Thithi et moi, amis à jamais! Capitulo 174

Um conto erótico de Antoine G.
Categoria: Homossexual
Contém 3947 palavras
Data: 19/10/2016 23:04:12

- Ju, aparece lá em casa pra gente conversar. – Eu abracei minha amiga, não foi bem um abraço, pois ambos estávamos com nossas filhas no colo

Dudu, Pi, Thi, Sophie e eu fomos para casa.

- A conversa foi tão ruim assim? – Dudu perguntou

- Foi!

- O que eles aprontaram?

- Eles foram desagradáveis, invasivos, intrometidos, grosseiros, mal-educados e inconvenientes. Eles querem nos forçar a ficar aqui.

- E vocês não pensam em ficar mesmo?

- Não! – Thi disse – Nós já deixamos nossa vida organizada lá. Só viemos buscar nossas coisas mesmo.

- Manooooo...

- Não começa, Dudu! – Eu não estava bom para ouvir mais alguém dizer o que eu tinha que fazer

Nós fomos em silêncio até em casa, após essa conversa. Quando eu entrei em casa que eu percebi que eu estava com saudades da minha casinha, apesar de que aquela não parecia mais com minha casa. Na reforma que o Papa havia mandado fazer, após a morte do Bruno, minha casa tinha perdido a identidade. A casa que eu tinha brigado até pelas gotas de tinta deixadas no piso não existia mais. Mas, mesmo assim, eu senti falta dali.

Nós descemos do carro e eu coloquei a Sophie no chão, quando ela viu o Sheep, ela saiu em disparada. Primeiro, ele não a reconheceu, mas quando ele a reconheceu, ele a lambeu, a cheirou, brincou, pulou. Nunca tinha visto um cachorro tão feliz. Eu o chamei e ele veio tão feliz quanto estava com a Sophie.

- Esse filho de puta não faz essa festa toda pra mim! – Dudu disse emburrado

- E ainda come teus sapatos! – Pi disse rindo também

- Ele não come os teus, não?

- Que nada, ele é seletivo, só gosta dos sapatos do Dudu.

Eu ri bastante. Que prejuízo eu tinha dado ao meu irmão!

- Lar doce lar! – Eu disse ao entrar em casa

- Estava com saudades? – Thi me perguntou

- Olha, até que eu estava...

Dudu e Pi nos ajudaram a colocar as malas para dentro e foram para a casa deles depois, eles queriam nos deixar a sós. Nós tínhamos marcado de tomar um vinho mais tarde, mas eu estava tão cansado que achava que não iria rolar vinho nenhum.

- Enfim, em casa... – Eu disse

- Enfim, em casa! – Thi me abraçou por trás, nós estávamos na sala – Posso te perguntar uma coisa?

- Pode!

- Não ficas chateado, tá?

- Tá bom!

- Tu realmente queres fazer isso?

- Mudar para a França?

- Isso! Tu estás preparado para deixar toda essa vida para trás?

- Eu não irei deixar essa vida para trás, Thi. Eu só morarei longe dos meus amigos e minha família.

- Antoine, tu sabes que ficar alguns meses longe deles é uma coisa, agora... ficar anos longe é totalmente diferente. A amizade esfria, as prioridades mudam, o sentimento muda...

- É, eu sei de tudo isso...

- Amor, eu só quero que tu tenhas certeza da decisão que tu vais tomar. Seja ela qual for, eu irei te apoiar. – Ele beijou meu rosto

- Vamos para o nosso quarto?

- Ele é nosso?

- Claro, senhor meu esposo! – Eu disse rindo

Nós deixamos a Sophie brincando com o Sheep e fomos rapidinho ao nosso quarto deixar nossas malas. Nós só fizemos largar nossas malas e voltamos para a sala, Sophie e Sheep juntos e sozinhos não era muito seguro.

- Olha, a mamãe mandou mensagem. – Ele me disse

- E aí?

- Ela tá vindo aqui...

- Ah, se for para encher o saco eu não quero, não. Se duvidar a Maman vem junto.

- Amor, a gente sabia que seria assim. Quem mandou ser o filhinho dos papais?

