Ordens Noturnas

Um conto erótico de Eu, S.
Categoria: Homossexual
Contém 2095 palavras
Data: 19/04/2017 14:53:24

É claro que eu me arrependia de ter ficado até tão tarde na rua enquanto descia os degraus da estação de trem e encontrei o lugar completamente vazio.

O cenário era assombroso e munido de um medo repentino, aí que as coisas se complicavam. Eu não tinha medo do sobrenatural, aliás. Meu tremor surgia ao pensar no que eu poderia sofrer fisicamente se alguém mal intencionado aparecesse por ali naquele horário, que ainda por cima era o último. Depois daquele, ou pegava mais de um ônibus, ou voltava para a casa dos amigos onde estive antes de ir para a estação.

Para o meu azar era um dia de semana, então nem os guardas estavam ali naquele momento. Eu agarrei minha mochila, depositei nela toda minha confiança, até porque numa corrida ela seria o primeiro item a ser jogado para trás como prêmio de consolação ao possível meliante e esperei pelo trem na parte mais clara da estação.

Meu coração diminuiu a dança que fazia quando eu avistei o trem surgir na escuridão do túnel do trilho. Não menos desconfiado, porém mais tranquilo, eu entrei no vagão que se abriu à minha frente e para o meu azar ele também estava vazio. Para o meu lado esquerdo nenhuma alma viva estava sentada, mas do lado direito eu avistei alguém. “Menos mal”, falei para o meu medo que por pouco não tomava forma física e me fazia companhia naquela aventura.

Eu não atrapalharia o sono do homem sentando ao lado dele, mas fiz questão de sentar no conjunto de bancos à sua frente. Um uniforme azul escuro emprestava uma imagem mais confiável ao homem e eu quase suspirei quando ajeitei minha postura, sentindo-me protegido.

As luzes da cidade corriam do outro lado da janela quando, relaxado, eu consegui colocar em prática algo tão natural e tão nosso: os instintos. Troquei as luzes hipnotizantes pela figura do homem sentado à minha frente. Se ele realmente dormia, provavelmente era perito em manter sua cabeça bem equilibrada sobre o pescoço, porque ele não pendia um centímetro para o lado.

Meticulosamente analisei o rosto de traços bem definidos e constatei que o homem tinha alguma descendência árabe. Minha conclusão surgiu logo após observar a modelagem da barba que copiava o estilo dos homens do Oriente Médio. Não contive minha curiosidade e desci o olhar pelo corpo dele. Pela postura largada, a barriga parecia possuir algumas dobrinhas. Talvez quando em pé ela fosse sequinha e isso me fez querer a intimidade de despi-lo. Quem faria isso por mim? Pelo jeito másculo demais, provavelmente uma mulher o esperasse em casa naquela noite vazia.

Se observado, minha frustração seria algo evidente.

Meu estudo seguiu e meu olhar alcançou o interior das coxas esparramadas sobre o banco duro e gelado. As pernas largadas para frente e abertas me davam a visão que eu precisava para acordar minhas fantasias juvenis. Eu conseguia ver toda a costura interna da calça até a parte mais íntima. No íntimo de suas coxas, onde descansava o volume protegido, o tecido surrado e mais claro que o resto da calça me fazia babar. Em minha mente ele já estava livre daquela peça pesada, mas é claro que não estava livre de mim. Eu o imaginava peludo e naquele instante daria tudo para descobrir como, de fato, era a camada de pelos que cobria sua pele. Fossem pelos macios ou grossos e espessos, eu não me importaria. Eu o desejei de qualquer forma.

Eu me desvencilhei do bombardeio de pensamentos sujos e ergui meu olhar, procurando os lábios finos que em outro momento estavam entreabertos de forma muito sexual. Ao menos para mim. Para a minha surpresa e susto, os encontrei apertados e experimentei uma onda assustadora de adrenalina consumir meu corpo quando um par de olhos negros feitos aquela noite me cercavam, curiosos.

Eu me encolhi no banco e tremi. É claro que ele sabia para onde eu estava olhando e é claro que ele previa os pensamentos que rondavam minha cabeça. Eu me senti sujo, mas não tive vergonha de ser flagrado por alguém que provavelmente não esperava acordar e se encontrar sendo desejado por um garoto franzino que não passava dos vinte anos.

