RETRATAÇÃO PÚBLICA

Um conto erótico de Ernane
Categoria: Heterossexual
Contém 1287 palavras
Data: 25/04/2017 12:10:48

RETRATAÇÃO PÚBLICA

Nas duas últimas contribuições que fiz para este site/blog toquei no assunto naturismo. Na primeira relatei um episódio num encontro entre amigos onde a ideia era praticar “naturismo in door” e virou um excelente encontro liberal!

Na segunda eu contei uma história, também real, que vivi com minha esposa e um casal que se tornou amigo íntimo numa praia naturista: Tambaba.

O fato é que nas duas histórias reais envolvi o naturismo com muito sexo. Recebi alguns comentários alegando que o “naturismo é uma forma de exibicionismo” ou “que é uma forma de fazer sexo sem culpa” quando na verdade não é nada disso!

Por isso minha retratação.

Somos naturistas, literalmente de carteirinha e temos amigos naturistas que se lessem os comentários e até mesmo minhas contribuições ficariam no mínimo horrorizados.

A filosofia naturista é bela e pura! Prega-se a interação entre pessoas e natureza, respeito ao meio ambiente, quebra de paradigmas sexuais como: onde o corpo nu é sinal de disponibilidade para o sexo. Ser naturista é ser especial e ter uma mente racional.

Os naturistas fazem amizades sólidas e profundas nos ambientes naturistas. Eu tenho uma tese antropológica para este fato: quando estamos numa praia naturista onde qualquer pessoa tem acesso e pode entrar desde que siga as regras básicas: nudez total, cuidado com o meio ambiente, nada deixar (lixo) e nada levar (mudas de plantas, corais, etc.), não ter atitudes sexuais, etc.

Acontece que quando nus perdemos nossa identidade ou como eu gosto de chamar, primeira impressão. Eu explico: se encontramos com um casal numa praça de alimentação e estando apenas eu e minha esposa, a primeira impressão será recíproca. As mulheres irão notar detalhes como a roupa, a bolsa, o penteado, as joias ou bijuterias. E os homens as roupas, a caneta, o calçado, a postura com a companheira, etc. Podemos a partir destas constatações, até convidá-los para se sentarem conosco se não houver lugares disponíveis. Numa praia onde todos estão nus não há como saber se o nível social é o mesmo. Pele não tem grife! Mesmo assim por uma questão que alguns cientistas sugerem algo com a evolução, nós somos seres gregários, ou seja, formamos grupos para nos proteger. E quem foi a primeira vez numa praia e deu os primeiros passos de mãos dadas com a sua esposa ambos nus entre um monte de gente nua, sabe ao que estou me referindo. Antes do eventual “prazer” do exibicionismo vem o pavor da falta de segurança e proteção. Só vamos perder esta angústia quando alguém nos cumprimentar cordialmente e se vier perguntar se é nossa primeira vez numa praia naturista... pronto, amizade feita!

Perdemos o medo, a vergonha e começamos a nos socializar num ambiente que na verdade é cordial e não hostil ou selvagem.

Logo veremos que as pessoas realmente exibem seus corpos naturalmente imperfeitos: calvície, manchas, gordurinhas, cicatrizes, muitos não terão nenhuma marca de biquíni ou short por ser frequentador assíduo. Outras irão deixar evidente com suas bundas brancas como vela de é a primeira vez...

Isso é naturismo! As conversas em grupos formados entre novatos e experientes são as mais normais: família, trabalho, política, região de nascimento, etc.

E o sexo?

O sexo passa a ser apenas uma parte do corpo como os cabelos, as mãos e a genitália. Há quem compare. Ou se surpreenda. Eu mesmo tenho as mãos grandes, como de pianista... rs.

Mas, e as ereções ou excitação?

São duas coisas diferentes e infelizmente aqui no Brasil em algumas praias ou entre alguns praticantes existe alguma confusão. A ereção nem sempre é causada por excitação. Mas o molhadinho das saudáveis genitálias femininas são sim excitação. Eu costumo brincar que tenho distribuído meu currículo para ser segurança, ou fiscal em praias naturistas, mas apenas para fiscalizar as mulheres, afinal pelo conceito arcaico que ereção é excitação nem precisa de fiscal é visível. Mas a mulher também pode ficar excitada e como saber? Só tocando para sentir a intensidade da umidade... rs.

