ACRÔNICO. Parte 6.

Um conto erótico de Ralph.
Categoria: Homossexual
Contém 2649 palavras
Data: 07/04/2017 15:22:04
Última revisão: 08/04/2017 00:34:18

– Sentiu o gosto de juventude?

– Aham. – Eu respondi ainda mastigando.

– Eu senti tanta saudade disso. – Ouvi Bernardo completar em uma calma apaixonante.

*

Eu sabia que seria aquele dia porque nossos corpos já nos davam recados sutis do que deveria acontecer. E acontecer logo.

Eu entendia o medo que Bernardo sentia do sexo. Ele tinha só 17 anos e jamais tinha ido tão longe com alguém. Com 20 na cara, eu já tinha experimentado algumas coisas. Com ambos os gêneros, aliás. Isso se devia à minha capacidade de interação que era consideravelmente maior que a de Bernardo. A introspectividade do garoto o deixava longe de contatos físicos e eu me senti errado em agradecer por isso.

Num dos nossos últimos encontros quase não nos seguramos, mas o travamento natural apareceu quando lembramos que ainda estávamos em meu quarto e meus pais conversavam na sala. Eles não devem ter entendido a pressa com que Bernardo saiu da minha casa, aliás.

Naquele dia em específico a tarde se despedia e eu nem tinha me livrado do uniforme escolar quando o telefone tocou. Era uma raridade aquela coisa tocar. Da cozinha, segurando um copo com água, eu ouvi minha mãe gritar o meu nome.

– É um dos seus amigos – ela adiantou me entregando o aparelho com uma piscadinha divertida.

– Manda! – Ordenei.

– Ralph? – Perguntou a voz serena que provoca meus sorrisos.

– Oi Bê.

Minha voz saiu como um sussurro e eu me virei de costas para o meu pai, impedindo-o de ver minha expressão de felicidade em ouvir a voz do meu garoto, mesmo tão abafadinha.

– Você está ocupado?

– Para você eu nunca estaria.

Ele riu e eu tremi com o som da risada apaixonante.

– Vem aqui?

– Você está mesmo me chamando pra ir a sua casa? Você não matou seus pais, né? Eu odiaria sair com um criminoso ao me livrar dos corpos.

– Tente frear essa imaginação fértil – ele brincou. – Todos saíram. Provavelmente passem a noite fora.

– E você vai ficar sozinho? – Explicitei minha preocupação.

– Você está me escutando? Eu acabei de te chamar. E eu já passei tanto tempo trancado no quarto que eles não se preocupam em me deixar sozinho. Para de cena porque eu sei que você já está no portão.

– Já é! – Eu falei alto demais.

E outra vez ele riu para o meu “beijo” que saiu de forma quase inaudível antes de desligar.

É claro que eu já conhecia a casa dele e é lógico que fiz todo o percurso correndo. Eu sofria antecipadamente em perder um minuto sequer dos meus momentos com ele.

A porta estava aberta quando eu cheguei e a vi ser fechada depois que entrei. Sem demoras ele saiu caminhando sabendo que eu o seguiria pela casa que eu já conhecia muito bem. Seus cabelos estavam presos em um coque que deixava sua nuca livre para mim e eu me segurei para não atacá-lo quando ele virou seu rosto sobre o ombro e me olhou esboçando um sorriso tímido e ansioso, antes de desviar o olhar e arrastar os próprios dedos pela lateral da porta quando chegamos ao quarto. Era tão sensual vê-lo me convidar com o corpo inteiro.

Se não fosse a luz amarelada de um pequeno abajur, o ambiente estaria em uma escuridão total. Ele fechou a porta atrás de si e eu, esperto, o fiz encostar nela, emoldurando o rosto dele com meus dedos.

– Oi menino.

– Oi bonitão. – Ele parecia mais calmo.

– Eu vou te beijar. – Avisei.

– Demora não.

Não perdi tempo e emendei nossos lábios que já sofriam com a distância entre eles.

Ele me recebeu com carinho, como sempre fazia, mas naquele momento algo que puxava mais do que as outras vezes. A língua dele procurava a minha com maior pressa e eu a recepcionei como todo meu desejo. A chupei, a tomei para mim e mostrei todo meu amor por aquele beijo. Tão intensa, nossa troca de carícias quase arrancou dele um gemido precoce e eu ri quando ele pediu para tomar ar.

