O pecador-Capitulo 19

Um conto erótico de Gabriel
Categoria: Homossexual
Contém 4305 palavras
Data: 16/03/2016 22:38:40

Gustavo narrando

Acordei naquela manhã de terça feira já prevendo o quão cheio o meu dia seria. Por um instante voltar a dormir me pareceu uma ótima opção. A minha conversa com o Gabe me fez repensar as minhas atitudes. Engraçado que quando um caso desse tipo acontece em nossa familia, nós começamos a ter uma visão totalmente diferente de antes. Eu que achava que os gays tinham que morrer e ir para o inferno, já não pensava dessa forma tendo em vista que o meu irmão é gay e eu não quero isso pra ele. Eu que antes achava normal um homossexual ser espancado na rua, já sentia calafrios só de imaginar algo parecido acontecendo com o Gabe.

Enfim, me levantei, tomei um bom banho, escovei o dentes e desci para tomar café. O Max e o Gabe já estavam la. Pelo visto meus pais já tinham saído. Os dois comiam em silencio. O clima de tensão era nítido, preferi não me pronunciar. Sentei e tomei meu café. Percebi que o Gabriel não estava comendo nada, fazia uns cinco minutos que ele só mexia o cafe em sua xícara com uma colher.

- Mano, você não vai comer? Nós já estamos ficando atrasados e você nem sequer tocou na comida.- Falei tirando-o de se transe.

- Não tô com fome Gus. Vou subir e terminar de me arrumar. Desço em dois minutos.- Falando isso, saiu da cozinha.

- Ei, como você ta?- Perguntei ao Max.

- Normal, ué.- Ele respondeu com a boca cheia de comida. Olhei pra cara dele como uma expressão de "Sério mesmo que você vai mentir pra mim tão descaradamente?"- Ta, eu não to tão bem quanto gostaria, mas o que você quer que faça? Fique me lamentando porque aquele filho da puta quer dar o rabo?

- Max o que aconteceu com você? Não aceitar que o Gabriel é gay eu até entendo, mas falar dele como se fosse um qualquer, não da pra entender. Ele continua sendo nosso irmão, sangue do nosso sangue e isso não vai mudar, mesmo com todo o desprezo do mundo. Agora você tem dois caminhos: ou você continua tratando ele assim, ou você tenta entender o lado dele e apoiá-lo. Mesmo que não seja fácil, esse foi o caminho que resolvi trilhar. Eu estou cansado dessas diferenças entre nós, de ter que odiar o que o meu irmão é, só pelo que a sociedade me impõe, estou cansado de brigas, de desavenças, cansado de muitas vezes eu ser o principal causador dessas confusões. Eu quero mudar, eu to tentando mudar e se eu fosse você tentaria o mesmo, antes que seja tarde demais. Porra cara, ele te ama tanto, te admira tanto... eu sei que sou o mais velho, mas é você quem ele tem como exemplo, foi você quem se aproximou dele primeiro, você quem o protegeu na escola, que cuidou dele... não quebra agora toda a confiança que ele depositou em você. Apenas não quebre mais o coração dele, por favor...- Max me pareceu envergonhado. Gabe apareceu.

- Vamos?- Ele já estava com sua mochila nas costas.

- Vamos.- Respondi. Saímos de casa e em pouco tempo já estávamos em frente ao seu colégio. Os dois saíram do carro, só que antes que o Max entrasse o chamei de volta.

- Não esquece de tudo o que eu te falei ainda a pouco. Pega leve com ele...- Ele apenas se virou e saiu.

Segui meu caminho e logo estava na faculdade. Entrei na sala e não Vi o Ricardo. Comecei a procurá-lo pelos corredores, que a essa altura já estavam vazios já que os alunos estavam em suas respectivas salas. De repente sinto alguem me puxar pela camisa e me empurrar contra a parede.

- Fala agora o que você fez ontem com o Gabriel! Se você tiver feito qualquer coisa com ele, eu acabo com a tua raça.- Era o Ricardo me ameaçando.

