Louco Amor TP2 CP14 - Vinicius e Aquiles.

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 4903 palavras
Data: 02/09/2016 20:54:47
Última revisão: 02/09/2016 21:01:31

Acho que dessa vez não demorei tanto não é gente rs, bem, mas uma vez não poderia iniciar esse capítulo sem agradecer a vocês que são meu maior motivo pra ter chegado até aqui, mais de um ano se passou desde o primeiro capítulo. Uau, confesso que não foi fácil me mante escrevendo até aqui, vários foram os momentos que pensei em parar, mas só bastava eu olhar os comentários que logo essa vontade passava, então meu muito obrigado a todos vocês ^^/. Esse capítulo vai especialmente pra Catutuio que tanto pediu o meu retorno, fiquei feliz pelos vários comentários ontem rs.

***

LOUCO AMOR TP2 CP14 – Vinicius & Aquiles.

***

_ Não devo nada, você não é nada meu! – disse abrindo a porta e correndo pra escada. – Benção vó, benção vô. – gritou como se soubesse que os dois estivessem por perto, e na verdade eles sempre estavam. Apesar de ter me desconsiderado como pai, nunca deixou de chamar meus pais de avôs.

Desisti de ir atrás quando ele subiu os degraus, algo me dizia que aquela conversa não levaria a lugar algum e só serviria pra criar ainda mais sofrimento.

_ Lucas? – era minha mãe, ela vinha da cozinha e enxugava a mão em um pano.

_ Oi. – disse me sentando na escada e colocando a mão na cabeça.

_ O que aconteceu? Foi meu neto que pediu benção? Onde ele está?

_ Foi ele sim, deve está no quarto dele.

O antigo quarto que era o de hospedes, era dele fazia já um tempo, minha mãe havia feito questão.

_ Já voltaram a brigar?

_ Estávamos tão bem. – lamentei.

Minha mãe começou a falar algo, mas acabou sendo interrompida pelo meu celular que começava a tocar, olhei para tela e vi que era Fagner.

Meu Deus, que saudade! – foi o que consegui pensar.

Continuação:

_ É o Fagner, mãe, vou para o meu quarto atender, depois a gente conversa tá. – disse me levantando e lhe dando um beijo na bochecha.

_ Tá, enquanto isso eu vou ver o meu neto. – ela disse sorridente.

Enquanto subíamos a escada, atendi a ligação para que não caísse em caixa postal, pois caso isso acontecesse, corria o risco de apenas nós falarmos na próxima reencarnação. Para quem não lembra, ele também passou a morar na fazendo na mesma época em que eu e Caio fomos para lá, ele por curiosidade aprendeu a montar, um grande pontapé para uma paixão que o levaria a treinar na Rússia para as olimpíadas.

_ Lucas? – ele chamou.

_ Filho da puta, como ousa me abandonar desse jeito? – berrei.

_ Nossa. Quanto amor. – comentou minha mãe me fazendo ri antes de nós separarmos no corredor. Fechei a porta e caí na cama assim que entrei no quarto.

_ Também te amo. – ele disse sorrindo.

_ Ama tanto que me esqueceu. – disse sendo dramático.

_ Ah, me perdoa vai, esses primeiros meses aqui está sendo uma loucura, treino pra caramba e de quebra tem o treinador que não larga do meu pé. Sem falar nesse fuso horário, aqui já são 17horas, aí deve ser o que? Onze da manhã né, nem sempre você tá disponível também mocinho.

É verdade, a culpa nem era toda dele, quase sempre quando ele podia falar, eu estava amarrotado de trabalho com a escola, e quando eu podia falar, ele estava treinando ou descansando, e quando em meio a tudo isso, conseguíamos nós falar, era sempre muito rápido, o tempo equivalente a um “Oi, Tudo bem? E Tchau”, mas nem isso tínhamos já fazia quase dois meses.

_ Então o que devo a honra de sua ligação?

_ Caique me contou o que aconteceu.

_ Aconteceram tantas coisas que vou precisar que especifique.

_ Ah, a sua situação com Aquiles, na situação que ele se meteu e na sua separação de Caio, principalmente essa separação.

_ Pois é. – disse já sentindo meu coração apertar.

_ Como ele pode fazer isso Lucas? Quando soube, a vontade que tive foi de pegar o primeiro avião e matar aquele canalha.

_ E aí ficar sem o grande sonho da sua vida por causa dele? Ele não merece.

_ Não te merece também.

Nos meus olhos lágrimas já se formavam e no meu coração a dor se reaproximava com tudo. Era impossível não falar daquilo e me sentir não só mal, como também estranho, era estranho aceitar que um relacionamento de mais dezesseis anos tenha acabado, era estranho morar em outro lugar que não fosse naquela fazenda ao lado dele e por fim, era estranho pensar que nunca mais iria ter o carinho da pessoa que mais amo no mundo.

