O Amor Deficiente e Improvável Cap.1

Um conto erótico de Giovanni
Categoria: Homossexual
Contém 1372 palavras
Data: 12/07/2017 03:29:12

Cap.1

Ficava no meu quarto com a única pessoa que ainda tinha paciência e coragem para me dar a sua amizade... Era difícil encontrar este tipo de pessoa hoje em dia.

-Marcela, não precisa me falar destas coisas – dizia eu, enquanto tentava resolver alguns exercícios da escola.

-Mas porque não Giovani, você não quer beijar ? Namorar ? Viver um amor – durante alguns segundos eu respirei fundo, parei de escrever em seguida.

-Namorar Marcela ? Quem é que vai me querer assim ? – dizia eu, olhando para o maior problema que eu enfrentava na vida – você jura que alguém vai me querer dessa forma ?

FLASHBACK

Eu era um rapaz normal, comum como a maioria. Brincava, corria por aí, brincava com as pipas, de pique esconde, estudava, jogava a bola tinha a minha independência razoavelmente, naquele início de adolescência.

- Gio, passa a bola ! – meu amigo dizia, enquanto jogávamos futebol. Era uma alegria, eu sempre gostei muito de jogar futebol com os amigos. Naquele dia chovia bastante na cidade, mas, nós crianças nem ligávamos pra isso. Estávamos todos sujos, da lama do campo, das quedas, mas era uma diversão... Parecia que seria um dia normal, como qualquer outro, mas não foi. Continuávamos a nossa brincadeira, quando de repente escutei aquele barulho de frenagem característico de um carro. Só deu tempo de eu me virar. Quando eu vi o carro já estava em cima de mim. Foi tudo muito rápido. Senti aquele impacto, voei pra longe, bati em alguma coisa e desmaiei...

TEMPO DEPOIS

Não sabia quanto tempo passei desacordado. Quando acordei, vi que estava num lugar que eu não conhecia. Pouco a pouco fui recobrando a consciência. E enquanto isso acontecia, ouvi uma discussão perto de onde eu estava.

-Do que você está falando doutor ?

-Ele está paraplégico ! E eu tenho quase certeza que vai ser irreversível.

-Não pode ser... – aquela voz eu conhecia. E tão logo ouvia aquilo, comecei a notar que eu não estava sentindo os meus membros inferiores.

-O que está acontecendo ?- Me perguntava, tentando mexer as minhas pernas – o que está havendo comigo ? – tão logo eu falei isso, eles dois perceberam que eu havia acordado e começaram a caminhar na minha direção. Percebi que um deles era o meu pai – pai ?! – olhei para ele com medo.

-Oi Gio... Como você está se sentindo – falou ele, passando a mão na minha cabeça. Sua feição era de completa tristeza...

-O que foi que aconteceu pai ? Porquê eu não estou sentindo minhas pernas ? – eles ficaram em silêncio.

-Fica calmo tá filho ? – falou, acariciando a minha cabeça – aconteceu um acidente... Mas vai ficar tudo bem – falou ele, com um sorriso na tentativa de me animar – vai ficar tudo bem...

É, ficou tudo bem... Mas não do jeito que eu esperava. Me recuperei, voltei a fazer as coisas, entretanto algo nunca mudou. O fato de eu não ter conseguido mais mexer as pernas. Eu não era idiota. Logo eu percebi o óbvio, que estava paraplégico e que aquilo não tinha mais volta...

- Vamos filho... – o meu pai dizia, me ajudando a sair do carro – um dia isso vai passar – ele dizia, vendo a minha cara de frustração tendo que ser carregado.

-Não precisa dizer essas coisas pra mim pai. Eu já percebi que vou ficar assim pra sempre – dizia, me acomodando na cadeira, triste

FIM DO FLASHBACK

Foi como se uma pedra tivesse me esmagado ao perceber a realidade. Passar a depender das pessoas pra muitas coisas era terrível. Não poder andar, não poder fazer várias coisas que eu sempre gostei, como jogar bola, correr, pular, era torturante... E foi terrível quando a ficha caiu e eu comecei a perceber que eu tinha que encarar aquela situação sem reclamar porquê passou a ser a minha realidade.

-Porque você se tortura tanto Giovani ? Você é uma ótima pessoa, um rapaz incrível, estudioso... E você é tão bonito – dizia ela, me olhando – porquê alguém não iria querer te beijar ? – eu olhei para ela

-Olha pra mim Marcela. Eu sou paraplégico. Eu não ando... Eu não consigo fazer muitas coisas sozinho. A pessoa que ficar comigo vai ter muito trabalho. Eu não tenho nada a oferecer pra ninguém. A não ser mais trabalho. Jura que você acha que alguém vai me querer desta forma ?