- Ei, calma ai.-Me desvencilhei dele.- Eu não fiz nada com o Gabriel, ta legal? Será que a gente pode conversar?- Ele pareceu surpreso com a minha pergunta, mas acabou topando. fomos para uma praça que tem dentro da faculdade, onde tem mesas e bancos de concreto. Ele sentou de frente pra mim.

- E então, o que você quer me falar?

- Bom ontem eu conversei com o Gabriel e ele me falou varias Coisas que me fizeram refletir. Eu decide que não vou abrir mão do amor que sinto pelo meu irmão por ele ser gay.- Sua expressão era de extrema surpresa.

- Você ta me zoando né? Mas ontem mesmo você estava soltando fogo pela boca e agora nem parece a mesma pessoa.- Ele estava de boca aberta.

- Cara, eu acho que no fundo eu já sabia. O Gabe sempre foi muito diferente de mim e do Max. Talvez o fato de o meu subconsciente já saber que ele é gay, tenha feito com que eu o tratasse de maneira errada todos esses anos. Enfim, o que interessa agora é que nada vai me separar dele. Ele já fez muito por mim e aceita-lo não é nada, perto do que ele já fez.

- Mano, eu sinceramente tô sem palavras. Eu não esperava uma atitude dessas vinda de você.

- Pra falar a verdade, nem eu esperava essa atitude vinda de mim. Até eu estou me surpreendendo comigo mesmo. É como dizem por ai: "O amor tudo supera, tudo suporta." E cara, eu te garanto que a vontade de manter a minha familia unida, ta sendo maior que o meu preconceito.

- É... o Gabe tem esse efeito sobre a gente mesmo. Quando menos esperamos, mudamos todos os nossos conceitos e tudo o que achávamos que sabíamos.- Ele falou aquilo com uma cara de bobo que me fez sorrir.

- Iiih pelo visto você ta caidinho pelo meu irmão né? Eu não sabia que você curtia isso...

- É disso que tô falando quando digo que o Gabe me fez mudar... Até outro dia eu achava totalmente errado o fato de dois caras ficarem juntos e agora olha só pra mim, preso nas teias de um moleque de 16 anos.-Ele rio do que falou.- Mas isso que eu sinto, só acontece com ele. Nunca nenhum outro homem me despertou nada. Sempre foi mulher, só que quando eu bati os olhos nele, aconteceu algo em mim que eu não sei explicar.

- Tá, mas e ai, quais são as suas intenções com o meu irmão? - Perguntei serio agora e senti que o clima pesou. Ele me pareceu meio tenso.- Você pretende o que? ficar só se encontrando com ele na academia e empurrando isso que vocês tem com a barriga? Ou você está disposto a ter algo mais sério com ele? Porque se for só pra você ficar se aproveitando do meu irmão enquanto ele se envolve emocionalmente com você, eu mesmo corto o que quer que seja que vocês tenham. Você sabia que o Gabe enfrentou a mim e ao Max só para não ter que abrir mão de você? Se você quiser só brincar com os sentimentos do meu irmão, você vai se ver comigo!

- Calma aí cara, as minhas intenções com ele são as melhores, até porque eu também já me envolvi emocionalmente com ele. Você sabe que eu sou decidido nas minhas escolhas e se eu to aqui agora, é porque quero um compromisso com o teu irmão.

- Só me promete uma coisa mano, olhando nos meus olhos.-Ele me encarou.- Promete que você nunca vai fazer o Gabriel sofrer e que vai sempre cuidar dele.

- Eu prometo tentar.

- Olha só, meu irmão é muito sensível e magoá-lo é mais fácil do que você pode imaginar. Então se esforça, ok? Porque se eu por acaso descobrir que você anda tratando-o mal, fazendo coisas que não deve e deixando-o triste, eu juro por tudo o que é mais sagrado que eu vou atrás de você onde quer que seja.-Ele agora pareceu nervoso.- O Gabriel já passou por muita coisa e eu não quero que ele sofra mais.