_ Será que fui tão tolo em acreditar que ele não faria o mesmo que fez com Tereza comigo? Eu não era melhor que ela.

_ Olha... – ele começou, mas acabou sendo interrompido por alguém que estava perto dele, a voz era abafada e eu não consegui ouvi do que se tratava. – Desculpa, ainda estou aqui no picadeiro (local de treino para o hipismo) e meu treinador não gostou de me ver aqui ainda, pois daqui a pouco ele vai me apresentar a uns empresários em uma festa chique, posso ganhar alguns patrocínios caso eles gostem de mim.

_ Nada de teste do sofá em. – disse para descontrair. Nem lembrava mais de minha lamentação.

Ele riu.

_ Nunca. – disse rindo. – mas enfim. Eu não queria desligar agora.

_ Tudo bem meu anjo, eu vou tirar umas férias da escola, poderá me ligar a hora que tiver a vontade.

_ Você vai ficar bem?

_ Irei sobreviver.

Pelos ruídos de passos notei que alguém passou por perto dele, o treinador julgo eu, já que o interrompeu novamente para lhe dá outra bronca, dessa vez perceptível aos meus ouvidos:

_ Vamos logo Fagner. Vou mandar os caras te expulsarem daqui.

_ Que inferno. – Fagner disse baixinho para mim. – se der, ainda hoje eu ligo pra você tá, tenho que correr agora para casa. Sabe que eu te amo né?

_ Eu também meu anjo. Eu também.

_ Não vai ficar chateado comigo não né.

É ou não é a coisa mais fofa do mundo?

_ Claro que não meu anjo. Boa sorte pra você lá.

Quando desligamos, me lembrei de Vini e do quanto ele gostaria de saber que seu amigo estava bem e longe daquele lugar, estava sem muita paciência pra conversar então só deixei uma mensagem explicando tudo e coloquei o celular de lado, fiquei fitando o teto por um tempo enquanto as imagens de mais cedo, repassando em minha mente me faziam derramar lágrimas, nunca me senti tão perto dele e ao mesmo tempo tão longe como hoje, nunca me senti tão mal com um toque seu, seu olhar quando encontrou o meu foi como se uma lamina dilacerasse toda minha alma me reduzindo a nada, ali deitado eu me sentia como um drogado que precisava urgentemente ter aquela sensação boa de novo.

_ Lucas? – ouvi alguém chamar. Ao virar a cabeça para o lado vi que era minha mãe entre meu quarto e o corredor. – Tenho alguém aqui que quer te pedir desculpas.

Aquiles. – veio em minha mente. Me sentei devagar na cama, fuguei o nariz e limpei as lágrimas enquanto minha mãe saiu um pouco para fora e mandou ele – que estava fora do meu campo de visão – entrar. Ele entrou e a porta foi fechada atrás de si.

_ Bem... – ele começou de forma tímida ainda próximo a porta, um pouco longe de onde eu estava.

_ Senta aqui. – disse batendo em um espaço próximo a mim na cama. – Eu não vou morder.

Ele se aproximou ainda tímido e se sentou perto de mim assim como pedi, olhou inicialmente para todos os lados, menos para mim, parecia procurar as palavras certas para se explicar.

_ Não precisa fazer isso só porque minha mãe pediu. – disse de forma que aquilo tirasse uma possível pressão da minha mãe para que ele se desculpasse.

_ Ela foi quem me deu coragem para vir aqui – disse me olhando pela primeira vez. – Mesmo te tratando tão mal, você foi o único a acreditar em mim quando mais precisei, me senti um merda depois que percebi isso, um merda maior depois que soube de sua separação, uma coisa que me deixaria feliz, acabou me deixando mal. Me senti envergonhado e com medo quando perguntou porque peguei seu celular sem avisar, não queria que soubesse de mais sujeiras minhas, não queria... – ele baixou a cabeça e proferiu em tom baixo as próximas palavras. – Não queria que se cansasse de mim.

_ Nunca vou me cansar de você. Eu luto pra te reconquistar por que eu sei que aí no fundo ainda tem muito daquele garotinho que corria para os meus braços quando se assustava ou se machucava.

Ele olhou um pouco pra mim e sorriu de lado antes de baixar a cabeça novamente e fitar suas mãos em um uma pequena briga.

_ A real é que no dia, eu atendi uma ligação de meu pai do seu celular, ele me mandou te avisar que chegaria naquela mesma noite, mas ao invés eu bolei aquele plano que você sabe muito bem qual é. Nunca pensei que fosse dizer isso um dia, mas eu me arrependo do que fiz, você não merecia.

