Diário de um Hétero REAL - 09 [VERDADES]

Um conto erótico de Tomas
Categoria: Homossexual
Contém 3579 palavras
Data: 14/09/2016 23:41:40
Última revisão: 15/09/2016 00:01:37

O que é melhor? Uma verdade dolorida ou continuar na ilusão da mentira? Vamos a mais um capítulo!

09.

Depois de um bom tempo sem parar direito em casa, finalmente tirei um dia para reorganizar minhas coisas, lavar roupa suja, estudar um pouco sobre navegação aérea e meteorologia. Combinei com o Matheus que tiraria aquele dia só pra mim, um pouco a contragosto ele concordou, “exigindo” que eu não demorasse mais que um dia pra voltar. Apesar de gostar de estar ao lado dele, eu curtia ter meus momentos de intimidade, ter meu espaço, e naqueles últimos meses eu estava dedicando boa parte da minha vida à recuperação dele, fiquei ao lado dele praticamente dia e noite, abdiquei boa parte da minha vida em função da dele, e nesse momento que ele já estava melhor, praticamente 100% recuperado, eu poderia voltar a minha rotina normal, e consequentemente, ele voltaria a dele também. Estranhei que já estava o dia inteiro em casa e nem sinal do Jérémy, ele chegou tarde da noite, e eu estava na mesa estudando cálculo de navegação aérea.

Jimmy: boa noite, a gente tem que conversar! – falou seco.

Eu: belê. – respondi fechando o livro e estranhando o tom da voz dele, ele estava sério e meio pensativo.

Jimmy: então, vou ser bem direto: QUERO QUE VOCÊ PROCURE OUTRO LUGAR PRA FICAR!

Eu: c-c-co-co-como assim?

Jimmy: não quero mais dividir apartamento seja com você ou com outra pessoa, preciso da minha privacidade de volta. Mas pode ficar tranquilo, você tem até o final do mês pra sair! É só isso, pode voltar aos seus estudos! – levantou e foi pro seu quarto e de lá não saiu mais.

Senti um nó na garganta, eu nem sabia por onde começar a procurar apartamento, estava tão acostumado a morar ali naquela região. Nem consegui mais me concentrar nos estudos, senti vontade de chorar, senti vontade de correr lá no quarto dele e abraçá-lo e perguntar porque que ele estava fazendo isso comigo, falar que eu o amava e não queria perdê-lo, nossa amizade não podia terminar assim! Liguei pro Matt: caixa postal! Isso era hora pro celular dele estar desligado? Precisava conversar com alguém... precisava colocar as ideias no lugar. Como conseguiria outro lugar em tão pouco tempo? Mudar dali também me afastaria do Matheus, éramos vizinhos de condomínio. Se eu fosse para outro bairro talvez não nos víssemos com tanta frequência. Respirei fundo e resolvi conversar com ele, ele não poderia simplesmente chegar e me dizer pra procurar outro lugar, apesar de ali a maior parte das coisas serem dele, de o contrato de aluguel estar no nome dele, eu também já me sentia em casa, estava acostumado a morar ali, sentia que realmente era um lar.

Eu: Jimmy precisamos conversar... abre aqui por favor! – então ouvi barulho de porta sendo destravada mas como ele não a abriu, eu mesmo resolvi entrar. Pedi licença para entrar, algo que quase nunca acontecia devido nosso grau de intimidade, pela primeira vez me senti estranho naquele quarto que tantas vezes me serviu de aconchego para minhas mágoas.

Jimmy: o que você quer falar? Se for pra me pedir pra mudar de ideia nem perca seu tempo pois minha decisão já está tomada!

Eu: eu não vim aqui te pedir pra mudar de ideia... quero conversar com você, mesmo que eu saia daqui acho que nossa amizade não pode terminar assim!

Jimmy: esse é o problema! – falou um pouco mais alto, alterando a voz que até então era calma.

Eu: e qual é o problema Jérémy? – perguntei sabendo que a resposta que ele daria, abalaria com meu emocional.

