Louco Amor TP2 Penúltimo Capítulo - Você me tira o fôlego.

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 4378 palavras
Data: 18/01/2017 20:30:50

Oi meu povo lindo, vocês lembram que o capítulo anterior eu coloquei no titulo que seria o penúltimo não foi mesmo? mas como notaram, esse capítulo é o que será o penúltimo e consequentemente o próximo, o último. Porque eu fiz isso? Porque eu novamente não soube planejar o tamanho dos capítulos que acabaram ficando muitos longos, então acabei dividindo esse que viria a ser o ultimo, amanhã ou no máximo sexta eu o encerro, pois já está pronto. Espero que possam me aguentar mais um pouquinho rsrs

Então é isso, muito obrigado a todos que acompanham e Boa leitura!

LOUCO AMOR TP2 Penúltimo capítulo. - Você me tira o fôlego.

E foi assim que passamos uma hora e meia assistindo a um filme que teria sido chato sem seus comentários engraçados. Em determinado momento ele se calou e pareceu prestar atenção no filme, fiquei o encarando de soslaio sem que percebesse, ele estava lindo, usava calças jeans e camisa social, ambas justas ao corpo, carregava no pescoço uma corrente fina dourada com uma cruz na ponta, continuando a subi, reparei em sua barba cheia ao redor de sua boca farta, a mesma que havia me dado aquele selinho há poucos instantes, pela primeira vez o vi mais do que um amigo, fiquei excitado com aquela montanha de músculos largado em minha cama com aquela cara tão séria prestando atenção no filme, foi como se seu beijo tivesse desencadeado algo dentro de mim que não pude conter, ainda mais quando ele se virou pra mim já rindo para poder fazer outro comentário a respeito do filme. Colocando a mão na lateral de sua bochecha, foi minha vez de pega-lo de surpresa, fui pra cima e colei seus lábios nos meus que se abriram sem nenhuma relutância, com meu peso sobre seu tronco ele acabou deitando de costas em minha cama e como num movimento involuntário, seu braço deu a volta em minha cintura me apertando ainda mais contra seu corpo enquanto sua mão direita penetrava em meu coro cabeludo pela parte de trás forçando ainda mais sua boca contra a minha que roçava em sua barba me deixando ainda mais excitado.

_ Tem alguém vindo. – ele disse virando o rosto para o lado.

_ Droga! – disse saindo o mais rápido que pude de cima dele. Em pé, pude ver o estado que ele tinha ficado, a cabeça de seu pau simplesmente havia achado uma forma de sair daquela calça apertada, era um volume extremamente assombroso pra qualquer passivo, mesmo após aquele sarro todo, aquilo ainda assim conseguiu me deixar envergonhado. Eu não estava muito atrás, minha calça havia adquirido um volume imenso além de minha roupa está toda amassada e o cabelo despenteado. Enquanto ouvia os passos se aproximando me virei pra frente do espelho e tentei sem muito sucesso alinhar meu cabelo – com cuspe – e desamassar um pouco meu terno com a mão.

_ Tio Lucas? – disse uma voz conhecida, era o Vini.

_ Oi Vini. – disse com um sorriso forçado enquanto me sentava em uma cadeira ali próxima.

O certo e o que eu faria comumente era ter ido abraça-lo, mas o meu amiguinho lá embaixo ainda estava meio animado, então achei melhor evitar um constrangimento além do qual estava rolando naquele momento; ele olhou para mim e para Marcelo sentado na cama com uma almofada em seu colo e fingindo assistir ao filme, sei que ele notou o que estava acontecendo, pois ficou seu rosto ficou mais vermelho do que uma tomate, pensei que ele fosse sair correndo dali, mas não o fez, ao invés disso dirigiu a palavra a Marcelo para minha surpresa.

_ Oi Marcelo. Tio, posso conversar um pouco com ele lá embaixo, é um assunto da faculdade e acho que ele pode me ajudar. – disse normalmente.