- É, bonitão? Quem é o filho único mesmo?

- Ah, mas a minha mãe só tá fazendo esse show todo por causa dos teus pais.

- Que nada! Tia Joana sempre foi preocupada contigo, Thi.

- Não depois que ela se juntou com aquele cara.

- Aaaaah, isso tudo é ciúmes de mamãe? É isso?

- Pode até ser, mas a mamãe mudou depois que se juntou com aquele cara. Ela nunca teve dedo bom pra homem, meu pai é a prova disso.

- Falando em teu pai, o que aconteceu com ele?

O assunto “pai” era extremamente interditado para ele, mas eu arrisquei perguntar.

- Ele foi preso naquela época, lembra?

- Lembro! Claro que lembro, afinal ele tentou me matar...

- Pois é, ele foi solto e voltou para a cidade dele. Ele mora em São Paulo, nunca mais falou comigo e nem com a mamãe. Não sabemos nada sobre ele, resumindo. Nem se está vivo...

- Credo, Thi!

- Ah, nem começa...

- Tudo bem, tudo bem, não está mais aqui quem falou.

- Vem cá! – Ele disse sentando e me puxando para cima dele – Desde Paris eu não faço isso – Ele me beijou

Nós ficamos namorando no sofá e Sophie e Sheep pegando fogo pela casa.

- Papa, tô com fome!

- Mas já, filha?

- Já!

Agora eu estava bem ferrado, eu teria que ir ao mercado. Eu levantei muito contragosto e fui. Sophie ficou com o Thi, ele estava esperando minha tia/sogra. Pelo menos eu iria dirigir, eu estava com saudade de dirigir. Fui até a garagem, fiscalizei o carro para ver se o Dudu tinha arranhado, mas não, estava ele estava muito bem cuidado. Entrei no meu carro e fui ao mercado.

No mercado, eu procurei tudo o que eu consumia em Paris, mas é LÓGICO que não encontrei, o que me deixou super frustrado. Não tinha quase nada, eu tive que me reacostumar com isso. Em Paris a quantidade de produtos orgânicos e naturais era inacreditável, em Macapá, isso nem existia.

- Antoine? – Alguém me chamou

- Oi?

- Oi! – Era a Loh, ela estava com uma barriga gigantesca

- Menina, que barriga é essa? – Eu a abracei assustado com o tamanho da barriga dela

- Ah, isso aqui é o João André que está quase chegando.

- Nossa, que barrigona linda. Parabéns, mamãe.

- Ah, obrigado! E tu como estás? Tá diferente, tá mais magrinho, mais bonito...

- Obrigado!

- Tu não estavas morando na França?

- Estava, não. Ainda estou. Eu só vim passar uma temporada aqui.

- Ah, entendi. E o Thi, veio também?

- Veio, sim! Tá lá em casa com a Sophie.

- Ela deve estar enorme, né?

- Tá! Tá enorme e linda.

- Oooo pai bobão.

- Não posso negar, sou bobão mesmo. Vais ser bobona também quando teu filho nascer. Ele é pra quando?

- Eu estou com oito meses, já já ele está chegando.

- Ah, que legal! Eu vou ficar de dois a três meses aqui, talvez dê tempo para eu conhece-lo. Por que tu não passas lá por casa pra gente conversar melhor?

- Ah, eu passo, sim. Eu pensava que vocês estavam um pouco chateados comigo, afinal eu meio que sumi.

- Bom, chateados nós ficamos mesmo. Nem para o teu casamento tu nos convidaste... Ninguém nem sabe que tu estás gravida...

- Ah, é que é uma situação bem complicada, Antoine. Só a gente conversando com calma para eu te explicar. Mas tem tudo a ver com meu marido.

- Com o teu marido? O que ele tem a ver com isso?

- Faz o seguinte, um dia desses eu passo lá contigo. Qual o número do teu celular?

- Eu cheguei ainda pouco de Paris, então eu tô sem número brasileiro. Fala comigo pelo facebook.

- Tá bom!

