O PRIMEIRO TRABALHO DE LÉIA

Um conto erótico de Nadja Cigana
Categoria: Homossexual
Contém 3611 palavras
Data: 29/12/2019 08:24:49

Pela segunda vez na vida Leia estava num motel. E no mesmo dia!

Agora Leia não estava com seu cliente, e o motel era mais barato. Mas tava com Vadão, seu “empresário”, encaixado embaixo dela. O macho tava ali deitado na cama redonda, com a viadinha montada em sua jeba, parada, quietinha, esperando o reto já magoado pelo dia de trabalho se acostumar de novo com a pirocona invasora.

Leia tinha conseguido de seu agenciador algumas condições para ser puta profissional. O combinado entre eles era Vadão comer a bichinha logo depois dela transar com cada cliente que o taxista arrumasse. A viadinha esperava, com essa tática, fazer Vadão ser criterioso, e não a vender por ai, todo dia e toda hora, como se fosse uma catiroba barata. Esperava também se apaixonar de vez pela pirocona de cabeça de tomate, e assim apagar as lembranças de Gil.

Vadão, por sua parte, aceitou o combinado porque gostou. Viu na proposta uma prova de amor e dedicação da bichinha. Daria um jeito com o “trabalho extra”, e nunca marcaria clientes para a viadinha no domingo, segunda ou sexta, dias dedicados a suas outras fêmeas. Leia também pediu motel, para esses encontros, e seu agenciador aceitou, desde que descontassem a despesa dos honorários da putinha.

Secretamente Vadão também gostou porque sabia que ia curtir. Era a melhor maneira de matar o ciúme que começava a sentir pelo menino-moça, esporrando sem camisinha naquele rabo, como se marcasse território. De quebra, se excitaria fazendo Leia contar detalhes do serviço, enquanto a comia.

Tudo tinha começado na véspera, sexta-feira. Como combinado, Leia foi ao salão de Paulete fazer o cabelo para seu encontro de sábado. O cabeleireiro, ainda se recuperando da tosse, queria todos os detalhes da foda da viadinha com seu macho, na segunda, e Leia espertamente fez disso a moeda de troca para o que queria. E o que a bonequinha queria, já que Vadão não deixava ela ter cabelo cumprido, era alisar seus cabelos cacheados, e fazer um corte cuia, ou “tigelinha”, bem andrógino.

Os cachos de Leia, herdados de uma avó, eram bem abertos, mas mesmo assim Paulete levou mais de duas horas trabalhando na escova e chapinha da bichinha, até conseguir cortar. O corte na franja ficou no meio da testa, bem acima do que a viadinha queria, porque seus cabelos não tinham crescido tanto assim. Mas o resultado deu um ar mais infantil a seu rostinho redondo, e Vadão aprovou, quando a foi pegar no dia seguinte. Em casa, para surpresa de Leia, Dona Verônica gostou da novidade. Para ela o filhinho viado ficava mais “infantil” com o novo corte.

Era uma manhã ensolarada, quando o taxista levou Leia até um estacionamento de supermercado, cheio de gente, pra encontrar com o cliente. A bichinha se sentia esquisita na roupa de futebol que o cliente tinha exigido: cuequinha de menino, short e camiseta de clube, meião, tudo comprado por Vadão. O short nem era justinho ou curto o bastante pra mostrar as popinhas da bunda, como Leia estava acostumada.

Vadão apresentou a bichinha ao cliente como “Laio”, nome de menino que escolheu na hora, e marcou de a pegar de volta ali mesmo, depois do “serviço”. Leia achou o homem bonito. Se chamava Mario, era magro, alto, uns 35 anos, rosto quadrado e másculo, e estava com uniforme de futebol como a viadinha. Mas a viadinha entrou no carrão importado do homem muito constrangida.