_ Ah, se ele quiser. – disse dirigindo o olhar para ele que retribuía assustado, indicando os olhos à almofada em seu colo, logo percebi que ele ainda estava animado. Mas o que eu poderia fazer?

_ Claro. – ele disse depois de alguns segundos de silencio olhando pra mim.

O modo que ele se levantou foi muito engraçado, mal ousou a ficar ereto ao segui Vini que pareceu não notar o volume ao se dirigir porta a fora, me deixando ali sozinho com meus pensamentos.

_ Meu Deus, o que foi que eu fiz. – disse colocando a mão na cabeça ao notar que o que eu fiz poderia ter sido errado. Minha mente naquele momento pareceu meio de feira, vários pensamentos borbulhando tudo ao mesmo tempo. Eu precisava de uma água no rosto, se não minha cabeça iria explodir.

Me levantei e fui até o banheiro no intuito de fazer o que planejava quando ouvi passos apressados subindo a escada, a água já escorria pela pia, então andei cautelosamente até a saída do banheiro para saber o que estava acontecendo, mas assim que coloquei o pé pra fora, a pessoa entrou ofegando em meu quarto e parou a meio metro de mim e olhou diretamente em meus olhos, gritei com o susto que levara e tranquei a porta do banheiro no impulso, a batendo com força, mas notei em meio ao meu nervosismo outra batida na porta, dessa vez na do meu quarto que dava acesso ao corredor, o mesmo barulho que fiz quando me tranquei.

_ Droga! – Ouvi Caio dizer enquanto tentava abrir a porta sem muito sucesso, tão logo percebi que armaram para nós, por isso precisaram tirar Marcelo do quarto. Aquiles e Vini vão se ver comigo quando eu sair daqui.

Mas agora eu preciso me acalmar. De costas para a porta tentava controlar minha respiração e meu coração acelerado, estava tendo um acesso de pânico, meu Deus! Como tudo isso é ridículo.

Quando ele enfim parou de tentar abrir a porta e de gritar por Aquiles ou Vini, se seguiu um silencio insuportável, podia senti-lo a poucos metros de mim, olhando para a porta sem saber o que dizer, se deveria falar ou ficar quieto. Faz tanto tempo que nós vimos que a imagem sua ofegante não saia da minha cabeça e tinha quase certeza que iria demorar pra isso acontecer.

_ Acho que aprontaram para nós. – ele disse rompendo o silencio.

Sua voz foi como um choque elétrico sobre meu corpo, me deixou todo desconcertado, as lágrimas vieram imediatamente e escorreram pela minha bochecha. Aquela altura eu rezava para que Marcelo voltasse logo. – Está tudo bem aí? – continuou quando não obteve minha resposta. Como poderia? Não conseguiria pronunciar algo nem se eu quisesse, não naquele estado. – Lucas? Tá tudo bem? – sua voz se aproximava, me via obrigado a murmurar algo para detê-lo.

_ Huhun

(silencio)

_ Não quer, sabe, sair um pra gente conversar um pouco? Estou sem meu celular pra pedir resgate. – disse forçando um risinho nervoso. – E acho que vamos ficar aqui por um bom tempo.

_ Só... Só um minuto. – é como dizem, se está no inferno, abrace o diabo.

Com um impulso consegui me lançar para a frente da pia, meu coração ainda batia forte no peito e a respiração ainda estava desregulada, mas de alguma forma o seu convite para que eu saísse me fez bem, me deu o alívio que eu necessitava, pelo menos para conseguir sentir minhas pernas novamente rsrs.

Uma passada de agua no rosto e uma longa olhada no espelho e mesmo assim não estava preparado, mas iria assim mesmo. Parte de mim queria vê-lo e queria agradecer a Aquiles e Vini por aquilo, a outra queria ficar ali até aparecer ajuda e estrangular os dois quando tivesse oportunidade.

Destranquei a porta devagar e de cabeça baixa abri a porta, também devagar, a primeira coisa que vi foram seus sapatos pretos e elegantes, depois sua calça skinny preta, o blazer sobre a camisa social e finalmente seus olhos, confusos e penetrantes.