_ Se você quiser a gente pode construir um novo futuro, sem raiva, sem rancor, sem nada dessas coisas que nós afastaram por tanto tempo. Quero voltar a ser seu amigo.

_ Sabe, nunca fui contra os gays, era contra que me comparassem a um, contra uma rotulação falsa só porque fui criado por tais. Era mais um capricho meu que me tornava um covarde. – ele olhou pra mim – Eu aceito a sua proposta, mas com uma condição.

_ Qual?

_ Não quero ser só seu amigo, quero ser seu filho também.

_ Oh meu Deus. – a voz falhou e a emoção tomou conta de mim rapidamente. O Abracei, o abracei forte. – Você sempre será meu filho. – disse lhe dando vários beijos no alto de sua cabeça.

Ele era bom em surpreender as pessoas, nesse quesito ele parecia muito com o pai...

_ Me perdoa pelo que fiz, eu vou conversar com meu pai e ele vai voltar pra você.

Como eu queria que fosse fácil assim.

_ Ei. – disse segurando em sua cabeça para que me olhasse. – não foi seu plano que nós separou...

_ Eu sei, minha avó me contou. Mas mesmo assim me sinto culpado e em divida com você, desejei tanto que vocês se separassem que isso aconteceu.

_ A sua divida não precisa ser paga com você o mandando voltar pra mim. Não é simples assim filho, ele me traiu, traiu mais de dezesseis anos de relacionamento.

_ Eu também de certa forma te traí e mesmo assim você nunca desistiu de mim. – argumentou.

_ É diferente.

_ Diferente como? Você não o ama assim como me ama?

_ Um laço entre pai e filho é inquebrável, já um laço que envolve um relacionamento sério, é diferente.

_ Vocês adultos são muitos complicados. Se eu amasse uma pessoa lutaria por ela.

_ Você diz isso porque não aconteceu o mesmo com você.

Ele deu de ombros.

_ Talvez.

Se eu soubesse de antemão que o que eu falaria a seguir me faria tão mal e me faria caí em um choro tão vergonhoso na frente de meu filho, teria mantido minha boca fechada.

_ Ele não me ama mais filho, o que ele teve não foi apenas um casinho, ele realmente decidiu ficar com ela.

_ Calma. – ele disse ao me abraçar. Ele estava ajoelhado na minha frente (em cima da cama) e eu sentado, com as mãos no rosto já soluçando sem conseguir parar de chorar. – Eu vou consertar isso, pai. De alguma forma eu vou, te prometo.

Narrado por Vinicius:

Seria assim: Cara, eu iria até a cidade grande ver Aquiles, coroa, eu ficaria quietinho em casa. Joguei a primeira vez para o alto, a deixei cair na palma de minha mão direita e a emborquei de pressa nas costas de minha mão esquerda, fechei os olhos e tirei a mão de cima da moeda (torcia para que fosse cara), mas ao abrir novamente os olhos, o resultado não tinha sido muito animador.

_ Acho que eu vou uma segunda vez só pra confirmar. – disse pra mim mesmo e pela segunda vez fiz o mesmo processo, claro, esperando um resultado diferente, mas novamente a decepção me abateu.

_ Essa moeda deve esta viciada. – disse olhando de perto os dois lados da moeda. “Convencido” dessa minha teoria, abri uma das gavetas da minha escrivaninha e peguei uma de cinquenta centavos, a joguei para cima e a mesma novamente deu coroa, já irritado, decidi da uma forcinha ao destino e a virei para que ficasse na posição de cara. Eu era no mínimo uma pessoa estranha.

_ Porque não para logo com essa frescura e vai logo ver seu amigo. – disse alguém me pegando de surpresa. A moeda voou longe e eu quase caí por causa de uns livros espalhados no chão. Ainda me equilibrando com a ajuda de uma cadeira para não cair olhei para a porta e vi Caique se curvando pra frente de tanto rir.

_ Quase me matou do coração tio. – reclamei. – faz tempo que está aí?

_ Relaxa. – ele disse tentando se controlar. – Vi o suficiente pra confirmar que esses vários livros chatos que lê estão te deixando louco.

_ Chatos? Humanos! – disse rindo.

_ Ok senhor extraterrestre, vai mesmo pra cidade?

_ Se a moeda disse que eu tinha que ir, o que eu posso fazer?

_ Dar uma forcinha ao destino. – disse e nós dois rimos.

_ Verdade.

_ Quando vai?

_ Quero ir agora mesmo.

_ Ver lá como o Lucas está pra mim?

Lucas, ele deveria está péssimo com isso, eu estava!

Foi horrível esses dias sem ele naquela fazenda, era como se algo faltasse na minha vida.

