Solar - 27

Um conto erótico de Thonny
Categoria: Homossexual
Contém 1676 palavras
Data: 05/08/2017 23:58:04
Última revisão: 06/08/2017 00:07:48

[Ítalo narrando]

- Você está me perseguindo, garota? Como você se atreve a me criticar por vir ver o homem que amo? Você não se toca que não é bem-vinda em nenhum lugar que a gente esteja?

- Eu vim ver o seu pai e ninguém vai me impedir disso. Eu não tenho nada a ver com sua vida, mas acho que esse viadinho já fez mal demais a você e ao seu pai. Ele foi o causador de todas essas desgraças!

- Olha aqui, garota, veja bem o que você fala do meu filho - seu Alexandre segurou o braço da Íris.

- Calma, seu Alexandre. Não vale a pena discutir com essa pessoa baixa e desprezível - separei os dois. - Você não vai ver meu pai, Íris. Ele não pode receber visitas e, ainda que ele pudesse, você estaria proibida de vê-lo. Sei bem que foi você a responsável pela tentativa de suicídio dele. Você vai pagar caro pelas suas maldades. Vai embora! Some da minha vida!

- Eu vou embora, mas garanto que volto. Você não sabe e não imagina do que eu sou capaz!

A Íris deu as costas e saiu. Sua cara não era das melhores. Com toda certeza do mundo, eu sabia que ela iria voltar e que tentaria se vingar de alguma forma.

Após esse pequeno tumulto, fui falar com o médico responsável pelo meu pai.

- Doutor, sou Ítalo Allende. Conte-me sobre o estado de saúde do meu pai.

- Oi, meu caro. Me chamo Augusto Cordeiro. Podemos conversar na minha sala?

- Claro que sim. O doutor Tavares é advogado do meu pai, o senhor se importa se ele nos acompanhar?

- De maneira alguma, vamos.

Segui o doutor pelo enorme corredor do hospital e fomos até a sua sala.

- Sentem-se, por favor - o doutor Cordeiro apontou em direção as cadeiras.

Nós sentamos, e ele começou a falar:

- Veja bem: o estado do seu pai é muito delicado. Seu pai passou vários minutos desacordado, sem oxigênio, as funções vitais dele estavam quase ausentes, o que acarretou em uma lesão cerebral muito grave. Não sou pessimista, mas se ele escapar, a chance de sequelas e danos neurológicos são muito maiores que 80%.

- Poxa, doutor, eu não sei nem o que dizer.

- Seu pai está em coma, já foi submetido a vários exames, mas é quase nula a possibilidade de reabilitação. Sinceramente, Ítalo, enxergo dois caminhos: coma por tempo indeterminado ou estado vegetativo. Ainda considero o coma menos pior.

- Eu não sabia que o caso dele mais simples que o do Lucas fosse se tornar tão grave. Nunca me passou pela cabeça uma coisa dessa.

- O que posso fazer no momento é continuar cuidando dele, sempre investigando possíveis sinais de melhora, mas até lá você precisa ser forte.

- Doutor, meu cliente não tem mais filhos e é viúvo, o que torna o Ítalo seu único representante legal. Como advogado da família, eu preciso que o senhor me forneça um laudo para colocar todos os bens da família sobre a responsabilidade do Ítalo.

- Eu já tinha feito isso, doutor. Aqui está.

O médico entregou um laudo ao doutor Tavares. Quando o doutor Tavares desse entrada na papelada, eu seria o responsável legal por tudo que era do meu pai. O dinheiro sujo, maldito, conquistado em cima do sofrimento de muitas pessoas. Meu pai era conhecido como uma "águia do ramo imobiliário".

Meu pai conseguiu fazer fortuna sempre explorando pessoas que estavam em busca do sonho da casa própria. Ele sempre cobrou comissões altíssimas, sempre superestimou o valor do imóveis e sempre levava muito dinheiro por fora. Não é à toa que as construtoras sempre preferiam a imobiliária do meu pai. Se não bastasse tudo isso, ele planejava entrar na política. Meu pai seria mais um político corrupto a trabalhar no Congresso Nacional.

- Doutor, eu posso vê-lo? - perguntei.

- Ítalo, por enquanto não posso autorizar a entrada de ninguém, mas pelo vidro do quarto você poderá vê-lo a hora que quiser. Rapaz, aconselho que vá para casa, que descanse. Pelo estado do seu pai, pela forma do tratamento, ele não precisa de acompanhantes. Você me entende?

- Sim, eu entendo. Obrigado pela sinceridade.

- Eu estou cumprindo meu dever. Seu pai está em boas mãos. Nossa equipe médica é excelente. Agora, se me dão licença, tenho um cirurgia daqui a uns minutos e preciso me preparar - falou levantando-se.

- Claro, vamos deixá-los trabalhar. Boa cirurgia.

- Qualquer coisa eu estarei aqui.

Nos despedimos com um aperto de mãos e retornamos para a recepção.

[Íris narrando]

- Não sabia que o pai do Ítalo poderia ser tão cruel.

- Isso foi apenas o início de tudo. Sei que o Humberto fez muitas coisas. Eu fui para a cadeia sem ter culpa de nada. Aliás, me sinto culpada por não ter protegido o Ítalo de toda a canalhice do pai. Eu tinha prometido isso a mãe dele.

- Olga, a senhora não precisa se culpar. O Humberto matou minha irmã, matou o próprio filho e ele é quem deveria ter pago por isso.

