Por que tem que ser assim? 23 (final 2-2).

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 4257 palavras
Data: 25/07/2016 16:49:20
Última revisão: 25/07/2016 18:24:29

- a partir de agora você vai ser o anjo dos meus filhos.

Arthur - sim. (falei chorando muito). Eu vou ajudar o senhor.

Barão - não meu garoto. Só você. Daqui pra frente vai ser só você.

Balancei a cabeça em negativa.

Arthur - não! eu não quero. Só quero se for a seu lado. (falei com minhas duas mãos em seu rosto).

O corpo do barão foi caindo aos poucos até tocar, completamente, o chão do convés.

Arthur - hey barão, hey, acorda cara. (estava aos prantos).

Barão - to aqui garoto.

Olhei para o alto, e dois homens me encaravam.

-falta muito para chegarmos em terra firme? (questionei).

- Um pouco. (disse os dois).

Arthur - precisamos de socorro urgente.

- negativo. (disse o homem). se chamar por socorro, vai aparecer policia na área.

Arthur - não da pra esperar. Da pra entender? (falei partindo para cima do cara).

- Baixa a bola aí moleque. (disse o cara me empurrando).

Arthur - Nos leva ao menos até a lancha onde nos encontrou.

- você vai fugir.

Arthur -eu não vou fugir vei, eu só quero ajuda para tira-lo daqui o mais rápido possível.

Os dois homens se olharam.

Arthur - por favor cara, ele ta perdendo muito sangue.

- droga! (exclamou o homem). Vai la na cabine e chama por socorro. (ele deu uma ordem a seu companheiro que atendeu de imediato).

Enquanto um foi ate a cabine o outro deu uma olhada ao redor do barco; Eu desamarrei o barão e tentava mante-lo o máximo de tempo possível consciente.

xxXX

- Pega aqui. ( o homem me entregou um bilhete).

Arthur - o que é isso? (perguntei estendendo a mão para apanha-lo).

- os dados da conta e o valor para ser depositado.

De repente, vi saindo vários homens da cabine. Consegui contar seis no total.

- não vacila comigo hen!?

Eu balancei a cabeça que sim.

Arthur - e quem esta no comando do barco? E o socorro, chamou? (eu falava soluçando).

- ta tudo sobre controle: o merdinha aqui vai ficar amarrado (ele referia-se ao Ben que apenas nos observava, mas nada falava) e o comandante do barco é empregado particular de vocês, essa é a versão que você dará a policia, tamos entendido?

Arthur - sim.

Os homens em pose de coletes salva vidas se jogaram no mar, um a um.

xxXXX

Assim que eles desocuparam o barco, eu coloquei meu corpo em cima do barão e tentei aquece-lo. Em algum lugar, eu tinha visto que aquilo ajudava. Naquele momento valia tudo.

- e essa cuequinha? (perguntou ele sorrindo).

Barão fazia esforço para falar.

Olhei para o meu corpo e eu estava apenas de cueca; ele de sunga.

Minha testa encostou na testa do barão.

- eu preciso de você cara. (falei sussurrando).

Barão enlaçou meu corpo com uma de suas mãos.

- eu to aqui. (disse ele).

Arthur - permaneça.

Minha boca tocou a boca do barão. Senti o sabor do sangue, mas aquilo não me importava.

Ouvi barulho de um helicóptero sobrevoando e rapidamente me pus de pé e fiquei fazendo sinal. Uma corda foi arremessada no convés e homens desciam através dela.

Eu estava impaciente. Minha vontade era puxar a corda para que aquele processo fosse acelerado.

xxxxXXX

Os paramédicos entraram na sala de emergência, e eu tentei acompanhar, mas fui barrado na passagem da porta.

Sem saber o que acontecia la dentro, fiquei horas sentado no chão em frente ao corredor.

- filho?

Olhei para o alto, e vi uma mulher com uma bolsa no ombro.

- mãe.

Joana - oh meu amor. (minha mãe veio em minha direção e abaixou-se a meu lado).

Arthur - o sr Nícolas ta la dentro. (eu disse sem sair do meu lugar).

Joana - eu sei... eu sei. (ela deu um beijo em minha testa).

Arthur - como a senhora ficou sabendo?

Joana - eu vi na internet.

Arthur - internet?

