O Garoto do Mercado - Parte 13

Um conto erótico de Dri_Al
Categoria: Homossexual
Contém 2222 palavras
Data: 07/10/2016 21:37:22
Última revisão: 07/10/2016 22:08:18

Ouvi a voz de Kaique no celular, ele me ligou. Respondi:

- Antes de tudo, bom dia! E quero saber por que foi embora tão cedo sem ao menos falar comigo?

-Olha... eu nem sei direito o que fiz ontem... – Procurava uma resposta.

- Pode ficar tranquilo, apesar de você querer muito transar, a gente não fez nada, apenas te banhei e coloquei pra dormir. – Ouvi o suspiro de alívio do outro lado.

- Olha Adriano, eu vi as mensagens e tal, me desculpa se te incomodei ontem cara, não foi minha intenção... – Parece que não se recordava do que houve.

- Você se lembra de alguma coisa de ontem? Sabe o que fez ou falou?

- Muito pouco, tenho alguns borrões de memória... você me banhando... um carro com uma mulher louca... eu dizendo que... que te... eh... não sei, minha cabeça doí. – Do que será que ele iria falar? Se lembrava de alguma coisa que talvez não queria ressuscitar? Fica no ar, infelizmente.

- Entendo, mas sab... – Fui interrompido!

- Adriano, queria saber se a gente pode... se... se você pode ir ao... ao Parque da Cidade comigo... hoje à tarde... quero conversar um pouco com você... teria como? – Senhor, eu escutei bem? Acho que sim né... eu fui convidado por ele pra ir ao Parque da Cidade, isso é ótimo. Observei ali a oportunidade. Tento parecer desanimado, claro que não funcionou:

- Claro! Adoro o Parque, que horas você passa aqui?

- As duas, aproveitar que hoje é domingo, lá está lotado! – Não gosto muito de lugares assim, mas era o que tinha. Não seja exigente Adriano, já basta que ele te convidou depois de tudo que aconteceu essa semana. Apenas fale alguma coisa:

- Ótimo! Será um prazer senhor Kaique. – Tentei fazer graça, ele acabou entrando na minha:

- Digo o mesmo a vossa excelência! Tenha um almoço divino e aproveite os coquetéis a sua disposição, uma boa estadia até o nosso encontro. – Nossa.

- Até, senhor. Digo o mesmo de tudo o que você falou aí agora kkkk tchau. – Desliguei. Agora minha manhã acabara de mudar. Kaique estava querendo conversar, certeza que iria ser sobre o nosso futuro, assim espero.

CAMPANHA DE JULHO:

22 Un W785 – RM1 (Weapon)

2100 Kg C32 – PBv (Past)

3200 Kg We31 – MPN (Weed)

2 Un C4 – Mex (Blow up)

...

TOTAL: $321,254.00

Vasculhava um pouco mais das imagens daquele caderno, aquilo estava intitulado de “CAMPANHA DE JULHO”, parecia ser um histórico de vendas do mês, o resultado final era em dólares, uma quantia muito alta se convertida no real. O esquema era maior do que eu pensei:

CIDADES:

RECIFE – RONDONIA – PORTO ALEGRE – CUIABÁ – PALMAS – SP – RJ – CURITIBA $503,200.00

BRASILIA:

AB – AC – AD ... $250,150.00

Em Brasília, algo parecia diferente, as relações eram em letras e combinações. As outras páginas que se seguiam eu não consegui fotografar. A nossa cidade estava com mais detalhes, parecia ser um esquema maior, o faturamento era correspondente a metade das somas de 8 capitais. Era grande, Thiago fazia parte de um enorme esquema. Passei outras imagens até encontrar uma da última página do caderno, que eu havia fotografado depois das outras só pra saber se teria algo especial:

HISTORICO FINAL:

ATÉ AGORA: $1,098,520.00

L: TASOSTTadm

S: KAITO2525

Pronto. Só poderia ser o que imaginava. Corri pro computador e colei aquele link estranho que havia encontrado na foto do seu Instagram, no navegador Tor, a tela mostrou o espaço de login e senha, digitei. Um símbolo de dois T’s se cruzando servia para informar o carregamento, enfim abriu.

“Bem-vindo a TASUS, escolha a categoria de interesse: Flores, Canos, Biribas, Pagina.”

Eram códigos, cada um representava o tipo de mercadoria, flores referiam as drogas, canos à armas, biribas eram bombas e pagina um local de administração do seu perfil, forma de pagamento, laranjas e espelho (um título diferente que sai registrado na fatura do cartão de credito/debito). Tirei prints de tudo o que vi. Fui até o “deposito” e conferi o estoque, estava cheio de todos os itens, tinha sido carregado no sábado. Desde contabilidade até estoque estavam sobre o meu conhecimento. Pegar o Thiago iria ser fácil, uma denúncia anônima e tudo explodia. Olhei pro pen drive que estava ali e lembrei que teria de devolve-lo, mandei uma mensagem pro Kaique dizendo que iria até a sua casa uns 15 minutos antes de sairmos pro parque pra ele não precisar passar aqui. Assim eu poderia colocar de volta no lugar o que tinha pegado.

