A Esposa do Binário

Um conto erótico de Pornógrafo
Categoria: Heterossexual
Contém 2391 palavras
Data: 18/10/2016 21:55:30
Última revisão: 24/01/2017 23:08:42

“O infortúnio da terra é multiforme. Estendendo-se sobre o amplo horizonte como o arco-íris, suas cores são tão variadas quanto as cores daquele arco _ tão distintas também, embora intimamente amalgamadas. Estendendo-se sobre o amplo horizonte como o arco-íris! Como derivei da beleza um tipo de feiúra?” Edgar Allan Poe

Midas às avessas é o que somos. Transformamos beleza em feiúra, retribuímos espontaneidade com calculismo, objetificamos a parte mais humana da sociedade, exigimos abnegação em troca de egoísmo. Na nossa boca, até amor vira obscenidade. Mesmo quando queremos agradar, é pra sermos desejados, lembrados, elogiados, perdoados, recompensados. Diminuímos pra disfarçar nossa própria pequenez, distorcemos, invertemos, projetamos, idealizamos e enfim, ressentidos das nossas ilusões, buscamos o consolo fácil da generalização, marca maior do culpado inconfesso.

Joaquim trabalhava comigo numa livraria. Gozador, mandrião, antiquado até pela idade um tanto avançada, fazia também o tipo binário: ou 0 ou 1, ou isso ou aquilo, ou preto ou branco, ou troglodita ou viado, ou santa ou puta. Se a mulher traiu o namorado bronco e infiel, vai trai-lo também. Se deu fácil, vai dar pra qualquer um, mesmo que ele próprio não tenha pudores em trepar no primeiro encontro e nem por isso saia pegando qualquer baranga de fim de festa. Seguindo esse raciocínio, ou falta de, listou os requisitos da futura esposa. Foi na solteirice dos seus quarenta e muitos que Deus lhe apresentou a bela Luana, mulher elegante na indumentária, econômica nas palavras, recatada, virgenzinha, travadinha, castradinha, acima de qualquer suspeita. Durante a década que passaram juntos, Binário nem desconfiou de que ela talvez não fosse tão perfeita quanto ele gostaria. A mulher, sistematicamente corneada pelos ex-namorados, descobrira que fidelidade feminina é atestado de tolice. E de tola Luana não tinha nada. Tão inteligente quanto bonita, nem se dava o trabalho de se arrumar muito, dados os atributos naturais e o adereço considerado mais atraente pela maioria dos homens: a aliança de casada. Numa das suas visitas à livraria, apareceu com a amiga Sandra, pro desgosto do Joaquim, que reputava a amizade “laranja podre”. Rapaziada já foi logo botando defeito enquanto as duas iam à mesa de leitura, Luana deixar a bolsa e Sandra fazer hora com seu iPod.

_ Meio gordinha pra essa roupa _ disse Lineu, o gordinho.

_ Maior cara de galinha _ disse Haroldo, o galinha.

_ Não gosto de ver essa vadia com Luana. Pode levá-la pro mau caminho. O caminho do adultério _ disse Joaquim, o adúltero. Depois de uma filmada no decote da Sandra, me deu um olhar sacana, alargando seu sorriso perigoso. Luana já se levantava da mesa.

_ Fala baixo, Joaquim.

_ Dá nada não. Está de fone de ouvido.

Sem desviar os olhos da Sandra, simulou uma dancinha abobada que na mesma hora a fez tirar os fones e vir até o balcão.

_ Você consegue “ouvir” isso aqui? _ ela disse mostrando o dedo do meio.

Gargalhada geral entremeada por longa troca de olhares entre mim e Luana, talvez seduzida em parte pela displicência calculada com que eu recostava a cabeça na estante; deu uma conferida reveladora na minha mão esquerda e fiz questão de apoiar também a direita na prateleira. Nenhum impedimento ali. Atenta aos olhares de cobiça da galera, não só notara os meus como agora os retribuía. Sorri pros céus, ainda mais por ser o encarregado de fechar a loja naquele dia. Joaquim, do primeiro turno, sempre saía antes das seis.