Joana - sim. Na primeira página de vários sites já noticiam uma possível morte do dono da '' montroux veículos''

Arthur - não mãe, ele não vai morrer. (falei começando a chorar novamente).

Joana - vamos entregar nas mãos de Deus meu filho.

Minha mãe afagou minha cabeça em seu peito. Horas depois foi a vez da Maria aparecer.

Maria - Arthur? (disse ela parando em minha frente).

Eu tive forças apenas de olha-la.

Maria - ta tudo bem?

Eu balancei a cabeça que não.

Maria - eu liguei para o Fred, e ele disse que ta vindo pra cá.

Eu não havia lembrado que o Fred era enfermeiro.

Ficamos ali um bom tempo até vir a noticia.

xxxXXX

Me pus de pé rapidamente, e esqueci de dar a mão a minha mãe, que levantou-se em seguida.

- então dr? (perguntei ansioso).

O dr me fitou.

Arthur - pode falar dr, o que aconteceu lá dentro?

dr - o paciente foi submetido a uma cirurgia...

Arthur - eu sei. E deu tudo certo né? (eu queria poder colocar palavras na boca daquele médico).

dr - bem, ele não corre mais risco de morte.

- graças a Deus. (minha mãe e a Maria responderam ao mesmo tempo).

dr - infelizmente ele não vai mais andar.

Arthur - como assim não vai mais andar?

dr - bem, ele levou dois tiros que atingiram as vértebras.

Maria - meu Deus, ele não ira suportar.

Eu fiquei mudo tentando assimilar aquela noticia.

Arthur - o sr tem certeza dr? Eu não to questionando o seu serviço, mas isso é definitivo? Não tem chance de o sr esta enganado?

dr - bem meu rapaz, nada nessa vida é definitivo, mas por hora ele perdeu completamente os movimentos dos membros inferiores e não tem previsão de cura.

Minha mãe levou a mão a boca e exclamou alguma coisa que eu não entendi.

Arthur - já podemos vê-lo?

dr - ainda não, mas assim que ele estiver em um quarto irei liberar as visitas. (disse ele se retirando).

Arthur - dr? (falei puxando-o pelo braço).

dr - sim?

Arthur - o sr pode indicar algum especialista para atender o sr Nícolas?

O homem respirou fundo.

dr - você não está acreditando no meu diagnostico né!?

O homem não falava com raiva, pelo contrário, ele era muito paciente e atencioso conosco.

Arthur - eu acredito, mas também acredito que deve haver algum médico no país capaz de acelerar o processo de recuperação dele.

O homem limpou o suor que formava em sua testa.

dr - eu estou muito cansado, dois dias sem sair desse hospital. (riu) Me procure amanha na minha sala que conversaremos.

Arthur - obrigado.

O dr se retirou e ficamos ali naquele pequeno sem espaço sem chão. Eu ainda tentava digerir tudo o que estava acontecendo. Não tinha mais lágrimas para chorar. Vi uma cadeira vazia e dei um chute fazendo-a cair no chão. Uma mulher que estava ao lado assustou-se me olhando com os olhos arregalados. A passos largos, eu saí daquela sala, a Maria tentou me controlar e eu ouvi quando minha mãe disse a ela:

Joana - deixa... deixa. Ele precisa extravasar. É assim desde criança.

XXxxx

Muitas vezes no momento de tormentos é necessário manter a calma, e pensar de forma racional. Pra quem ver de fora é fácil, mas pra quem está, diretamente, relacionado ao problema não é tão simples assim. Eu saí daquele hospital sem rumo, sem saber qual destino tomar. Peguei um ônibus qualquer e segui em frente. Meu celular começou a tocar e era o Daniel. Recusei.

Meu celular começou a tocar novamente, e mais uma vez era o Daniel.

*****

- Oi mestre. (resolvi atender).

Daniel - e aí guerreiro. Já estou sabendo de tudo que aconteceu.

Arthur - pois é. (falei abatido).

Daniel - onde você ta?

Olhei pela janela do ônibus.

Arthur - nem eu sei meu amigo. Peguei um ônibus sem ver o nome.

Daniel - como assim pegou um ônibus sem ver o nome Arthur? Desce desse ônibus, pega um táxi e vem pra academia.