Agora, depois de pegar Leia, e de almoçarem, Vadão reparou ciumentamente que a bichinha estava toda sorridente. Macho experiente, o motorista sabia que seu ciúme só tinha uma cura. Levou logo aquele viadinho pra um motel barato, tirou as roupas dos dois com raiva, e nem curtiu uma mamada preliminar: deitou e sentou logo o boiolinha até o talo em sua pirocona, e pediu a história do primeiro trabalho de Leia. Queria que a fêmea contasse tudo do encontro! Segurou as duas mãozinhas da bichinha com as suas, e pediu:

- Agora, Princesa... conta pro Tio Vadão como foi teu primeiro serviço.

Ainda sentindo o cuzinho arder da dilatação, Leia mordeu o lábio grosso, num ar de malícia, sentindo prazer em enganar Vadão. O motorista não sabia que aquele não tinha sido seu “primeiro serviço”. Leia tinha se deixado mamar, e tinha mamado rola por dinheiro, semanas atrás, na noite em que tinha ido dar o cu para Luiz Cláudio.

Dengosamente a bichinha empalada se fez de difícil:

- Aiiinnnhhh... Seu Vadão... úiii... tenho vergonha de contar...

- Égua! Vergonha do teu homem?

Vadão deu uma estocada forte, metendo a pirocona ainda mais nas entranhas de Leia, e fazendo a bundona da bichinha quicar em seu quadril. A viadinha soltou um gritinho de dor, e duas lágrimas rolaram de seus olhinhos amendoados, mas ela adorou.

- Áááiii... Seu Vadão... é que fico ... sabe?... sem graça... aiiinnnhhh...

O macho não queria gozar logo, mas as perguntas sem resposta o atiçavam e ia acabar esporrando naquele cuzinho de veludo, se continuassem naquele joguinho. Resolveu mudar de posição. Sem tirar a jeba de dentro do viadinho, arrastou-se com pernas e cotovelos de costas na cama, pra trás, até ficar sentado com os ombros apoiados na cabeceira. Agora tinha as tetinhas de Leia na altura da boca, e ia torturar a bichinha até ela contar tudo. Começou a ordenhar aqueles cones roxos com suas mãos fortes, enquanto a femeazinha se ajeitava na nova posição sem deixar de entubar a pirocona. Leia curtiu cada movimento de Vadão, mudando de posição e fazendo a trozoba se mexer dentro de seu reto. Agora sofria e se deliciava com as tetinhas sendo esmagadas, fazendo caras e bocas de tesão.

O macho continuou a perguntar:

- Ele começou a te bolinar no carro, ainda?

- Na-ão... huuummm... o Seu Mario... foi muito legal... ái... a gente mal falou... no carro...

- Tu ficou que nem bicho do mato?

- Foi... aiiinnnhhh...

- E quando foi que ele encostou em tu?

- Foi... nossa!... na porta do quarto... áááiii... Seu Vadão... esssssa tua cobrona... aiiiiinnnhhh...

- No corredor do motel, ainda?

- Úúiii... foi... mas só senti...

- Sentiu o que, viadinho?

- Viadinha... Seu Vadão... tua viadinha... áááiii... senti o pau duro... do Seu Mario... ele me deu a chave... e me mandou abrir a porta... e... aiiinnnhhh... enquanto eu abria... me agarrou o rabo por trás... e encaixou... encaixou a pica dele... bem no meu reguinho... huuuummmm.... foi só aí que senti...

- E tu bem que gostou, tua piranha...

- Áááiii... Seu Vadão... tava dura que nem pedra... hummm... a pica do Seu Mário... que nem a tua... agora... dentro de...

- E ele te comeu ali mesmo?

- Ái, não... Seu Vadão!... abri logo a porta... e entramos...

O ciúme excitava Vadão, que começou a foder Leia em movimentos curtinhos de quadris, fazendo a bichinha delirar.

- Áááiii... Seu Vadão... que coisa boa... huuummm...

- Conta mais, tua puta!

- Tua... sou puta... de Seu Vadão...

- Sei... continua... vai!