– Achou o que procurava?

Ele fez questão de cortar o silêncio com sua voz encorpada e eu juntei os joelhos como uma criança acuada que reconhece seus próprios erros. Eu já me preparava para pedir desculpas.

– Precisa de ajuda, né? – Ele não ligou para o meu silêncio. Quem ligaria?

E tão lentamente ele abriu ainda mais as coxas, como se fosse possível, e me entregou mais daquela região que eu comia com os olhos.

Eu não queria cair naquele jogo porque conhecia o final: ele me flagra analisando-o, finge brincar comigo e me ataca, me fazendo implorar pela existência de uma entidade divina capaz de me ajudar. Mas então ele permitiu o escorregar do seu próprio corpo e assim seus joelhos encostaram nos meus. Eu tremi e deixei um suspiro pesado sair involuntariamente. Eu não consegui desviar meu olhar, mas ao descruzar os braços um das mãos caiu precisamente sobre o volume no meio das pernas. Eu estava concentrado ali. Poderia ser perigoso, e era, mas era ali que meu olhar queria estar e me rendi, fraco, como alguém que avista sobre sua cabeça a forca e ri para a morte que acena, distante.

– Há uma fantasia sexual que fala diretamente dos homens do meu tipo – ele começou falando sem muita pressa. – Daqueles que não perdem a hora e saem cedo para o trabalho. Dos que deixam a mulher em casa para suprir o que é preciso e para isso derramam todo seu suor, que encharca e pesa suas próprias vestes.

Eu tomei para mim cada palavra que ele estava falando. Eu acompanhei o movimento dos lábios na pronuncia de cada uma delas.

– Parte dessa fantasia fala de gente como você – ele falou apontando para o meu pé. Eu não sabia o que fazer e ele apontou novamente. Eu entendi que ele o queria e sem o chinelo, entreguei o objeto de desejo. – Essa parte fala dos escravos do cheiro impregnado no corpo, resultante dos dias penosos. – Ele deu uma pausa para pressionar meus dedos contra o volume que eu admirava. – Fala dos que fazem qualquer coisa para senti-lo e até correm perigo por isso. Fala dos fracos, mas humanos demais para recusar o cheiro natural da pele. O cheiro dos homens de verdade.

E eu gemi. Eu gemi porque meu pau estava violentamente duro e pressionava o zíper da minha bermuda. Gemi porque ele arrastava meus dedos, o dorso e a sola do meu pé no tecido esticado que exaltava o contorno do seu membro acordado. Eu gemi porque eu quis gemer e sabia que era essa a intenção dele.

– Diga o que eu quero ouvir, pequena tentação. – Ele ordenou.

– Eu faria qualquer coisa pelo seu cheiro. – Eu soltei alto o suficiente para que ele escutasse.

Com isso ele pressionou meu pé em seu pau com mais força. Eu estava sentindo o contorno perfeito da glande no tecido com meus dedos e depois toda a extensão daquilo que estava sendo oferecido aos meus fetiches. Eu sorri, ciente de que estava em boas mãos – talvez boas até demais – e empurrei meu pé contra ele ainda mais forte. Foi sua vez de gemer. Grosso, rude, rouco e másculo. O gemido tomou conta do vagão e me fez rir. O riso foi cortado por duas mãos que procuravam meu rosto. Quando me acharam, num único movimento eu fui puxado para frente e caí de joelhos no chão. Isso não me preocupou em nada porque a melhor parte estava em ter meu rosto enfiado no interior morno das coxas veneradas.

Ele não mentia quando me antecipou sua essência. Sua região mais íntima cheirava forte e eu conseguia sentir o gosto amargo daquele cheiro. Ele esfregou meu rosto contra o tecido e apertou meu nariz contra seu membro desenhado nele. Eu gemia e ele suspirava como um animal feroz e motivado. Eu tentei abocanhar o monstro pulsante e por isso tive minha nuca apertada.

– Guloso demais. – Me repreendeu. – Ainda estamos na metade do caminho.

A verdade é que ele pretendia que eu fizesse apenas o que ele queria permitir, e por isso com um sorriso perverso que me antecipava toda sua violência ele desceu o zíper, habilidosamente forçou seu pau para o lado e expôs a carne para mim. Era escura, quente e úmida na quantidade certa. Um banquete inteiro servido à minha fome.