- Mano eu agora vou falar super serio também: Eu tô apaixonado pelo teu irmão e acredite, eu vou fazer o que estiver ao meu alcance pra deixá-lo feliz.- Fiquei mais aliviado e comecei a sorrir, ele também. Nos levantamos.

- É cara, então bem vindo a família.- Falei abrindo os braços.

- Valeu, cunhadinho.- Ele veio me abraçar.

- Que mané cunhadinho, não abusa da minha boa vontade, seu folgado!- Começamos a rir mais. Acabamos indo para aula.

Gabriel narrando

Eu nem acredito que tive coragem o suficiente pra enfrentar os meus irmãos daquela forma ontem. Por incrível que pareça, o Gus parece estar lidando bem melhor com essa situação do que o Max, que nem sequer me dirigiu a palavra hoje. Estávamos na escola, na hora do intervalo. Fui atrás do Max pra tentar conversar, pois não queria que as coisas ficassem estranhas entre nós. Apesar de tudo, eu ainda sentia sua falta, a gente tinha se apegado demais um ao outro. Ou pelo menos eu me apeguei a ele. Max estava com a Bianca e com uns amigos seus no pátio.

- Ô Max, será que a gente pode conversar?- Perguntei timidamente. Todos pararam de conversar, o que me deu mais vergonha.

- Você não ta vendo que eu tô ocupado agora moleque?- Ele respondeu secamente.

- É que é uma coisa muito importante e...

- Você é surdo ou o que?- falou me interrompendo- Vaza daqui cara.- falou dando um leve empurrão em meu peito. Todos os seus amigos me olhavam. Senti meu rosto enrubrecer. Me virei e fui saindo em direção a quadra.

- Nossa Max, não precisava tratar seu irmão dessa forma.

- Não enche Bianca.

- Grosso.- Foi tudo o que consegui ouvir antes de me afastar. Cheguei na quadra e sentei na arquibancada, estava sem cabeça para assistir aula. Abracei as minhas pernas e fiquei la pensando em tudo o que tinha acontecido de ontem pra hoje. Foi inevitável segurar uma lagrima que caiu do olho esquerdo.- Ta tudo bem com você?- Era Bianca. Ela sentou ao meu lado e pôs a mão no meu ombro. Limpei meu rosto.

- Ta tudo bem sim.- Virei um pouco o rosto para o lado oposto ao que ela estava.

- Eu me chamo Bianca, sou namorada do seu irmão, acho que nunca fomos apresentados.- Ela sorriu sem graça.- Prazer.- Falou estendendo a mão.

- Eu sei, o Max já me falou de você. Gabriel, prazer.- Apertei sua mão .

- E então, você pode me dizer o que aconteceu entre você e o Max? Até outro dia ele falava de você de uma forma tão carinhosa e agora ele te tratou daquela jeito...

- Sem querer ser indelicado, mas esse é um assunto particular.

- Olha eu sei que a gente nem se conhece direito, mas eu só tô querendo ajudar. Você pode confiar em mim. Eu não gosto de ver o Max te tratando assim.- Seu olhar me passava confiança, então resolvi dar essa chance a ela.

- É que ontem eu contei para o Max e para o nosso irmão Gustavo que eu sou... gay. Ele não reagiu bem a isso.

- Sério que isso tudo é só porque você é gay? Nossa, em que século ele vive?- Me surpreendi com a sua resposta.

- Bom é que la em casa todo mundo é evangélico e eles não aceitam essas coisas.

- Ai que chato isso. Mas olha não fica assim, eu sei que uma hora ou outra o Max vai aceitar você do jeitinho que você é.

- Tenho minhas dúvidas.