Nós três conversamos por horas na varanda da pousada. Soube de muita coisa sobre o pai do Ítalo e o quanto ele foi cruel com sua família.

- Amiga, preciso conversar com você, pode ser? - A Ingrid falou chegando na varanda.

- Claro que sim, vocês nos dão licença?

- Sim, querida, nós vamos nos acomodar no quarto.

- Não precisam se preocupar com isso agora, eu vou dar um passeio na praia com a Clara.

- Tudo bem, vamos tomar mais um cafézinho. O serviço de vocês é ótimo - Olga falou com um sorriso no rosto.

- Sintam-se bem. Se precisarem de algo, o Tiago ou a Neide podem ajudá-las.

Eu e a Ingrid tiramos as sandálias e fomos caminhando pela areia, sentindo o frescor do vento do entardecer e as ondas molhando os nossos pés bem lentamente.

- O que te aflige? Tenho percebido você abatida nos últimos dias. Você está bem pálida, mais magra.

- Clarinha, apenas o Victor e minha família sabem do meu problema, mas não consigo esconder isso de você. Você e o Lucas são meus melhores amigos, crescemos juntos, corremos muitos nessas areias, enfim, nós vivemos uma vida muito bem vivida, intensa, cheia de momentos marcantes e felizes. Quando já estava perto de terminar minha especialização eu acabei passando mal, fui levada ao hospital em Paris e descobri que tenho um problema grave no coração. Acontece que acabei descobrindo também a gravidez, devido a ela não pude me submeter a um transplante ainda. Receio que meu filho nasça prematuro, sabe? Estou tomando medicamentos muito fortes, afinal de contas preciso do meu coração para duas pessoas. Desculpa não ter te falado antes, mas é estou com muito medo de tudo. Acho que você deve me entender.

- Ingrid, nunca poderia imaginar que você estivesse passando por isso. Nem sei o que te falar, mas o meu abraço é a confirmação de que estarei ao seu lado no que precisar, minha amiga.

Abracei a Ingrid e nós duas choramos juntas.

[Ítalo narrando]

- Ítalo, preciso voltar para o escritório. Quando eu terminar a reunião vou começar a trabalhar no seu caso. Caso não consiga terminar até amanhã, garanto-lhe que em mais um dia tudo fica pronto. Qualquer novidade eu estarei com o celular o tempo todo.

- Muito obrigado, doutor Tavares. Não precisa ter pressa alguma, não tenho a menor vontade de tocar no dinheiro do meu pai, mas a lei me impõe isso. Trabalhe com tranquilidade.

- Até logo. Foi bom conhecer todos vocês.

O doutor Tavares cumprimentou o seu Alexandre e o doutor César com um aperto de mão e foi embora.

- Seu Alexandre, será que posso ver o Lucas?

- Sim, meu querido. Ele ficará muito feliz por ver você.

[Álvaro narrando]

- Você me entendeu, Bruno? Nada pode dar errado. Vamos pegar o velho na festa de casamento da Ingrid. O Otávio vai passar dessa para uma melhor.

- Sou ponta firme, Álvaro. Estou contigo nessa. Vamos passar o velho rapidinho e sem deixar rastros.

[Ítalo narrando]

Enquanto caminhava em direção ao quarto do Lucas, parei para ver o meu pai. Foi doloroso ver um homem tão forte e tão cheio de si como ele naquela situação, dependendo de aparelhos e cuidados médicos para sobreviver. Eu chorei. Chorei pelo tempo perdido, pela falta de um pai, por todas as maldades que ele tinha feito. Não seria tão frio a ponto de não sentir nada.

Enxuguei as lágrimas e fui consolado pelo seu Alexandre que me levou para ver o Lucas. Eu me recompus, ajeitei minha camisa, coloquei o meu melhor sorriso no rosto e fui em direção ao meu amor.

Quando entrei no quarto, o seu Alexandre já havia dado a notícia ao Lucas e foi inevitável o encontro dos olhos dele com os meus. Seu sorriso um pouco tímido devido aos ferimentos e o som da sua voz aqueceram meu coração.

- Meu a-amor, que bom que você veio!

As palavras foram faladas de maneira quase soletradas, mas eu as ouvi perfeitamente. Ainda se nada tivesse sido dito por ele, a ligação dos nossos corações me fariam compreender o seu olhar.

Continua...

Olá, meus queridos. Bem, como já falado anteriormente, eu passei por alguns perrengues, inclusive problema de saúde e precisei me ausentar aqui da Casa. Não pensem que eu esqueci de vocês, mas é que não conseguia fazer nada. Foi muito difícil e doloroso o processo de reabilitação. Mas, mudando de assunto, resolvi retomar o conto e finalizá-lo.

Pessoal, não posso garantir que postarei todos os dias, mas vou fazer um esforço para publicar dois capítulos por semana. Posso até publicar mais, mas vai depender da minha rotina e dos horários livres da faculdade e da monitoria. Espero que vocês não me abandonem e continuem acompanhado essa estória que tenho escrito com muito carinho. Algumas partes são baseadas em fatos reais vividos por mim, mas dei uma incrementada e aperfeiçoei os acontecimentos. A arte imita a vida algumas vezes.

Cada comentário, voto, e-mail e leitura é muito importante. Agradeço o carinho daqueles que me mandaram e-mails e disseram estar sentido minha falta. Amo vocês.

Obs.: Perdoem os possíveis erros. Depois reviso com atenção.

Beijos.

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Comentários

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Bem feito pra esse velho 😒!!!! Casal❤

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