Arthur - melhor não mestre. To afim de ficar sozinho.

Daniel - to te pedindo guerreirão. Nessas horas nunca é bom ficar sozinho. Vem pra cá, a academia ta vazia e a gente faz um treino reservado pra você esfriar a cabeça

Eu respirei fundo.

- beleza! Daqui a meia hora eu to chegando aí na frente. (falei me pondo de pé e puxando a cordinha do coletivo).

xxxXXX

Coincidência ou não, o ônibus parou próximo a um ponto de táxi. Abordei o primeiro da fila e solicitei uma corrida ate a academia do Daniel.

xxXXX

Assim que o taxista estacionou eu mandei uma mensagem.

***

To aqui na frente.

****

Não demorou muito e a porta de enrolar começou a subir.

O Dani estava apenas com a calça do kimono.

- chega aí. (disse ele).

Eu trajava a mesma roupa que havia saído de casa naquela manha. Minha cueca úmida da água me incomodava bastante.

Aproximei-me de Daniel e o mesmo me estendeu a mão. Assim que toquei na mão de Daniel, o mesmo me puxou e esquentou-me de baixo de seu braço, suado.

- eu sinto muito guerreiro. (Daniel falava como se já soubesse do sentimento que eu nutria pelo barão).

Meu rosto estava próximo, próximo demais do seu peitoral nu.

Dani - entra aí. (vou fechar a porta, disse ele).

Assim que eu entrei na academia, Daniel desceu a porta e me acompanhou. Caminhávamos a passos lentos pelo imenso salão. Parei em frente ao tatame e lembrei da noite em que o barão me levou ate a academia do ''conhecido'' dele. Um sorriso invadiu meu rosto, mas logo se desfez.

Daniel - em que ta pensando? (disse ele cruzando os braços a meu lado).

Arthur - sabe Dani, eu não sou a pessoa que você imagina. ( eu olhava fixamente para o tatame; ele também).

Daniel - então quem é você?

Eu não olhava para o Dani, assim talvez fosse mais fácil desabafar.

Arthur - eu to passando por uma fase complicada sabe?

Daniel - nunca foi fácil meu amigo. Eu sempre acompanhei o esforço da tua mãe para criar você e a Julinha.

Arthur - sempre foi difícil vei, mas parece que de uns tempos pra cá vem ficando mais difícil ainda.

Subi no tatame e sentei no solo; Daniel me imitou.

Daniel - eu tenho mais ou menos noção do que você esta passando.

- Não, ele não tinha. (era o que passava em meu pensamento).

Daniel - você pode se abrir comigo Arthur. Sua mãe me contou o que ta acontecendo.

Arthur - minha mãe? (falei finalmente olhando para o rosto do Daniel).

Daniel - mãe sabe de tudo cara, mesmo sem ouvir nada. (ele soltou um sorriso sereno).

Arthur - o que minha mãe te falou Dani?

Daniel - ela imagina que você esta gostando de um cara.

Eu fiquei vermelho com a franqueza do Daniel.

Daniel - não precisa ter vergonha de mim guerreiro. Isso não vai mudar sua essência, nem a pessoa e atleta exemplar que você é.

Eu não tinha reação para responder as palavras de Daniel.

Daniel - era sobre isso que você queria falar comigo?

Eu balancei a cabeça que sim.

Daniel - teu segredo vai ficar bem guardado comigo.

Arthur - eu não esperava algo diferente de você mestre.

Daniel - eu só tenho um pedido a ti fazer. Na realidade dois. (disse ele rindo).

Arthur - pode pedir mestre.

Daniel - não quero que nada atrapalhe seus sonhos. Você ta muito ausente da academia, e eu até entendo que é por problemas fisicos. Mas não quero jamais que você desista por problemas pessoais.

Eu balancei a cabeça que sim.

- Ta vendo aquele saco de pancadas ali? (disse ele apontando com o dedo)

Arthur - sim mestre.

Daniel - quando estiver passando por um grande problema, quero que você seja homem o suficiente e apareça sempre aqui para detonar com ele.

Arthur - pode deixar mestre. Não vou deixar nenhum problema interferir na minha vida. E qual é a segunda coisa que o senhor quer me pedir?

Daniel ficou vermelho.

Daniel - eu quero que você me conceda a mão da dona Joana.