- Desde que a gente começou a namorar ele sempre me pareceu muito preocupado com você, sempre de olho em você aqui na escola, vendo se ninguém tava mexendo contigo. Sempre que eu perguntava como foi o seu dia, ele falava de coisas que vocês dois tinham feito juntos... não é possível que isso tenha morrido de uma hora pra outra.

- Levando em conta que tudo isso começou de uma hora pra outra, é bem capaz que esse amor todo vá embora na mesma velocidade.

- Como assim começou de uma hora para outra?

- É que faz bem pouco tempo que eu e o Max nos aproximamos... nem sempre foi assim.- Comecei a contar pra ela como foram todos esses anos em casa. Ela ouvia tudo calada.- Bom, espero que você sabendo dessas coisas agora não estrague o relacionamento de vocês.- Falei concluindo a minha história.

- Eu realmente sinto muito por você ter passado por tudo isso, mas não se preocupe, eu vou ter uma conversa muito séria com o seu irmão.

- Não, por favor. Ele vai pensar que eu vim reclamar com você.

- Você quem sabe, mas se precisar é só chamar.- falou enquanto piscava um olho pra mim.

- Valeu, cunhada.-Ri sem graça.

- Gostei de você, cunhado. Pelo visto seremos bons amigos!- Nesse momento ouvimos o sinal tocar, indicando a hora de ir para casa.- Pelo visto nossa conversa acabou por hoje. Vamos?- Falou isso me levantando e enrolando meu braço ao dela. Achei engraçada a forma como ela já estava tendo atitudes de uma pessoa intima a mim. fomos chegando perto das salas ainda de braços dados, quando olhamos o Maxwell saindo da sua sala, dando de cara conosco.

- O que você faz de braços dados com Ele?- Max perguntou pra bianca, como se eu não estivesse ali.

- A gente só estava conversando, né cunhado?- Ela sorriu pra mim e eu retribui.

- É, mas essa conversa de vocês acabou.- Ele falou passando o braço ao redor do pescoço dela e me dando mais uma vez um leve empurrão para que nossos braços se soltassem um do outro.- Vai pegar suas coisas, moleque.

- Eu já disse pra você não tratar ele assim!- Qual o seu problema em Max?

- É coisa de irmãos, Bianca. Não se meta.- Ele respondeu sem paciência.

- É justamente por vocês serem irmãos, que você não deve tratá-lo dessa forma. Eu e meu irmão somos um amor só!- Eu não sabia que ela tinha irmão.

- Mas o Gabriel não é você e nem eu sou o seu irmão. Anda logo garoto, o que você ainda faz aqui?- Terminou a frase dirigindo-se a mim.

fui para a minha sala e peguei minha mochila. O João Lucas faltou e me deixou sozinho aqui nesse zoológico. Voltei para onde o Max estava e a Bia provavelmente já tinha ido embora, pois ele estava sozinho.

- Mano, será que agora a gente pode conversar?- Perguntei cauteloso. Ele fez cara de quem estava de saco cheio.

- Cara isso não pode ser outra hora? Eu sinceramente não to afim de falar contigo agora.

-Max até quando você vai ficar me tratando assim? Para de agir feito criança e vê se tem maturidade pra encarar as coisas!

- Era só o que me faltava, ter que levar sermão de você.- Ele sorriu debochado.- Olha, vou esperar meu irmão la fora.- Ele saiu andando rápido, alcancei-o e peguei em seu braço.

- Mano você tem que ouvir o que eu tenho pra falar.

- EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO FALAR COM VOCÊ.- Isso nós já estávamos do lado de fora da escola. Ele soltou seu braço da minha mão e me empurrou, fazendo com que eu recuasse. Ele deu três passos rápido para atravessar a rua. No calor do estresse ele nem viu se vinha algum carro ou não. Acontece que eu Vi um carro vindo e ele já estava bem perto do meu irmão. Quando ele viu o carro, ficou paralisado.

- MAAAAAAX!- Comecei a correr até alcançá-lo, me joguei contra seu corpo, empurrando-o para longe, quando de repente sinto uma pancada forte atingir o meu tórax e parte das minhas costelas, jogando-me longe. Apaguei.