Mas quero ser muito claro e sincero.

Em qualquer comunidade, seja no trabalho, na família, na vizinhança, na igreja, no clube, numa praia naturista, existem pessoas liberais, ou seja, aquelas que pensam em ter a participação de outra pessoa ou ser esta outra pessoa na intimidade sexual de alguém!

O naturismo, por base filosófica, não pode excluir alguém por suas opções. Hoje em dia existe algo interessante que na década de 70 seria impensável: dois homens podem entrar juntos e nus em praias naturistas. Isto era terminantemente proibido para proteção das mulheres e evitar a presença de punheteiros. Acontece que hoje em dia dois iguais não formam um par como era no passado, mas podem formar um casal!

No verão passado estávamos chegando em Tambaba, no final da escada de madeira e percebemos uma confusão. Minha esposa foi para baixo da barraca de sapê tirar as poucas roupas e arrumar na bolsa e eu entrei na encrenca. O segurança tentava impedir que um naturista atacasse dois caras que estavam nus e queriam entrar. O colega naturista dizia que era um absurdo que fosse permitida a entrada de homem sozinho, muito mais absurdo era a entrada de dois! E os dois diziam que eram um casal e esta discussão estava caracterizando crime de homofobia. A coisa estava séria!

Eu tenho 63 anos e já enfrentei várias situações embaraçosas e resolvi enfrentar mais esta. Minha esposa companheira de muitas experiências estava nua, ao lado de uma linda mulher que depois fique sabendo que era esposa do exaltado naturista. Eu a chamei para perto de mim e percebi que ela cochichou qualquer coisa para nova amiga. Mas veio. Eu entrei no meio e disse para todos se acalmarem. Expliquei aos homens nus que hoje em dia é complicado determinadas ações em público. Somos, os heterossexuais, obrigado a conviver com expressão de amor e afeto em locais públicos por que que um par resolve expressar sua opção sexual em locais públicos. Mas que ali esta expressão de opção era válida, aceita e necessária. Dito isto peguei minha esposa pela cintura, puxei o seu corpo contra o meu e dei um delicioso beijo na boca, ainda passei a mão nas costas e bunda nua. Então me virei para os dois homens e disse que eu e minha esposa éramos um casal por opção, se eles também eram que fizessem o mesmo e tudo estaria resolvido. O naturista bem mais calmo concordou e o fiscal ficou esperando...

Os dois homens se olharam, depois correram os olhos pelo corpo da minha esposa e da esposa do brigão e disseram entre eles: “Vamos encarar? ” O outro respondeu: “Você está louco, vamos embora...”

É isso. Simples. Um beijo na boca da minha esposa e o problema foi resolvido.

Só que eu ainda estava vestido. O casal ficou me elogiando pela ação rápida e simples. Mas eu não vou negar que sou liberal. E que fiquei de pau duro, afinal beijar minha esposa nua é sempre um tesão da porra!

Quando tirei minha bermuda o cara ficou constrangido, por que eu estava de pau duro. A minha esposa percebendo perguntou se ele queria um beijo na boca também. A esposa dele rindo muito disse: “Pode deixar comigo. ” Só que mesmo com o beijo o pau do cara continuou mole e o meu endureceu mais. Aí minha esposa com um ar de compaixão disse para a nova amiga: “Não deu certo com seu marido. Vamos tentar nós duas já que os caras foram embora? ” E deram um beijo na boca na nossa frente. Aí os dois maridos saíram caminhando para o interior da praia de Tambaba com os paus duros e as esposas de mãos dadas.

Tão simples e natural...

eliseumag@gmail.com

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Comentários

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Muito bom com gestos simples se resolve tudo.

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Excelente ! parabéns, tenho 60 anos e ainda não fiz naturismo, mas em breve pretendo fazer.

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Adoro quando vejo embasamentos científicos por aqui, seja lá sociológico, antropológico, psicológico, etc... do caralho.

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Goulart, agradeço sua opinião, mas em respeito à comunidade naturista, da qual faço parte senti o desejo de fazer esta retratação pública. Foi a forma que encontrei para apresentar a filosofia naturista e detalhes desta opçào de vida.

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