Jimmy: o problema é que você só me vê como amigo! – segurou forte nos meus braços e falou me olhando fundo nos olhos. – e eu não te vejo dessa forma. Eu te desejo! Eu te quero! Eu te amo! Cara, me apaixonei completamente por você! Me apaixonei pelo seu jeito estabanado, me apaixonei pela forma como você cuida de mim! Me apaixonei pela sua forma de tratar as pessoas, você se impõe naturalmente e conquista a amizade e o carinho dos outros de uma forma muito pura! Me apaixonei pela força que você teve de enfrentar seus problemas e recomeçar sua vida. Me apaixonei desde a primeira vez que te vi, assim que abri a porta e te recebi em casa. Me apaixonei ainda mais de ver o quanto você é frágil, apesar de ser homem de porte, mas que sofre por amor, só tem tamanho. E é justamente por esse amor não correspondido que eu sofro na mesma intensidade que eu te amo. Sofro quando te vejo sofrendo por alguém que não te merece. Sofro por ver que mesmo assim você o ama. Sofro por ver que você seria capaz de ter morrido de tristeza se ele tivesse morrido naquele acidente. Sofro por não saber mais o que fazer pra te conquistar, talvez eu tenha que te ignorar ou te maltratar pra você me amar. E sofro ainda mais por te ver feliz... feliz ao lado dele... Por isso eu tenho que ser egoísta nesse momento e pensar em mim. Vou lutar pra te esquecer e arrancar esse amor do meu peito que teima em ficar, pois já está enraizado. Por isso não posso mais ter você por perto, não quero te ver feliz ao lado dele, não suportaria... Prefiro me afastar de você. É isso!

Terminou de falar e soltou meus braços. Eu não consegui falar mais nada, estava arrasado. Virei, e sai. Do lado de fora me deixei cair no sofá e chorei por magoar uma pessoa tão legal como o Jérémy, e o que mais me deixava confuso é que no meu íntimo eu sabia que o Matt ainda me faria sofrer de novo. Sofria por não corresponder ao amor incondicional que o Jimmy sentia por mim. A vida era engraçada “Jérémy que ama Tomas que ama Matheus que não sabe ao certo o que quer da vida!”. Mas no fundo eu entendia o Jimmy, senti o mesmo quando soube que a Jaque estava grávida do Matt e que eles iriam se casar, e o que foi que eu fiz? Me mudei de cidade justamente para não sofrer vendo a felicidade dos dois. Imagina como seria difícil para o Jimmy conviver diariamente comigo, me amando e me vendo feliz nos braços de outro? Eu não poderia ser egoísta a tal ponto de querer os dois pra mim, não da forma como eu gostaria. Por fim, essa era a melhor decisão mesmo: ir morar em outro lugar.

Liguei pra minha mãe, precisava ouvir a voz dela, ela sempre me passou segurança nos momentos difíceis.

Eu: bonsoir maman, ça va ?

Maman: bonsoir chéri, tu as vu l’heure ? Qu’est-ce qui se passe ? (boa noite querido, você viu a hora? O que tá acontecendo?). – realmente não tinha me ligado que já era tarde da noite na França, 3 horas a mais que no Brasil, mas poderia ser de dia que minha mãe saberia que eu não estava bem.

Eu: estou sentindo falta de casa, só isso! – falei com a voz embargada.

Maman: ohh mon pétit bonhomme, tu nous manque toi aussi ! Saudades do meu filhinho! Mas me fala o que aconteceu realmente, essa voz não é só de saudades!

Eu: prefiro não falar por telefone, quando eu for eu conto... gostaria de ouvir sua voz, só isso já vai me fazer muito bem.

Ficamos conversando por uns 15 minutos, realmente a conversa com minha mãe me fez bem, ela sabia como me inspirar confiança, é o instinto materno que sempre sente o que a cria precisa. No outro dia Levantei cedo apesar de ter dormido pouco, resolvi deixar o celular desligado e ir resolver a questão do novo apartamento, porém morar sozinho em São Paulo custava caro e estava fora do meu orçamento, precisaria dividir apartamento. Foi até bom não ter conseguido falar com Matt no dia anterior, pois sabia que ele faria a proposta de ir morar com ele, ou melhor, de ir morar com ele na casa da mãe dele. Não era do perfil dele sair do bem bom da casa da mãe para se aventurar numa vida de casal comigo, com contas pra pagar, problemas do dia-a-dia e com todas as responsabilidades que uma vida independente requer. Então, nem cogitava essa possibilidade pois já sabia que seria impossível, nem iria propor ou criar alguma expectativa para não me frustrar mais adiante. Era melhor deixar nossa relação (por enquanto) nesse patamar.

No dia seguinte passei a manhã e a tarde toda fora, visitando alguns aps de anúncios que tinham me agradado. Contudo, o problema não eram os apartamentos em si, e sim as pessoas com quem eu possivelmente dividiria. Hora era alguém bagunceiro, hora era alguém muito “alternativo”, teve até um que quando soube que eu estava fazendo curso de piloto, me falou que era viúvo e que seu marido tinha morrido em um acidente de avião. Foi um dia perdido, voltei pra casa sem nenhuma proposta concreta. Entrei e me joguei no sofá. Não deu nem 2 minutos alguém tocou a campainha, já imaginei que o Jérémy tinha saído e esquecido as chaves. Quando abri a porta quase caí pra trás tamanho o susto. “BONSOIR MON PETIT BONHOMME”. Aquela voz! Aquele sorriso! Aquele perfume!

