei em uma rua onde estava Lucas. Ele acenou para mim, só assim percebi que era ele. Aproximei-me dele e começamos a conversar. Disse a Lucas que estava triste por causa de Vitor. Lucas falou que eu estava com uma cara péssima e me chamou pra conversar. Fomos num barzinho que estava começando a abrir. Sentamos longe do balcão para ninguém ouvir nossa conversa, só havia nós dois no bar além do dono e os garçons. Uma música ambiente tocava quando pedimos um chope para cada. Então começamos a conversar e eu não parava de falar de Vitor. Lucas me ouvia paciente e com um olhar bastante compreensivo. Acho que ele entendia que o que sentia era verdadeiro.

— Relaxa Gustavo, em breve essa poeira abaixa e o Vitor vai ver que ainda gosta de você.

— Ele disse que está gostando do Charles o suficiente pra estar com ele. Tenho medo de eles ficarem por muito tempo juntos esse gostar se transformar em algo mais forte. Tenho medo de perder o Vitor de vez, Lucas.

Não consegui me conter e comecei a chorar na hora. Lucas tentou me acalmar, mas eu só conseguia dizer que minha vida ia ser uma droga sem o Vitor, comecei a xingar Charles de tudo quanto era nome e dizia que eu ia enfiar a porrada nele qualquer dia. Ainda mais porque ele sabia da nossa história dois antes de se envolver com Vitor. Teve uma hora que Lucas desistiu de tentar me tranquilizar e me deixou falando sozinho. Apenas me observava. Eu estava mesmo precisando desabafar e empurrar todo aquele ódio e tristeza para fora. Até eu me cansar e ficar quieto apenas chorando. Luca disse que era melhor a gente ir embora ou dar uma volta. Foi o que a gente fez. Fomos para a praia e ficamos sentados no final da calçada observando o mar e conversando. Nesta hora eu estava mais tranquilo. Com o Vitor na cabeça ainda, mas me concentrava para não chorar de novo. Foi nesta hora que Lucas disse que ia ver System of a Down no Rock in Rio. Eu disse que também iria, assim como Mariana, Vitor e Charles. Daí tive a ideia de chamá-lo pra ir de moto comigo porque a namorada de Lucas não curtia rock e não ia sair de casa pra ver um monte de gente “mexendo a cabeça” foi o que ela disse, segundo Lucas. Ele aceitou o convite.

[Vitor]

No dia do show do System of a Down no Rock in Rio Lucas já estava na casa de Gustavo para saírem de lá de conforme combinaram. Eu tinha acabado de chegar lá. Charles e Mariana iam de carro comigo. Charles disse que Mariana estava acabando de se arrumar. Enquanto aguardávamos, Charles bateu à porta do quarto dela tentando apressá-la, mas de nada adiantava, ela já tinha dito “to quase pronta” umas cinco vezes. Lucas disse que estava esperando Gustavo terminar de tomar banho e se arrumar para irem também. A gente conversava no quarto.

Minutos depois, Gustavo saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura. Estava muito sério. Seu corpo úmido e seu pau marcando na toalha já me deixou com tesão, mas fingi que não tava reparando nele.

— Oi Vitor — foi o “oi” mais seco que ele havia me dado. Ele foi direto para o guarda-roupas.

— Que animação pra ir para o Rock in Rio, hein — disse eu tentando fazer manifestar o Gustavo brincalhão de sempre.

Gustavo não disse nada. Pegou suas roupas e voltou para o banheiro. Eu fiquei sem graça. Nunca tinha sido ignorado pelo Gustavo. Ele que sempre gostou de trocar de roupas na frente de todos. Bancou o comportado e foi se vestir no banheiro.

Minutos depois questionei se a Mariana estava pronta e Charles disse que ia lá ver. Gustavo saiu do banheiro. Colocou um tênis e conversava bastante com Lucas. Em instantes estava pronto e já se preparavam pra sair. Lucas desceu na frente, eu chamei Gustavo. Ele parou e virou-se para mim.

— Tá bolado comigo?

— Não — ele respondeu com a maior naturalidade do mundo.

— Parece que você tá me evitando.

— Mas eu to te evitando. Pelo menos to tentando.

Eu balancei a cabeça afirmando. Eu estava entendendo. Ele ameaçou sair mas continuou:

— Sabe quando você sente muita vontade de fazer uma coisa, mas não pode? Então é o que eu sinto toda vez que estou perto de você. É a pior coisa que existe.

Ele saiu do quarto. Eu respirei fundo. Charles chegou logo em seguida dizendo que Mariana estava tentando abotoar o vestido e ele estava ajudando. Ela deu crise de choro porque disse que estava engordando e Charles tentou fazê-la parar de chorar.

Mariana finalmente saiu do quarto arrumada. Não estava usando o vestido que Charles estava tentando colocar porque não coube. Vestiu uma calça jeans e uma camiseta preta mesmo. Ela resolveu ir à cozinha comer qualquer coisa pois estava com fome. Charles a acompanhou. Eu fiquei na sala esperando-os. Estava sem fome. Tinha lanchado antes de sair de casa. Vi Gustavo entrando na sala revoltado e subindo as escadas. Lucas vinha atrás.

— O que houve gente? — perguntei.

— A moto não quer pegar — respondeu Lucas. — Já tentamos de tudo.

— Que merda, hein! Mas tem vaga pra dois no carro — disse eu indo atrás deles.

— PRECISA NÃO VITOR, A GENTE VAI DE BUSÃO MESMO — gritou ele do quarto.