_ Oi. Quan... Quanto tempo né? – disse evidenciando certa dificuldade para falar. Era bom saber que ele também estava nervoso.

_ Pois é...

Disse por fim deixando um silencio no ar que nos fez olhar para o chão, envergonhados. Mas notei que a qualquer momento alguém iria aparecer e nós tirar dali, senti que eu deveria aproveitar aquilo, de raiva por terem me obrigado a encarar alguém que me fez mal passei a uma gratidão velada por não terem respeitado minha opinião.

_ Como você está?

_ Bem, é, bem. – disse sem muita certeza. – Você está muito magro. O que está acontecendo?

_ Ainda pergunta? – falei quase sussurrando.

_ Não queria tirar conclusões precipitadas. Acho que não terminamos do jeito certo.

_ E existe jeito certo pra acabar com um relacionamento de dezesseis anos?

_ O que quero dizer é que terminamos quando estávamos ambos de cabeça quente, não nós sentamos pra conversar com calma.

_ O que ela fez que eu nunca fiz? Porque deixou de me amar? – disse tentando controlar as lágrimas.

_ Foi culpa minha, não sua, eu deixei cair na rotina, quis experimentar outros sabores, parte de quem eu era antes de começamos a namorar acabou voltando. Se alguém aqui tem culpa, foi eu, eu não presto, Lucas. – vê-lo dizer aquilo com os olhos cheio de lágrimas foi a ponta do iceberg pra mim, comecei a chorar compulsivamente na frente dele que por meio segundo ou um minuto só observou até vim com calma até perto de mim, parecia temer que eu o empurrasse, e parte de mim queria fazer aquilo mas não fez, deixei que me abraçasse. Me permitir sentir seu calor novamente, quem me dera ser um craque em português para descreve de modo detalhado o alivio e a paz que senti naquele momento.

_ Espero que um dia possa me perdoar meu... Anjo.

Nesse momento a porta se abriu, e como estava com a cabeça em seu peito, não consegui ver quem era, pra falar a verdade eu não estava nem aí, não queria sair dali.

_ Não. – sussurrei em meio as lágrima quando ele fez menção em me soltar.

_ Eu preciso ir, Lucas. – ele disse me largando. Hesitou por um momento e então saiu.

Eu ainda chorava de cabeça baixa sem coragem de olhar pra quem quer que fosse que estivesse na porta, até essa pessoa se dá ao trabalho de chegar mais perto, só vi da cintura pra baixo, mas já era necessário para saber quem era.

_ Desculpa. – me senti uma péssima pessoa por ter me entregado tão fácil a uma pessoa que não me amava mais. Me senti na obrigação de me desculpar, naquele momento tive medo que ele também se fosse, mas não foi o que aconteceu, ele me abraçou também.

_ Está tudo bem, tudo bem.

Narrado por Caio:

Eu não queria ter saído de seus braços, ainda mais quando vi Marcelo paradão lá na porta, mas não tive escolha a não ser deixa-los sozinhos. No corredor ainda atônito com tudo que acabara de acontecer, avistei Aquiles e Vini vindo em minha direção, provavelmente pra saber se haviam conseguido o que haviam planejado.

_ Contou pra ele?

_ Perdeu a cabeça? – disse pegando com força em seu braço enquanto o colocava contra a parede. – eu já arrisquei a sua e a minha vida contando tudo pra você, você quer ver ele morto, é isso? Meu Deus, você tem noção do que fez moleque?

_ Ele está morrendo de qualquer jeito! Por acaso notou o estado dele? Ele precisa de você, ele merece saber do que está acontecendo, Marcelo só vive aqui rondando ele, logo vai conseguir o que quer e aí sim será o fim pra vocês dois!

_ Talvez seja melhor. Eu me meti nisso sozinho e vou sair sozinho. Se você falar algo, estamos todos fritos.

_ Você é um covarde, um completo covarde! – vociferou.

Apenas o encarei sentindo uma mistura de sentimentos ruins me invadirem.