Eu: MAMAAAAN ! – dei um grito de felicidade, corri, abracei-a e comecei a chorar. Me senti seguro naquele abraço. Ela afagou meus cabelos e me disse que sabia que eu não estava bem... depois que desligou na noite passada, não conseguiu mais dormir pensando em mim. Ela disse que sentiu um aperto muito grande no peito e assim que amanheceu arrumou as malas e foi para o aeroporto e embarcou no primeiro voo disponível para o Brasil.

Maman: queria ter essa conversa com você olhando nos seus olhos, você nunca soube mentir e eu te conheço como a palma da minha mão, e não esperaria nem mais um dia pra saber o que se passa.

O momento tinha chegado, iria lhe contar tudo o que estava acontecendo, tudo mesmo! Sem esconder nada (ou quase nada)!

Eu: não sei por onde começar...

Maman: fácil! Começa pelo começo... seja verdadeiro consigo mesmo. E independente do que você me diga, nunca esqueça que eu amo você acima de tudo! – a firmeza na voz da minha mãe me dava força e coragem. Minha mãe sempre batalhou muito na vida, e apesar de morar na Europa, ela não era rica. Tínhamos uma vida confortável, porém sem exageros. Minha mãe casou cedo e me teve cedo também. Largou o emprego que tinha como doméstica justamente para cuidar da família, de mim e de meu pai. Começou a trabalhar cedo para ajudar minha avó, e viu na oportunidade de mudar para outro país de me dar uma vida melhor. Era católica fervorosa mas tinha uma visão muito ampla e simples do mundo, onde sempre nos ensinou, a mim e a meu irmão, que devemos respeitar o próximo independente da religião, cor, sexo, etc. Nos ensinou coisas básicas da vida em sociedade mas que fazem toda diferença, como dizer “obrigado” ou “por favor”, e a respeitar as coisas dos outros e lutar para termos as nossas com nosso próprio trabalho e esforço.

Eu: merci, maman ! – então comecei a contar-lhe tudo que me aconteceu desde a chegada. A convivência com o Jérémy, o interesse pelo Matt, nosso primeiro beijo, a gravidez e o casamento, minha ida pra Jundiaí, o acidente do Matt e nossa reconciliação e por fim o amor não correspondido do Jimmy. Ela ouviu tudo atentamente, notei que prestava atenção a todos os detalhes da minha narrativa sem interrupções. Ela me deixou super a vontade para contar tudo e eu sei que alguns fatos ela reprovava, sempre que não gostava ou discordava de algo ela arqueava as sobrancelhas.

Maman: primeiramente parabéns pela coragem meu filho! Segundo, me sinto muito feliz de ter criado um homem de bom caráter independente da sua orientação sexual! E terceiro, me sinto muito honrada pela confiança que depositou em mim, em compartilhar momentos tão pessoais comigo. Eu sei que não é fácil um filho falar tão abertamente assim com os pais, mas você derrubou uma barreira entre a gente que quase não existia, mesmo assim eu sei que foi difícil para você me contar tudo isso. Agora o que eu mais quero é um abraço gostoso e te colocar no meu colo pois você sempre será meu príncipe. E depois quero conhecer meu genro. E não se preocupe que amanhã resolveremos esse lance do apartamento, só vou embora depois que você estiver instalado.!

Eu: EU TE AMO MUITOOOO!

E assim eu adormeci no colo da mamãe... era muito boa essa sensação!

ZzZzZzZzZzZzZzZzZzZzZz

No dia seguinte, nos levantamos bem cedo e estávamos tomando café da manhã quando ouvimos a porta abrir. Era o Jérémy. Ele não tinha dormido em casa, ele levou um susto quando nos viu ali acordados tão cedo, aliás ele levou um susto em dobro pois ele também não sabia que minha mãe viria e eu não liguei e nem passei mensagem pra ele informando. Em outras épocas, teria ligado pra ele na mesma hora e pedido que ele viesse pra casa na mesma hora. Mas agora não, parecíamos dois estranhos.

Eu: bom dia Jérémy, deixa eu te apresentar, essa é minha mãe, Cristina.