- Beijo, Loh! – Eu abracei minha amiga

Eu segui na minha saga para encontrar algo saudável e barato, principalmente. Mas, no Brasil a palavra “barato” só inclui coisas que engordam, que faz muito mal e que matam. Eu peguei algumas furtas, verduras e legumes não orgânicos. Eu havia trazido queijos da França, pois eu sabia que aqui era tudo um absurdo de caro, então, eu não comprei. Peguei o que queria e fui para o caixa.

- Oi, Antoine! – Alguém segurou em meu braço.

- Oi! Fernando? Caramba, quanto tempo!

- Oi! Pois é, eu te vi aqui e resolvi vim falar contigo rapidinho. Como tu estás?

- Tô bem! E tu? Ainda estás lá na escola?

Fernando era um dos meus colegas de quando eu trabalhava na escola junto com o Thi.

- Bem, também! Sim, ainda estou por lá. Agora, tu sumiste, né? Nem deu mais sinal de vida para os amigos.

- Ah, perdão! Depois de tudo o que aconteceu eu fiquei meio que sem noção das coisas. Quando eu melhorei, eu me mudei para França, acabei de chegar de lá.

- Nossa, moras na França agora?

- Moro, sim!

- E essa aliança aí? Teu marido...

- Sim, o Bruno faleceu!

- Nossa, desculpa! Que pergunta a minha... Meus sentimentos.

- Obrigado! Mas, não tem problema, não. A aliança significa que eu casei novamente, há pouquíssimo tempo, na verdade.

- Nossa! Que legal! E o Thiago, ele sumiu também.

- Bom, digamos que ele usa o outro par dessa aliança.

- Sério? – Ele pegou um baita susto – Vocês casaram?

- Sim!

- Mas, como isso aconteceu?

- Nossa, que história longa essa... deixa eu ver se eu consigo resumir. Nós crescemos juntos, sempre fomos amigos, nós namoramos, nos separamos, voltamos a ser amigos e agora casamos.

- Caramba! Quanta informação só de uma vez... – Ele disse rindo

- É, a vida dá cada volta, viu?

- E a tua filha? Como está?

- Muito bem! Tá enorme e linda!

- Deve estar mesmo...

- Agora, me conta de ti... Namorando, enrolando, solteiro, casado, com filhos?

- Bom, estou namorando. Acho que tu conheces meu parceiro.

- Parceiro? Tu és gay?

- Sempre fui! – Ele riu

- Cara, nunca suspeitei!

- Digo o mesmo sobre o Thiago.

- Eu conheço teu parceiro? Jura?

- Sim, é o César.

- César? – Eu comecei a passar minhas coisas para a moça do caixa

- É!

- Eu não conheço nenhum César, Fernando.

- Não? Será que ele chegou na escola depois que tu saíste?

- Bem provável. Quer dizer que ele é lá da escola?

- Era, agora ele foi para outra escola. Ficou melhor assim para nós.

- Poxa, que legal! Fico feliz por ti!

- E eu por vocês! Nossa, vocês casaram, tu e o Thiago. Isso é muito louco pra mim...

Eu só fiz rirreais, senhor. – A caixa disse, era um valor absurdo para a quantidade de coisas que eu havia comprado

- Caramba, a inflação veio pra ficar nesse país, hein? Deus é mais! – Eu disse entregando o cartão para a moça

- Crédito ou débito?

- Crédito, moça. Parcela de 20x, por favor. – Eu disse rindo – Brincadeira, é no débito.

- Tu estás diferente...

- Tô?

- Tá, sim! Eu lembro de um Antoine menor, mais tranquilo... Agora, tu estás mais elétrico, mais bonito, parece-me até que estás maior.

- Ah, obrigado! Mas, a parte do maior e do mais bonito eu não sei não. O elétrico eu estou mesmo, mas isso se chama CAFÉ! – Eu disse rindo e ele me acompanhou

- Vamos marcar alguma coisa. Tu falaste que estás morando na França, agora. Tu vais ficar quanto tempo aqui?

- De dois a três meses, eu vim só organizar algumas coisas.

- Ah, entendi. Vamos marcar um café da tarde, então?

- Opa, vamos sim!

- Chamas o Thiago também.