Arthur - é o que? (fui pego de surpresa).

Daniel - eu estou namorando com a dona Joana, Arthur. Não ti falamos antes, porque estávamos esperando a poeira baixar.

Arthur - então alem de treinador o sr vai ser também meu padastro?

Daniel - isso aí. Vou pegar no seu pé duplamente.

Eu ri.

Arthur - mestre, eu não tenho preconceito nenhum com essa questão de idade, se você fizer minha mãe feliz, por mim não tem problema em vocês namorarem.

Daniel - namorar? (Daniel riu). Eu to falando é de casamento meu irmão.

Nós rimos.

Meu celular tocou. Era uma ligação do Fred.

****

- Oi Fred.

Fred - Arthur, ta onde?

Arthur - to aqui na academia do Daniel.

Fred - to aqui no hospital e tenho boas noticias.

Arthur - boas noticias? manda que eu to precisando. (falei levantando do chão do tatame).

Fred - o Nícolas já esta em um quarto recebendo visitas.

Arthur - é serio? To correndo pra ir.

Fred - anota aí o número do apartamento.

Fred me passou o número e eu anotei, mentalmente.

Arthur - minha mãe ainda ta por aí?

Fred - sim. Ta aqui na minha frente.

Arthur - pede pra ela ir pra casa descansar.

Fred - vou falar pra ela, mas não garanto que ela me ouça, ela ta bem aflita.

Arthur - por isso mesmo mano. Melhor ela ir pra casa dormir e amanhã ela retorna ao hospital.

Fred - beleza, vou falar com ela.

Arthur - valeu. To saindo daqui já.

*****

Arthur - vou ter que ir agora.

Daniel - percebi pela ligação. Você se importa se eu esperar tua mãe em casa?

Arthur - claro que não mestre. Me sinto ate mais tranquilo sabendo que ela ta sendo protegida por alguém.

Daniel - pode ter certeza que comigo proteção é o que não ira faltar a ela.

Arthur - oss.

Daniel - oss.

Despedi-me de Daniel e peguei um táxi de volta ao hospital.

xxxXXX

Arthur - motora tem como acelerar só mais um pouco?

- estou tentando, mas a essa hora o transito é um inferno.

Arthur - eu entendo.

O motorista ia falar alguma coisa, mas meu celular tocou e eu acabei o cortando.

****

Arthur - Oi. (falei atendendo o celular).

- Ola Arthur. ( alguém respondeu com uma voz frágil).

Arthur - quem ta falando?

- é o Loupan.

Eu travei na hora.

Loupan - to sabendo do que aconteceu com você e o Nícolas. Eu sinto muito.

Arthur - Loupan. Tu não tem nada a ver com essa historia, cara?

Loupan - que historia?

Arthur - O Benjamin tentou nos matar, e ele sempre tocava no teu nome. Eu associei que vocês tivessem alguma ligação.

Loupan - Não Arthur, eu não tenho nenhum dedo nessa historia, eu jamais teria coragem de planejar, ou compactuar com algo tão abominável. A única ligação que eu tive com o Benjamim foi profissional. O conheci lá no clube.

Arthur - Loupan, algumas coisas não se encaixam cara, entende?

Loupan - como o que por exemplo, Arthur?

Arthur - por exemplo uma bomba foi colocada no carro do barão, e até hoje não sabemos quem foi.

Loupan - mas já não descobriram que foi o Benjamin?

Arthur - ele é suspeito, mas no dia da bomba nós passamos a tarde juntos na praia. Então outra pessoa fez o serviço sujo.

Loupan - ele pode ter pago alguém. Aquele moleque tem muita grana, Arthur. Ele fez a vida no ramo do sexo.

Arthur - eu pude perceber hoje.

Loupan - você ainda suspeita de mim? Pelo puco tempo de convivência não deu pra me conhecer bem né!?

O Loupan parecia cansado, do outro lado da linha.

Arthur - desculpa cara, mas eu to desconfiando de todo mundo.

Loupan - eu entendo você. To ligando justamente pra dizer que eu continuo o mesmo e que você pode contar comigo.

Arthur - obrigado, mas e você como é que ta?

Loupan - me recuperando. Acabei de tomar uma pá de injeções na bunda, e agora to no soro. (disse ele rindo).

