Coração Ferido - Capítulo III

Um conto erótico de William27
Categoria: Homossexual
Contém 4086 palavras
Data: 24/05/2017 21:06:41

Boa noite leitores, hoje não tenho muito a dizer. Estou feliz com esse novo conto e a respeito da pergunta que um leitor me mandou, não! Não será parecido com Ação e Reação e talvez tenha uma temporada com eles mais velhos ou até contando a história de Enzo e Mario.

Sem mais delongas tenham uma boa leitura e obrigado por votarem e comentarem. Dicas e sugestões são sempre bem-vindas.

Resposta aos leitores:

nayarah: Tudo bem, que bom que está acompanhando a história. Fabrício fara bem mais que isso.

Atheno: Olha ai você, o que mais odiava o Luiz rsrsrs. Enfim, bem provável que não, mas só no final você vai saber.

Martines: Uma dúvida que surgiu, esse é seu sobrenome? Enfim, eles são legais, mas abalados por causa da perda de Adriano de maneira tão trágica. Esse capítulo mostra uma parte meio tensa, mas terá um capítulo super legal deles.

gabriel.floripa: E ai barriga verde, tudo bem? Então, triste né? Isso aconteceu com uma garota quando morei na Itália, ela morava algumas ruas atrás de onde eu morava. Fiz para impactar pois tem gente ruim nesse mundo, a ignorância é uma arma perigosa. Continue acompanhando.

Ru/Ruanito: Ele vai fazer coisa bem pior.

Johnnathan: É exatamente isso que você falou, as vezes as pessoas se escondem atrás de estereótipos e se frustram descontando em quem é feliz e super resolvido. Acho que João precisa de um choque de realidade. Continue acompanhando.

LuuhBarros: Muito cara de pau mesmo, mas ele consegue se superar, continue acompanhando e você verá o que ele ainda vai fazer. Obrigado por votar.

Grazy ❤: É triste não é, mas a realidade é brutal com alguns, obrigado. Dei uma lida rápida em um capítulo do seu conto, vou dedicar um tempo a ler mais.

Agradeço ao votos e comentários.

Coração Ferido – Capítulo III

- O que você quer aqui, hein? – Estava cansado e com muito ódio dele e vim me procurar no meu local de trabalho era o fim, quer dizer o cúmulo. Como eu temia ele não levou a sério ontem, e agora parece que também não, pois nada fez, estava sentado imóvel me encarando por alguns segundos com olhar de deboche. João estava uniformizado, ele era supervisor de mina de uma das mineradoras da região em torno de Belo Horizonte e eu sabia que de sábado ele trabalhava na parte da noite, cansei de ser fodido por ele aos sábados no início da tarde, sempre me levava ao mesmo motel. Aliás eu sabia dos seus horários, de todos eles.

- Ai, ai... – ele se espreguiçou fazendo pouco caso da situação. Eu simplesmente fiquei parado olhando para ele.

- Vai embora – apontei para a saída.

João me fitou por alguns minutos. Nunca ficamos tanto tempo sem conversar. Ele esparramado na cadeira sorria confiante o que me dava mais nojo da sua cara, a meu ver ele estava se divertindo com essa situação como se tudo fosse uma grande brincadeira que ele comandava, eu cruzei os braços e esperei

- Vem até aqui, anda! – Ordenou com a cara fechada.

- Não! – Ele fechou os olhos claramente perdendo a calma.

- Vem aqui e se ajoelha na minha frente, agora – Ele gritou me assustando.

- Não! – Ele estralou os dedos.

- Anda veado, eu estou mandando – esbravejou.

Comecei a rir, ele não gostou, mas só me observou, provavelmente poucos ousaram fazer isso.

- Você realmente acha que ainda tem controle sobre mim, você nunca teve, para né... agora dá o fora daqui que eu tenho mais o que fazer... – apontei em direção a saída. Ou João não estava entendendo ou não queria entender que ele não tinha mais domínio sobre mim, provavelmente isso estava matando ele por dentro já que poucos ousaram dizer não a ele.

