A história impossível de nós dois. (Capítulo 2)

Um conto erótico de Pudim
Categoria: Homossexual
Contém 1758 palavras
Data: 25/12/2016 23:13:43

Continuando...

Mesmo sem saco e sem vontade de ir pra aula,recusei a idéia do role e entrei em casa,ouvindo as zuacões atrás de mim.Tive que improvisar para colocar o cuscuz e a salchicha no fogo,mais mesmo não tendo chance de ficar com um gosto muito bom,o gás pelo menos não acabou.

Quando tava terminando de comer,minha mãe entrou e com mais um de seus shows,me disse o quanto eu era imprestável e que desejava me ver no inferno.Não liguei e fui pra o meu canto,aonde fiquei o resto da tarde.

A noite fui a escola e tentei manter a atenção nos primeiros quinze minutos,depois minha mente vazou pra outro lugar,e não teve chances de volta nas próximas aulas.

Os dias se passaram devagar,oito para ser mais correto,e então já era segunda de novo.Meus dias eram todos praticamente iguais,a diferença era que não conseguia um bico muitas vezes e o Piolho praticamente morava lá em casa.O resto continuava na mesma,e eu não tinha muita esperança que um dia fosse mudar.

Esta segunda estava um tédio,então me joguei no resto de sofá que havia na sala,e fiquei atirando bolinhas de papel pra cima.A porta se abriu,e o Piolho entrou por ela,vindo até o sofá e se sentando do meu lado.Não trocamos uma palavra e o silêncio ficou pesado,como uma pedra de mil quilos.

-Cadê tua mãe?-Ele perguntou enquanto acendia um cigarro.

-Se você que é o macho dela não sabe,imagina eu.-respondi sem olhar pra ele,continuando a jogar bolinha pra cima.

-Tu não me curte nem um pouco,né muleque?-Ele perguntou

-Não!-respondi sem vontade de prolongar conversa.

-Eu conheci teu pai.-Ele disse me encarando,para ver qual seria a minha reação.

-Você e o batalhão da polícia inteiro.-Disse enquanto jogava a bolinha com mais força.

-Barroso era o cara mais cruel daqui do pedaço,não tinha dó de ninguém.Quebrava qualquer um,não se importava com nada.Pra ele era matar ou morrer.-Piolho disse lentamente enquanto fumava.

-E acabou morto!-Disse sentindo minha garganta ser apertada.

-É o fim de todo vagabundo.-Piolho diss sem me olhar.

-Meu pai teve o que mereceu.-respondi me levantando e ficando de costas pra ele.

-Antes de detonarem o Barroso,nois se encontrou num bar.E sabe o que ele falou,muleque?...Que tu era a melhor das coisa que ele tinha feito.-Piolho disse lentamente.

Meu coração bateu surdo dentro do peito,e uma enxurrada de lembranças tomou conta da minha mente,despertando um vazio enorme e um embrulho no estômago.

-Ele era um monstro...E monstros não amam.-Disse em voz baixa.

Piolho se levantou e jogou o cigarro no chão,pisando em cima.Em seguida foi até a porta e a abriu,de cabeça baixa ele se virou pra me olhar.

-Ele chamou por tu antes de morrer.-Ele disse saindo logo em seguida.

Ouvi a porta se fechar e me sentei de novo,as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.Fazia cinco anos que meu pai tinha sido morto,por alguém desconhecido.Cinco anos que eu tentava não pensar nele e nem sentir aquela dor de perde-lo.

Não entendia porque o Piolho tinha falado nele,nem imaginava que tivessem se conhecido,mais as palavras dele continuavam na minha cabeça,despertando tudo que eu havia guardado só para mim.

Meu pai tinha sido um assassino de aluguel,um homem que todos pintavam como doente e sanguinário.Mas as lembranças que eu tinha dele,eram bem diferentes dessas que o povo pintava.Eu lembrava de como ele era carinhoso,de como me colocava no colo quando eu tava com medo e das vezes que me levava para o sítio e a gente passava o dia brincando.

Eu nunca consegui decidir se meu pai deveria ser esquecido ou lembrado,amado ou odiado,mais eu sempre senti a falta dele.E a parte mais difícil,tinha sido me acostumar de que ele nunca mais viria quando eu tivesse com dor ou quisesse um simples abraço.

As lágrimas lavaram meu rosto,e eu me encolhi ali,sentindo meu coração sangrar e a enxurrada de lembranças trazer de volta a dor.

Depois de um longo tempo,as lágrimas diminuirão e eu fui em direção ao banheiro,onde tomei um longo banho de água fria.As lágrimas voltaram a cair várias vezes,mais eu ia me sentindo melhor aos poucos.

Voltei ao quarto e como se tivesse vendo tudo pela primeira vez,senti raiva.Raiva por não ter nada além de uma caixa de roupas usadas e um colchão imundo,com lençóis sujos.Xingando,coloquei uma bermuda jeans que estava rasgada na perna e uma camisa preta,então sai em direção a cozinha.

Mais uma vez não tinha nada para comer,nem água para beber.Tudo estava sujo e quebrado,o que fez a minha raiva crescer e me queimar por dentro.Sem saber o que fazer,dei um soco na parede.E então ouvi batidas na porta.

-Que merda,entra!-disse alto sentindo meus dedos doerem.

-Nossa parceirinho,que tá pegando?-André disse após aparecer na cozinha.

-Nada!-respondi sentindo minha raiva diminuir.

-Pode desenrolar a história parceirinho.-Ele disse sério.

-Olha pra esse lugar Cara,tá tudo acabado.Não tem nada pra comer,nem beber...Tô cansado dessa merda de vida.-Respondi irritado enquanto dava um chute na mesa.