Arthur - você ta hospitalizado?

Loupan - não! To em casa.

Arthur - bacana cara. Eu desejo uma rápida recuperação a você.

Loupan - obrigado. Ah Arthur, eu to separado.

Arthur - loupan, cara, tenta entender: Não vai rolar nada entre a...

Loupan - calma Arthur. (disse ele rindo do outro lado da linha). Eu não to te cantando não. Separei porque pensei bem e eu não estava sendo justo nem comigo nem com minha esposa.

O taxista virou a rua e entrou no estacionamento do hospital.

Arthur - porra cara, fico feliz por você. Agora pode curtir sem ter medo. Mano, eu vou ter que desligar aqui a ligação.

Loupan - ah, beleza. Você me atualiza do quadro de saúde do Nícolas?

Arthur - pode deixar.

Loupan - então é isso cara. (disse ele soltando a respiração).

Arthur - é isso mano. Boa sorte pra nós.

Despedi-me do Loupan, paguei a corrida, e desci do táxi.

xxXXXX

Assim que entrei no hospital, me identifiquei na recepção, informei o número do apartamento do barão e me dirigi até ele.

xxXX

Já, em frente ao apartamento, vi o Damião parado na porta.

- Oi Damião. (falei simpático).

Damião - ola Arthur.

Arthur - o sr Nícolas ta nesse quarto né!? (disse apontando com o dedo).

Damião - ta sim.

Arthur - beleza. (sequei minhas mãos na bermuda, tentei abrir a porta, mas fui travado pelo Damião).

Damião- eu sinto muito Arthur.

Arthur - o que foi Damião? (disse o encarando).

Damião - eu não tenho permissão para deixa-lo entrar.

Arthur - permissão? Mas eu já falei la na recepção, e eu tive a passagem liberada. Eu preciso da permissão de quem mais?

Damião - O patrão proibiu sua entrada.

Eu ri daquela situação, mas fiquei sério em seguida.

Arthur - você ta brincando né!?

Damião - não senhor. São ordens que recebi da boca dele.

Arthur - mas por que ele não iria me deixar entrar?

Damião - isso eu não sei não senhor.

Arthur - deixa eu entrar pra falar com ele. Deve ta acontecendo um mal entendido.

Damião - eu não posso Sr Arthur. Sinto muito.

Arthur - quem ta la com ele?

Damião - nesse momento ele está sozinho.

Arthur - certo. Então se não da, fazer o que né!?

Damião - eu sinto muito.

Fingi virar as costas para sair dali, e voltei me jogando na porta. O Damião foi mais esperto e conseguiu me barrar.

Damião - já disse que não o deixarei entrar sr Arthur.

Arthur - eu entendi Damião. (falei emputecido).

Despedi-me do Damião e voltei até a recepção. No meio do percurso eu liguei para o Fred.

****

- fala Arthur.

Arthur - ta no hospital ainda?

Fred - sim. To aqui no ambulatório 01.

Arthur - tu poderia me encontrar na recepção ou ta muito ocupado?

Fred. Posso... posso sim. Daqui há cinco minutos eu chego aí.

Arthur - beleza, eu te espero.

*******

xxXXX

O Fred foi pontual. Em cinco minutos ele apareceu na recepção.

Fred - oi Arthur.

Arthur - e aí Fred. O que ta pegando meu amigo?

Fred - como assim?

Arthur - fui visitar o sr Nícolas e ele não quis me receber. Deixou até o motorista particular na porta.

Fred - to sabendo. eu estava no quarto no momento em que deram a noticia da paralisia a ele.

Arthur - ele já ta sabendo?

Fred - sim, e não reagiu muito bem não viu!? Colocou todo mundo pra fora, e proibiu a entrada de quem quer que fosse.

Arthur - mas ele não pode agir assim, ele precisa de ajuda cara.

Fred - o psicologo já teve lá conversando com ele.

Arthur - mas não é só desse tipo de ajuda. Ele precisa de amigos e família por perto.

Fred - infelizmente ele não pensa assim Arthur.

Arthur - Fred, eu preciso ver ele.

Fred - hoje não vai dar Arthur, ele não ta deixando entrar ninguém, além da equipe médica.

Arthur - ele só ta recebendo a equipe médica é? (falei curioso).

Fred - sim.

