LENDAS URBANAS: O CHEIRO INSINUANTE DO JASMIM

Um conto erótico de O BEM AMADO
Categoria: Heterossexual
Contém 2411 palavras
Data: 04/04/2020 20:24:35

Após uma tarde chuvosa, seguiu-se uma noite fria e seca; pouquíssimas pessoas se arriscavam a sair às ruas, quer fosse pelo clima, quer fosse por ser noite de sexta-feira; Douglas não tinha essa escolha; ele precisava trabalhar e ganhar o pão de cada dia; estava noivo e os preparativos consumiam muito dinheiro, e para compensar ele precisava trabalhar mais como motorista de aplicativo. E a noite não estava ajudando, com parcas e curtas corridas, o que ganhara sequer compensava o gasto com combustível.

Parou em uma lanchonete e fez uma refeição rápida; ao sair, olhou para o céu escuro, sem nuvens, sem estrelas e sem lua e pensou que o melhor a fazer seria voltar para casa e torcer que o dia seguinte fosse melhor o suficiente para compensar suas perdas. Entrou no carro e rodou; e estava mesmo indo para casa quando viu algo insólito.

Uma jovem com o vestido rasgado, acenava desesperadamente como se pedisse ajuda ou socorro; ele parou o carro e antes que pudesse sair para ajudar a jovem, esta abriu a porta da frente e entrou; ela chorava copiosamente e mal conseguia encarar Douglas, cujo olhar era espanto e receio. “Por favor, o senhor pode me levar para casa?”, ela pediu em tom de súplica com a voz embargada.

-Sim …, sim …, posso sim – Douglas respondeu, sem saber muito bem o que fazer – É só me dizer o caminho, moça.

Ela acenou com a cabeça e passou a orientar o rapaz para onde ir. Durante o caminho, o choro foi diminuindo até ser suprimido por um suspiro profundo. “Me perdoe pela grosseria …, meu nome é Valéria …, e o seu?”, ela disse ainda com a voz miúda.

-Meu nome é Douglas …, muito prazer Valéria – respondeu o rapaz, procurando manter o controle sobre a situação – Posso te perguntar o que aconteceu?

-Meu noivo …, ele é muito ciumento – ela respondeu com uma ponta de medo na voz – Eu disse que não queria mais nada com ele …, e foi quando ele fez isso que você está vendo.

-Acho que você deveria ir até a polícia e dar queixa dele! – comentou o motorista – Ele te agrediu também?

-Prefiro não falar disso agora, por favor! – ela respondeu em tom de súplica – Olha, é aquele prédio ali …

Douglas estacionou o carro, e Valéria começou a roupa rasgada procurando alguma coisa. “Olha, moça, se estiver procurando dinheiro pode esquecer …, foi uma viagem de cortesia, pois eu estava indo embora mesmo!”, disse Douglas com um sorriso discreto. A moça olhou para ele e devolveu o sorriso.

-Escute, será que posso te pedir mais uma coisa? – ela disse em tom hesitante – Você poderia subir comigo …, tenho medo de ficar só …, ele pode aparecer, sabe …, é só por algumas horas …, tudo bem pra você?

Por um minuto, Douglas não soube o que responder; estava tarde, a moça estava em choque e sua presença poderia não ajudar em nada. Todavia, ele acabou por aquiescer com o pedido dela. Deixou o carro estacionado e entrou com ela, subindo até o seu apartamento. Ao entrarem, Douglas ficou impressionado, pois tratava-se de um imóvel com certo luxo e algum requinte, que contrastava um pouco com o aspecto simplório da garota.

Valéria convidou o rapaz para que sentasse enquanto ela tomava um banho e vestia roupas limpas. “Se quiser beber alguma coisa, tem cerveja, refrigerante, vinho e suco na geladeira …, eu volto logo …, e se alguém tocar a campainha, por favor, não atenda!”, ela disse, desaparecendo no corredor que dava para o quarto. Douglas foi até a cozinha, abriu a geladeira e pegou um refrigerante. Sorveu a bebida em poucos e longos goles.