- Eu que digo quando acabou – ele ainda achava que mandava, que exercia poder sobre mim.

- Acabou ontem! – Berrei.

Ele olhou para mim, olhou para saída e riu, convenhamos o sorriso dele já foi bonito, agora tudo no João me dava nojo, até seu rosto quadrado que antes achava belo agora me dava asco. Se ele não ia sair então sairia eu. Como eu já estava pronto para ir embora mesmo pediria ao porteiro para fechar a porta da recepção. Quando ia cruzar a porta ele me segurou pelo braço me puxando para o encontro dele.

- Eu não mandei você sair Fabrício... – ele sussurrou no meu ouvido –

- E desde quando você manda em mim João, não preciso de sua autorização, era seu puto na cama e nada mais... – o encarei ficando frente a frente com ele. Pude ver seu rosto ficar vermelho de raiva, sua respiração ofegar. João pareceu pensar um pouco e depois me soltou.

- É o seguinte veado – disse de costas para mim massageando o pescoço, logo sorriu em deboche para mim quando revirei os olhos.

- Meu nome é Fabrício – retruquei.

- Tanto faz, mas homem que chupa pau e dá o cu para outro é veado então... – ele riu, eu respirei fundo, se eu tivesse alguma coisa cortante comigo...- ontem a gente teve aquele desentendimento, aquele constrangimento digamos assim, você me ofendeu, até me bateu, coisa que ninguém nunca fez comigo e que provavelmente nunca mais fara e depois de pensar muito resolvi te dar uma outra chance, te perdoar, sei que você ficou todo nervosinho ontem por que supostamente você achou que eu abusei de você e te dei aqueles dois tapas de nada e tam... – interrompi ele, não acredito que estava ouvindo aquilo. Tive que respirar fundo e me recompor.

- Para...olha o que você está falando seu babaca... – ele me olhou ofendido.

- Mas é verdade... o que aconteceu é culpa sua – disse confiante.

- Que verdade, que você forçou sexo comigo após me agredir, ou que você é um babaca narcisista que só se importa com o seu umbigo hein João... – ele levantou a mão para mim, eu não recuei.

- Eu não te estuprei! – Berrou ele, se tivesse alguém perto ouviria – você é meu submisso, é seu papel me satisfazer sexualmente, sempre foi, independente de querer ou não você é um mero objeto em minhas mãos, deveria reconhecer seu lugar e agradecer por ser eu seu macho comedor e não um qualquer por aí – ele perdeu a compostura, mas eu me mantive parado não acreditando no que ouvia.

- Sai daqui... – apontei para porta.

- Eu só vim te dizer que eu te perdoo pelo seu comportamento de ontem e que nós vamos para aquele mesmo motel e não qu.... – interrompi ele novamente.

- Perdoar! – Exclamei pasmo, só podia ser pegadinha - você só pode estar brincando, você realmente acha que eu ainda vou ir para algum lugar com você depois de ontem – ele me olhou e seu sorriso sumiu – nunca mais está me ouvindo...eu me mato, eu te mato antes de ser tocado sexualmente por você, eu prefiro ser tocado por um mendigo sujo de rua, um estranho qualquer que deve ser mais limpo e ter mais dignidade do que você... – ele agarrou meu braço, mas eu recuei.

- Cala essa boca – gritou, senti seu hálito de bebida.

- Não calo, não mais... – empurrei ele – aprenda, você não tem mais controle sobre mim está me entendendo – ele tentou me encochar mas eu o empurrei.

João andou de um lado para o outro e eu me mantive na defensiva, eu precisava me livrar dele logo até por que se ele quisesse acabar comigo ele conseguiria.

- Olha porra, eu não amo você e nem estou apaixonado se quer saber, mas achar um veado obediente e limpinho hoje em dia está difícil, e os que são até domesticar demoram, então não dificulte para mim, se não for pelo amor vai pela dor, está me entendendo... – Cuspi na cara dele, era a resposta as barbaridades que ele estava falando, ele voltou a me segurar, foi o erro dele, deu uma joelhada em seu saco que doeu em mim fazendo ele cair no chão e se encolher de dor – desgraçado, você me machucou – ele gemeu de dor.