_ Tem razão.

Narrado por Caio:

_ Ele ficou me enrolando lá embaixo fazendo um monte de perguntas das quais eu nem era capaz de responder. Devia ter notado que estavam aprontando. – disse Marcelo.

_ Como não viu ele entrar?

_ Estávamos no fundo da casa, desculpa amo... – ele pigarreou – Lucas.

_ Tudo bem, não é nem de longe culpa sua, foi até melhor, me sinto aliviado de certa forma, não sei explicar.

Ele balançou a cabeça levemente, olhamos um para o outro sem graça e baixamos a cabeça mergulhando em um breve silêncio.

_ Bem, ah... – pigarreou. – o que... bem, ah deixa pra lá. – disse por fim se endireitando na cama.

_ Ah fala vai.

_ É melhor não, não acho que seja um bom momento.

_ Tá né. Mas por mim tudo bem.

_ É que antes de tudo isso acontecer, fizemos algo que eu não consigo tirar da cabeça.

_ O que aconteceu?

Ele fez uma expressão estranha como se estivesse evidente onde ele queria chegar.

_ Ah, desculpa. – disse me lembrando do beijo e do nosso quase sexo. – É que esse negocio da armação dos meninos me pegou de surpresa, ainda estou meio que em estado de choque. – comentei dando um sorriso forçado. – minha mente tá uma completa bagunça.

_ Eu disse que não seria uma boa hora.

_ Não quero que pense que não foi importante ou que eu só fiz por está carente.

_ Não? – perguntou parecendo surpreso.

_ Não Marcelo, eu só quis, estava afim e sei que você também estava. Confesso que não me arrependo e faria de novo.

_ Isso é um convite? – perguntou abrindo um sorriso de canto a canto, pude ver o brilho em seu olhar que quase me ofuscaram, foi difícil ter que desfazer aquela animação.

Baixei o olhar.

_ Não é. Ainda acho que não é hora de assumir compromisso, tenho medo de te magoar.

_ Não precisa ser compromisso, a gente só fica. Amizade colorida, não é assim que falam? Se você gostou de me beijar, porque não se dá a chance de me conhecer também como homem? Eu sei de suas limitações, não irei lhe cobrar nada, exatamente nada, inclusive beijos. Se daqui a um tempo você conseguir sentir uma fração do que eu sinto por ti, ótimo, se não, vida que segue.

Apesar daquele aval, eu não sabia o que responder, eu queria um tempo, mas também não sabia como dizer isso a ele e como se alguém ouvisse minhas preces meu pai apareceu no quarto.

_ Filho, está todo mundo te esperando.

_ Oi tio.

_ Vamos Lucas? – disse meu pai ignorando Marcelo.

_ Caio ainda está lá?

_ Não está. Não se preocupe.

A verdade era que eu queria que ele ainda estivesse. Acho que desfacei bem meu desapontamento.

_ Vamos. – disse pegando na mão de Marcelo para que ele também viesse. – depois a gente ver isso com calma.

Chegando lá pude contemplar o meu trabalho, não é me gabando mais havia ficado perfeito, na entrada havia uma espécie de jardim ao seu aberto onde foi montado um espaço com mesas, cadeiras e luzes decorativas para as pessoas mais recatadas – normalmente os pais dos amigos de Aquiles – que não gostavam muito da agitação dos jovens no espaço fechado de vidro, montando logo após o jardim onde havia pista de dança com DJ, mesmo de longe pude avistar Aquiles e Vinicius se divertindo, depois conversaríamos.

_ Ual. – Marcelo exclamou olhando ao redor.

_ Gostou? – perguntei com orgulho.

_ Muito, foi você que planejou tudo isso?

_ Tive pequenas ajudas. – disse sorrindo.

_ Parabéns.

_ Valeu.

_ Lucas, acho que vou ficar por aqui, seu pais não gostam de mim. – disse com temor ao parar de caminhar.