_ Vejo sim.

_ E diz que estou do lado dele, ainda essa semana eu passo lá.

_ Pode deixar.

_ Cuidado na estrada em. – ele disse vindo me abraçar. – Tchau.

Ele ia dando meia volta pra sair mais o chamei novamente.

_ Tio.

_ Oi?

_ Como você e o tio Caio estão?

_ Ainda sem nós falar direito.

Suspirei. Aquela situação deles dois não facilitava em nada a ausência do tio Lucas naquela casa.

_ Não vão se matar enquanto eu estiver fora não né? – queria uma garantia dele.

_ Não, eu espero você chegar. – ele disse rindo antes de ir.

***

Havia me esquecido o quanto era exaustivo o percurso da fazenda até a cidade grande, meu corpo todo doía de tanto ficar dentro daquele carro, esperava valer a pena aquele meu esforço. Peguei a caixa de chocolate no banco do carona e saí do carro, os chocolates eram os preferidos de Aquiles, super caro por sinal, gastei quase todo meu dinheiro ali, mas era pra uma boa causa, era a maior garantia que eu tinha que ele não iria me bater, jamais ele recusaria aquilo.

Apreensivo e sentindo rapidamente minha garganta secar, toquei a companhia, a porta se abriu lentamente e por um segundo cortei minha respiração esperando de cara, ver Aquiles ali, mas graças a Deus não era ele, era a sua avô, mãe do Lucas, que para a surpresa de vocês, a tinha como uma tia. (sentiram a ironia? rs)

_ Oi vini, entra rapaz. – ela disse me dando passagem.

_ Oi tia. – disse lhe dando um abraço e um beijo no rosto.

_ Que surpresa boa você por aqui.

_ Pois é. Vi ver o Lucas... e o seu neto. Por acaso ele está por aqui?

_ Ah, olha ele ali. – ela disse apontando pra escada do nosso lado direito.

Paralisei quando o vi descendo com o olhar fixo em mim. Ele se aproximou e parou bem na minha frente, expressão séria e ao mesmo tempo indecifrável, olhava fundo nos meus olhos e parecia ver minha alma.

_ Está tudo bem? – minha tia perguntou.

Pelo jeito não era só eu que estava aflito pela forma que ele me olhava.

_ Trouxe chocolates. – disse elevando a caixa na altura de meu peito e dando um risinho nervoso.

_ Está com medo de mim seu nerd? – ele perguntou sério. Pronto, me borrei todo, ele ainda estava com raiva!

_ Aquiles! – reprendeu minha tia.

_ Acha que vai me compra com esses chocolates?

_ Eu... ah...

_ Achou certo. – ele disse e praticamente se jogou em cima de mim pra me abraçar, por pouco não caí. – me abraça seu medroso. – disse gargalhando.

_ Eu não tenho mais idade pra isso. – comentou minha tia parecendo aliviada antes de nós deixar a sós.

Qual foi a ultima vez que ele me abraçou? Deixa-me ver. Nunca! Nunca me abraçou na vida, eu estava no mínimo assustado sem saber o que fazer com as minhas mãos que pendiam no ar.

_ Ok, o que você fez com o Aquiles? – perguntei quando ele me soltou.

Estava sorridente, parecia feliz em me ver. O que foi que tomei antes de sair? Será que café demais causa ilusões?

_ Tinha que ver a sua cara de medo. – ele disse ainda rindo de mim.

Eu não estava achando graça alguma, muito pelo contrário, estava assustado sem saber quem era aquele ser com a fisionomia do meu amo... Digo, amigo na minha frente.

_ Você me abraçou, não está com raiva de mim, está sorrindo e deixa eu ver, me abraçou!

Eu só queria entender.

Ele colocou as mãos no bolso do casaco preto que usava e ainda sorrindo se justificou:

_ É, estou experimentando coisas novas. Acho que aceitar o casamento que não existe mais entre meu pai biológico e meu pai adotivo, tirou um peso enorme de minhas costas.

_ Pai adotivo? – perguntei pra ter certeza se ouvi certo.

_ Sim, o Lucas ué.

_ Ual.

Lucas foi bem modesto quando me disse que ele havia mudado.

_ É, eu sei que é estranho, pra mim também está sendo.

_ Posso te dá outro abraço? Vai que você não esteja no mesmo humor amanhã. – disse sorrindo. Mas por dentro estava um pouco nervoso.

_ O chocolate e ganha um abraço.

_ Ah, seu abraço na vele tudo isso.

Mentira. Valia muito mais.

_ Nossa. Essa bateu forte. – ele disse colocando a mão no peito e fazendo um rosto de ofendido.