Faltavam dez pras sete quando ela reapareceu sozinha. Desliguei os três computadores e fui receber na porta a mulher do próximo, pronto pra pecar. Como se não fosse nada, puxei assuntos triviais à espera de uma deixa, que apareceu quando mencionei a procura de mais um livreiro bilíngue na loja, além de mim e Joaquim, que passava a maior parte do tempo no estoque.

_ Então você sabe? Joaquim sempre promete, mas nunca estuda comigo. Me ajuda? _ convidou no que me pareceu mero pretexto, dada a fluência do seu inglês com turistas necessitados de livros em idiomas estrangeiros. Talvez de propósito, passara numa das etapas do módulo avançado do cursinho com nota pouco acima da exigida, sem desperdiçar dinheiro nem ofuscar o brilho tênue do seu beta. Joaquim ficou satisfeito. _ E aí? _ Se debruçou no balcão e o Ganesha de prata na base do seu pescoço oscilou diante dos meus olhos feito relógio de hipnotizador. Deixei o foco cair e não ouvi a próxima frase, surdo de vontade daquele colo tão bem escondido pela blusa escura e espessa. _ No que está pensando, Franco?

Poderia ser uma simples curiosidade, mas o tom do sussurro e a visita injustificada indicavam tudo menos isso.

_ Te beijar... _ murmurei pros seus seios, desastradamente.

_ É? _ Deu um sorriso tão leve quanto seu sussurro, fazendo os lábios carnudos reluzirem daquele gloss incolor que minha mente suja associa a lábios vaginais túrgidos e lubrificados. _ Que mais?

_ Te prensar contra a estante e chupar seu pescoço todo enquanto te levanto pela bunda. Ir descendo a boca por cada pedacinho do seu corpo até você pedir minha língua. Adoro o mel, lamber cada gota. Agarrar suas coxas e mergulhar a língua fundo bem na hora em que você goza, mexendo lá dentro.

_ Está me dando vontade.

E a minha era fazer meio Kama Sutra ali mesmo, com tesão extra só pelo jeito como ela falou aquilo, se aproximando até nossas bocas quase se tocarem. Da sua, meu olhar caiu de volta pro Ganesha, divindade do intelecto, ironicamente a virtude que me abandonava naqueles segundos que decerto precederiam a justa causa da minha demissão. Foda-se. Por aquele fruto, eu seria de bom grado expulso do meu Inferno refrigerado.

_ Vamos resolver isso. _ Selei a loucura tomando seu queixo entre os dedos.

Com fome contida, daquele jeito provocante que enlouquece qualquer mulher, beijei todo o seu rosto, mais e mais perto da boca, até ela tomar a iniciativa de unir nossos lábios num faiscante curto-circuito. Senti o gosto de maçã do gloss e um princípio de suor na testa apesar da temperatura sempre nos 22 graus. Já eram as chamas do Inferno real se avizinhando? A precaução ficou só no pensamento e os pegas continuaram atrás do balcão, suficientemente disfarçados dos transeuntes que ainda rondavam a livraria. Escorreguei a mão da sua cintura pro vão das suas calças folgadas e estiquei o dedo até o comecinho do grelo rijo e molhado. Mais que molhado, encharcado.

_ Mas eu quase nem te toquei. _ Pontuei a frase com um beijo também molhado, pra deixar claro que não era nenhuma reclamação, muito pelo contrário. Nada me excita mais que ver uma mulher ansiosa por uma noite tórrida comigo.

_ Na minha imaginação você fez muito mais que isso _ sussurrou bem de perto, me agarrando pela gola da camisa.

Tratei de pôr o resto em prática; safadamente afundei mais o dedo, aticei o grelo de baixo pra cima e circulei-o numa massagem lenta e suave.

_ Quer esse dedo dentro de você?