- Pode deixar que eu arrasto ele comigo. Bom, vou nessa, Fernando. Até mais! – Eu estendi a mão e ele apertou

- Até!

Voltei para casa e quando eu cheguei lá minha tia estava sentada na sala conversando com o Thi.

- Oi! – Eu dei um beijo no Thi

- Papa, tô com fome! – Sophie veio correndo para a minha perna

- Vou já fazer um lanche pra ti, filha. Bom, vou lá dentro. – Eu disse para o Thi

- Ué, não vai falar comigo, não?

- E a senhora merece por acaso?

- Ah, meu filho, nós só estamos pensando no bem de vocês.

- Tia, vocês estão pensando em vocês, não em nós. Nós somos adultos, sabemos o que fazemos. Com licença.

Eu me virei de costas para eles e fui andando, mas ainda dava para ouvi-los sussurrar.

- Eu lhe disse que ele estava bem chateado.

- Deixa eu avisar pra Ange, ela vai vir aqui.

- Fale pra ela não se atrever a vir aqui, para ela vir aqui só se ela esquecer essa ideia idiota de que ir para França vai nos fazer mal. – Eu me virei falando de forma áspera

- Credo, menino, que ouvido é esse!

Eu fui para a cozinha, guardei o que eu havia comprado e preparei um lanche para nós, era Sophie quem estava com fome, mas eu começava a ter uma fominha também. Eu havia comprado material para fazer um bolo de laranja que ela gostava, tapioca (que há muito tempo eu não comia) e cuscuz. Eu logo comecei a prepara-los e o cheiro rapidinho invadiu a casa toda.

- Meu filho vai ficar gordo desse jeito...

- Isso também é uma crítica? A senhora também está falando que eu não sei cuidar da minha família?

- Nossa, Antoine, sai um pouquinho da defensiva. Eu não vim aqui atacar vocês.

- E o que a senhora veio fazer, então?

- Eu estou há meses longe de vocês, eu vim ficar um pouquinho com vocês. E ainda mais agora que eu descobri que eu ganhei uma netinha.

- Chamar a Sophie de neta é comprar briga com a Maman.

- Eu sei! Ela já disse que a Sophie só tem a ela como avó, mas eu deixei bem claro que agora ela tem mais de uma avó. Ela ficou uma fera. – Minha tia sorriu – Quer ajuda aí?

- Não! Já estou acabando.

- Sabes o que a gente poderia fazer também?

- O quê?

- Bolinho de chuva.

- Aaaaah verdade! Eu adorava seus bolinhos de chuva.

- E o Thi também.

- Então, venha! Faça seus bolinhos.

Ela me pediu os ingredientes e eu passei para ela. Eu sentei no balcão da cozinha e fiquei observando ela fazer os bolinhos.

- Tu não sabes como eu fiquei feliz quando eu soube que vocês dois tinham voltado. Eu morria de preocupação, pois eu sentia que meu filho te esperava, mesmo inconscientemente.

- Foi um processo bem delicado para retornarmos, tia.

- O que aconteceu? Me conta!

Eu contei tudo para ela, fazia muito, mas muito tempo mesmo que eu não conversava daquele jeito com ela.

- Quando esse sacana viajou sem me falar, eu quis mata-lo.

- Ele não lhe falou?

- Não! Eu só fui descobri depois que ele já estava em Paris. Ele te ama demais, ele faria qualquer coisa por ti.

- Eu o amo também! Eu também faria qualquer coisa por ele. Ele quase foi expulso da França, tia.

- Ai, meu amor, tu vais misturando português e francês que eu fico doidinha.

- Ops, desculpe, vai demorar um pouquinho para eu me acostumar.

- Sim, quer dizer que ele quase vira imigrante. – Ela disse rindo

- Isso mesmo! – Eu ri também – A gente já estava morando juntos, já estávamos casados praticamente e nós já tínhamos toda uma história, não tinha porque perder tempo com namorinho. Então, um dia eu cheguei em casa e ele disse que o visto dele ia vencer e me pediu em casamento.

- Assim? Sem nada? Sem musiquinha? Sem jantarzinho? Sem nada?

- Sem nada!