– É agora? – Bernardo murmurou e eu sabia do que ele estava falando.

– Será a hora quando você quiser que seja.

– Eu quero que seja agora.

– Então pode ser. – Conclui tocando outra vez os lábios dele enquanto emoldurava seu rosto com minhas mãos.

– Você precisa que eu faça algo? – Bê pareceu menos calmo que anteriormente.

Ele olhava ao redor evitando meu olhar e eu fiz ele se concentrar em mim.

– Eu preciso que você esteja bem. Ou mais que isso: eu preciso que você sinta-se confortável comigo e entenda que eu só vou até onde você me permitir. O controle é seu, entendeu?

Ele sorriu outra vez ansioso e relaxou seus ombros. As mãos que estavam no rosto, eu desci pela lateral do seu corpo magro e só parei quando senti o cós do short. Eu precisava ir com calma e mostrá-lo que estávamos juntos naquilo. Eu tomei um passo para trás e tirei minha camiseta, deixando meu peitoral livre para ele que estendeu sua mão trêmula e tocou minha pele. Não havia músculos exaltados onde ele tocava, então seus dedos escorregaram por uma superfície clara e muito lisa. Depois de sentir meus mamilos acordados para o que fazíamos, eu ajudei Bernardo a se livrar de sua blusa de mangas compridas e tomei seu peito nu e também liso para mim. Eu desenhei seus mamilos e depois contornei as linhas naturais daquela região enquanto ele continuava mirando meu rosto, provavelmente estudando minhas reações. Eu sorri quando o flagrei e segurei suas mãos, levando-o para a cama.

Eu não queria ousar, então parti pelo que já tínhamos feito e deitei sobre o corpo dele, mas antes tirei seu short e o expus aos meus anseios. É claro que um volume crescido se fazia presente embaixo da cueca dele e eu apalpei sem medo. Fácil, ele suspirou para mim e eu entendi que poderia ir adiante. Desci também a cueca e o vi nu. Qualquer resquício de vergonha foi embora quando eu observei todo o corpo que era tão meu e voltei meu rosto para a altura do dele procurando por outro beijo apaixonado.

– Nível um: vencido. – Eu brinquei.

– O que vem agora? – A voz dele saiu tremida.

– Isso aqui.

E eu desci meus lábios molhados do beijo pelo seu queixo fino. Após a pausa, desci ainda mais e encontrei o meio do seu peitoral. Ele segurou minha cabeça ali enquanto eu lambia cada centímetro de pele e depois continuei minha busca, chegando ao umbigo. Ele suspirou mais pesadamente quando eu chupei aquela região. Eu sorri com a instabilidade de sua respiração e desci um pouco mais. Ele quase segurou meu rosto, mas em sussurro eu disse que estava tudo bem e segui, chegando em sua intimidade. Ele arquejou quando eu cheirei seu membro bonito e rosadinho. Ele soltou um gemido sofrido quando eu segurei novamente ele entre meus dedos e o arrastei em meus lábios.

– O paraíso deve ter esse cheiro, sabia? Esse cheiro de juventude.

– Você é escritor – ele sussurrou. – Não posso acreditar em suas palavras.

– Eu nunca fui tão verdadeiro nisso. Você é tão gostoso que não me deixa mentir.

E antes de terminar de soltar a palavras eu beijei aquilo que segurava e vi ele erguer o quadril, se contorcendo. Era o movimento mais bonito que o corpo dele poderia executar até aquele momento e inspirado nisso eu abocanhei metade daquela coisa cheirosa e macia. Ele gemeu e eu o chupei. Chupei suavemente de início, mas não me contive com o sabor tão jovem e intocado dele e encorpei minhas sucções. Eu tive medo de fazê-lo gozar, então entre as chupadas mais fortes eu deixava o membro apenas escorregar dentro da minha boca. Ele novamente agarrou minha cabeça e eu vi que já nascemos preparados para o sexo quando ele me fez ir mais fundo naquilo. Por ter algo mediano nas mãos, eu abocanhei tudo e seu quadril se elevou tanto que eu vi sua bunda desgrudar do colchão. Aproveitei tudo que ele fazia para arrastar minhas mãos por sua pele, abraçar seu quadril e colar minhas mãos nas nádegas quentinhas. Eu vi que ele gozaria fácil com aquilo e o larguei quando senti o pulsar anunciativo. Lambi meus próprios lábios em um sorriso e tirei por fim toda minha roupa antes de ocupar meu espaço sobre o seu corpo.