- Aiiinnnhhh... ele... Seu Mario... ele me agarrou de pé mesmo... e me beijou... me beijou de língua... áááiii, Seu Vadão... me espremeu na parede... pegou minha mão e colocou na pica... pica dura dele... uiii... por cima do shortinho, mesmo... e pegou no meu biluzinho... também...

O beijo de língua mexeu com o taxista. Vadão teve vontade de esbofetear o rostinho redondo daquele menino afeminado de 15 aninhos, que agasalhava sua pirocona. Mas logo lembrou que nunca tinha falado pra bichinha não beijar na boca dos clientes! Nem pra ela, nem pra nenhuma das suas. Nem mesmo pra Paulete, sua amante de tantos anos! Por que, então, se incomodava com aquela putinha novinha?

Vadão largou das tetinhas de Leia e reclamou, arrematando a frase com um tapão estalado na parte da bundona da bichinha que não tava escondida, sentada em seu colo:

- Axi! Catiroba da porra! (tapão na bunda de Leia) Diz que é minha puta mas beija na boca dos outros assim???

- Áááiii, Seu Vadão...

Leia notou que não era só encenação, e sim ciúme de verdade. E amou! Vadão a considerava dele a sério! Enternecida, a viadinha tirou as mãozinhas dos ombros fortes do macho, envolveu com as duas o rosto largo de seu homem, e o olhou de pertinho, com os olhos cheios d'água, falando:

- Se Seu Vadão quiser... eu sou só dele... num dou meu rabinho pra mais ninguém... nem encosto mais em homem nenhum...

Leia beijou Vadão com todo o amor que trazia em si, e o macho retribuiu. Comeu a bichinha com uma vontade louca, os dois suando muito no quarto de motel barato, apesar do ar condicionado. O taxista fez a passivinha gozar em seu colo, metendo e sugando suas tetinhas com selvageria. Depois o macho a fez gozar punhetando a piroquinha dela, com ela de quatro, enquanto ele metia com uma força animal, arrancando gritos da viadinha. Leia implorava por mais pica e gemia tão alto e femininamente que nenhum dos outros frequentadores do motel desconfiaria que a fêmea enrabada era um menino de 15 anos.

Curtindo pela segunda vez as contrações anais do orgasmo da viadinha, mordendo sua pirocona com a boca banguela, Vadão não gozou, mas cansou. Tirou a jeba de dentro carinhosamente, e se jogou na cama, ofegante de barriga pra cima. Leia deitou com a cabeça no ombro do macho, feliz da vida. Deu um tempinho olhando pro rosto moreno e bigodudo, e passando a ponta do indicador carinhosamente pelo contorno do nariz de Vadão.

Depois de uns minutinhos, quando o macho sorriu pra ela, a bichinha deu-lhe um carinhoso beijinho de estalinho e, vendo que a manjuba do homem ainda tava dura, perguntou bem sapeca:

- Seu Vadão quer que eu monte de novo na sua cobrona, ou... prefere gozar na minha boquinha?

O macho tava cansado, e pediu o boquete. Leia se esmerou, primeiro esfregando o rostinho dengosamente em todo o conjunto de saco, virilhas e pirocona suados de seu homem, agora fazendo isso à vontade, com seu corte de cabelo em cuia, sem medo de soltar a peruca que usava da última vez. Ronronava como uma gatinha e logo passou a lamber o suor salgado do saco raspado de Vadão, e depois todos os lados da jeba grande e grossa, sempre da base pra cabeça.

Leia não tinha pressa. Mas quando abocanhou a glande avermelhada e seu homem pressionou sua cabeça contra a piroca entendeu tudo. Vadão não tava pedindo uma garganta profunda. Ele queria era gozar logo, pra ir pra casa. Era sábado, e ele ia ficar com a família. Por ela, tudo bem. Tava ali pra isso mesmo!