- Esse não é o Thi!

- Nós estamos mais maduros, tia.

- Sim, mas gente madura também é romântica.

- Sim, claro! Mas quando a gente namorava, a gente perdia tanto tempo com essas coisas, agora a gente só quer ser feliz.

- Vocês estão muito sem graça!

- Tô brincando, Tia! No inicio, foi sem graça mesmo. Mas, nós fomos a um show da Celine Dion e lá ele fez o pedido.

- Esse sim é o meu filho! – Ela disse orgulhosa

- Papa, tô com fome! – Sophie apareceu correndo na cozinha

- Já vai ficar pronto, filha.

- Vem cá, Sophie! – Thi veio correndo atrás dela

- NÃAAAAAAAAAAAAAAAAO!!! – Ela gritou e saiu correndo rindo, se enroscando entre as pernas da tia Joana

- Vem cá! – ele ria

- Não, Papa! Xai pálá! Xai pálá! – Ela fazia gestos com as mãozinhas, como se estivesse enxotando um cachorro

- Eu vou te pegar!

- NÃAAAAAAAAAO!!! – Ele foi pegá-la, mas ela conseguiu fugir dele e saiu correndo

Eu me divertia vendo aqueles dois brincando. Eles foram para a sala.

- Ela o chama de pai?

- Chama! No início eu fiquei meio preocupado, mas depois eu vi que foi algo natural. Ninguém a forçou, ninguém disse para ela que ele seria pai dela, ela só passou a chama-lo assim. Em Paris, ele acabava ficando mais tempo com ela do que eu, então ele cuidava dela. Eu acho, que ela percebeu que ele fazia tudo o que eu fazia para ela e simplesmente começou a chama-lo de Papa.

- Que lindo! Ela sempre foi esperta demais, né? Desde bebê.

- Ah, isso é! A Sophie é inteligente demais!

- Vocês falaram que já deixaram tudo pronto para a mudança de vocês.

- Isso! Já deixamos nosso apartamento alugado, o proprietário precisava de alguns meses para reformar o apartamento, era o que precisávamos, pois tínhamos que vir ao Brasil.

- Vocês estão empregados lá?

- Não! Mas eu estava pensando em abrir um pequeno restaurante lá. Na vizinhança onde vamos morar daria para abrir. Coisa pequenina, sabe? Queria um lugar bem gostosinho, agradável e que tivesse comida boa.

- Ah, entendi... E o Thi?

- Ele pensou em tentar trabalhar em centros de línguas estrangeiras. Ele poderia dar aula de português, agora nossa língua tá em alta na Europa. Ele dava aulas particulares em Paris, e ganhava bastante dinheiro.

- Atah! É, pelo visto vocês estão bem organizados mesmo. E a Sophie?

- Quando nós alugamos o apartamento, nós analisamos tudo. Nossa principal preocupação era com a Sophie, então, a gente procurou apartamentos que tivessem escolas por perto. Bem pertinho de casa tem uma escola para ela. Perto de casa também, mas não muito, tem um centro de idiomas, a gente já até andou conversando com o pessoal de lá e eles ficaram bem interessados em ter um brasileiro nativo como professor de português.

- É, pelo visto nós vamos perder vocês mesmo... – Ela disse meio triste

- Tia, vocês não vão perder ninguém. Nós só vamos morar em outra cidade.

- Outra cidade, outro país, outro continente...

- É, mas vocês podem muito bem ir nos visitar. Pegue uma licença do trabalho e passe três meses lá conosco.

- Ai, três meses na França seria maravilhoso mesmo.

- Então...

- Ah, mas ficar longe de filho é a pior coisa. Tu te imaginas longe da Sophie?

- Agora, não. De jeito nenhum!!! Mas, eu tenho consciência que em um determinado momento, quando ela chegar na fase adulta, ela vai ter a vida dela. Marido ou esposa, filhos, casa, trabalho, preferências que serão diferentes das nossas. Um dia ela também vai sair de debaixo de nossas asas, eu terei de deixa-la ir, por que a vida é assim. Ninguém cria filho para si, a gente cria filho para o mundo. E é por isso que eu quero criar a Sophie na França, quero que ela seja forte o suficiente para enfrentar esse mundo maluco em que vivemos.

