Paixão Irlandesa - EP13

Um conto erótico de Menino do Rio
Categoria: Homossexual
Contém 2503 palavras
Data: 30/03/2017 02:47:40

O tempo e suas intemperanças

Uma semana depois…

David narrando:

Ainda com o Pedro inconsciente peguei-o nos braços e corri para o carro, estávamos a cerca de meia hora do hospital mais próximo, meu tio me acompanhou e notando meu estado tomou a direção do carro, por todo trajeto minha única preocupação era se ele aguentaria até chegar lá, Pedro estava muito machucado, seu rosto estava tomado por hematomas. Me sentia em choque em ver a situação que ele estava, ao chegarmos no hospital Saint James e vi Pedro ser levado numa maca para ser examinado. Algum tempo depois chegou Mary e minha mãe que estavam tão preocupadas quanto, quase uma hora depois veio o médico.

- Parentes do Sr. Alencar quem São? - disse um jovem médico.

- Somos nós, na verdade ele é nosso amigo ele não tem parentes aqui ele é brasileiro. - respondi.

- Bem o caso dele é bem complicado, ele teve 2 costelas quebradas, uma fratura no rosto que vai precisar de cirurgia e várias luxações por todo corpo. Alguns exames iniciais também mostraram alguns hematomas no crânio o que levou ele a um estado de coma. - disse o médico em um tom frio e calmo.

- Mas ele vai ficar bem? Em quanto tempo ele acorda? - perguntei.

- Não sabemos a extensão dos danos causados por esses hematomas vistos nos exames. Se ele acordar, o que pode ser hoje ou mês que vem, não sabemos quais sequelas ele vai ter. Pode ser que ele tenha uma perda de memória, dificuldades para falar ou andar ou na pior das hipóteses pode não acordar. Desculpe mas preciso deixá-los a par de todas as possibilidades.

Aquelas notícias me caíram como bombas, sentia um misto de desespero e revolta, principalmente por saber que o causador daquilo tudo estava impune e havia fugido. Por mais raiva que eu sentisse de Ângelo queria naquele momento direcionar minhas forças para a recuperação do Pedro. Minha mãe a muito custo foi convencida a ir para casa, afinal não tinha muito o que ser feito ali, Mary a levou para casa e eu fiquei pois queria acompanhar de muito perto a situação do Pedro e ainda tinha que entrar em contato com algum parente dele no Brasil, com muito custo consegui contato com uma amiga, Julia, que cuidou de avisar a todos sobre o ocorrido e à garanti que cuidaria dele com todo amor.

Nos três primeiros dias o Pedro precisou ficar no CTI para um acompanhamento mais profundo, no quarto dia ele foi transferido para um quarto íntimo e já não inspirava cuidados tão intensivos, me perdia nas horas enquanto ficava ali do lado de seu leito, às vezes tocava violão e via o monitor cardíaco dar sutis alterações, isso aumentava ainda mais minhas esperanças e sabia que o meu amor sairia dessa, sim tudo aquilo que sentia não tinha outro nome era amor.

Pedro narrando:

Ouvia ao longe um barulho que se assemelhava a uma britadeira, não conseguia ter consciência de que era aquele barulho. Tentava me mexer mas ainda sentia algumas dores, se passaram uns minutos até eu me localizar e notar que estava em um quarto de hospital. O referido barulho era de um ronco, minha mão estava suada e quente, colada a minha tinha uma mão forte e grande que suava em mesma quantidade que a minha. Junto a minha cama tinha outra próxima, mesmo com a visão entorpecida pelos analgésicos conseguia reconhecer aquele homem, que mesmo roncando como um trator dormia como uma criança, era David. Naquele momento preferi não me movimentar muito pois a dor era intensa e também não queria acordar o David. Depois de tudo que tinha se passado qualquer um entraria em pânico ao acordar em um quarto de hospital, mas a forma que vi o David dormir todo torto naquela cama que mal o cabia e o calor de sua mão segurando a minha, me fez sentir uma paz e uma segurança, me senti protegido e envolto em uma calma absoluta. As intensas dores na região das costelas me traziam as lembranças dos últimos momentos de lucidez do qual me recordava, o desconforto causado pela dor era algo que não me deixava encontrar uma posição confortável para retornar ao sono, mesmo a contragosto me soltei da mão de David que despertou de forma rápida e me dando um baita susto. Como um gato assustado David pulou da cama me olhando com os olhos arregalados e já marejados, por uns instantes ficou até estático como se visse algo que lhe assustasse.

- Não acredito que você acordou, não acredito, muito obrigado Deus muito obrigado por me trazer ele de volta - dizia David com a voz embargada pelo choro que tentava segurar a todo custo.

Eu assustado e meio perdido não sabia o que fazer diante de tamanha reação ao me ver acordar, David correu em direção a minha cama e deu abraço apoiando seu rosto em meu ombro, a fina roupa do hospital que usava logo se encharcou com suas lágrimas. Ainda sem saber muito o que fazer apenas afaguei seus cabelos ruivos e beijei seu rosto.