Meu pai nem reparou que havíamos parado e seguiu em frente, minha mãe estava adiante próxima a divisa entre a sala de dança e o jardim de costas para nós conversando com suas amigas.

_ Eu não vou deixar eles lhe faltarem com respeito ou lhe constrangi, eu prometo, só vem comigo.

_ Como dizer não pra você em?

_ É só não dizer. – disse sorrindo enquanto peguei em seu braço.

_ Mãe. – disse tocando em seu ombro.

_ Oi filho. – ela disse animada ao se vira e me ver, rapidamente me envolveu em uma abraço breve.

_ Oi. – disse Marcelo, sendo em seguida ignorada por minha mãe que apenas sorriu amarelo e me dirigiu a palavra.

_ Como você tá?

Olhei para ela e depois para Marcelo que aparentava se sentir deslocado, e com toda razão, meus pais o tratavam como se ele nem existisse e aquilo já estava me irritando.

_ O Marcelo disse “Oi” mãe, seja educada e o responda. – disse com a maior calma do mundo.

Se sentida contrariada e constrangida no meio de suas amigas que se entreolharam ela acabou cedendo a contra gosto.

_ Oi Marcelo, seja bem vindo.

_ Obrigado.

Ao olhar para o meu pai notei seu olhar discreto, porém exalando fúria contra mim e a minha atitude diante da arrogância de minha mãe, mas nem liguei, pedi com licença e fui cumprimentar o restante dos convidados que basicamente eram os pais de amigos de Aquiles e que num passado não tão distante, eram meus colegas de escola, alguns deles eram aqueles típicos valentões sem cérebros que implicavam com todo mundo, mas vê-los ali com ternos e gravatá e me cumprimentando com um sorriso no rosto e um aperto de mão amistoso foi bastante prazeroso, tinham tomado jeito na vida, pelo menos era o que aparentavam.

Depois me sentindo mais solto e um pouco incomodado por meus pais não pararem de olhar feio pra mim, peguei uma taça de vinho e puxei Marcelo que não hesitou, para dançar comigo, estava me sentindo um adolescente fazendo birra.

_ Não acha melhor dá uma maneirada na bebida? – Marcelo me aconselhou quando eu vacilei pela primeira vez e quase caí na pista de dança.

_ Qual foi? Estou bem! – disse com a voz embargada, minha vista girava um pouco, mas ainda assim tinha plena consciência do que fazia e do que queria fazer.

Queria fazer meus pais e Aquiles aceitarem a minha amizade com Marcelo nem que fosse a força, e de quebra tentar esquecer ou não ligar muito para o que aconteceu há algumas horas, a verdade era que apesar de ter dito que não me arrependia de ter o beijado, aquele reencontro com Caio cada vez mais tomava meus pensamentos e me deixava confuso até com a minha própria existência. Nada dentro de mim mudara em relação a ele, continuava a amar aquele filho da mãe.

_ Calma Lucas. – Marcelo me repreendeu quando tentei beija-lo no meio de todo mundo.

_ O que foi? Está com vergonha? Não era você que me amava. – disse aumentando o tom de voz enquanto lutava pra me manter em pé, minha mente estava confusa, via Caio na minha frente, mas sabia que era Marcelo e mesmo assim tentava agir como se não fosse ilusão minha. Eu não sei explicar e acho que colocar a culpa na bebida é a única explicação plausível.

_ Você está bêbado!

Nem tive tempo de retrucar, senti uma mão forte segurar em meu braço e me arrastar dali, tentei me desvencilhar, mas dada minha situação, era em vão.

_ O que está fazendo? – esbravejou meu pai ao chegamos no lado de fora da festa, longe dos olhos curiosos dos convidados. – Está fazendo a sua família passar vergonha com esse seu vexame.

_ Me solta. – disse puxando meu braço do aperto de sua mão que se abriu sem nenhuma resistência me fazendo cambalear para trás. Se Marcelo não tivesse me segurado, teria me esparramado no chão.

_ Acho melhor você ir embora agora e nunca mais voltar a ver meu filho, rapaz, depois do que fez você não me desce.