A viadinha iniciou uma punheta firme na pirocona do macho, mantendo e sugando a glande quase toda na boca. Levou uns dez minutos, e seu braço até doeu, mas foi recompensada por uma leitada muito volumosa. Recebeu tudo na boca gemendo alto, e se aprumou e engoliu a porra, rindo satisfeita para Vadão.

No carro, levando Leia pra casa, o taxista cobrou da viadinha a tarefa que lhe tinha dado na segunda passada.

- Antão, Laila? Ligou pro teu boyzinho?

Leia pensou em mentir, inventar que tinha ligado e que Gil a tinha dispensado. Afinal, depois de tanto tempo ela achava que seu antigo namorado ia fazer isso mesmo. Mas de relance teve uma noção clara de que Vadão ia perceber a mentira. Contou a verdade:

- Liguei não, Seu Vadão... fiquei com vergonha...

- Porra, Viado! Te mandei ligar e tu não ligou? Que que tá acontecendo? Esqueceu quem é teu macho?

Leia assustou-se com o tom de voz brutal do taxista, e quase começou a chorar. Guaguejou um “desculpa, Seu...”, mas o macho não a deixou concluir.

- Desculpa é o caralho!... acho que tu não quer é que te coma mais!

Leia reagiu desesperada. Já achava que nunca mais teria a rola de Gil na sua vida. Ficar sem a de Vadão, também, seria o fim!

- Isso não, Seu Vadão! Faz isso não! Juro por tudo que é mais sagrado!

Continuaram calados até pararem a uns dez metros da casa de Leia. Estacionado o carro, Vadão se arrependeu de ter jogado duro com a bichinha e falou num tom conciliador.

- Tu vai ligar pra teu boyzinho, o Gilson...

- É Gil, Seu Vadão... ligo sim... juro...

- Isso... Gil... tu vai ligar pro Gil hoje e chamar ele pra conversar na tua casa, hoje de noite mesmo.

- E se ele não quiser mais saber de mim, Seu Vadão?

- Ele que perde. Um viadinho lindinho assim? Te arrumo outro namorado fácil.

Os dois relaxaram um pouco e Vadão, com pena da bichinha, colocou rápido a jeba pra fora, pela braguilha da calça social, e mandou:

- Agora dá um beijinho de despedida na boiúna do Tio Vadão!

Leia foi do inferno ao céu, e riu de seu empresário. Era dia claro, tinha um monte de gente na rua, e podiam ver! Mas aquilo também a atiçou. Mergulhou ligeira no colo do macho, abocanhou o naco da trozoba a meia bomba que tava exposto e deu umas três mamadinhas rápidas, terminando com um estalinho na ponta da uretra. Levantou-se rápida, rindo, e já ia abrir a porta do carro quando o taxista advertiu:

- Amanhã vô te ligar pra saber se tu fez o que mandei, hein? Espia lá!

Leia não perdeu o sorriso. Fez que sim e jogou um beijinho. Caminhava feliz pra casa quando viu Dona Verônica no portão, olhando espantada. A viadinha beijou a mãe no rosto, com a mesma boca que tinha acabado de mamar a rola de Vadão, e entrou direto, se perguntando se mamãezinha querida tinha visto ela se abaixar no colo do taxista.

Leia nunca saberia, mas Dona Verônica mesmo de longe tinha visto, e tinha quase certeza do motivo de seu filhinho abaixar a cabeça entre as pernas do motorista. Mas a mãe nunca perguntaria isso. Já era a terceira ou quarta vez que ela via o mesmo táxi trazer seu filhinho risonho e desmunhecado pra casa, e por isso ela tinha reparado de longe, quando o carro parou. A perspectiva de seu pequeno Lelio ser abusado por um homem adulto era muito pior do que a dele namorar um menino como Gil. Friamente Dona Verônica pensou que, no fim das contas Gil era um menino de boa família católica... e se Lelio era um fresco mesmo, que merecia ser feliz como menina, como padre Estéfano dizia...