– Tudo bem?

– Não – ele grunhiu. – Não estou nada bem.

– Desculpa, eu fiz algo que você não gostou?

Eu criava alguns centímetros entre nossos peitorais num levantar forçado quando ele me puxou, medindo sua força com a delicadeza.

– Calma. – Ele continuou, sofrendo. – Eu não estou bem porque isso é bom demais, e ao mesmo tempo estou ótimo. Tanto que eu quero mais.

Eu ri, totalmente relaxado após o inesperado, e depois de um beijo roubado o virei de costas. Ele não contestou, mesmo sabendo que estava no controle daquilo. Sobre as costas dele, meu membro foi parar direto em sua bunda e eu o vi ficar apreensivo.

– E se doer? – Ele tremia novamente.

– Vai doer, mas também vai ser bom. Eu prometo.

– Você promete?

– Eu jamais te faria mal, Bê.

E permissivo eu o senti relaxar o corpo. Foi o sinal verde que precisava. Eu passei meus dedos por toda a pele macia das costelas, da cintura e quando encontrei a bunda, os arrastei pela fenda no meio dela. Ele gemeu para mim e eu enfiei meu rosto nos cabelos de sua nuca, inspirando o perfume que eu adorava. Levei meus dedos aos lábios, os deixei molhados e voltei para a região sagrada. Primeiro acessei com cuidado, abrindo-o para mim. Pedi que empinasse seu quadril pra mim e ele fez isso da forma mais gostosa possível. Eu o toquei, finalmente. Tão íntimos, eu vi Bernardo sofrer com o rosto contra o tecido e eu sussurrei em sua nuca, entre seus cabelos dourados:

– Calma, meu garoto. Eu prometi cuidado.

Ele somente gemeu de forma sofrida e eu o toquei novamente, fazendo meu dedo penetrar a região nunca antes acessada. Estava quente, melado e apertado, mas a maciez me chamava com ferocidade. Eu sentia isso. Era um chamado natural. Era um corpo pedindo pelo outro.

Eu me ajeitei sobre ele, esfreguei meu pau que já estava melado entre as nádegas firmes e róseas e ameacei penetrar meu menino. Ele gemeu ainda mais alto e agarrou o tecido quando sentiu minha glande pedir passagem. Eu pousei minha mão sobre a dele, apertei nossos dedos com firmeza e fui mais decidido naquilo que fazia. A penetração começou lenta e isso arrancava de Bernardo os mais sinceros, sofridos e excitantes gemidos. Meu pau não era exagerado nem em tamanho e nem em espessura, então isso facilitou. Quando metade de mim estava dentro dele, eu vi Bernardo erguer o rosto e soltar seus gemidos para mim. Ele queria que eu escutasse, pois ele virou seu rosto para o lado e me deixou ver apertar os lábios e os olhos. Eu fui até o fim naquilo e tão fundo que me senti parte dele. Eu tinha tomado meu garoto de uma vez por todas para mim. Não que precisássemos de sexo para isso, mas aquele era o último ato natural que faltava.

Minhas investidas foram suaves e lentas. Seu gemido saía cortado toda vez que eu ia até o fundo e eu gemi quando numa dessas idas eu caí sobre o corpo quente dele e grudei meus lábios em sua orelha.

– Você é perfeito. – Eu disse em um sussurro. – Eu o tocaria pela eternidade.

– E eu te amo. – Ele sofreu para falar.

Eu parei abruptamente e ele, claro, percebeu isso. Eu saí dele, o fiz virar sobre o colchão, me encaixei entre suas coxas finas e grudei nosso corpo intimamente. Éramos só um quando eu o penetrei novamente, fixando meu olhar no dele.

– Repete isso. – Eu sussurrei numa das estocadas que o fazia gemer novamente.

– Eu amo você – ele conseguiu falar entre um dos gemido, abraçando meu corpo e ainda me olhando. – Eu amo tanto você...