Arthur -e você faz parte da equipe médica né?

Fred - de certa forma sim. O que ta passando pela sua cabeça, Arthur? (disse ele arqueando a sobrancelha).

Contei meu plano para o Fred, mas ele não concordou.

Arthur - por favor cara, me ajuda.

Fred - isso é arriscado, Arthur. Eu posso até perder minha carteira.

Arthur - isso não vai acontecer, eu te prometo.

Fred - eu não sei não.

Arthur - por favor cara, em nome da nossa amizade. (eu estava usando da chantagem).

Fred - aiaiai. Ta aqui a chave do meu carro, ele ta la estacionado na zona 04. (ele me entregou a chave e eu fui com ela ate o estacionamento).

xxXXXX

Demorei um pouco, mas consegui encontrar o carro do Fred. Destravei as portas e fiquei aguardando dentro do carro.

Já haviam passado horas e nada do Fred voltar. Liguei várias vezes, mas ele não atendeu nenhuma das minhas ligações.

- cade você Fred? Cade você?

Depois de bastante tempo esperando, avistei o Fred trazendo o barão em uma cadeira de rodas. Saí do carro, abri a porta do carona e fiquei aguardando para ajuda-lo a colocar o barão no carro.

Assim que o barão me viu parado, seu semblante mudou, mas ele não fez nenhum questionamento.

Com a ajuda do Fred, o colocamos no banco e trancamos a porta.

Fred - vai levar ele pra onde?

Arthur - só pra tomar um ar, daqui a pouco eu devolvo ele pro hospital. (dei uma piscada de olho para o Fred).

Coloquei a cadeira de rodas no porta malas e entrei, dando partida no carro.

Eu sempre olhava para o barão, mas seu olhar era fixo na estrada, escura.

Arthur - não precisa ficar assim comigo. (disse passando as mãos em sua coxa).

Barão - pra onde estamos indo?

Arthur - vou fazer uma surpresa pro senhor. (falei sorrindo). Hey, muda essa cara barão.

Barão - Arthur. (disse ele calmamente). o que vai ser da gente agora?

Arthur - como o que vai ser da gente barão?

Barão - você tem sua vida, seus sonhos, é um rapaz novo com a vida toda pela frente.

Arthur - e daí barão? Vou fazer isso tudo a seu lado.

Barão balançou a cabeça que não.

- eu não posso atrapalhar sua vida.

Arthur - o senhor não atrapalha nada.

Barão - e como vai ser comigo sem poder andar?

Arthur - o senhor cuidou de mim quando eu fiquei nesse estado; agora é minha vez de cuidar do senhor.

Barão - é diferente Arthur.

Arthur - diferente por que barão? Por que o senhor tinha dinheiro e eu não?

Barão - não Arthur, claro que não.

Arthur - então é por orgulho?

O barão olhou para o horizonte e não quis responder.

Arthur - vamos tentar barão. Eu não me importo que o senhor fique um tempo sem andar.

Barão - mas eu me importo. (disse ele aumentando o tom). Eu queria ta contigo em todos os momentos. (disse ele começando a lacrimejar). Queria te ver lutar, queria te ver entrar na faculdade. E agora? Você vai parar sua vida por minha causa?

Chegamos aonde eu queria. Estacionei o carro, mas antes respondi a pergunta do barão.

Arthur - eu quero que tudo se foda. Meus sonhos sem o senhor não terão valor algum. (falei olhando diretamente para seus olhos, molhados).

Ficamos um bom tempo ali no carro sem tocar uma palavra.

Arthur - eu quero uma vida com o senhor, e eu não vou desistir. Eu não quero ta com o senhor apenas nos bons momentos, na hora do sufoco eu também quero estar presente.

O barão me fitava sem nada falar.

Arthur - e não adianta me expulsar, ou proibir minha entrada no hospital, ou aonde quer que seja. Esqueceu que eu sou um atleta?

O barão soltou um sorriso tímido.

Arthur - ta vendo la? (apontei para as ondas do mar).

O barão balançou a cabeça que sim.

Saí do carro, retirei a cadeira de rodas do porta malas, e coloquei o barão sentado nela, o levando até próximo a praia.