Maxwell narrando.

Paralisado. Era assim que eu me encontrava naquele momento. Parecia que todo o sangue tinha sido drenado do meu corpo. Minha cara deveria estar branca igual papel e meu coração tinha parado de bater. Ver meu irmão estirado no chão de asfalto e desacordado me deixou em estado de choque. Em fração de segundos Vi o Gustavo ao seu lado, ligando para alguém, não sabia que ele já estava ali. Era como se eu conseguisse ver tudo, mas não conseguisse ouvir nada, nem me mexer. O motorista conseguiu fugir, saiu cantando pneu. O Gus veio falar comigo, que ainda estava sentado no chão, mas n consegui entender nada que ele falou. Ele me chacoalhava pelos ombros, mas eu só conseguia olhar para o Gabriel. Minha visão começou a ficar turva e a escurecer, até que eu apaguei.

"Eu estava em um lugar escuro, totalmente escuro, quando de repente um foco de luz surge em cima da cabeça de alguém. Não consegui identificar logo quem era, então cheguei mais perto e ele começou a falar:

-Por que você não me ouviu, Max? Por que você me tratou daquela forma?- O Gabriel fala chorando.

- Me desculpa mano, eu não queria fazer isso...

- Eu só precisava do seu amor... do seu carinho e você me negou isso Max. Por que? Isso não se nega nem a um cachorro, mano.- Ele continuava a chorar compulsivamente. Eu também já estava aos prantos.

- Eu estou tão arrependido. Mil vezes eu na frente daquele carro do que você. Por que você fez aquela idiotice?

- Porque você é meu irmão. E se precisasse eu me jogaria mais mil vezes na sua frente pra te salvar. Eu te amei, Max. Mesmo com todos os seus defeitos, mesmo me tratando de uma maneira horrível, eu te amei e te aceitei do jeito que você é. Por que qual o papel da familia senão aprender a conviver e a respeitar as diferenças uns dos outros para que possamos crescer juntos e apoiando uns aos outros? Eu fiz por você o que qualquer irmão faria. Mas e você? faria o mesmo por mim? Pelo visto não, pois nem me aceitar como eu sou você foi capaz, me salvar seria pedir demais...

- Gabe, por favor...não faz isso comigo.- Supliquei.

- Não. Foi VOCÊ que fez isso comigo. Você que me fez sentir um morto mesmo em vida. Você me matou muito antes daquele carro.

- Por favor, não me deixa.- Meu choro era desesperador.

- Eu estou te deixando sim e a culpa é toda sua. SUA. Adeus Maxwell, até nunca mais!- Seu corpo desapareceu no ar e eu fiquei ali jogado no chão.

- N-n-não, por favor não. Não faz isso comigo Gabriel. GABRIEEEEL..."

- GABRIEEEEEEEEEEEL.- acordei chamando por seu nome, levantando somente o meu tronco, ficando sentado em uma cama de hospital. Tentei levantar dali mas duas mãos me impediram segurando os meus braços, era o Gustavo.- ME LARGAAAAA, O GABRIEL E-E-ELE...

- Calma mano, ta tudo bem.- Ele falou me interrompendo enquanto eu me debatia para me soltar dele.

- N-NÃO. O-O GABE VAI ME DEIXAR, ME SOLTAAAA.- Comecei a esmurrar seu peito, mas ele não me soltou. Pelo contrário, Ele me abraçou forte e colocou minha cabeça em seu peito. Foi inevitável que as minhas lagrimas caíssem.- O Gabe, mano... o meu irmãozinho. Cadê ele? Ele não pode morrer. Foi tudo culpa minha.- Eu falava em meio aos soluços.