- Eu quero alguém que me ama, que me acompanhe, não nasci para ser amante, Valentina não merece isso e se bem lembro BH é grande, você vai achar vários “homossexuais” que poderão te satisfazer, mas comigo nem a pau – ele por um momento ficou apreensivo, seu semblante caiu – mas antes de estuprar outro aprenda, não é não!

- Para de graça sua bicha imunda e me ajuda aqui...está doendo... – ele resmungou.

- Irônico não, ontem era eu que estava machucado, ninguém me ajudou, hoje é você...levanta daí e some...– ele tentou me segurar pela perna mas dei um chute em seu braço - como eu dizia, acabou seu desgraçado, você nunca mais vai tocar em mim e acho bom você tomar muito cuidado seu estupradorzinho de merda... – ele me olhou com lágrimas de dor ainda no chão – o legal é que você já sabe seu lugar, lugar de inseto e lixo é no chão – peguei meus pertences e fui saindo.

- Isso não caba aqui, você ainda vai implorar para me chupar, para me ter dentro de você...guarde o que eu estou dizendo, vai implorar e eu farei questão de te ver ajoelhado com meu pau na sua boca...eu só quero o melhor para o meu passivo...aí... – ele gemeu de dor quando pisei em sua perna.

- Fracassado...nem nos seus melhores devaneios eu farei isso... – ri e sai da sala deixando ele lá. Sai do escritório pensando em como arranjei coragem para fazer tudo aquilo e como não acabei apanhando já que ele lutava.

Eu estava livre do João, livre de suas garras, ele já não me botava mais medo, assim como não exercia mais poder sobre mim, acabou! É engraçado quando nos decepcionamos com alguém, a magia acaba, a ilusão tinha se desfeito me mostrando que eu não precisava de alguém como ele, que eu nunca precisei dele só que eu só me dei conta disso quando já foi quase tarde demais. Me agarrei na ideia de que ter algo com João fazia dele a última esperança, a minha última esperança, o último macho que me perdi, esqueci que eu só tinha 26 anos e uma vida inteira pela frente, quantas pessoas eu deixei de ver, de conhecer, quantas vezes deixei de sair por que ele não queria, quantas vezes ele falou que homem nenhum ia me querer por ser gordo, sem se tocar ele mesmo se ofendia, me ofendia. Em frente ao elevador já no térreo prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria alguém me ridicularizar ou me ofender, bancar a vítima não dava, eu mudaria, se não era por amor era pela dor.

- Seu Ismael, ainda tem um alguém lá em cima no escritório, depois o senhor fecha a recepção para mim, estou meio agarrado eu não posso esperar, tenho que me apressar, sabe como é né... – pedi gentilmente ao porteiro.

- Claro seu Fabrício, pode ir sossegado que eu tranco tudo, tenha uma boa tarde e bom fim de semana – disse ele acenando para mim.

- O senhor também – gritei já um pouco afastado.

Sai do prédio e na esquina de frente para ele peguei um táxi e segui para o shopping mais próximo, iria comer algo e comprar uma sobremesa ou um vinho para logo mais à noite jantar com Valmir e sua família.

Após almoçar sem pressa acabei seguindo para uma loja de bebidas bem próxima a praça de alimentação.

- Fabrício – tomei um susto quando vi Valentina me chamar e acenar para mim alguns metros à frente, gelei até a alma, como eu conseguiria encarar ela. Engoli em saco, arrumei um sorriso não sei de onde e fui até ela.

- Como vai Valentina, que coincidência nos encontrarmos aqui – disse tentando parecer o mais natural possível, falso...

- Você nem sabe o que aconteceu? – Disse ela toda afobada.

- O que aconteceu? – Perguntei deixando a curiosidade e o medo falar mais alto.