- Tu estás fazendo isso só por ela?

- Não! Thi e eu estamos fazendo por nós também. Aqui, todos nos veem como moleques. Agora que voltamos, todos vocês acham que somos adolescentes inconsequentes, mas não somos. Lá, nós temos nossa vida. Temos nossas responsabilidades, temos conta de aluguel para pagar, contas diversas, mercado, filho, trabalho... Lá, nós somos nós, entende? Não há ninguém tentando nos forçar a fazer aquilo que acha que é certo. Quando eu estava casado com o Bruno, ninguém se intrometia, mas agora que Thi e eu estamos juntos, todos vocês querem decidir nossa vida por nós.

- Oh, meu filho, não é assim!

- PAPAAAAAAA!!! – Sophie vinha correndo, o Thi atrás dela e o Sheep atrás dele

- O que foi, filha?

- TO COM FOMEEEEEEEEEE!!! – Ela não parava

- Correndo desse jeito vai ficar com fome mesmo! – Eu sorri

- Hum! Que cheirinho é esse? – Thi me abraçou

- O nosso cheirinho é de bolo de laranja e bolinho de chuva, já o teu... é de moleque e cachorro.

- Eu não tô fedendo!

- Ah, tá sim!

- Filha, vem cá! – Ele chamou a Sophie

- Nãaaaaaaao!

- Vem aqui mostrar para o teu Papa que a gente não tá fedendo.

- Nãaaaaaaao!!!

- Vem cá, filha! – Eu a chamei, ela veio, mas muito receosa. Eu a peguei no colo – Creeeeeedo, tá fedendo! – Eu disse depois de tê-la cheirado

- Num to fedendo, Papa! É o Sheep!

- Mas o Sheep tá lá em baixo, filha. És tu quem está fedendo, tu e teu pai.

- Papa a gente num tá fedendo, né? – Ela perguntou para o Thi

- Não, não estamos!

- Me dá um! – Ela pediu um bolinho para a tia Joana

- Claro que dou, meu amor! Toma! – Tia Joana entregou um bolinho de chuva para ela – Cuidado que está quente

- Me dá aqui, deixa eu esfriar pra ti.

- Não! Tô com fome, Papa!

- Mas Sophie, que fome toda é essa? – Eu disse rindo – Deixa só o Papa esfriar, tu vais queimar a língua assim. - Eu peguei o bolinho dela, esfriei e devolvi. Ela simplesmente o devorou. – Caramba! Que fome!

- Quero mais um, Papa!

- Tia, me dê mais um pelo amor de Deus, eu tenho uma ferinha no colo. – Eu disse fazendo cosquinha nela

- Ainda vai demorar a ficar pronto, amor? – Thi me perguntou

- Um pouquinho.

- Então, dona Sophie, vamos tomar banho com o papai. Quando a gente voltar, a gente lancha.

- Mas eu tô com fome, Papa!

- Eu sei, minha filha, mas também está fedendo a Sheep. – Ele disse rindo – Vamos lá! – ele a pegou do meu colo e a levou para o banheiro.

Ele ia fazendo alguma coisa com ela, pois eu só ouvia as gargalhadas dela. Eu ouvi uns resmunguinhos também, quando eu olhei para a minha tia, ela chorava.

- Tia, por que é que a senhora tá chorando?

- Ah, meu amor, é tão bonito ver vocês três juntos. Enfim, meu filho encontrou a felicidade.

- Entendeu agora o motivo de voltarmos para França?

- Entendi! – Ela disse com lágrimas nos olhos, ainda – Mas é difícil ver vocês partirem, construírem uma vida longe da gente.

- Tia, nós já falamos. Nós só vamos morar em outro local, mas será a mesma coisa. Nós precisamos disso...

Ela secou as lágrimas, terminou de fazer os bolinhos. Meu bolo ficou pronto, tia Joana e eu fizemos as tapioquinhas e o cuscuz, fizemos café e achocolatado (natural) para as minhas duas crianças.