Ela respondeu com um gemido e uma espiada no relógio. Quinze minutos de folga, não mais que o suficiente pra um pulinho. Busquei na segunda gaveta do balcão a chave da loja e na sua mão esquerda a visão do meu afrodisíaco, grosso e tão berrante quanto o ciúme do homem que se achava seu dono. No estoque, entre estantes abarrotadas e pilhas de livros, abracei-a por trás e rocei a barba por fazer no seu cangote. Seu calor e a combinação exclusiva do perfume floral com o corporal me deixaram duro a ponto de causar incômodo insuportável no brim grosso. Como prometido, virei-a, ergui-a pela bunda e comecei os sarros contra a estante enquanto ela se agarrava ao meu pescoço e me enlaçava com as pernas pra não cair. Sobre o lábio que eu sugava, deixou escapar um gemido baixinho seguido de pedido ainda mais sexy:

_ Quero que me coma gostoso.

_ Eu vou te comer gostoso, sua gostosa!

Tirei-lhe a blusa e o sutiã cujo elástico marcava diariamente a carne magra por puro capricho do marido, embora os seios, como de uma brasileira típica, não tivessem tamanho que justificasse o incômodo exceto sob peça branca, muito menos uma escura ou espessa como aquela. Eram pequenos e lindos, de formato proporcional, com biquinhos claros e pontudos. Luana alisou minha pica, abriu minhas calças e tirou tempo de onde não tínhamos pra escorregar o polegar pela chapeleta melada por uma eternidade antes de procurar o nervo na borda. Roçou a boca nos pentelhos, subiu a língua até a cabeça, atiçou de uma ponta à outra o trecho sensível e desceu até o saco aninhado na palma da mão. Chupou cada bola, subiu de novo e abocanhou sem nada além de leve pressão dos lábios no prepúcio, puxando e empurrando de forma a expor a cabeça pra rápidas e sucessivas lambidinhas. O começo de um senhor boquete. Mamou com tanto gosto e destreza que não resisti à vontade de empurrar até a entrada da garganta. Os próximos dois ou três centímetros lhe deram careta de ânsia.

_ Nunca fez assim com ele?

_ Não, ele acha coisa de puta. Mas com você eu quero.

Carinhosamente juntei seus cabelos na mão e esperei que aceitasse o que pudesse. A garganta relaxava, mas os olhos ainda lacrimejavam. A cada avanço, eu gemia mais do progresso demorado e trabalhoso do que da pressão quente e úmida envolvendo a pica quase inteira. Não ia dar pra segurar a primeira leitada. Quando consegui enterrar, anunciei o gozo. Foi aí mesmo que ela mandou foder; chupou forte e não deixou escapar uma gota. Continuei bombando devagar pra me manter duro, longe de apagar o fogo com meros três ou quatro jatos. Cerca de meio minuto depois, acariciei seus cabelos e afastei a glande sensível da boca que voltava a sugar com gana tamanha que fazia aquilo parecer realização de fantasia ou coisa assim.

_ Nunca transou com ele em lugar público?

_ Não, ele acha coisa de puta.

Então hoje a gente ia fazer. E ia ser na cadeira do corno.

Tirei-lhe a metade de baixo das roupas e ela se abriu como pôde pra minha chupada. Caprichei no beijo à francesa, primeiro sugando os grandes lábios, depois linguando fundo a fenda, depois chupando de leve o grelo. Luana gemia e se contorcia no espaço limitado da cadeira, melada a ponto de fazer aquele barulhinho gostoso quando eu mergulhava um dedo. Ia gozar na minha boca, coisa que adoro. Enfiei dois e ela não demorou a estremecer de quase escorregar da cadeira. Recobradas as forças, se virou pra estante mais próxima. Mãos na prateleira, pernas entreabertas, se arqueou pra que meus dedos iniciassem nova excursão pelos seus meandros, do monte de vênus à gruta pingando seiva. Enquanto eu mordiscava o pescoço, tocava uma siririca e roçava no rego o pau tão duro quanto antes, espalhando baba por todo o caminho até a buceta. Entrei pela metade, mas suas mãos e quadris queriam tudo. Num vaivém vagaroso, tragou volta a volta o resto, deu um giro de bambolê que me fez rodar dentro dela e inadvertidamente me inspirou ideias ao virar o rosto pra um beijo de língua sem parar de rebolar. Aquela bunda empinada tinha que ser comida.