- Eu pensei que nunca mais poderia te ver lúcido, nunca mais poderia ouvir sua voz de novo, fica comigo não me abandona mas não por favor - dizia David enquanto alinhava seu rosto em meu pescoço.

- Eu to aqui, fica calmo não vou sair daqui, até mesmo porque você tá me esmagando - disse a ele com um leve gemido e um breve sorriso.

Por mais feliz que eu estivesse não tinha como continuar com ele em cima de mim, todo meu corpo ainda doía muito.

- O que aconteceu? Cadê o Ângelo? Meu seguro tá cobrindo as dispensas dessa noite aqui ? - perguntei preocupado.

- Calma vou te explicar tudo, mas você não pode se agitar assim, precisa ficar calmo! - disse David enquanto deitava ao meu lado.

A cama não cabia nos dois, mas ele se ajeitou de uma forma que nossos corpos quase se fundiram. Ele iniciou a história desde o dia que eu saí da casa dele e ele viu quando me atacaram e me colocaram naquele carro, disse de todos os esforços de seu tio e seus amigos em capturar Ângelo e me resgatar.

- Essas duas últimas semana foram as piores da minha vida, ficar sem saber o que aquele maluco havia feito com você e depois te ver entre a vida e a morte nessa cama de hospital. - contava David quando o interrompi.

- Duas semanas?????? Meu deus já era pra eu estar no Brasil! Meu emprego minha família devem estar loucos atrás de mim - disse em pânico.

- Calma, calma tá tudo bem todos estão tendo notícias suas todos os dias. Sua mãe não fala inglês mas a Júlia tem sido uma ótima tradutora. Ela ficou louca com tudo e trocamos telefone e expliquei tudo a ela que também passou o meu contato para o seu chefe. Todos estão loucos pela sua melhora. Por sinal aonde você estava acordado já é motivo pra muita festa. - disse David com os olhos marejados.

Por uns instantes apenas nos olhamos enquanto eu acariciava seu rosto e ele o meu.

- Não sei como agradecer por ter me resgatado, você é um anjo - disse rompendo o silêncio.

Ele respondeu apenas um lindo sorriso.

- O que aconteceu com o Ângelo? - perguntei mesmo sabendo que não era uma boa hora para o assunto.

- Ele fugiu e os amigos dele morreram. - disse David com o semblante já mudado. - Não vamos falar desse cara agora, deixa que meu tio e os amigos dele tomam conta disso - decretou David.

- Seu tio? - indaguei.

- Sim, ele é da Guarda foi ele que encontrou onde o bandido estava te mantendo preso. Você vai conhecer ele em breve.

Confesso que não me lembro se conversamos algo mais depois disso pois entrei em um sono intenso. Na manhã seguinte acordei já com as visitas em meu quarto, Dona Kyara e Sr Tony com caras tão alegres que mais pareciam ter ganhado na loteria.

- Meu filho Graças a Deus você acordou, como rezei para você se recuperar logo. - disse a doce senhora me dando um beijo na bochecha.

- Você deu um susto na gente hein Pedrinho, já não tenho idade para esses sustos rapaz! - disse Sr Tony afagando meus cabelos.

- Confesso que se tinha algo que eu nem imaginava acontecer era isso, preciso me desculpar com vocês por todo esse trabalho. - disse levemente envergonhado.

- Nada disso, você é da família já faríamos tudo de novo. - disse Kyara olhando para David que a ai ouvir isso mais parecia um pimentão.

- Da família e? - disse olhando para David.

Acredito que nessa hora se ele pudesse sair correndo ele sairia.

- Vamos deixar ele descansar né pessoal, ele acabou de acordar. - disse David sem graça pelo rumo do assunto.

Eu não era nenhuma criança e qualquer um ali saberia que Dona Kyara já estava me tratando como genro dela, mas eu precisava esperar uma atitude do David, sempre que tocava no assunto ele visivelmente ficava incomodado com o assunto, então não seria eu que iria pôr os carros na frente dos bois.

Passei mais alguns dias no hospital até que tive alta, aproveitei esses dias de repouso forçado para entrar em contato com a Júlia, meus pais, amigos e o mais temido que seria o meu chefe afinal já haviam se passado três semanas além das minhas férias e temia perder meu emprego, mas no final deu tudo certo e vi no meu chefe uma preocupação comigo que não esperava, ao menos isso eu tinha garantido ao voltar para o Brasil. No dia que tive alta pretendia voltar para casa que estava desde o início com o Juan e os meninos mas descobri que durante meu período no hospital David pegou todas as minhas coisas e levou para casa dele. Dona Kyara só faltou me bater quando disse que não queria dar trabalho e poderia voltar para a casa dos meninos sem problemas, só falou chorar, como não tinha muito o que fazer e iria precisar de ajuda nesses dias antes de voltar para casa aceitei a hospitalidade e fui para casa de David.