Apareceu na sala de volta falando em tom normal:

— Só vim buscar mais dinheiro.

— Gustavo você sabe andar de ônibus? — perguntei.

— Sei. O Lucas também está comigo não tem como errar o caminho.

— Por que você não vai de carro cara? Tem vaga. Não acredito que você prefere ir de ônibus do que ir de carro. Não tem motivo pra isso.

— Tem sim. Não quero ver você e o Charles fazendo “não-sei-o-quê” na minha frente.

— Tá maluco? A Mariana vai com a gente. Tu acha que eu vou fazer alguma coisa na frente dela?

— É Gustavo. Vamos com eles — concordou Lucas — Vai ser tranquilo. Por favor! Ir de busão vai ser contramão.

Gustavo olhou triste para Lucas. Mas acabou aceitando.

Entramos todos no carro. Charles, do meu lado. Mariana, Lucas e Gustavo, nesta ordem da esquerda para a direita. Estava o maior falatório, mas Gustavo continuava calado e cabisbaixo. Durante a viagem eu olhava para ele diversas vezes pelo retrovisor. Gustavo permanecia o tempo todo olhando para fora.

— Maninho, o que tá acontecendo contigo? — quis saber Mariana observando-o.

— Com sono.

— Sono de quê?

— Sono de quê? Sono de dormir, ué. Que pergunta!

— Dormiu o dia inteiro e ainda tá com sono?

— Ai senhor! Liga o som ae, Vitor! A Marília Gabriela tá aqui do meu lado!

Todos começaram a rir, exceto Mariana que começou a tapear o irmão. Liguei na rádio exatamente na hora em que tocava:

“Eu sinto a falta de você, me sinto só.

E aí? Será que você volta?

Tudo à minha volta é triste.

E aí? O Amor pode acontecer de novo pra você.

Palpite.”

— Puta que pariu! Tira essa música. Por favor — disse Gustavo.

— Você também não sabe o quer — disse Mariana — Põe a música. Tira a música. Se resolve aí.

Gustavo não reagiu. Apenas continuou a olhar para a rua pela janela.

Troquei a estação da rádio e coloquei na Rádio Cidade. Olhei para Gustavo e comecei a ficar com dó dele. Como ele era lindo! Vê-lo triste daquele jeito me dava muita vontade de agarrá-lo, mas não podia sacanear o Charles. Comecei a pensar que estava pegando pesado demais com ele. Eu tinha que conversar com Charles e tentar reconquistar o Gustavo pra mim. Na verdade nem seria uma reconquista porque ele já tava na minha. Eu que tinha que tomar a atitude de perdoá-lo e ser feliz com ele. Eu fiquei muito chateado com ele, muito mesmo, mas ele mostrou que estava realmente arrependido. Voltou da Austrália mais maduro, e ainda com aquele modo engraçado dele. Voltou com o rosto barbudo e isso mexeu comigo de verdade. Voltou com uma tatuagem do peito ao braço e estava mais gostoso ainda porque isso tudo agregava em sua gostosura. E quando ele não reagiu quando eu o aticei em seu quarto eu senti um vazio muito grande e eu percebia o quanto era ruim ficar sem ouvir suas provocações repletas de segundas intenções. Suas brincadeiras me deixavam excitado, me deixavam sem graça, me deixavam sem ação e eu gostava daquilo tudo e estava começando a sentir falta.

—Você tá precisando arrumar uma namorada.

Fui tirado dos meus pensamentos com esta frase de Mariana. Gustavo virou o rosto pra ela. Mariana repetiu:

— To falando sério. Você precisa namorar. Tô te vendo muito sozinho pelos cantos. Sei lá. Acho que você poderia pensar nisso. Mulher interessada é o que não falta e não to falando das piriguetes que você pegava não. Falo de garotas tipo a Camila, a Rose…

— Eu apoio! — disse Lucas olhando para Gustavo.

Eu mandei Lucas se foder em pensamento.

Gustavo respirou fundo, parece que estava concordando com os conselhos.

Charles nem se manifestava porque ele e Gustavo estavam se estranhando há um tempo. Ele estava de cara fechada porque Gustavo estava dentro do carro.

Chegamos no local do show e o sol estava se pondo. Bastante gente já estava lá desde cedo. Estacionamos, entramos juntos e admiramos felizes as pessoas se divertindo ao nosso redor. Pensei que Gustavo fosse se afastar da gente com Lucas, mas ficou perto e conversava com ele de forma que não dava para eu ouvir. Eu não conseguia parar de olhar para Gustavo. Ele parecia bastante entretido na conversa com Lucas e não olhou para mim um segundo sequer.

Mais tarde estávamos começando a ficar com fome e resolvemos comer. Comíamos todos hambúrgueres em uma mesa de uma lanchonete do evento. Comentávamos sobre os shows que já havíamos assistido, porém o mais aguardado, System, fecharia a noite com chave de ouro.

— Amanhã ainda tem Slipknot — comentava Lucas.

— NÃO ACREDITO! — alguém gritava do passeio público. Todos olhavam para o cara que gritava olhando para Gustavo. Eu não conseguia lembrar quem era, mas eu já o tinha visto antes. Ele se aproximou. Gustavo sorriu e ficou de pé para abraçá-lo.

— Quem diria que eu ia te encontrar em pleno Rock in Rio, cara! — disse ele abraçando-o.

— Caraca moleque! Que saudades de tu, Felipe!

Felipe? Depois de ouvir o nome lembrei de quem era. Senti um enjoo e a vontade foi de colocar o hambúrguer pra fora naquela hora.

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