- Me digam que já está pronto, essa menina vai comer minha orelha caso não esteja...

Eu ri.

- Agora, sim! Estão cheirosos... Já está tudo pronto, vamos lanchar.

- Mãe, a senhora estava chorando? Por que?

- Nada não, meu filho.

Nós nos sentamos e lanchamos. A ferinha da Sophie estava realmente morrendo de fome, ela comeu bastante. Tia Joana ficou um pouquinho mais lá conosco e depois nós fomos deixa-la em casa. Nós voltamos para casa, Sophie já voltou com sono. Eu ainda a deixei acordada mais um pouquinho, pois se ela dormisse logo, ela acordaria de madrugada. No entanto, como ela havia brincado a tarde toda, ela estava exausta. Então, o Thi a levou para dormir.

Eu resolvi abrir um vinho e ficar na sala esperando por ele. A casa me parecia estranhamente grande, como eu havia me acostumado com o apartamento de Paris, que era grande, mas não tanto quanto a minha casa, era normal eu acha-la estranha. Pela primeira vez, me bateu uma ligeira incerteza. Eu comecei a me questionar se era exatamente o que eu queria, comecei a refletir se somente a formação acadêmica seria importante para a Sophie. E o contato com os tios? Com os avós? Com a Bruninha, que era prima? Será que isso, talvez, não era até mais importante? E o Thi, ele aguentaria ficar longe da mãe? Eu era acostumado a ficar longe dos meus pais, afinal, quando eu era mais jovem, eles passavam mais tempo em Guyane do que no Brasil. O Thi sempre foi grudado a mãe, sempre foi paparicado e mimado por ela. Eu tinha certeza de que ele me acompanharia sem pensar duas vezes, mas será que ele seria feliz?

######

Oi, meus amores! Como vocês estão? Desculpem-me a ausência, mas vocês sabem... nossa vida é uma loucura, às vezes eu não consigo vir aqui postar, por mais que eu me esforce bastante. Mas aí está mais um capítulo, em pouco menos de 10 capítulos eu encerro minha narrativa.

Um beijooooooooooooo em todos! Até amanhã!

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Comentários

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Antoine, kd vc? Saudades...Apareça! Abaços

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Estou com muitas saudades de ti. Não sei se ainda acessas esta ágina, mas se acessas, desejo um feliz final de ano para ti e família e que o próximo ano seja repleto de felicidades para todos.

Um abraço carinhoso,

Plutão

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olha eu não sei qual foi sua decisão final não mas espero mesmo que ela tenha sido acertada eu concordo que as coisas aqui ainda tem de melhorar muito eu até já estou triste que seu coto tá acabando mas tudo sempre tem um fim espero que vcs estejam e fiquem bem no fim de sua jornada um grande abraço pra vcse um grande cheiro na Sophie^^

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Oi nêgo, volta logo. Tmb já tô com saudades e vc ainda nem terminou. Dxa só te puxar a orelha um pouquinho? Não gosto qdo vc fica comparando França e Brasil. Eu sei q Brasil tem muito o q melhorar mas a França e a Europa como um todo têm dado mostra de uma involução em muitos aspectos. Sabemos que não é esse paraíso todo. Então, quem é brasileiro, mesmo sabendo q temos nossas mazelas, se chateia qdo alguém fala mal. Tá, eu sei que chega a ser um pensamento até um pouco provinciano, mas não se trata de tampar o sol com a peneira ou se fazer de cego, é só aquele amor incondicional, tipo de pai e filho, q a gente conhece os defeitos mas só a gente pode falar, ninguém mais. kkkk Eu sei tmb que vc ama muito o Brasil e quer apenas citar as diferenças, mas qdo se toca muito nesse ponto pode soar presunçoso. Não me leve a mal, foi só um ponto de vista. Bjão

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Você nem terminou o conto e eu já estou com saudade

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Muiito bom os capitulos antoine, eu espero qe você não tenha ido morar na fraça no Brasil é aonde está sua familia, amigos,casa.. Não acaba com a historia não pleeease 😢❤

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Espero que tenha tomado a decisão certa. Bjs pra vc e para o Thi e um maior pra Sophie.

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