Quando entrei pela porta da sala tive uma imensa surpresa, havia uma faixa de boas-vindas, uma mesa com bolo e vários doces além da presença de Henry, tio de David que ajudou no meu resgate, Juan, Miguel, Mary e mais alguns policiais que também estavam no dia em que me acharam. Mesmo não estando em meu país por alguns instantes me senti em casa e cercado de amigos. Poucas horas depois era hora de obedecer às ordens médicas e manter o repouso, pois ainda me doía algumas costelas e até as fraturas se refizesse ainda sentia alguma dor. David só faltava me pôr no colo porquê de resto não desgrudava um minuto.

- Você vai ficar lá no meu quarto, como não tem muito espaço para duas camas e pra ninguém ficar no chão eu vou me ajeitar aqui na sala. - disse David.

- De forma alguma, o quarto e seu eu fico aqui é você lá. Até porque para subir essas escadas sei que doer, melhor eu ficar por aqui. - decretei.

- Subir as escadas não terá problemas - disse David já me pegando no colo e subindo em direção ao segundo andar da casa.

Eu poderia fazer um charme e dizer que não, mas estar nos braços de David me trouxe um misto de alegria e paz. Ao entrar no seu quarto ele me pôs na cama e se deitou ao meu lado.

- Bem mais confortável que aquela cama do hospital.

- Sem dúvidas, até cabe nós dois.

- isso foi um convite - perguntou David.

Peguei em sua mão e com a outra acariciei seu rosto, ficamos assim por uns instantes, na verdade poderíamos ficar assim por anos, a beleza dos olhos de David ia muito além da cor, observar cada gesto, cada sorriso, a forma como ficava vermelho quando fazia alguma piada mais picante, tudo absolutamente tudo nele me encantava.

A forma como Dona Kyara me tratava era como se eu fosse filho dela, mas apesar toda hospitalidade já estava passando da hora de voltar ao Brasil, já bem recuperado e com as passagens compradas havia chegado a hora de voltar pra casa. Me despedi de todos os novos amigos e no aeroporto mas parecia que eu estava indo embora de Dublin e deixando a minha família e não o contrário, na hora do embarque notei que Kyara olhava para David com um olhar de cobrança, como se ele houvesse prometido algo que não estivesse cumprindo naquela hora.

- Não deixa de me mandar notícias, agora tenho um fã é um … Amigo - disse David em meio a um breve sorriso e com os olhos marejados.

- Pode deixar agora eu tenho uma nova família por aqui e um amigo.

Em meio as despedidas o auto falante do aeroporto anuncia o embarque do meu voo. Qualquer um no meu lugar estaria completamente feliz afinal estaria saindo de uma cidade onde um psicopata que tenta te mandar dias atrás estava solto, estava voltando para o conforto e a quase segurança do meu lar, sim quase segurança afinal quem está seguro no Brasil. Naqueles instantes eu sentia saudade de todos que estava deixando para trás e um imenso vazio só de pensar em viver longe de David, mesmo não tendo um relacionamento comum de casal e ele se colocando na condição de amigos, eu havia me adaptado em ter o David por perto. Talvez por consequências do sequestro e por ter sido ele o meu herói que me resgatou, sentia uma sensação de segurança e proteção sem tamanho simplesmente por estar perto dele.

Novamente o auto falante do aeroporto anunciava os últimos minutos para o embarque, abracei a todos e segui em direção ao embarque. Ao seguir enquanto olhava para trás e via David com o rosto molhado de lágrimas, lágrimas silenciosas, entreguei meu passaporte e segui para a segunda área onde fica o Raios-X e num grande susto senti uma mão grande e forte me pegando pelo braço e me puxando para um beijo, que mesmo muito afobado é sufocante fazia minhas pernas bambearem. Os braços de David me traziam para junto dele com uma força como se quisesse fundir nossos corpos em apenas um. Ao me soltar todos ao nosso redor nos olhava com certo espanto com exceção de Kyara e Toni que nos olhava com olhar de satisfação. Mais alguns poucos minutos e eu perderia meu voo, porém ainda tivemos tempo para mais um breve beijo e ouvir as palavras que tanto esperava nos últimos dias.

- Não esqueça de mim, eu te amo e vou até o fim do mundo pra ter você perto de mim de novo. - disse David enquanto me abraçava.

Corri para não perder o voo mas estava em estado de êxtase, as quase quinze horas de voo para o Brasil foram todas gastas enquanto me perdia em meio os meus pensamentos e as lembranças do meu amor dizendo que me amava. Mas como seria a vida longe dele?

Continua...

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Comentários

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Finalmente o David se declarou,espero que ele venha logo pro Brasil.O amor vença..

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Finalmente o David se declarou,espero q ele venha logo pro Brasil. Pra viver essa história de amor, amando seu conto parabéns, nata 1000000💖💖💖💖

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Muito bom!!!

👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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