Dona Verônica estava num processo de crescimento pessoal. Durante muito tempo se desesperou com a opção sexual de Lelio. Passou pela fase da raiva, culpando mentalmente Gil, e depois culpou as antigas professoras que não viram seu filhinho ser abusado na escola por outros meninos. O próprio Lelio tinha contado que Gil não tinha sido o primeiro!

Agora Dona Verônica começava a superar a fase da culpa atribuída a si mesma. Mas ainda achava que a falta de um exemplo masculino em casa tinha determinado a viadagem do filhinho.

Ajudada pelas conversas com padre Estéfano, que naturalizava o tesão e a sexualidade do menino, Dona Verônica começou a comparar na memória o Lelio carrancudo e triste de antes de assumir a viadagem, com o menino-moça afeminado mas feliz, em que ele tinha se tornado. O padre tinha razão! Lelio acordara para a vida. Amava! Com certeza alternava momentos de sofrimento e de felicidade, mas Vivia! E esse despertar servia de exemplo pra ela.

Pensamentos confusos, de voltar a ter um homem, começaram a assustar a mãe da viadinha. Decidida a sair da ostra da longa viuvez, e a se abrir para oportunidades, Dona Verônica passou a reparar num senhor negro, alto, de óculos e bigode grisalho, que sentava longe, na missa, mas que a olhava há tempos, na hora da comunhão. Ele usava aliança, assim como ela, mas estava sempre sozinho.

O olhar do desconhecido era inteligente e respeitoso, mas ainda assim Dona Verônica se sentia nua, quando passava por ele na fila da comunhão, e o senhor sentado virava a cabeça e a olhava dos pés aos olhos, sempre rindo amistosamente. Começou a retribuir olhando pra trás, depois de passar pelo negro, e os dois já se cumprimentavam de longe, com acenos de cabeça. Mas, na única vez em que o homem tentou falar com ela na saída da missa, a viúva deu-lhe as costas e fugiu quase correndo, puxando Lelio pela mão. Dona Verônica morria de medo da reação daquele desconhecido ao seu filhinho viado.

As coisas estavam assim, na confusa cabeça de Dona Verônica, no dia em que achou ter visto o filhinho, agora de cabelos lisinhos e mais afeminado ainda, beijar o pau do taxista dentro do carro. E depois ainda viu claramente, o viadinho jogar um beijinho pro homem, em plena luz do dia, quase na porta de casa. Controlou-se até o jantar, para provocar Lelio a respeito, toda nervosa mas com uma firmeza que não se lembrava de ter.

Leia, feliz da vida, tomou um longo banho, como se o sabonete apagasse de sua pele as marcas das transas recentes. No banho, pensou nos dois machos que a tinham comido naquele sábado, e na tripla missão emocional que tinha pela frente: esquecer do corpo, e especialmente dos beijos, carícias e piroca, do cliente; lembrar do quanto a pirocona de Vadão a tinha feito feliz, e se apaixonar por essa memoria; e ligar pra Gil convencendo a si mesma de que, se ele não lhe desse um pé na bunda, seria só um namorado de conveniência, exigido por seu dono de verdade, Vadão. Estava decidida a não deixar Gil faze-la sofre de novo!

Seus pensamentos foram interrompidos pela rosquinha dolorida, que reagiu ao sabonete queimando. Leia enxaguou bem o cuzinho, e depois de se enxugar abusou da pomadinha cicatrizante na olhota, e foi jantar com a Mãe.

Para surpresa de Leia, Dona Verônica estava decidida a ter com o filhinho a conversa mais séria da relação dos dois, durante o jantar. Nunca tinha visto a mãe assim, ao mesmo tempo severa e doce, controlada e racional, mesmo quando lhe perguntou:

- Lelio! Quem era aquele taxista que te trouxe aqui, antes da chuva?

Leia corou e ficou sem graça na hora. Será que sua mãe tinha visto o boquete de despedida? Tinha sido tão rápido!