Estacionei a cadeira do barão e sentei a seu lado. As ondas do mar molhavam nossas pernas. O vento batia em nosso rosto. Olhei para o barão e ele estava com os olhos fechados, respirando o ar puro.

Arthur - ta tudo bem?

Ele abriu os olhos, me olhou, pensou por um momento e falou.

Barão - ao seu lado vai ficar.

Eu confirmei com a cabeça que sim.

Fiquei de joelhos e cheguei bem perto do rosto do barão.

Arthur - eu te amo.

Barão - eu também te amo garoto. (disse ele passando as mãos em meu rosto).

Arthur - vamos recomeçar do zero?

Barão - da parte em que você conserta o meu computador? (ele sorriu).

Arthur - que tal da parte em que estávamos sozinhos na lancha? ( falei passando a língua nos lábios).

Barão - você ta fazendo meu menino acordar. ( ele me olhou com um olhar sedutor).

Não resisti ao barão, e sem pedir permissão lhe roubei um beijo molhado. Suas mãos, leves, tocaram minhas costas.

Arthur - nada vai separar a gente. Beleza?

Barão - prometo não deixar.

Arthur - nem uma paralisia boba? (falei fazendo esforço para não chorar).

Barão - nem isso sera forte o suficiente, garoto.

barão mordeu meus lábios com voracidade.

Barão - faz um favor pra mim Arthur?

Arthur - claro.

Barão - me leva mais próximo a água por favor. Quero molhar meus pés.

Fui para trás da cadeira e conduzi o barão.

Arthur - aí ta bom?

Barão - mais um pouco.

Arthur - e agora? (falei o empurrando mais pra frente).

Barão - aí ta ótimo meu garoto.

O barão sorria com a água passando por seus pés. E eu sorria por vê-lo sorrir.

O amor é mesmo inexplicável, apaixonar-se é algo complicado, viver é algo extraordinário, ser feliz?.... Ser feliz é algo que somente os fortes saberão definir.

♫♫♫

Era como se estivesse pra começar

Um novo amor

Eu, do lado errado, sem saber

Que, em vão, tudo acabou

Como posso agora te culpar?

Fui eu quem quis te encontrar

Me joguei no escuro sem pensar

Errei, deixei-me levar

Agora mesmo, a chorar

Eu tenho que encontrar

Um jeito de fazer você me amar

Eu simplesmente não sei mais

Gostar de alguém sem ser você

Você roubou a minha paz

Vem cá, meu bem

Vem cá dizer

Quem poderá me devolver.

♫♫♫

Fim.

Bom galera, essa foi minha saideira aqui na casa dos contos. Gostaria de agradecer a todos que acompanharam meu relato e meus contos desde o inicio. Até a próxima, e um forte abraço!!

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Comentários

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amei e como sempre vc arrasar amei amo e sempre vo amar seus contos bjs lindo

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Que conto mais lindo, emocionante, juro que pelo início, não senti vontade de ler, mas não me arrependo de ter lido. O texto em si, ficou como uma lição de vida e agradeço a você autor por escrever essa lição em minha vida... Abraços!

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Aliás, espero a continuação de teu outro conto referente aos garotos que se encontraram no reformatório.

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Huum, gosto muito de teus contos. Aceito esta "saideira" até o próximo conto,kkk. Por favor, não me decepcione. quando tiveres algo interessante na tua mente, compartilha conosco. Um abraço carinhoso,

Plutão

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Parabéns, chéri! Vida que segue! Beijinhos!

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Gente foi sensacional esse final!!!! Só não entendi essa "Saidera", vc não vai terminar o outro conto, já tava apaixonado pela história do Lorin!

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Nossa! Amei o final, sem nada clichê como esperava vindo de você haha. Você não irá terminar o outro conto Berg ? Abracos man...

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Parabéns pelo conto muito bom amei,só não gostei do final.....

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Berg, esse conto foi maravilhoso, me emocionei do início ao fim! Espero que vc volte a postar aki algum dia! Abraços!

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Todos contos escritos por você autor Berg...*

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Todos contos por você autor Berg, eu tenho acompanhado, que visão linda de momentos citados nos contos, acaba que nos faz, viajar na história, passando um filme de como seria cada cena. Parabéns, nos dê a honra, de ler mais contos de sua autoria. 10

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Me acabando de chorar aqui Lindo demais 👏👏👏

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