-A vida nunca foi mole pra nois,maninho.-André disse enquanto passava a mão pela cabeça.

-É,mas quando meu pai tava vivo,tudo era diferente.-Disse me sentindo frustrado.

-Ih,pra tu fala do teu veio assim,o negócio deve tá malzão mesmo.-André disse enquanto dava uns tapinhas nas minhas costas.

-Eu preciso de uma saída. -disse sem olhar pra ele.

-Olha cara eu tô com um negocio aí,faz uns mês,mais tá rolando uma grana preta.-André disse tenso.

-Que negócio?-perguntei surpreso.

-Tô fazeno umas entregas pra o chefe da boca...Só gente nível alto.Rola muito dinheiro e ele paga bem...Se tu tiver afim,eu troco um lero com ele,e tu me acompanha na entrega,aí a gente raxa o dinheiro.-André respondeu em voz baixa.

Pensei na minha avó,e em como ela tinha implorado pra que eu me comportasse,que frequentasse a escola e me esforçasse.Mais eu precisava da grana,e escola não ia me dá isso.Eu sentia muito,mais não tinha outro jeito.

-Topo...Quando vai rolar?-perguntei decidido.

-Vou pegar o pacote agora de tarde,e se ele der o comando...Tu pode ir comigo hoje a noite.-André respondeu

-A noite?...Eu tenho escola.-Disse sem olhar pra ele.

-Porra parceirinho,tu decide se quer a grana ou insistir nessa porcaria.-Ele disse irritado.

-Tem razão,a escola que se foda...Tô contigo!-Disse após um minuto em silêncio.

-Assim que se fala...colo aqui mais tarde,e bico fechado.-Ele disse me encarando sério.

-Pode deixar!-Disse dando um sorriso nervoso a ele.

Ele também sorriu,e em seguida saiu,me deixando com meus pensamentos confusos.Sem conseguir chegar a lugar nenhum,me levantei e sai pra dar uma volta.

O dia se passou ligeiro,e logo a noite caiu.Eu estava tão nervoso que comecei a andar de um lado pra o outro,tentando me decidir se o que ia fazer era certo.Sem conseguir nenhuma resposta,tomei um segundo banho e me arrumei.

Minha mãe tinha chegado no meio da tarde,mais tinha me ignorado e ficado a maior parte do tempo no quarto,em seguida saiu de novo.Se tudo desse certo,eu ia a algum lugar com o André e ninguém ia saber,um ensamento que não me deixou mais tranquilo.

Era dez horas da noite,quando eu ouvi batidas na porta,fui até lá e abri,André entrou,me encarando sério.

-O serviço é mole,parceirinho.Nois leva o pacote ate o endereço e entrega.-André disse de braços cruzados.

-Tá!-disse bastante nervoso.

-Faz o que eu mandar,tá ligado?-ele perguntou

-Tá!-repeti suando frio.

André bateu firme no meu ombro e em seguida saímos.Fechei a porta e montamos numa moto que estava estacionada do lado de fora.Meia hora depois entramos na cidade do lado,por uma estrada de terra que ia paralela ao asfalto,só que por dentro do mato.André continuou dirigindo e pegou a de asfalto no encontro das duas.

Depois de algum tempo paramos em frente a um prédio de mais ou menos dez andares.Estacionamos longe e descemos até a entrada da garagem que estava aberta,por causa de um carro que vinha saindo.

Quando o portão se fechou,caminhamos até o fim,onde estava o elevador.André apertou várias vezes o botão de chamar,e esperamos.Quando as portas se abriram,um homem branco,alto e músculoso nos encarou,antes de sair.

Observei ele direito,e ao ver a enorme cicatriz que partia seu rosto,percebi que era o mesmo homem que havia visto no posto dias atrás.Nós encaramos por um segundo,e ele passou por mim indo até um carro preto.

André me puxou e juntos entramos no elevador,fomos até o oitavo andar e descemos.Caminhamos até o fim do corredor,e tocamos a campanha de uma porta que havia lá.

Um homem moreno abriu,e nos deixou passar.Quando ele fechou a porta,André abriu a mochila e tirou uma caixa,que ele recebeu.Em seguida o homem saiu e André sorriu para mim.Eu estava mais tranquilo,por tudo der dado certo.

O homem voltou e então apontou uma arma para nós,fazendo meu coração saltar dentro do peito.Logo mais homens surgiram e eu percebi que tinha sido uma armadilha.Eles se aproximaram e nos encostaram a parede,colocando algemas em nossos pulsos.

-Vocês estão presos por tráfico e receptação de drogas.-O homem disse ainda com a arma apontada em nossa direção.

-o serviço é uma moleza né?-perguntei irritado,enquanto tentava mexer os braços.

-Porra parceirinho...Tu acha que ia imaginar que os Gambé tinha esquema marcado?-André perguntou angustiado.

Continua...

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Olá gente,desculpem a demora,mais sabem como é natal.Esses dias foi um entra e sai de gente aqui,e acabei não conseguindo tempo para postar,aliás,Feliz Natal atrasado.

Martines você deu a melhor resposta para o ValterSo,infelizmente há vários leitores assim.

ValterSo e Coração Solitário obrigado pelos comentários.

Até mais!

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Comentários

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Se ele tivesse na escola. mas quando não se tem oportunidades e um vida difícil, o caminho errado parece o mais fácil. o da cicatriz vai aparecer? será q é um policial ou delegado.?

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Eu curti *--* sobre o pai morrer sabe aquele ditado? Bandido bom é bandido morto? Então!

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Ta muito bom, a minha resposta pra esse leitor é um meio de demonstrar meu cansaço. Sua história do primeiro capítulo pra esse teve um grande avanço, tanto no enredo, como na escrita, parabéns!

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