Cap.26
NARRADO POR RAFAEL
Não acreditei na voz que eu ouvi. Parecia um sonho. Sim, era ele.
-Ben ? É você mesmo ?
-Sim, sou eu bobão. Cheguei agora pouco e... queria fazer uma surpresa. Venha logo !
-Tá... Tá bom – comecei a imediatamente me tremer de tanto nervosismo. Não conseguia acreditar, o veria novamente. Primeiro daria uma bela bronca por ele não ter me contado que viria. Depois, mataria toda a saudade que sentia dele. Corri, vesti uma blusa, um sapato e sai, feliz da vida. Depois de quase 6 meses, o veria novamente.
MINUTOS DEPOIS
Comecei a procurar ele no aeroporto. O mesmo é grande, e alguns fãs do Barcelona ficavam me parando no meio do caminho, porém logo o encontrei. Estava lá, num canto, escorado no carrinho, me esperando. Não havia mudado nada. Os fios loiros pelo qual eu havia me apaixonado estavam lá, intactos. Quando ele me viu, um sorriso enorme formou-se no meu rosto. E no dele também. Ele veio andando em minha direção e quando se aproximou, me abraçou. Fortemente.
-Eu não acredito que estou aqui, com você ! - falou, enquanto me abraçava.
-Nem eu... - falei, sentindo levemente aquele cheiro que eu sentia falta – mas vamos matar a saudade depois, estamos num lugar público
-Ah é – falou, rindo. Começamos a andar, em direção ao carro.
MINUTOS DEPOIS
Mas bastou entrarmos no carro para ele me beijar. Como eu senti falta daquele beijo. Como eu gostava daquele beijo. Como eu queria experimentar novamente aquele beijo. Não conseguia acreditar.
-Estava morrendo de saudade de você ! - dizia eu, me separando levemente dele, para respirar.
-Eu... Eu também – falou, me abraçando novamente. Meu coração estava acelerado, meu corpo tremia de tanta alegria. Parecia que haviamos ficado sem nos ver por mil anos.
MINUTOS DEPOIS
Ele olhou a minha casa com surpresa.
-Você mora aqui ? - perguntou, enquanto o carro se aproximava.
-Sim. Porquê ?
-Ah... Não é muito grande para você ?
-Não. É no tamanho certo... Acredita que eu mobiliei tudo a seu gosto ?
-Como assim ?
-Não sei explicar. Eu comprei todos os movéis e só quando cheguei em casa foi que percebi que era tudo parecido com as coisas que você gosta – ele riu.
MINUTOS DEPOIS
-Esta é a minha casa ! - dizia, abrindo a porta para que ele entrasse
-Você comprou ?
-Não. Apenas aluguei. Não creio que vá passar o resto da minha vida aqui, então...
-Sim, entendo – meio timído, ele entrou.
-Como vai o Brasil ? - falei, indo a cozinha para pegar um café para ele.
-Do mesmo jeito de sempre. Muitos escândalos, mas todos nós estamos bem.
-Que bom. E o nosso time ? - falei, voltando para a sala e entregando a ele o café.
-Muito bem também. A diretoria tá tendo alguns problemas para evitar desmanche, mas tá fazendo o melhor que pode. E, eu tenho jogado bem.
-Eu sei. Assisto todos os seus jogos – falei, bagunçando levemente o seu cabelo – estava com tanta saudade de fazer isso... - eu estava morto de saudades dele.
Esperei ele comer alguma coisa, e então sai puxando ele para o meu quarto.
-Espera Rafael, não precisa de tanta pressa – dizia, enquanto subiamos as escadas. Eu apenas ria. Assim que entrei no quarto, tranquei a porta.
-Você não tem noção da imensa saudade que eu estava sentindo de você ! - falei, o beijando – eu estava morrendo de saudades desse cheiro – falei, beijando o pescoço dele – desse corpo – falei, abrindo levemente a camisa que ele vestia e deslizando minha mão no corpo dele – e dessa boca ! - falei, beijando ele novamente.