- Shiiii eu já disse pra você se acalmar. Deita aqui.- Ele foi me deitando na cama e se deitando junto comigo. Deitei minha cabeça em seu peito e o abracei com toda a minha força, com lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto. Acho que aquela era a primeira vez que eu e o Gustavo ficávamos tão próximos assim. Ele nunca foi de me tratar desse jeito. OK, sempre nos demos bem, mas quando eu precisei de amor fraternal, de um abraço, as vezes até de um colo, eu nunca pude contar com ele, a não ser quando crianças. Mas nessa época não tem nada de tão ruim acontecendo. Essa regra idiota de que não podemos demonstrar fraquezas na frente dos outros, pra mostrar pras pessoas que tudo está bem sempre, só serve para nos distanciar uns dos outros, fazendo com que cada um viva dentro de uma bolha, criando uma barreira emocional inatingível pelos outros. Passei todos esses anos por tudo o que a vida já me fez, sofrendo calado, morrendo por dentro mas por fora demonstrando ser aquilo que as pessoas queriam que eu fosse. Só que chega um momento da vida em que a gente desaba. O fardo começa a ficar mais pesado do que podemos carregar e aquele era o momento. Juntou-se toda a culpa que eu estava sentindo pelo Gabe, com toda a carência emocional que eu tinha e me fez ter uma crise de choro.

- G-gustavo?

- Oi.

- Cuida de mim hoje, p-por favor...- Escondi meu rosto em seu pescoço, Ele me abraçou com força.

- Eu vou cuidar de você pra sempre. Mesmo quando eu, você e o Gabe estivermos bem velhinhos, ainda assim você vai encontrar o meu peito pra chorar, vai encontrar a minha cama para dormir quando tiver medo de algo, lembra?- Foi inevitável sorrir. Quando éramos crianças, eu sempre corria pra cama do Gustavo a noite com medo do escuro.- Sempre vai encontrar um confidente, um companheiro, um amigo. Max, me desculpe por eu ter sido um irmão mais velho tão ruim para você e pro Gabe.- Uma lágrima escorreu por seu rosto.- Eu sempre fui tão negligente, tão imaturo... vocês sempre devem ter precisado de mim pra tirar dúvidas quanto a coisas da vida; pra sei lá, dar um abraço qualquer que seja, mas eu sempre estive tão ausente, tão egoísta, que não conseguia olhar nada do que realmente importava que estava ao meu redor. Me desculpa por só agora perceber o quanto vocês precisaram de mim e eu virei as costas.- Eu não conseguia parar de chorar. Tudo aquilo tava mexendo tanto comigo...- Eu prometo que a partir de hoje eu vou demonstrar o quanto eu amo vocês, de todas as formas que eu puder.

- Eu também amo você, mano. Você, o Gabe e os nossos pais são tudo o que eu tenho.- Falei enquanto ele alisava os meus cabelos e dava um beijo na minha testa.- Como o nosso irmão tá?

- Com a pancada o corpo dele entrou em coma. Ele teve hemorragia interna e quebrou uma costela. Na queda ele bateu a cabeça e teve um traumatismo craniano. Os médicos já cuidaram dele, agora o quadro é estável e só esperam alguma reação do corpo dele aos remédios.

- Nossa que rápidos. fizeram isso em tao pouco tempo?

- Mano hoje já é quarta. Você ta dormindo desde a hora que desmaiou ontem. Os médicos acharam melhor te dar um calmante, devido ao seu estado de choque. Nossos pais estão la com ele e eu fiquei encarregado de esperar você acordar.

- Cara foi tudo culpa minha.

- Para, Max. Por que você diz isso?

- Porque ele queria conversar comigo, mas eu não lhe dei atenção. Pelo contrário, eu estava fugindo dele. Acabei indo em direção a avenida sem prestar atenção em nada, foi quando o carro veio em minha direção e eu fiquei sem reação e ele...- Meu choro se intensificou.- Era pra ser eu no lugar dele. Era pra eu estar ali. Ele me salvou. Ele se jogou na frente de um carro por mim. Ele teve coragem de talvez perder a vida por alguém que estava o esnobando. Você tem noção de como eu estou me sentindo? Se o pior acontecer com ele, eu não vou me perdoar nunca.