Sem desengatar, puxei-a de volta pra cadeira e pude contemplar desnuda a maravilha que torcia o pescoço de tanto vagabundo, moldura de um cu liso e fechadinho. Polegares bem nas pregas, estiquei até abrir o olhinho. Queria que piscasse. Enquanto a xana quicava no pau, alisei, cutuquei e dedei bem de leve o anel. Ela suspirou, baixando a cabeça em rendição. Pedi que se abrisse com as duas mãos e apontei um dedo lubrificado de saliva, que entrou direto, separado da pica apenas pela pele fina da buceta ainda mais apertada pelo volume extra. Faria aquilo com o corno também? Não, ele devia achar coisa de puta. Fazer escondido com outra, isso sim era certo. E agora quem ia fazer escondido era ela. Ainda faltava gozar no meu pau e não havia jeito melhor.

O olhinho aceitou o convite com a piscada que eu queria. Laceado e lubrificado, devia me receber fácil, mas ela tinha meu pau na mão e o esfregava com pressão crescente entre os dois buracos, chegando a enfiar metade da cabeça ora num, ora noutro. Eu só gemia e imaginava a hora de meter direito, refém daquele revezamento tão imprudente quanto excitante. Um alívio quando, enfim preenchida e acostumada ao meu tamanho, ela se ajeitou de quatro no chão do estoque. Devagar, por etapas, até pra não terminar já, fui martelando tudo de volta. Virei seu rosto pelos cabelos e dali em diante não tiramos os olhos da cara de tesão um do outro, meus dedos firmes na siririca até ela gozar de novo. Caralho. Cerca de hora e meia de foda pra nós que não tínhamos mais de quinze minutos. Foi Luana quem literalmente me deu o empurrão final: devorou meu pau com a bunda e pediu que eu a enchesse de porra, o que fiz com tanta fartura que nem parecia a segunda gozada do dia.

A mistura de satisfação e cansaço no seu rosto parecia espelhar a minha. Me agarrou num beijo de tirar o fôlego que nos restava, se recompôs com metade de um pacote de guardanapos comprado pro lançamento de um romance, vestiu as roupas espalhadas pelo estoque e foi ouvir o chauvinista que não a merecia e só conseguiria segurá-la por mais quatro meses. No fim desse período, Binário ganhou não só o pedido de divórcio como um poema. Dizia assim:

Lá vai o vagabundo, / Vadiando pelo mundo. / Mal deixou a cama desta / E com outra já se deita. / Disse mesmo, certa feita: / ‘Toda noite é uma festa’. / É esse mesmo cavalheiro / Que depois, todo faceiro, / Fala que mulher não presta, / Que só faz enfeitar testa, / Que só pensa em dinheiro, / Que seu lugar é o puteiro. / Mesmo barato, velho e usado, / Exige delas, qual dum produto, / Lacre de segurança intocado; / E se dá o direito, resoluto, / Com antolhos, açoite e arreio, / De mandar no corpo alheio. / Mulher de verdade é Luana, / Que tapeava esse infeliz. / Jeito de santa, mero verniz; / Um par de galhos por semana. / E a quem chiasse, logo dizia: / ‘Contra hipócritas, hipocrisia’.

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Comentários

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Marimarina, obrigado pelo incentivo! Volto a escrever assim que puder.

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Baiúchinha, me sinto honrado pela sua visita! Seus contos são ótimos!

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Perfeito, cara!!!

Perfeito!

A casa precisa de mais contos seus.

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