- Né... néra ninguém não, mãezinha...

Dona Verônica segurou a raiva, e lembrou do conselho do padre Estéfano: “E se Lelio fosse uma menina? É assim que ele se vê, e não é doença! Acolha e respeite! Na idade dele, em nossa paróquia, a maioria das meninas já conhece o amor carnal”.

- Espia, Lelio... eu não sou lesa... esse homem já te trouxe aqui em casa outras vezes. O que que tá acontecendo?

Leia emudeceu. Precisava construir uma versão da verdade. Mas, enquanto pensava, sua mãe lhe deu o melhor presente que a bichinha poderia esperar, falando amorosamente.

- Filho... eu sei que tu gosta de meninos... sei que é gay... e mais ainda... padre Estéfano me contou que tu se vê como menina, né isso?...

Leia, assustada com a novidade, só conseguiu fazer que sim, com a cabeça. A mãe continuou:

- Antão... se tu quer ser assim, eu tenho que te tratar como menina... te respeitar... mas tu tem que se dar ao respeito, também... se tu fosse uma menina, da tua idade... eu não ia gostar... de te ver sair com um homem adulto... assim... não ia deixar... é muito melhor que você namore um rapaz de família, como Gil...

Dona Verônica falou quase chorando e Leia levantou de um pulo, pra correr e abraçar a mãe, agora já as duas derramando lágrimas. O coração da viadinha batia acelerado de felicidade. No mesmo dia de sua primeira prostituição arranjada, a mãe a acolhia como ela era! Sentiu-se compreendida como nunca, e trocou beijos enternecidos e juras de amor e de respeito com a mãe. Foi também o tempo necessário para construir uma versão sobre Vadão em sua vida.

Contou que o motorista se chamava Osvaldo, e que ria muito com as brincadeiras dele, e com os casos de taxista que ele contava, mas que não tinha nada com ele. Inventou que Vadão trabalhava para Dona Madalena, proprietária da agência de viagens onde ia trabalhar de aprendiz, depois da virada do ano, e que por isso a levava e pegava em casa, sempre que Dona Madalena queria lhe dar algum “treinamento”. Naquele sábado tinha rolado o futebol de fim de ano do pessoal da agência, e Dona Madalena tinha pedido pra ela ir. E por isso Leia tinha ido daquele jeito.

Mentira convenientemente aceita, nem mãe nem filhinho viado tocaram na cena de Leia mergulhando de cabeça no colo de Vadão. Mas a bichinha tinha prestado atenção no “é muito melhor que você namore um rapaz de família, como Gil”, e ia tirar vantagem da maravilhosa aceitação. Deu um tempo e começou a pedir, com jeitinho:

- Mãezinha... aquilo que a Senhora falou, sabe... eu quero muito ficar de namoro com o Gil... eu amo ele de verdade...

Dona Verônica corou, constrangida, mas sabia que aquele caminho de verdades era importante na relação com o filhinho viado. Mesmo assim, não conseguiu deixar de soltar um suspiro de contrariedade. Leia continuou:

- Eu juro por qualquer coisa do mundo, Mãe... amo Gil de verdade... padre Estéfano sabe que é verdade!

- Antão... fica com ele...

- Ah, Mãe... não é fácil assim, não. A Senhora não vê esses casos todos de violência contra gay? Até matam travestis de peia... a gente num pode namorar em lugar nenhum... até no cinema é perigoso...

Dona Verônica sabia que era verdade, e sabia onde Lelio queria chegar. Ficou ainda mais vermelha vendo que estava sem saída. Começou a fazer que sim com a cabeça, mecanicamente, e olhando fixamente para um quadro do sagrado coração, na parede atrás do filhinho, falando:

- Tá... tá... tá...

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Comentários

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Nossa, Nadja, tá demais isso! Os contos estão muito envolventes, escritos com talento literário mesmo. E o melhor, super excitantes!! Adoro a Leia e a feminização constante dela! 😘

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