Almocei e partir para casa do Kaique, não sabia se Thiago estaria lá. Cheguei e fui recebido pelo pai:

- Bom dia! Você é o Adriano né? – Era um homem alto, mais ou menos 1,80m, forte e muito bonito, estava de barba feita, os cabelos lisos e penteados, usava uma bermuda e camiseta polo, parecia ter uns 38 anos. Me convidou para entrar.

- Sou eu sim, eh senhor...?

- Kairo, pode me chamar de kaka. E nada de senhor. – Deu uma risadinha e me acompanhou até a sala:

- Kaique está no quarto, ele avisou que você viria, pode entrar lá! – Muito gentil. Enquanto caminhava naquele corredor meu coração batia forte, passei por uma porta fechada, depois pela de Thiago, estava aberta, olhei meio rápido e não tinha ninguém. Acho que não andava em casa nessa hora. Segui até o quarto de Kaique, ele estava deitado na cama com um notebook. Bati no portal. Seus olhos viraram e seu rosto sorriu:

- Oi! – Singelo.

- Oi! Posso entrar?

- Deve! – Ele ainda sorria. Seu quarto era grande, tinha alguns livros espalhados por três estantes na parede, uma colmeia ficava no canto com alguns controles de videogame e umas figuras de desenhos. Acima pude notar dois troféus de uma figura chutando o que parecia ser uma bola, olhei por todos os lados e voltei a atenção a ele:

- Fiquei sem graça de pedir, mas estou com sede e queria agua... – Se levantou, olhou pra mim:

- Você está em casa, a cozinha é voltando pelo corredor e virando à esquerda. Pode ir lá! – Apesar de não ter vergonha na cara, eu teria que dar um jeito de entrar no quarto de Thiago sem ninguém ver. Tentei:

- Tô com vergonha... – Cara de cachorro sem dono. – Pega pra eu?! – Ele bufou e seguiu rumo a cozinha, antes passou do meu lado e parou de frente comigo, sorriu e saiu do quarto. Era agora! A oportunidade. Contornei e fui direto para o cômodo fétido. Entrei. Olhei para o seu guarda roupa, foi lá que encontrei a mochila. Nessa hora a gente fica meio anestesiado, o medo toma conta. Puxei a porta e avistei o que procurava. Agachei, abri a mochila e joguei o pen drive dentro, fechei a mesma. Levantei e coloquei as mãos nos puxadores, mas meu coração saiu pela boca:

- Posso ajudar você no que procura? – Eu travei, aquela voz... não movia um musculo. Thiago me pegou! Virei o rosto de algum jeito que não sabia ser possível, olhei pro figura segurando a cintura. O que eu falava?

- Thiago... eu... eh... eu estava... eh... procurando... procurando camisinha... – Infarto culminante mais tremedeira e suor. Será que escapei?

- Ah sim, mas aqui no meu quarto? Estranho... poderia ter pedido ao meu irmão, ele deve ter... mas eu não tenho. Gosto de trepar no pelo, sem nada... sabe? Quem usa capa é o Batman, aquele super-herói que só existe no quadrinho e não salva nenhuma pessoa indefesa das besteiras que elas cometem... principalmente as curiosas... – Houston, estamos sem sinal. Por favor se comunique! Não sentia as pernas, ele me ameaçou?! É isso mesmo?! O sangue de Jesus tem poder, tem poder, tem poder... cantava na minha mente. Tentei responder:

- Eh... Eh... eu... eu-eu-e... não encontrei... me-me desc-desculpa entrarrrr as-assim no... seu quarto. – Gagueja seu idiota, faz ele perceber ainda mais. Você tá ferrado Adriano.

- Ok, já que não encontrou então dá licença! – Sua feição era absolutamente medonha, estava com a cara de um assassino. Eu fui no rumo da porta com ele me observando a cada passo, quando cheguei perto:

- BUH!!! – Meu coração!!! Não sei como ainda tô de pé. Mirou nos meus olhos. Tremi até as orelhas. Meu cabelo ficou em pé. Corri dali para o quarto de Kaique, ele voltava da cozinha, ouvi uns xingamentos quando passou pelo irmão: “Lixo”. Entrou segurando um copo cheio de agua, mas antes perguntou:

- Adriano, está tudo bem? Olha você! Sua cor sumiu cara, tá branco... tudo bem? – Preocupado. Eu não ia contar o ocorrido. Escapei:

- Eh...tudo sim, só recebi uma mensagem do meu cartão, parecia ser uma dívida, mas depois eu resolvo.

- Nossa, você tá suando... uma dívida de cartão fez isso contigo?

- Hehe... pois é... – Olhava arregalado pra ele. Já era hora de sair daquele lugar, o clima não era dos melhores. Levantei da maneira que consegui:

- Vamos logo... – Falei saindo.