_ Ele ao contrário de vocês, é paciente comigo, não me pressiona a melhorar, os olhares de reprovação e pena seu, da mãe e de meu próprio filho dirigidos a mim só faz eu me sentir ainda pior, me fazem querer pular de uma ponte e assim acabar com o fardo de vocês. – esbravejei com a maior seriedade que um bêbado poderia ter, o som estava alto, mas percebi que ouviram muito bem.

Ele se calou, pareceu chocado com que falei, seu olhar se dirigiu para além de mim e ao me virar, vi minha mãe e Aquiles com a mesma expressão de meu pai, eles tinha ouvido, eu acabara de ser cruéis com eles, apesar de ser verdade, não era a maneira certa de revelar aquilo, bêbado e gritando como se odiasse em segredo todos eles.

_ Me tira daqui Marcelo. – implorei segurando em sua camisa com uma vontade enorme de chorar. Não estava com capacidade de pensar, só queria fugir dali, estava envergonhado pela cena em que estavam vendo, eu totalmente bêbado, ou quase.

_ Vamos então. – disse ao pegar no meu pulso. – Só deem um tempo pra ele tudo bem? Sei que não gostam de mim, mas prometo que vou cuidar dele, o trarei de volta quando estiver melhor.

Por um momento pensei que não fossem deixar, que fossem criar objeções e me arrastarem dali e claro que eu iria, não teria forças para retrucar, mal conseguia me manter de pé, mas nada fizeram enquanto Marcelo me guiou até seu carro. Caí como uma pedra no banco ao lado da do motorista que ele ocupou assim que deu a volta no carro, minha cabeça capengou para um lado totalmente zonza sem forças para manter os olhos que haviam ganhado quilos em poucos minutos abertos por muito tempo e minha barriga revirava dando os primeiros sinais que vomitaria a qualquer momento.

_ Pra onde está me levando?

_ Pra minha casa, quer dizer, do meu pai. Não se preocupe, ele saiu.

_ Para o carro se não... aaaaagr – não consegui segurar, nem completar a frase e nem esperar o vidro abrir, apenas me inclinei, vomitei todo o chão do carro e então acho que apaguei ali mesmo.

Depois disso lembro vagamente de ter acordado seminu no chuveiro com Marcelo sem blusa, me segurando para eu não cai enquanto a agua escorria pelo meu corpo, então apaguei novamente.

Acordei com algo queimando levemente minha pele, abri os olhos devagar, os sentindo ainda um pouco pesados e fui ofuscado pela claridade do sol, para fugir um pouco me virei para outro lado da cama onde me dei de cara com alguém deitado ao meu lado, esperei a minha vista se acentuar para só então ter certeza que era Marcelo, ele dormia profundamente, pouco mais atrás dele havia um relógio despertador onde dizia ser sete e meia da manhã. Tentei me levantar, mas no meio do processo minha cabeça deu uma pontada forte e logo fiquei zonzo, voltei a cair na cama rapidamente com um gruindo de desconforto que fez Marcelo abri os olhos, ele sorriu da minha cara de dor.

_ Tentou se levantar de uma vez né? – perguntou com um sorriso enquanto voltava a fechar os olhos.

_ Droga, isso é horrível. – disse ainda com cara de dor, minha cabeça latejava.

_ Ah, não vai passar nem tão rápido. – disse voltando a abrir os olhos.

_ Não brinca.

_ Vou cuidar de você. – disse com a voz serena, foi simples, mas por um momento esqueci a dor e só soube ficar olhando pra ele que não esperou resposta, com um impulso, se pôs sentado, ele estava sem blusa, apenas de samba canção e então se espreguiçou, seus músculos se contraindo foi um show a parte.

_ Vou pegar um remédio pra você, não sai daí.

_ Há-há – disse forçando um riso, enquanto algo terrível passou por minha cabeça.

_ Não se preocupe, eu não abusei de você madame. – ele disse de costas para mim enquanto vestia a blusa, era como se tivesse visto por algum olho magico eu levantar o meu lençol para ver se eu ainda estava vestido.