- Eu estava fazendo compras com umas amigas quando o João me ligou desesperado, parece que ele foi assaltado e o agrediram... – ao ouvir a notícia e do jeito que Valentina falou eu não sabia se chorava ou se sorria de alegria, um cara daquele tamanho, lutador de boxe o fódão ligando para a namorada e contando uma mentira deslavada dessas, babaca – parece que ele foi levar um documento em uma firma aqui perto e foi agredido quando estava chegando lá.

- Nossa, mas ele é lutador, ele não fez nada para evitar? – Perguntei tentando não rir.

- Não fale bobagens Fabrício, ele nunca reagiria a um assalto e outra, João jamais agrediria alguém, não é da natureza dele fazer isso – claro que não, a natureza dele é bater nos amantes, pensei. Valentina não conhecia ele do jeito que eu conhecia, enquanto João se mostrava legal ao público para mim se mostrava um babaca, pena que só descobri tarde demais.

- Ok Valentina, não está mais aqui quem falou – debochei, mas ela não se deu conta.

- Não foi nada – ela deu de ombros – vamos ali comigo ver aquela sandália... – interrompi ela que já me puxava pela mão.

- Estou com pressa, tenho que comprar uma sobremesa para levar hoje à noite na casa do Luciano ... – ela me fitou.

- Luciano, aquele gostosão que trabalha contigo, hum... – ela quis insinuar algo. Valentina era muito legal, mas era muito ignorante, na visão dela todo homem com quem eu conversava era alguma coisa minha, como se todo gay fosse oferecido.

Odiava isso e para piorar ela conheceu Luciano em um dos happy hour da turma da faculdade quando por acaso encontrei ele com a Patrícia, sua ex. Lembro que João encarou ele de uma maneira estranha e na sua frente me deixou sem graça fazendo uma brincadeira de mau gosto comigo. Luciano não gostou e peitou ele, era briga na certa se não tivéssemos intervindo.

- Para Valentina...ele é meu amigo, só isso... – repreendi ela.

Eu na verdade estava me divertindo muito com a situação, nunca eu pensei em agredir ele, mas ou era eu ou ele e eu cansei de apanhar.

- Entre vários rótulos de cachaças, vinhos e licores acabei me distraindo e não vi alguém que me vigiava por trás.

- Sei... – ela me fitou – também era amiga de João e hoje sou sua noiva – e ele apareceu de novo na conversa enquanto ela mostrava sua aliança de noivado.

- Luciano não é o João... – disse ríspido, ela fechou a cara – e eu não sou você – tentei consertar – nossa amizade é pura e verdadeira e outra, eu sou gay, ele é hétero... – foi a melhor desculpa o melhor argumento naquela hora. Valentina olhou para mim com malícia.

- Isso já não é mais desculpa, tem tantos homens que procuram outro homem para satisfazer sua curiosidade...os gays fazem o que as mulheres não têm coragem... – ela me olhou e se deu conta que falou demais – me desculpe Fabrício, mas é verdade – disse ela com convicção.

- Nossa, que show de ignorância Valentina, na roça onde você nasceu as pessoas ainda pensam assim – olhei para ela com indiferença.

- Desculpa, mas é verdade, se um gay desse em cima do João eu acho que eu matava ele de tanto bater – contei até 10, por mais que não me rebaixaria a ela estava difícil segurar, uma escova e sabão e eu resolveria o problema da boca suja – ainda bem que o meu João é todo sistemático, aliás ele não gosta de gays, mas se dá bem com você, engraçado né – disse ela. O que Valentina não podia nem sonhar é que o noivo dela já gozou muito comigo e que não gostar de gays provavelmente era por que ele não se aceitava.

- Acredite, João não é lá grande coisa, tem homens muito mais interessantes que ele e te digo que se fosse para escolher eu escolheria o Marcelo, aquele tesudo que é amigo dele e faz engenharia de automação...- Valentina riu.

- Só você mesmo Fabricio – somos interrompidos pelo seu celular que toca, ela visualizou quem era e sorriu – oi amor, está mais calmo agora? – Ela sorriu – que bom, descansa então...a, encontrei o Fabrício aqui no shopping e contei o que te aconteceu, esse mundo está perdido mesmo – agora eu queria realmente sumir, mas não pude deixar de pensar em como ele estaria agora, de saco inchado e com dor, quase não segurei o riso.