Meu Deus, eu amava esse garoto, quando ele era arrogante pensava que esse sentimento jamais seria maior do que já era, mas eu estava enganado, aquela nova versão dele fez minha vontade de beija-lo triplicar.

Me aproximei dele, sorrindo lhe passei a caixa de bombons e lutei para não fazer besteira enquanto o abraçava, dessa vez sem mãos pendendo no ar, um abraço de verdade.

_ É bom te ver assim.

_ Estava com saudades manezão.

Alguém, por favor, me segura, ele disse que estava com saudades? De mim? Onde estão as câmeras? Não era possível.

_ Eu também. – consegui dizer.

Ele disse algo ao me soltar, mas eu estava tão inebriado com aquela situação que não consegui entender.

_ Vini? Escutou o que eu disse?

_ Ah, desculpa, estava pensando em exercício da faculdade. – menti.

_ Nerdão. – ele disse bagunçando meu cabelo e fazendo minha cabeça declinar por causa da força que exerceu. – Eu disse que meu pai iria gostar de te ver.

_ Teu pai... O tio Lucas né?

Ele sorriu. – É, o tio Lucas. – disse me imitando.

Eu poderia conviver pra sempre com aquele novo Aquiles.

_ Cadê ele? Está melhor?

_ Estava cansado e acabou dormindo. Podemos conversar lá no meu quarto?

_ Claro.

Subimos a escada e seguimos pelo corredor, em determinado momento ele parou próximo a uma porta e com cuidado a abriu, só o suficiente para dá uma espiada, curioso, me ajeitei em um ângulo em que eu também pudesse ver o que era.

_ Ele ainda dorme. – disse fechando a porta com o mesmo cuidado com o que abriu.

No quarto, o tio Lucas se encontrava na cama dormindo, parecia ter pegado no sono depois de muito chorar, pois ao redor dos seus olhos estava muito inchado e também vermelho.

_ Acha que devo cobri-lo?

_ Hã, ah... Acho que não, está fazendo calor. – disse coçando minha nuca.

_ Vem.

E continuamos a andar, ele na frente e eu logo em seguida com uma tremenda cara de cu por causa daquela mudança quase que milagrosa.

_ Estou me sentindo muito culpado mano. – me confidenciou ao abrir a porta de seu quarto para que eu entrasse primeiro. – Eu por anos fui um babaca com a pessoa que possivelmente seja a que mais me ama na face dessa terra.

Aquela declaração mexeu bastante comigo, não quero dizer que o tio Lucas não o ama, lógico que ama, mas ele não era a única pessoa.

_ O que foi? – ele perguntou.

Acho que tenho que disfarçar melhor os meus sentimentos.

_ Não, nada, é que acho que tem outras pessoas que também te amam.

Não achei que falei algo que evidenciasse que eu sentia algo a mais que amizade por ele, mas ele olhou de uma maneira que pareceu que sabia de tudo. Tremi na base só de imaginar.

_ Que foi?

Ele não disse nada, deu as costas pra mim, pegou a cadeira do computador e trouxe até próximo a mim.

_ Senta aí. – disse apontando pra cama que estava logo atrás de mim. Sem entender nada, fiz o que ele mandou. Ele sentou na cadeira de frente pra mim. – Semana passada eu estava mexendo em sua mochila e achei uma carta de uma universidade dos EUA.

Fiquei calado.

_ Já era uma segunda carta avisando que se não fizesse sua matricula até o fim desse mês perderia a bolsa, porque nunca contou sobre isso cara? É por minha causa?

_ Porque acha que é por sua causa?

_ Mano eu não quero ficar no meio do seu futuro e nem queria está tendo essa conversa contigo, mas só de pensar na possibilidade de eu ser o culpado, eu fico muito mal. Me diz que não é por minha causa que esse assunto morre aqui.

Era evidente que ele sabia de algo, mas como? Será que eu tatuo um “Eu te amo” na testa sempre que estou com ele?

Como agir diante daquilo? Eu não sabia.

_ Vini, está tudo bem cara. Aquele Aquiles morreu.

_ Co... Como você sabe?

Ele suspirou.

_ Teve uma vez que eu fui até o seu quarto, bati na porta vária vezes, mas você não respondia, vi que a porta estava aberta, então entrei, percebi que tomava banho e cantarolava alto, iria sair e voltar quando estivesse terminado, mas em meio a um monte de livro sem vida e sem cor espalhados na cama, um caderno aberto...

_ Ah meu Deus! Não, por favor, me diz que deu meia volta e foi embora mesmo assim. – disse de forma desesperada. Meu rosto queimava de tanta vergonha enquanto meu coração batia tão forte que chegava a doer em meu peito.

_ Eu não li tudo, só o básico para entender o que estava rolando.