-Então nós vamos matar essa saudade ! - falou, praticamente me empurrando para a cama. Em alguns segundos estava sobre mim, e começavamos a matar a saudade. Eu precisava daquilo. Precisava dele. Para sempre.
MINUTOS DEPOIS
Lá estavámos nós dois na cama, abraçados um ao outro.
-Como foi a sua vida aqui sem mim ? - ele perguntou.
-Muito reclusa. Não tenho costume de sair, tenho poucos amigos... Fico mais tempo em casa. Só saio realmente para viajar ou jogar. E você ?
-A mesma coisa. Antes eu tinha um motivo para sair, você. Agora, nem isso... Tenho ficado em casa. Só saio para os treinos mesmo.
-Vamos aproveitar muito esse tempo em que você ficar aqui.
-É, vamos... - de repente o meu telefone tocou.
-Alô ? - falava em espanhol.
-Não quer participar de uma pelada ? - dizia um dos meus amigos.
-Hoje ? - olhei para ele – posso levar um amigo ?
-Quem é ?
-O Benjamin, que jogava comigo no Brasil.
-Ah, pode sim. Vai ser bem legal...
-Tudo bem – desliguei o celular.
-Quem era ?
-Um amigo meu. Você trouxe chuteira ?
-Trouxe, porquê ?
-Nós vamos para uma pelada hoje !
MINUTOS DEPOIS
A pelada era na casa de um dos nossos amigos. Uma boa parte dos jogadores do time estavam lá, incluindo o treinador.
-Achei que não viria mais Rafael !
-Ué, quase não achei esse lugar...
-Vamos lá, você e o Ben estarão no nosso time... - eu e Ben nos trocamos rapidamente no vestiário e viemos para o campo novamente. A bola começou a rolar, e um devaneio tomou conta de mim logo no início. Ver aqueles fios loiros ao meu lado novamente era incrível. Parecia que eu havia voltado ao Brasil, aos velhos tempos. E nem o tempo havia feito nós perdermos a nossa afinação em campo. Não demorou muito para ele marcar um gol. Todos ficaram felizes – Caramba, você não me disse que ele jogava assim – dizia o meu amigo, voltando a jogar...
MINUTOS MAIS TARDE
Depois de jogar um pouco, decidi parar. Sai do campo e fui tomar uma água. Noto então o nosso treinador se aproximar.
-Oi Rafa...
-Oi treinador – ele sentou-se ao meu lado e ficou olhando para o campo.
-Quem é esse seu amigo ?
-Não o conhece ? É o Benjamin. Ele jogava comigo no Brasil, ganhou a Copa América comigo pela seleção.
-Ah, é ele ? Não tinha reparado nele. Ele joga bem ein ?
-Você acha ?
-Fiquei impressionado... - vi ali uma chance de tentar traze-lo para o Barcelona.
-Ele sempre jogou muito... Facilitava muito as coisas quando eu tinha ele do meu lado. Devia olhar alguns vídeos dele na internet jogando, vai se impressionar ainda mais...
NARRADO POR BEN
Vim para a Espanha porquê estava morrendo de saudade dele. E durante o ano seria muito difícil eu conseguir vir ali. Então abdiquei do fim de ano em família para vir passar o fim de ano com ele. Não havia mudado nada. Nem ele, nem o nosso sentimento. Já no primeiro dia, matamos a saudade um do outro. E saímos juntos. Adivinha para quê ? Jogar futebol. Foi bem legal, os companheiros dele eram legais, me senti em casa. Porém, como a temporada lá continuava, ele não estava de férias.
-E então ? Vou ter que ficar aqui ? - perguntei, assim que ele voltou de um dos treinos.
-Não. Você vai comigo ! Assim aproveita para conhecer a Espanha.
-Jura ?
-Juro. Separa umas roupas que você vai viajar comigo !
E assim eu o acompanhei durante os vários jogos que ele teve durante a minha estadia na Espanha. Passei por Sevilla, Bilbao e Madrid.