- Tchau Valentina – me afastei acenando para ele que acenou de volta e falava com a voz melosa no telefone.

- Tchau, boa sorte com o Luciano... – disse ela com malícia, agora se João estava com raiva de mim ele ia pirar, deixa ele pensar que eu pulei fora por que achei outro, se isso fosse fazer ele me deixar em paz estava ótimo.

Valentina não era má, ela só era boca aberta como se diz na minha terra. Mineira de Bom Despacho ela morava aqui para estudar e ajudar a tia com um buffet. O problema é que Valentina era muito inocente e ignorante, fazia comentários infelizes e se ferrava por causa disso. Quando descobri que estavam juntos decidi pular fora por que eu não tinha vocação para amante e nem queria ser fura olho. João era o culpado, ele que arranjasse outro para satisfaze-lo, mas eu não me prestaria a esse papel.

O resto da tarde passou rapidamente, fiz tudo o que tinha planejado e sai do shopping direto para a casa do Valmir, não iria para casa pois cansado como estava acabaria dormindo e provavelmente não iria jantar com eles.

- Boa noite padrinho – disse assim que Valmir abriu a porta para me receber.

- Boa noite Fabrício, vamos entrando – disse ele me dando passagem.

- Querido, como você está? – Perguntou dona Carmem vindo ao meu encontro – essas olheiras, você tem dormido mal de novo? – Disse ela com aquele olhar.

Carmem Giacomeli Cazarotto, era gaúcha de Vacaria, típica mãezona, com 50 anos era uma coroa geniosa e bonita que atenção na rua, Valmir odiava isso, mas fazia bem ao ego dela e ao dele também já que o mesmo estava passando por uma crise da meia idade. Dona Carmem tinha 1,71 de altura, uns 72 kg, olhos verdes, seus cabelos louros agora eram vermelhos, sim vermelhos, ela os pintava desde a época da morte do Adriano, acredito que era uma maneira de se expressar além de que ela gostava muito da cor. Dona Carmem era nossa referência, ela era advogada da empresa do seu Valmir e sempre nos dava apoio quando se tratava de acordos e burocracia.

- Luciano, o Fabrício chegou... – gritou Valmir me fazendo mexer no ouvido, se outras pessoas ouvissem iam achar estranho, mas é assim, famílias italianas muitas vezes falam alto mesmo.

- Já vou, estou terminando de me vestir aqui – gritou do quarto.

- Luciano estava jogando futebol com o pessoal do escritório em frente ao nosso – disse dona Carmem.

Estávamos conversando na sala quando Luciano aparece na sala com uma mulher muito bonita que aparentava ter uns 30 anos, morena, cabelos cacheados, lábios vermelhos e um sorriso simpático, devia ter 1,68 e 53 kg, ela realmente era esguia. Luciano vinha com ela de mãos dadas e quando me viu sorriu um sorriso amarelo.

- Olá, você deve ser o famoso Fabrício, não é? – Perguntou estendendo a mão para me cumprimentar.

- Famoso eu não sei, mas sim sou o Fabrício e você, quem é? – Perguntei de maneira descontraída.

- Prazer, me chamo Monica – disse sorrindo.

- Você é a Monica então – olhei com malícia para Luciano que ficou envergonhado.

- Por quê? – Perguntou ela.

- Luciano não parava de falar de você no escritório essa semana, era Monica daqui, Monica de lá, até que enfim te conheci, achei que fosse invenção dele – ela riu, Luciano me deu um cutucão, estava vermelho de vergonha.

- Para Fabrício, você hoje está engraçadinho demais, acho que tem que tirar uns dias de folga – disse para mim.

- Podemos conversar sobre isso chefe... – olhei para ele que riu – adoraria ficar uns dias a mais em casa com meus pais – disse fazendo bico.