-Eu posso apostar que tem várias pessoas que iriam te querer mesmo com essa questão...

-Você perder a aposta – falei, a olhando nos olhos...

Sim, era o que eu realmente acreditava. Que pessoa, em sã consciência, iria largar as possibilidades de ficar com uma pessoa normal, que andasse e pudesse fazer as coisas normalmente como qualquer pessoa, pra ficar com alguém que só poderia trazer trabalho para a sua vida ? Ninguém... Então eu não nutria esperança nenhuma de que algum dia poderia vir a ter algo com alguém... Ninguém iria me querer eu estando daquela forma. E ainda era mais difícil, porquê a algum tempo eu havia percebido uma coisa... Que não gostava de garotas.

FLASHBACK

Costumava passar alguns momentos do meu dia na quadra de esportes. Não sei porquê, mas me sentia bem ali. Logo eu, que sempre gostei de fazer esportes e agora nem levantar da cadeira podia. Aos poucos eu comecei a perceber algo estranho e que começou a me tirar o sono. Eu reparava muito mais os meninos do que as meninas. As vezes até tentava tirar aquilo da cabeça, mas invariavelmente acabava voltando a olhar para os rapazes. Admirar o corpo razoavelmente bonito que alguns deles tinham, as feições, os cortes de cabelo, as roupas que vestiam. Aquilo começou a tirar o meu sono.

-Isso não pode ser verdade – dizia eu, enquanto tentava dormir no meu quarto. Era meio perturbador começar a perceber que eu era gay. Já imaginaram ? Paraplégico e gay ?

FIM DO FLASHBACK

Mas era a realidade, e não demorou muito para eu me conscientizar daquilo. Era a minha realidade. Eu me sentia bastante triste aquela altura. Tinha apenas uma amiga, não podia fazer diversas coisas que eu gostava, dependia dos outros para fazer muitas coisas, não tinha grande independência, e não almejava nenhum amor. As vezes parecia que eu não tinha motivos para viver. Que apenas sobrevivia, não vivia de verdade. E isso me entristecia bastante. E foi carregando essa tristeza que eu fui para o último ano do ensino médio. Tinha acabado de completar 17 anos, e enquanto a maioria dos jovens aquela altura saiam, namoravam, riam, eu era bastante solitário até. Só saia com a família, e nem sequer pensava em namorar. A anos estudava sempre no meu colégio, tanto pela distância da minha casa, quanto pelo fato de ser um dos únicos que era preparado para receber cadeirantes, o que me dava certa “independência”.

-Chegou cedo hoje – Marcela dizia, me vendo dentro da sala. Eu costumava ir para a escola sozinho todas as manhãs. A rua tinha boas calçadas que me possibilitavam fazer isso, e também a distância era pequena.

-É... Acabei perdendo o sono hoje então decidi vir cedo... – eu sempre me acostumei a estudar de manhã, então era acostumado a fazer isso todos os dias.

-Entendi... Animado para o início do ano ? – perguntava ela, se sentando ao meu lado – já estava com saudade de olhar os boys com você... – ela sabia já do meu segredo.

-Eu estou com a mesma animação que sempre tive pra isso... – falava, olhando pra ela. Ela já sabia do que eu estava falando

-Ai Gio, se anima... É nosso último ano, a partir do fim desse ano acaba todo esse ambiente escolar e começam as responsabilidades.

-Eu não tenho porquê me animar Marcela... Pra mim as coisas são diferentes que para vocês, não se esqueça disso – falei, mexendo nos controles da cadeira motorizada que eu usava para sair da sala e ir para o corredor. Fui em direção ao banheiro quando de repente alguém virou o corredor já em cima de mim. Nem tive como evitar, e meio que atropelei a pessoa – meu Deus... Você está bem... Quando olhei melhor vi que era um garoto quem eu havia atropelado. Um garoto que eu nunca havia visto dentro daquela escola, e que logo me fez notar sua singela beleza.

Continuará

E ai pessoal ??? Espero que gostem dessa história, pensei nesse tema com bastante carinho. Peço comentários e votos. Abraços

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Comentários

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Cara, nunca fui de comentar nada aqui não, mas olha.. Também sou cadeirante e é a primeira vez em tempos que vejo contos com personagens assim, super amando essa história, ❤😱

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Não sou muito de ler e comentar contos heteros ou gay,mais quando o tema me chama atenção, acompanho e comento então cont anjo pois já tem mais uma leitora aqui ansiosa para o próximo capitulo...

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