Era um caderno normal de escola, mas um dia em que estava me sentindo mal, acabei usando como se fosse um diário, escrevi o que estava sentindo, fiz poemas, escrevi coisas como “Vinicius e Aquiles” dentro de corações e por fim, ainda tinham desenhos ridículos de nós dois.

_ Meu Deus que vergonha. – disse com uma vontade enorme de sumir dali, nem olhava pra ele mais, com os cotovelos apoiados no joelho e as mãos na cabeça, eu fitava o chão na esperança que um buraco me sugasse. Meses achando que meu segredo estava seguro quando na verdade ele já sabia e fingia não saber, mas por quê? Se ele não gostava de gays, porque ele me poupou de um constrangimento ou de ofensas e continuou agindo normalmente? Esse menino é uma verdadeira caixinha de surpresas.

_ Só não gostei de uma coisa. – ele disse.

_ De quê. – disse com o cu na mão.

_ Seu nome primeiro que o meu e aquele desenho feio de mim. – e riu. Eu não consegui fazer o mesmo, estava muito tenso. – Os poemas estavam maneiros.

_ Eu não entendo...

_ O quê?

_ Você sempre odiou os gays, porque não deixou de falar comigo?

_ Como eu disse para o meu pai mais cedo, eu não sou homofóbico, eu só não gostava de pessoas me rotulando como gay só porque fui criado por gays – e com aquele discurso minhas esperanças iam por água a baixo, mas tenho que admitir que aquele momento estava sendo melhor do que imaginei. Se for parar pra pensar melhor, eu estava saindo no lucro. – e esse meu ódio acabava por respingar em Lucas que não merecia. Enfim, como você não era assumido eu ficaria de boa, pois o que eu menos precisava naquele tempo era de mais um “motivo” para as pessoas fazerem um juízo diferente de mim, mas você ser gay não foi tudo que descobri. Descobrir que meu irmão – ele me considera como tal. – e melhor amigo nutri um sentimento diferente por mim, me deixou sem reação, fiquei com medo, não entendia muito bem, eu só tinha catorze anos!

_ Estou me sentindo um pedófilo agora.

Era engraçado, pois nunca tinha pensando nisso até aquele momento. No momento temos vinte e dezesseis anos respectivamente, será que é errado o que sinto por ele? Não por ele ser do sexo masculino, lógico, mas sim por ele ainda ser praticamente um menino enquanto eu já era adulto.

_ Com a diferença de cinco anos e com o consentimento de ambos, não é algo ilícito, deveria saber disso gênio. E então, o que me diz em, em. – disse dando uma tapinha de leve em meu braço enquanto mexia as sobrancelhas para cima e para baixo na parte do “em”.

_ Ah para. – disse com um ar de riso, claro, no limite que meu nervosismo permitia.

_ Mas continuando: eu fiquei bem bolado, tive vontade de te tirar do banheiro e esfregar aqueles papeis na tua cara para que me explicasse que merda era aquela, mas credo! Eu não queria te ver pelado. – disse ele fazendo um cara estranha. Em seguida riu e também me fez rir, aos poucos eu estava conseguindo relaxar mais, afinal, o pior já havia passado. – Então falei com meu pai.

_ Ao Lucas né – perguntei torcendo para que ele dissesse sim.

_ Caio.

_ Meu Deus, Aquiles! – disse pondo a mão na cabeça. – o que ele deve ter pensado de mim?

Aos poucos percebia que meu segredo guardado a sete chaves não estava tão bem trancada assim.

_ Ele me ajudou bastante a entender isso Vini, se não fosse ele, talvez eu nem teria continuado seu amigo. Ele me convenceu a dá o seu tempo pra falar isso comigo e que quando esse dia chegasse, eu não ficasse com medo, pois eu só precisaria ser sincero com você.

_ Uau.

_ Eu não queria ter te tirado do armário desse jeito, mas é que eu precisava saber do porque você está desistindo de um futuro brilhante pela frente. O antigo Aquiles jamais ligaria pra isso – e fez um sinal de desdém. – mas esse daqui se importa e muito.

_ Faz quase um ano que recebi a primeira carta, foi uma iniciativa mais do meu professor do que minha, é uma das melhores faculdades do mundo e claro, eu fiquei muito feliz em ganhar uma bolsa integral, mas eu fiquei com medo do desconhecido, sou apenas um caipira estudioso, o que diabos vou fazer nos Estados Unidos? E também teve o fato primordial que foi você – o “você” saiu quase que inaudível – como você bem deduziu.

_ Você é mais do que um simples caipira estudioso Vini.

Nós encaramos por alguns segundos em pleno silêncio antes dele se levantar sem aviso prévio, fez meu corpo se enrijeceu de imediato, por um segundo pensei que ele fosse me beijar, mas ele apenas se sentou do meu lado para o meu completo alivio e talvez decepção.