- Ok Fabrício, mas hoje é nosso jantar de família e não de negócios, não é mesmo? – Ele arqueou a sobrancelha

Luciano tinha um problema, depois que se separou da mulher ele meio que se fechou para o mundo. Poucos sabiam que ele tinha sido preso por homicídio e quando descobriam não queriam saber o motivo, simplesmente o julgavam deixando ele em uma situação difícil. Poucos entenderam seu lado, eu fui um deles, ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, mas os fins justificam os meios, evitamos falar disso, eu não toco no assunto e nem ele.

Dona Carmem apareceu na sala faceira.

- Vamos jantar, está na mesa - ela trazia uma refrataria com polenta, no fim ela fez do jeito que eu mais gosto sem brustola, com o espinhaço em molho ficaria maravilhoso. Não fui só eu que gostei da ideia, Valmir também abriu um sorriso quando viu. Nos sentamos a mesa e abri o vinho que eu tinha trazido e pedido para dona Carmem pegar na climatizadora, o espinhaço com o molho bem vermelho e uma salada de radicci fechavam o pacote. Pude notar Monica torcer o nariz para a comida e Valmir também notou.

O jantar corria normalmente. Monica e Luciano trocavam olhares, conversávamos sobre vários assuntos, dona Carmem me perguntava se eu iria para o sul na semana santa ou se iria para a praia com eles. Estava tudo legal até que

- Fabrício, que marca é essa no seu pescoço? – Perguntou ele desconfiado. Gelei dos pés à cabeça.

- Marca... – olhei rápido para o Valmir que me olhou tenso - não tem marca no meu pescoço, você está vendo coisas Fabricio – tentei rir descontraído.

- Tem sim – disse dona Carmem.

- Danado, a noite foi boa – disse Monica com malícia – a moça que fez isso estava selvagem pelo jeito – disse ela com um risinho.

- Eu sou gay Monica – ela fez uma expressão de surpresa.

- Sério, mas você nem é afeminado e nem tem trejeitos – dona Carmem e eu nos olhamos, Luciano me olhou sem graça.

- Como é moça? – Valmir largou o garfo e encarou ela.

- Me desculpe – Disse ela sem graça.

- Ele não liga não amor – disse Luciano botando palavras na minha boca, ele não fez isso.

- Está tudo bem Monica, já me acostumei com comentários idiotas assim, nem todos os gays tem o mesmo estereótipo, mas mesmo se tivesse sido um moço selvagem não seria da sua conta, não é mesmo...ou você nunca levou uma chupada... – Ela se fez de ofendida, fui bem deselegante, mas não dei ousadia para ela – e não coloque palavras na minha boca Luciano – disse sério, ele me olhou sem graça, não ia ficar endeusando a nova namorada dele.

- Tudo bem, já foi...já deu... – disse Dona Carmem apaziguando e tentando desfazer o clima que ficou na mesa.

- É verdade, me desculpe Monica... – me levantei da mesa um pouco envergonhado, mas decidido – dona Carmem, eu tenho que ir, amanhã vou estudar para as provas da semana que vem, obrigado pelo jantar, Valmir, nos falamos na semana, Luciano, Monica... – Luciano se levantou e me encarou coma feição fechada, não deixaria uma qualquer que transou com ele uma dúzia de vezes falar daquele jeito comigo.

- Espera aí Fabricio, se alguém tem que sair não é você – disse Valmir e Carmem vindo atrás de mim, a abusada ficou comendo como se nada tivesse acontecido.

- Está tudo bem, eu não ia vim, só achei deselegante em cima da hora cancelar, mas não se preocupem, estou bem-disse tentando acalma-los.

- Que palhaçada foi aquela Fabrício? – Perguntou Luciano sem paciência.

- Qual delas, a ignorante da sua namorada ou as palavras que você botou na minha boca, qual? – Ele suspirou.

- Aquela menina é meio abusada meu filho – disse Carmem.

- Boa noite gente, realmente não queria que acabasse assim – disse encarando Luciano.

- Vou levar um chupão de alguém na rua – Disse com raiva.

- Para de se fazer de vítima porra, você é gay, desculpe, mas a imagem que gays passam muitas vezes é essa... – interrompi ele com um tapa.