_ Não é isso, Marcelo. É que eu estava bêbado, poderia ter forçado algo e ter esquecido.

_ Não se preocupe. – e então saiu do quarto. Parecia magoado com aquela minha desconfiança.

Aproveitei o tempo sozinho para tentar me lembrar o que havia feito no dia anterior, haviam só pequenos flashes e mais nada, foi difícil montar a primeira peça daquele quebra cabeça mental, mas no momento em que conseguir encaixa-la, as outras acharam seu lugar com extrema facilidade.

Lembrei do vexame que passei no aniversário de meu filho, das coisas feias que falei para eles e do vomito no carro de Marcelo, meu Deus, era até difícil escolher qual era a pior. Assim que ele voltou ao quarto me afundei ainda mais na cama e tampei o rosto com o lençol me sentindo extremamente envergonhado.

_ Oxe, o que é isso agora? – ele disse estranhado a minha atitude ao mesmo tempo em que ria dela.

_ Que vergonha! – exclamei.

_ Ah lembrou? É bom mesmo, pois não sabia como te manda ir limpar meu carro de um jeito que não parecesse rude.

_ Meu Deus.

_ Estou brincando. Agora tira esse lençol vai. – ele disse tentando arranca-lo de mim. – toma isso aqui, vai te ajudar. – disse quando enfim conseguiu. – Não precisa se preocupar, deixei no lava rápido.

_ Irei pagar. – disse engolindo o remédio e lhe devolvendo o copo já vazio a ele que o colocou na mesinha de cabeceira ao meu lado.

Passando por cima de mim para voltar a deitar ao meu lado, ele disse:

_ Depois a gente conversa sobre isso. Seus pais ligaram uma trocentas vezes pra saber de você.

_ Desculpa pelo vexame de ontem, primeira e ultima vez que eu bebo daquele jeito.

_ Apesar de tudo, me senti feliz por ter me defendido.

_ Não era daquela maneira que eu queria ter te defendido, não da maneira rude que falei com eles.

_ Eu entendo.

_ Minha cabeça está uma tremenda bagunça, nem sei por onde começar a “limpar”.

_ Que tal dá um tempo de tudo isso?

_ Como assim?

_ Entrarei de férias em breve, estava pensando em ir para Portugal, vamos comigo!?

Me virei para o lado para vê-lo melhor, aquela ideia me pareceu ótima, acho que seria bom respirar novos ares, além de sempre ter sido um sonho meu conhecer nossos irmãos de língua.

_ Parece ótimo, Marcelo.

Ele sorriu.

_ É sim. Topa?

_ Com certeza.

CONTINUA...

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Comentários

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O conto eh otimo mas cade o ultimo capitulo que vc promwteu posta logo...abracos

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Mas não confio no Marcelo, e nem queria que ele ficasse com o Marcelo

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Haaaaaá qual é? O Lucas merece um surra pelo o que fez. Poxa o filho tá mudando se sente culpado por tudo e este fresco fica cheio de mimimi com este vadio do Marcelo. Merece ficar sozinho mesmo, quem sabe não aprende. Toda família tentando ajudar e este bosta cheio de frescura. Já deu para perceber a muito que o Caio está com problemas graves o filho já disse, sei lá faça este mané perceber e ir ajudar o marido, esta porra têm uma família então lute por ela. Não, mas ele vai pelo lado mais fácil e mais errado o Marcelo. E pra acabar se for para ele ficar com o Marcelo que o Marcelo morra e ele fique sozinho.E o Caio seja feliz e corno por não confiar e dividir com o parceiro seus problemas.

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Gostei muito mas nao adianta o lucas fugi com marcelo se ele ama o caio ele nao deveria ir e deixar seu filho ele deveria saber o que caio ta escondendo pq algo de errado tem e ser felizes para sempre com o caio

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AMEII , QUERO QUE O LUCAS COMEÇE HA AMAR O MARCELO

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