-Está nervoso para esse clássico ? - perguntava, junto com a delegação, ao lado dele
-Um pouco. Mas dizem que vai ser bem legal, então...
Acompanhava o jogo de um dos camarotes. De lá podia vibrar por ele e acompanhar seus jogos. A torcida era tão louca quanto a Brasileira. No fim dos jogos, ficava o esperando para voltarmos. Porém, naquele dia o primeiro a sair do vestiário foi o treinador.
-Ah, oi Benjamin – ele falava espanhol, e eu entendia na medida do possível.
-Oi, treinador !
-É, eu andei acompanhando o seu trabalho...
-Verdade ?
-Sim. Você joga muito bem ein ?
-Gracias ! - ele riu.
-Não gostaria de vir para Barcelona ? - arregalei os olhos quando ouvi aquilo.
-O quê ? - não acreditei.
-Aguarde ok. Assim que você voltar para o Brasil terá uma empresa – e então o homem se foi, me deixando de queixo caído. Logo Rafael apareceu.
-O quê foi ? Que cara é essa ?
-Ele perguntou se eu gostaria de vir para cá ?
-Jura ?
-Juro...- falei olhando para ele
-Isso quer dizer que o meu plano está dando certo – falou, começando a andar.
-Plano ? Que plano Rafael ?
-De fazer com que ele te contrate !
DIAS DEPOIS
Era dia 31 de dezembro. No dia seguinte o novo ano começaria. Estava feliz, pois apesar de estar longe da minha família, estava perto de quem mais queria estar.
-Vem ver minha mãe aqui no Skype Rafa ! - gritei para ele, que estava na cozinha, cozinhando.
-Já vou ! - e logo ele apareceu – oi, como a senhora tá ?
-Tô bem, e você ?
-Tudo ótimo.
-Tá dando tudo certo aí na Espanha ?
-Mais certo do que nunca... - falou ele, me olhando – agora me dê licença senão a comida vai queimar – apenas ria dele.
MINUTOS MAIS TARDE
Comiamos do lado de fora da casa, olhando o céu estrelado enquanto uma música tocava.
-Você tá feliz ? - perguntava eu
-Tô né. Com você do meu lado não tinha como não estar...
-Poxa, chega me dá um aperto no coração saber que vou voltar logo para o Brasil.
-Mas não se preocupe. Tenho quase certeza que logo estaremos jogando juntos novamente – e então os fogos de artíficio começaram a se espalhar pelo céu de Barcelona, anunciando que o novo ano começava. Novo ano, nova fase.
DIAS DEPOIS
Retornei ao Brasil. Meio que a contra gosto, mas retornei. Dessa vez não choramos na despedida, mas mal eu entrei no avião, já estava morrendo de saudade dele. Assim que eu botei meus pés em Guarulhos, percebi que meu empresário estava do lado de fora me esperando.
-Ué, o que você está fazendo aqui ?
-Esperando você chegar. Tem um representante do Barcelona querendo falar com você.
-Agora ?
-Sim, agora ! - falou, quase que me empurrando no carro, e lá fomos nós.
MINUTOS DEPOIS
Frente a frente com o representante, eu tremia. Uma felicidade imensa tomava conta do meu corpo ao ouvir aquilo.
-O Barcelona quer te fazer uma proposta. 800 mil por mês, pagamos a sua rescisória e toda a publicidade é sua. O que acha ? - olhei para o meu empresário, ele para mim
-Eu aceito...
-Mas não vai nem pensar ? -perguntou o homem.
-Não tenho no que pensar. Ñão receberei proposta melhor que essa. Prepare tudo, eu aceito a proposta – mal havia voltado, já teria que retornar a Barcelona. Porém, estava ultra feliz com isso. Sai da sala e quase que imediatamente meu celular vibrou. Quando fui olhar, quase cai para trás.
“Astros do Futebol, Rafael, do Barcelona e Benjamin do Brasil F.C são gays e tem um caso”
Continua
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