_ Já se passaram quase dois anos, pensei que já havia desencanado de mim.

Só consegui balançar a cabeça negando.

_ Você é o irmão que nunca tive Vini, não vejo a gente sendo mais do que isso, é meio assustador pra mim pensar em nós... – ele balançou a cabeça como se espantasse um pensamento ruim e então continuou. – Enfim... É não sei mais o que falar. – e riu. Eu ri.

_ Tudo bem, mesmo, te confesso que... Que foi melhor do que imaginei que seria. – mal terminei a frase e meus olhos já se enchiam de lágrimas. – Não queria perder sua amizade, tinha medo de te falar, pois sempre teve um gênio difícil.

_ Você vai para os Estados Unidos?

_ Ainda tenho duas semanas, eu vou pensar. – disse deixando a primeira lágrima cair. Olhávamos um no olho do outro sem sentir vergonha ou qualquer outra coisa, era um olhar profundo, reconfortante.

_ Vem. – ele disse se levantando. Fiz o mesmo e ele me abraçou forte, retribui na mesma intensidade. – Te amo mano, é clichê, mas esse Aquiles te deseja toda a felicidade do mundo.

_ Também te amo... – Estava me sentindo tão bem que aquilo saiu mais leve do que imaginei que seria.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Anjo Apaixonado a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Cadê você? Todos os dias passo por aqui somente para ver se postou algo novo. Por favor, não demore muito. Um abraço carinhoso,

Plutão

0 0
Foto de perfil genérica

Ainda estou vivo e voltarei em breve, alguns problemas de saúde e deveres tornaram inviavel minha escrita esses últimos dias. Ass: LIPE.

0 0
Foto de perfil genérica

Todo dia com entro aqui e nada de vc postar....esta espera chega a me deixar nervosa.Mas QUE CARALHO VÊ SE POSTA LOGO...Desculpe-meu vocabulárion mas isto de deixar os leitores

nesta ansiedade é frustrante.

0 0
Foto de perfil genérica

Cara cadê os outros capítulos? Faz dias, semanas, meses que você não manda os capítulos mais interessantes.... Enviar vai!

0 0
Foto de perfil genérica

!Amor

Amigo, deu saudades do tempo em que era só eu e você.

Do tempo em que eu sabia que você estaria ali comigo sempre que eu precisasse, do tempo em que nossa única preocupação era as continhas de dividir na quarta série. Por mais que tenhamos nos separado agora, quero que saiba que você sempre vai ter um lugarzinho reservado só pra você no meu coração. Sei que as vezes sou falha, que te trato mal, mas você me conhece, sabe como eu sou, e sabe também que esse é meu jeito de demostrar meu amor. Pode ser estranho, estupido, atrapalhado, confuso, mas é amor. Nossa sintonia é incrível, sabemos quais palavras a serem usadas e conheço seu humor de longe. Adoro quando você chega toda feliz pra mim contando sobre suas coisinhas, adoro quando você chega e me abraça do nada, amo sua felicidade, aliás. Aprendi, que amizade de verdade não é aquela coisa forçada, não é aquele “eu te amo” meloso, não é aquele abraço sem sentimento algum. Pra mim, é chegar xingando, batendo, igual eu e você. Enfim, queria que soubesse que sinto falta dos tempos de antes, mas meu coração se alegra só de lembrar que você ainda está comigo e que quando eu precisar posso ir correndo encontrar conforto nos seus braços. Obrigada amiga, por todos esses anos enxugando minha lágrimas, amenizando minhas dores e fazendo brotar sorrisos no meu rosto. Eu te amo muito!

0 0
Foto de perfil genérica

Amizade Sincera

E quem não quer um amigo de verdade?! Sabe daqueles que sempre te xinga mas você sabe que te ama? Sabe aquele que te manda mensagem copiada, mas que lembra de você? aquele que você adora pagar mico junto? Aquele que canta, dança só pra te acompanhar? Aquele que te olha e sabe se tá tudo bem ou não? ESSE É AMIGO.

Então se for pra ser amigo, seja de verdade. Seja amigo, seja o ombro amigo. Não se faça de preocupado, se preocupe! e também não ache que ninguém se importa, compartilhe, pois há quem se preocupe contigo. não se isole, não se afaste. liga, chama. Manda mensagem, faz sinal de fogo que eu vou !

A amizade é um sentimento tão bom... não deixe isso apagar

0 0
Foto de perfil genérica

O que você faria?

E o que você seria capaz de fazer por uma amizade? Você sabe dar valor a ela? O quanto ela é importante para você? .. Você seria capaz de dar sua vida por um amigo(a)? Difícil responder né?! Pois bem, eu só sei das respostas que eu daria.