- Seu irmão também era e morreu por isso... – disse a ele que esfregava o rosto. Dona Carmem e Valmir me olharam perplexos – não foi? – Ele me segurou pelos braços.

- Mas meu irmão foi vingado, eu matei o cara para ele nunca mais fazer o mal... – disse ele perto demais do meu rosto.

- Isso não te torna melhor que ele, agora me solta e volta para miss ignorância – ele me apertou e logo depois me soltou indo em direção a sala de jantar.

- Me desculpem, eu me descontrolei – dona Carmem chorava, Valmir não me olhou direito na cara – boa noite – sai sem graça, o sábado tinha sido uma bosta e não seria diferente o finzinho de noite.

Continua...

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Comentários

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cara, depois de tanto tempo sumido, aqui estou eu. Em fim aprovado no Exame da OAB, graças a Deus. Este conto é diferente, mas não pior. Estou gostando da narrativa e da condução dos acontecimentos.

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Quem quer ver o João se ferrar levanta a mão? Gostaria de saber se posso indicar o seu conto no meu para os meus leitores?

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Besha!! Me amarrota que eu estou passada. Até imagino a cena do Fabricio revoltado esculachando a vadia. Quem ela pensa que é? Tambem não gostei da Valentina... João deve estar colocando gelo no saco. Kkkkkkk Pena Luciano estar sendo um babaca, eu crusharia ele com Fabricio...

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Estou no chão ..passada e engomada . engraçado q que o Fabrício não é afeminado agora se ele fosse um gay afeminado como eu o circo estava armado

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Fabrício está de parabéns e continue assim não deixe ninguém coloca-ló para baixo....

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A atitude do Luciano foi muito decepcionante. Espero mesmo que o Fabricio não baixe a cabeça para o João, que seja cada vez mais autosuficiente. Ótimo conto hahahaha

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NOSSA, FABRÍCIO TOMANDO ATITUDES. GOSTEI. SINTO PELOS PAIS DE LUCIANO. MAS QUE GRANDE BABACA ESSE LUCIANO. AINDA NAMORAR COM UMA RETARDADA. AH. ELE DEVE MERECER A NAMORADA QUE TEM.

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Cara, você soube muito bem relatar um relacionamento abusivo na história, é sempre assim, o embuste bate, xinga e himilha pra depois colocar a culpa na vítima. ARGH! Me dá nojo de gente assim, realmente precisa de ajuda. Tem gente que deve ler a sua história e pensar que é fantasiosa demais uma pessoa agir dessa maneira, que nem esse pedaço de bosta que até esqueci o nome, pior que existe pessoas assim e eu já, infelizmente, conheci. Parabéns pela coragem do Fabrício, gostei da reação, infelizmente esse tipo de gente nos faz dispertar o que a gente não quer. Sobre a cena do jantar, achei completamente desnecessária da parte do Fabrício, por mais que o comportamento daquelazinha lá que tá com o Luciano nos faz perder a paciência, mas infelizmente ele explodiu mais do que deveria. Sobre o Luciano, também pisou na bola, mas creio que ele ama muito o Fabrício (Ainda não sei se é carnal ou fraternal) e vai correr atrás do prejuízo. Enfim, quero capítulo novo para ontem que eu fico viciado nessas histórias que me prendem atenção.

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Ele deu a volta no João? Ok, mas se desentender com as pessoas que cuidam dele por causa de umazinha qualquer é demais. Bom conto, querendo logo mais cap p saber quem vai ser mesmo a parte boa dessa historia p Fabricio

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Decepcionado com o Luciano.. Gostei muito do que você fez com o João, Valentina e Monica, farinha do mesmo saco kkkk Quero só ver a cara de pau do Luciano depois quando foi se desculpar com o Fabrício, Fabrício tem que dar gelo em geral... Sobre a sua dúvida, sim, esse é meu sobrenome, porque??

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João e Luciano , tudo farinha do mesmo saco. E eu querendo q eles ficassem juntos.

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