- Mas e sua agua? Não sentia sede?

- Eh... já passou! Vamos logo! – Nem disfarcei. Apenas sai pelo portão sem falar com ninguém. Ouvi os passos de Kaique logo atrás. Entramos no carro e seguimos até o Parque. Durante todo o caminho eu não falei absolutamente nada. Chegamos. Desci no estacionamento, ele falava:

- Aqui é ótimo pra arejar a cabeça né? – Sua pergunta ficou sem resposta. Ele insistiu:

- Adriano? Você me ouviu falar? Tem certeza que está tudo bem? – Sacudi a cabeça e dei atenção:

- Hãm? É... sim é desculpa, eu tô só um pouco distraído, sim aqui é muito bom... – O desanimo era visível.

- Certo! Vamos até dar uma volta lá dentro e depois voltamos no nico (parque de diversões que fica dentro do Parque da Cidade). Deveria acordar pra vida, o sentimento de medo ainda me consumia. Fui pego no flagra. Mas não sei se deu pra perceber que havia mexido na mochila. Quanto tempo ele estava lá me observando? Vai saber... Agora não adianta chorar, Kaique me trouxe pra conversarmos e eu não vou ficar rezando, tenho que voltar a vida. Dei a ideia:

- Ei, vamos tomar um sorvete? – Boa proposta pra quebrar o clima.

- Olha, ele falou!!! Vamos sim! – Seguimos até a banquinha e compramos dois milk-shakes. Fomos conversando enquanto seguíamos até o banco mais próximos. Sentamos e ele começou:

- Adriano, eu ainda estou um pouco triste. Foi difícil pra mim, ver aquela cena de vocês dois. Eu andei lendo a mensagem depois e refletindo sobre o passado do meu ressentimento com o Thiago. Ele sempre armou pra me destruir, não sei se tenta chamar atenção ou me machucar... – Olhava pro sorvete. – Eu quero ter um relacionamento com você, eu senti e ainda sinto alguma coisa... mas preciso saber se você não vai me magoar...?! – Seu olhar foi até eu. O que ele falou me fez repensar as atitudes desde então. Ver que ele gosta de mim e eu fiz algo tão horrível. Respondi:

- Me desculpa! Eu quando cheguei na sua casa fui recebido por um cara pelado, ele inventou um banho e depois me segurou, acabei cedendo as suas seduções. Me arrependo muito. Não queria. Tanto que quando recebi a mensagem até desconfiei, mas fiquei feliz em saber que “você” queria me ver de novo... foi mágica aquela noite... e até hoje quero que ela se repita outra vez... também sinto algo por você... eh... e quero dizer que... eu te amo! – Olhava para a arvore, não consegui ver seu rosto. Sentia vergonha. Ouvi:

- Por isso eu disse que andei pensando, não foi tudo culpa sua. Além do que a situação não era das melhores pra um adolescente. Te entendo. Mas tive um baque parecido antes e foi muito pra mim, compreenda isso. Acho que não vou esconder o que senti por você naquela noite e até hoje... eu também te amo! – Minha barriga mexeu, a emoção fez eu engolir seco. O sorvete foi meio largado de lado. Agora eu tive coragem de olhar no seu rosto. Ele falou aquilo sem estar bêbado. Era verdade. Parti logo pra atitude. Peguei sua mão, com a outra eu alisei seu rosto, ele se aproximou e então eu finalmente fui beijado. A emoção era simplesmente a mais verdadeira possível. O beijo longo e mais gostoso de todos. Era ali naquele parque que de verdade a gente se amou. A alegria corria nas minhas veias. Uma mistura muito boa de tudo que o ser humano pode viver.

Depois de mais alguns beijos nos levantamos dali. Corremos igual criança direto para o parque de diversões e a tarde passou como um raio. Montanha russa, chapéu mexicano, loop e enjoo, muito enjoo. Já era 18h quando demos conta que tínhamos de voltar. Piadas e caricias durante a viagem de volta. Riamos muito e compartilhávamos nossas experiências. Foi muito emocionante tudo aquilo. Estávamos felizes e sem nada pra atrapalhar. Chegamos na sua casa, ele desceu e me convidou pra entrar. Vi o relógio e pensei em retornar, passava das 19h. Dei outro beijo nele e falei que ligaria mais tarde. Sai da sua porta rindo pra tudo, o sorriso preenchia de uma orelha a outra. Comecei a cantar, Tempo Perdido. Gritava de alegria. Virei a esquina. Noite de domingo tudo ficava vazio, apenas vi o farol de uma caminhonete. Cantava muito. O farol de xênon cegou minhas vistas. “Selvaaaaaagem, selvaaaaaagemmm...” a porta da pick-up se abriu. “Então me abraça forte e diz mais...” aquelas figuras encapuzadas desceram. “Deixe as luzes acesas...” eu senti eles me segurando. Fui pego.

Continua...

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