- Calma. O Gabe é forte e logo, logo vai sair dessa. Ele sempre lutou contra tudo, sempre resistiu a tudo. não vai ser agora que ele vai fraquejar. Você vai ver como é só uma questão de tempo.

- A gente pode ir ver ele agora?

- Claro que sim.- Descemos da cama e começamos a caminhar pelos corredores do hospital, quando olho meu pai sentado em uma cadeira ao lado de uma porta, chorando. Ele finalmente me vê e fica de pé. Sem pensar duas vezes começo a correr e me jogo em seus braços.

- Papai...

- Max...

- Diz que vai ficar tudo bem com ele pai, por favor.- Ele me abraçou com força.

- Vai sim filho, eu tenho fé que sim.- Abri a porta abraçado ao meu pai, o Gustavo veio atrás e fechou a porta.

Quando Vi ele deitado ali, meu coração acelerou. Frágil. Era assim que ele parecia. Como se qualquer toque fosse capaz de quebrá-lo. Ele tinha o tórax e a cabeca enfaixados e arranhões em algumas partes do corpo.

-Gabe...- Aproximei-me dele, sentei em uma poltrona ao lado de sua cama e segurei sua mão.- Acorda logo, mano. Meu pai tentava disfarçar, mas ele tava tão mal quanto eu.

- Filho, eu vou atrás da mãe de vocês, ela deve ta em outra ala do hospital falando com algum médico amigo dela.- Meu pai falou e saiu. Gustavo foi para o outro lado da cama.

- No fim, mesmo aos trancos e barrancos, só restou nós três. Sempre se trata de nós três.- Gustavo falou.

- Talvez a vida esteja querendo mostrar pra gente que não podemos viver em desunião. Mas as vezes somos tão cabeças duras, tão burros, que foi preciso acontecer isso com o Gabe pra gente se tocar. Pra EU me tocar.- Falei desabafando. De repente o Ricardo entra com ar de desespero pela sala.

- G-gabriel.- Falou. Seus olhos estavam cheios d'água.

- O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI? VOCÊ NÃO VAI CHEGAR PERTO DO MEU IRMÃO. EU NÃO VOU PERMITIR.- Me levantei de vez e Esbravejei.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Dinho_S2 a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Omg ... Sem palavras para descrever o quantos minhas lagrimas rolaram durante o desenlaço deste cap , o gus me surpreendeu estou fascinado pelo gabe e o ric 💗

Indo ansiosamente para o próximo cap.

Bjs de sangue e fogo de um targaryen

0 0
Foto de perfil genérica

cara, vc escrevendo um livro venderia milhões!! ads

0 0
Foto de perfil genérica

coitado do gaby nao merecia isso...

espero q agora o max se der conta do quanto o gaby e inportante pra ele e pro gus..

conto perfeitoo ancioso pros proximos capitulos..

0 0
Foto de perfil genérica

Muito me emocionei de mais e espero que o Max para com essa babaquices.

0 0
Foto de perfil genérica

Porra o Max não aprendeu nada, que o Ricardo ponha ele no lugar dele. Tou muito emocionada aqui.Saudades de vc meu querido. Bjos

0 0
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

A cada capítulo vai ficando melhor... Louca pelo próximo capitulo

0 0
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Optimo como sempre.Eu espero que o gabe fique bom logo e que voltes rapidinho

0 0
Foto de perfil genérica

nossa que capitulo tenso e emocionante, ansioso pelo proximo capitulo ❤😙

0 0
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Nossa, esse capítulo foi super emocionante! Tomara q o Gabe fique bom logo!

0 0
Foto de perfil genérica

Boa noite!! Ótimo esse conto, sou novo aqui na cdc e gostaria que vocês lessem meu conto e dessem a opinião de vocês!! Obrigado Diario de um garoto de programa – Piloto-

0 0