Maman: bonjour mon cher (bom dia meu caro), desculpe ter chegado assim de surpresa, é que notei certa angústia na voz do meu filho e resolvi ver o que estava acontecendo e aproveitar para ajudá-lo na mudança. – minha mãe falou com um altivez e ela sempre falava daquele jeito quando queria se impor. Senti que minha mãe estava como uma leoa defendendo a cria, mostrando que ninguém machucaria o filhote dela. Não que eu precisasse, pois eu era um homem, mas independente da idade, é uma sensação muito boa sentir-se seguro ao lado da mãe. – é um prazer conhecê-lo! – completou minha mãe estendendo a mão.

Jimmy: o prazer é meu, seja bem-vinda.... – sentia o embaraço no jeito do Jérémy. – Fique quanto tempo for necessário... – falou tentando ser cortês.

Maman: ficarei aqui o mais breve possível mas agradeço sua hospitalidade de toda forma. Mas no máximo amanhã, estaremos de mudança...

Jimmy: você já conseguiu apartamento? – virou pra mim me questionando.

Maman: ainda não... – minha mãe tomou a frente para responder. – ainda não, mas hoje resolveremos isso.

Jimmy: tudo bem... se me dão licença vou para o meu quarto... – falou meio tristonho.

Maman: fique a vontade meu jovem, mais uma vez obrigada e foi um prazer conhecer o FA-MO-SO JIMMY! – senti faíscas no ar da forma como minha mãe falou.

Jimmy: famoso? Eu? O que a senhora sabe a meu respeito? – indagou curioso.

Maman: nada que você mesmo não saiba, meu filho me contou todos os acontecimentos desde que chegou aqui... mas vá lá, não quero lhe aborrecer com nossos problemas. Bons sonhos! – et voilà mais uma cutucada. Minha mãe sabia como dar um tapa (um não, váááários tapas) com luva de pelica.

Vi os olhos de incredulidade do Jérémy. Ele nem conseguiu falar mais nada, só acenou com a cabeça e se foi. Fiquei tenso com essa conversa, ele tinha conhecido a firmeza da dona Cristina. Acho que o amor dele por mim deve até ter acabado depois desse encontro com sua possível futura sogra. Assim que ele se foi fiquei esperando algum comentário da minha mãe e nada de ela falar, continuou seu café numa boa.

Maman: o que foi que você não para de me olhar?

Eu: tô esperando o seu comentário!

Maman: ELE TE AMA DE VERDADE! – disse minha mãe direto e reto, sem rodeios.

Eu: como você pode ter tanta certeza? Vocês trocaram só algumas palavras!

Maman: dá pra sentir o amor dele na forma como ele olha pra você meu filho... na forma como ele fala, ele tenta te evitar, e o que ele está fazendo é uma autodefesa contra você próprio, tenta se colocar no lugar dele meu amor... Eu estou chateada por você estar sofrendo e ter que sair daqui, eu adorei o bairro, o apartamento, e vou confessar uma coisa: ADOREI O JÉRÉMY!

Minha mãe era dessas pessoas que desvendam logo a personalidade de quem acabava de conhecer e ela nunca errava. Se não ia de cara com alguém, não tinha quem fizesse ela simpatizar pela pessoa. Ela não tratava mal ninguém, porém só fazia o básico da cordialidade.

Eu: lá vem você com essa sua mania...

Maman: mania não! Prefiro chamar de dom, de faro, sexto sentido ou qualquer outra coisa, menos mania. E você sabe que eu nunca erro! Mas vamos deixar de papo e bater perna, porque vamos achar esse apartamento hoje mesmo!

Antes de sair de casa eu lembrei de ligar o celular e não tinha nenhuma ligação do Matheus, nem mensagem, nada... bom eu também tinha um milhão de coisas pra fazer e era até melhor assim pois eu faria tudo sem pressão de ter que correr e me enfiar o dia todo na casa dele.

Ficamos o dia todo fora, paramos só pra almoçar e ainda assim bem rápido. As buscas começaram da estaca zero pois minha mãe disse que não queria que eu dividisse o apto com ninguém, então começamos a procurar o que chamamos na França de F1 (F de foyer = lar; e 1 significava que o apto tinha sala, cozinha, banheiro e 1 quarto. F2 = 2 quartos e assim vai). Então como seria só pra mim, estávamos buscando um F1. Olhamos em vários lugares: Paraíso, Bela Vista, Consolação e por fim achamos um apto lindo na Rua Frei Caneca, bem pertinho do shopping. O porteiro estava com a chave do apto e assim pudemos entrar, não era grande mas estava de bom tamanho. E o melhor é que trataríamos direto com o proprietário. Ao sair do prédio, resolvemos ir tomar café no shopping Frei Caneca, já tinha ouvido falar desse shopping por isso fiquei receoso de ir com minha mãe lá. Já não bastava ela saber, no dia anterior, que seu filho era gay; e ainda iria num shopping onde os casais gays andavam de boa de mãos dadas, trocavam carinhos, etc. Não sei como ela reagiria então fui conversando com ela e explicando. Preferi inclusive explicar tudo em francês para que ninguém entendesse do que estávamos falando.