0 0
Foto de perfil genérica

Verdadeiro Amigo

O verdadeiro amigo é aquele que independente do nossos problemas, escolhas ou erros, vai estar do nosso lado dando força para levantar a cabeça e continuar. Eu não sei quais os seus problemas mais uma coisa é certeza seu CONTO é muito bom!!!! Continua vai.... No aguardo!!!!!!!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Insubstituível

Foi engraçado lembrar de todos os momentos de loucura que vivemos juntas, me bateu tanta saudade. Por aí, eu conto histórias sobre nós e uso a verdade: minha melhor amiga… e sempre será assim. Por que nada mudou pra mim. A ausência é grande, mas se comparada ao meu amor por ti, ela fica pequena. Lembrei de uma pessoa que te chamava de pequena, e fiquei pensando: “como pode alguém ter te chamado de pequena”, isso é somente no seu tamanho, mas seu coração é imenso, você é amiga, justa, companheira, fiel, sincera, educada, amável… suas qualidades são enormes, logo você não é pequena, você é grande, ao menos em mim, pois ocupa bastante espaço. Conte sempre comigo amiga, você é única, insubstituível, incomparável, e pra mim sempre existirá só você.

0 0
Foto de perfil genérica

Troca

Amigos não são aqueles que estão ali por obrigação, mas pelo simples fatos de querer estar ali, está ao seu lado quando você precisar ou não, sempre terá momentos bons ou ruins, mas nem por isso te deixa de lado. Não existe a história de sofrer sozinho, porque amigo de verdade nunca te abandona, pode está longe […] mas perto ao mesmo tempo, uma lógica louca, mas apenas verdadeiros amigos intendem e podem justificar cada lágrima derramada, cada segundo de sono perdido, cada ruga de preocupação, pois sabe que tudo isso não é nada perto do que se pode fazer por um amigo. Amigos de verdade são muito mais do que amigos, são anjos, pessoas que não medem esforços para te ajudar, a rir e a chorar… Mas eles também xingam, pegam no pé, querem o seu melhor […] não esperam nada em troca, mas trocam de tudo para te ver bem.

0 0
Foto de perfil genérica

Complemento

Você já faz parte da minha história

Você é quem me ajuda quando eu preciso

Você é quem me faz rir,com ou sem motivos

Você é amiga pra todas as horas

Você é quem me mostrou o que era a amizade verdadeira

Você é a amiga que me completa. Enviar as partes finais!!!!!!!!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Valor

Pessoas que te fazem sorrir nos piores momentos, estas sim são as que eu preciso, as que todos precisam. É tão bom ter um amigo que sempre vai estar ao seu lado nos piores e melhores momentos de sua vida, um amigo verdadeiro, que você poça contar todos seus segredos, maluquices e rir com você (…) Por isso dou valor em sua amizade, você me conhece melhor que ninguém, só de olha você já sabe o que estou sentindo, você é a melhor amiga que alguém pode ter.

0 0
Foto de perfil genérica

Trabalhar em equipe é saber ser parte de um todo. É como ser uma parte fundamental de um corpo, mas sabendo que sem corpo essa parte de nada serve. Ter a capacidade de trabalhar bem em equipe mostra humildade, tolerância, inteligência emocional e companheirismo. Trabalhe bem e seja forte, mas não esqueça de enviar o restante da história... beijos!!!!!!!

0 0
Foto de perfil genérica

A perfeição no dia a dia é trabalhar com gosto e paixão, usufruindo da companhia de colegas que também são amigos!

Não há melhor sensação do que acordar e saber que temos os melhores amigos para o dia compartilhar!

0 0
Foto de perfil genérica

Podemos estar distantes e até ficarmos dias sem falarmos, mas não tem como negar que somos inseparáveis. Bom dia, amigos! Esperando pelos ultimas etapas do seu conto!!!!!!!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Hoje é de longe que digo boa noite, amigo, e aperto todos em um abraço virtual de saudade! Esperando ansioso por mais histórias desse conto maravilhoso seu!

0 0
Foto de perfil genérica

Existem pessoas que falam que diversão não é tudo na vida; mas isso só acontece porque elas não conhecem vocês. Boa noite, amigo!

0 0
Foto de perfil genérica

Bom dia, amigos! Consigo sentir que momentos fantásticos estão vindo na direção de vocês, por isso abram os olhos e o coração.

0 0
Foto de perfil genérica

Lipe, Cadê os outros capítulos? Cara continua vai? estou ansioso em ver como será a trama entre Vinicius e Aquiles e Lucas e Caio.... Estou já chateado com tanta demora...

0 0