Como quem segura o queixo de um bezerro para dar-lhe de mamar, ele segurou o meu e aquele sorriso foi meu presente outra vez quando eu mirei meus olhos nos do homem acima de mim.

– Tá vendo isso aqui? – Ele apontou seu pau rugoso em minha direção. – Isso aqui é real. Não é coisa de moleque de aplicativo, não. É macho. Repete pra mim!

– Isso sim é coisa de macho. – Eu repeti, manhoso.

– Eu pediria se quisesse manha, seu merda.

– Coisa de macho. Meu macho, caralho! Me dá logo esse pau! – Eu engrossei a voz e apertei os olhos, decidido.

– Merecedor. – Ele concluiu.

E o vi bater em minha bochecha aquele pau que eu tanto queria. Ele queria ver-me vermelho e conseguiu. Quando em meus lábios eu o recepcionei, senti a fraqueza humana tomar seu corpo, porque ele se contorceu e soltou outro gemido motivador. Eu precisaria trabalhar se quisesse outro daqueles saindo do meu macho, então engoli metade daquilo que era servido e o chupei matando imediatamente a minha sede. O resto foi por puro desejo e ganância. O gosto não era diferente do cheiro: amargo e viril demais. Era o cheiro da pele úmida transpirando o dia inteiro. Era o cheiro do cansaço, mas também da força e luta diária. E era real, como ele mesmo tinha avisado.

Eu o chupei como ele esperava ser chupado naquela noite. Eu fiz aquela tora descer para minha garganta enquanto tentava fazer com que seu saco ficasse exposto, mas nossa pressa e tesão gritava mais alto. Eu o chupei até que sua própria calça fosse molhada por minha saliva e enfim eu conseguisse os gemidos que queria quando a porra, tão quente e grossa, saísse daquele pau glorioso e escorregasse deliciosamente pela minha garganta, alimentando-me. Eu o chupei até que toda a força e violência do seu corpo dessem lugar ao êxtase, e sem forças, seus braços caíssem sobre os bancos enquanto ele ria, inflando seu peito farto me apontando seu dedo enquanto eu voltava ao meu lugar, recompondo-me. Eu ainda sentia o gosto da porra que não teve uma única gota desperdiçada quando engoli a saliva batizada com o gosto dele que me ungia.

– Você manda bem, garoto.

– Eu sei disso.

– Mas esqueceu de guardar. – Ele apontou para o próprio membro caído.

Era uma fera exausta. Um pulsar falava do resquício de tesão existente no pedaço exposto de carne. Eu saí de onde estava e me inclinei sobre ele, forçando o membro de volta para dentro do tecido que o protegia dos meus e dos instintos de seu próprio dono.

– Eu chupo, grudo seu cheiro na minha cara, bebo você inteiro e ainda guardo o instrumento depois do uso. Que homem! – Eu brinquei.

– Que macho, não é? – Ele se ajeitou, tomando sua mochila nos braços. – Se quiser pega esse último horário de novo. Quase sempre é vazio e eu fico no mesmo vagão esperando a primeira boquinha suave e gulosa que me satisfaça. – Disse levantando, orgulhoso de exibir ainda o contorno do pau por baixo do zíper esticado. – Aqui vai uma ordem: já chega farejando minha mala, pequeno. Você sempre vai encontrar coisa boa. E nessa questão eu sou bem facinho.

Ele riu e deixou uma piscadinha para mim quando as portas se abriram. Eu fiquei rindo do jeitão gostoso e excitante dele e do quão engraçado seria se ele descesse na próxima estação, a minha. Sem dúvida nenhuma eu faria ele me comer em alguns daqueles banheiros desérticos e imundos.

De qualquer forma o sorriso ainda estava em meu rosto quando eu desci. Não é todo dia que você encontra um macho daqueles prontos para lhe servir o mais gostoso dos sabores e cheiros. A melhor parte é saber que quase sempre as espécies daquele tipo são realmente fáceis quando se deparam com uma boca gulosa. A outra melhor parte é que eu tinha uma ordem e sabia onde encontrá-lo para executar o cumprimento delas.

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Comentários

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Tá bonzinho demais comigo. haha J.K., gosto que tenhas gostado tanto. Obrigado pelos comentários. :D

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