Eu o beijei cortando o que ele falaria em seguida. Ele já me recebia mais facilmente, então o beijo fluiu com perfeição. Um elo.

– Eu amo você inteiro. – Eu aproveitei para falar entre o beijo, fazendo ele respirar meu hálito.

Ele entendeu que precisava continuar me olhando quando eu saí outra vez de dentro dele e tomei nossos membros em minhas mãos. Melados, eu os massageei juntinhos, nos masturbando ao mesmo tempo. Ele suspirava para mim porque eu pedia isso e eu dizia que o amava porque era isso que ele precisava ouvir. Nosso gozo veio sincronizado e nosso gemido saiu em uníssono, um para o outro. Melamos-nos como tem que ser. Como precisa ser. Não houve vergonha quando seus lábios entreabertos ainda entregavam a ebulição de sensações em seu corpo franzino. Grudados, nos abraços em mais alguns muitos beijos e risinhos faceiros. Era assim que ele preferia dizer que tinha adorado aquela primeira vez.

*

Eu tive que juntar meus joelhos e apertar meu pau entre as coxas se não quisesse que alguém, ou mesmo Bernardo, notasse minha excitação no meio de um restaurante lotado.

– Você sempre teve gosto de juventude. – Eu pretendia acordar a memória de Bernardo.

– Se você diz... – Havia em seu rosto uma vergonha natural que denunciava seus pensamentos.

– Eu provei e é verdade.

Ele riu e procurou pelo cardápio com a intenção de esconder seu próprio rosto. Quando isso fez, ficou olhando pela lateral dele, mostrando que ainda ria, envergonhado.

O garçom retornou enquanto ele ainda se escondia e evitava me olhar, mas precisou se desfazer de sua proteção para fazer o pedido. Eu fiquei observando pedir, retribuindo o sorriso que vinha até mim vez ou outra. O garçom riu um tanto nervoso para mim, mas eu não me importei.

– Salada? – Eu perguntei quando o vi decidir.

– Não posso tentar te impressionar?

– Pode, é claro. Farei o mesmo também pedindo salada, mas a minha pode ser aquela com muita carne, de vários tipos. – Terminei me direcionando ao garçom que sumiu dali com um olhar estranho num piscar de olhos.

– Você não precisa me impressionar. – Bernardo disse do seu canto em tom de confissão. – Tudo que eu sempre gostei continua intacto em você. Do sorriso ao olhar, tudo me faz sentir em casa.

– Uma casa que sempre foi sua – eu também confessei.

Um silêncio que não precisa estar ali se instalou entre nós. O olhar dele antecipava tudo que sua boca estava prestes a dizer e eu o interrompi:

– Isso não é necessário. Eu não preciso vê-lo se desculpar por nada, muito menos por algo que julgou ser o certo naquele momento. Não sabemos o que seria de nós se você ficasse.

O olhar azul brilhante retornou ao meu junto de um sorriso morando no canto dos lábios. Isso sim era tudo que eu precisava.

– Mesmo depois de tanto tempo, sua compreensão ainda me abraça.

– Eu queria fazer isso fisicamente – eu segredei.

– Me abraçar? Agora? Não seria constrangedor?

– Quem disse? – Eu o provoquei com o olhar.

Apressados, arrastamos nossas cadeiras ao mesmo tempo e levantamos juntos. Sorrindo demos a volta na mesa e nos encontramos em um abraço apertado. Fui logo passando meus braços pelas costelas dele e ele abraçou meu pescoço, como adorava fazer quando podíamos estar juntos. Eu senti o perfume exalando da nuca dele e ele deixou os lábios roçarem por meu ombro coberto. Era o máximo que poderíamos fazer ali.

– Desculpa. – É claro que ainda havia tristeza em sua voz.

– Quando eu digo que está tudo bem, é porque está mesmo. – Havia esperança em mim.

.

.

Jonh, muito bom? Oba! ;)

Senhor Bi, que comentário empolganteeee. haha Posso agradecer por se apaixonar por isso aqui? Posso sim. Obrigado pelo voto e os aplausos também.

Se preparem porque o clima pode pesar. E eu já vou me calando por aqui!

E aos demais leitorezitos: todos os abraços do mundo, viu? :)

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