Maman: fica tranquilo filho, até parece que tem coisa ainda que me choca... vamos aproveitar e você vai me ajudar a fazer compras, ouvi dizer que SP é ótima pra compras, tem os melhores shoppings!

Eu: Maman! – exclamei. – não é porque sou gay que virei estilista né?!?!

Maman: eu sei disso, estava brincando com você meu machinho! Kkkkkkk

Eu nem dei bola, porque algo me chamou atenção. Quando estávamos na calçada do shopping eu vi o Matt saindo do shopping e se despedindo de um carinha. Minha mãe notou que eu mudei na hora a feição.

Maman: qu’est-ce qui se passe ? (O que foi?)

Eu: C’est Mathieu là-bas ! (É o Matheus ali!)

Ele ficou branco quando me viu. Reação de alguém que estava fazendo algo errado. Mas agi naturalmente.

Eu: e aí tudo bem? Nossa que coincidência te encontrar por aqui. Tenho tanta coisa pra te contar mas antes deixa te apresentar minha mãe!

Matt: sua mãe? Como assim? Quando a senhora chegou?

Maman: cheguei ontem, e pode me tratar por você, ou simplesmente me chamar de Cris. Prazer Matheus! Então você é o meu genro. – e abriu um sorriso. E eu conhecia muito bem aquele sorriso, era uma arapuca, um sorriso investigador, ela estava armando a teia e esperando a mosca cair. Conhecia minha mãe muito bem e ela estava colocando o seu “dom” em prática! Ela estava estudando o Matheus milimetricamente.

Matt: que simpática! O prazer é meu Cris! – idiota! A mosca caiu direitinho! – então você já sabe da gente? Então pelo visto aprova nossa relação? – ele já estava todo derretido pela minha mãe.

Maman: digamos que eu respeito as escolhas do meu filho! – BINGO! Ela não disse que aprovava, ela disse que respeitava ou seja ela não era a favor do meu relacionamento com o Matheus, tinha certeza disso! – Matt você nos acompanha pra um café?

Matt: Cris eu agradeço mas tenho que correr pra casa, vim aqui rapidinho encontrar um amigo da academia. Mas podemos jantar mais tarde, o que acham?

Maman: adoraria! Então até mais tarde! Ah muito bonito o seu amigo... (senti uma alfinetada aí); com licença meninos vou dar um pouco de espaço pra vocês.

Matt: bom tô indo nessa então, não esquece que eu te amo tá?!? – e fez uma cara de gato de botas do Shrek.

Eu: depois a gente conversa!

Matt: o que foi? Não vai ter uma crise de ciúmes agora né?! Ele é meu amigo da academia! Será que não posso sair e encontrar um amigo sem ter que dar satisfações.

Eu: já disse que depois a gente conversa. – se ele achava que ia inverter o jogo pra cima de mim, e me tirar como louco, ciumento, controlador, ele estava muito mal enganado. Virei as costas e fui encontrar minha mãe.

Tentei agir naturalmente.

Eu: e aí mãe o que achou dele? – indaguei.

Maman: ele não é homem pra você! – mais uma vez minha mãe foi direta e reta.

Eu: por que não? – perguntei franzindo a testa.

Maman: PORQUE ELE NÃO AMA VOCÊ DE VERDADE.

Aquela resposta caiu como uma bomba atômica sobre mim.

(Continua...)

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Comentários

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Li até aqui e gostei da história. Mas me assustei quando vi que você começou a escrevê-la em 2014!

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Adorei A Cris rsrsrs . O Matheus Tá Aprontando Com Certeza Esperando Ansiosamente Pelo Próximo Cap. Bjnho 😘

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Meu Deus do céu, como assim ? Eu estava torcendo nata o Matt... vai dizer que ele é um canalha?

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BELLE MAMANN. REALMENTE NÃO FALHA. MATHEUS NÃO LIGA E TÁ NO SHOPPING COM UM 'AMIGO'???

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Sexto sentido de mãe não falha.

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Tinha até me esquecido do quanto gostava de acompanhar essa história! Retomando a leitura!

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Esse Mateus é uma roubada, se livra dele Tomas, fica com o Jeremy!!! Continua logo!!!!👏👏✌😍💓

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Concordo com sua mãe, se o Matheus ficou branco quando te viu é que tava te traindo... Nunca gostei desse cara!

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