Sentado no sofá, assistia ao noticiário, com Valéria logo se juntando a ele; os cabelos escuros e ainda molhados lhe davam um aspecto mais suavizado e com alguma tranquilidade; naquele momento Douglas teve a oportunidade de observar melhor a moça: Valéria era uma morena linda de sorriso amplo, olhos profundos e gestos delicados …, “como alguém pode pensar em agredir uma mulher tão linda?”, ele se perguntava mentalmente.

-Se sente melhor? Acha que consegue ficar só? – perguntou ele, fitando os olhos intensos de Valéria.

-Posso te pedir para ficar um pouco mais? …, sua presença me faz bem – ela respondeu, aproximando-se mais de Douglas.

A proximidade permitiu que o rapaz sentisse o aroma perfumado que o corpo de Valéria exalava; era um aroma de jasmim …, ele conhecia bem aquele odor doce e envolvente, pois era o proferido de sua mãe. Deram início, então, a uma conversa suave e descompromissada, falando sobre tudo desde de ciências até música e cinema. E a cada momento que passava, Douglas sentia-se ainda mais envolvido pela presença sedutora de Valéria.

Era como se tudo que a afligia tivesse, simplesmente, desaparecido, dando lugar a uma aura de intimidade e segurança; por mais de uma vez, o rapaz pensou que, em outra situação, ele bem que poderia flertar com Valéria e, quem sabe, fazer aquela noite valer a pena! A conversa foi tomando um rumo mais íntimo e tórrido; Valéria contou como conheceu seu noivo, cujo nome era César, praticante de artes marciais e dono de uma academia especializada. Contou também que, no início, a relação era repleta de carinho e afagos, até que o comportamento do noivo mudou; ele se tornou ciumento, desconfiado e, por fim, agressivo! E naquela noite, depois de uma discussão acalorada, ele acabou por agredi-la, rasgando suas roupas e deixando-a abandonada, mas prometendo retornar para matá-la!

-Você me protege? Por favor? …, apenas hoje …, estou com muito medo – ela suplicou, abraçando Douglas e repousando sua cabeça no ombro dele.

Repentinamente, o rapaz viu-se envolvido em uma teia de sedução da qual não conseguiria escapar sem ferir a moça; ele a abraçou e disse que ficaria com ela. Valéria olhou para ele, sorriu e, instintivamente, seus lábios procuraram pelos dele. O beijo, inevitável, foi longo profundo e muito carregado de desejo. E foi, então, que Douglas entregou-se ao desejo que ardia em seu interior.

Ao beijo, seguiram-se carícias, toques e gestos carregados de impetuosidade; em dado momento, Valéria livrou-se do roupão, mostrando sua nudez inquietante; Douglas olhou aquelas formas perfeitas e voluptuosas ao alcance de suas mãos e entregou-se de vez à insanidade do desejo de macho gritando em seu interior. Ele segurou as mamas redondas em suas mãos e deliciou-se com os mamilos intumescidos que pareciam implorar para serem apreciados. Eles sugou cada um deles, alternando-os em sua boca, ao som dos suspiros de Valéria que acariciava seus cabelos.

No calor do momento, Valéria deitou-se no sofá, enquanto Douglas escorregava em seu corpo, até que sua boca encontrasse a vagina lisa e linda, que a própria garota abria com a ponta de seus dedos, oferecendo-a ao rapaz para que saciasse sua fome de sexo, o que ele fez, mergulhando a cabeça entre as pernas dela e saboreando aquela suculência.

Valéria gemia e se contorcia como louca, dominada pela língua hábil do rapaz que sabia extrair o máximo de prazer para sua fêmea. O odor de jasmim imperava, fluindo para as narinas de Douglas, que se regojizava com o cheiro e o sabor da vagina de Valéria. Incautos e tomados pela luxúria do momento, não perderam tempo, com Valéria gemendo ante a sucessão de orgasmos que a boca de Douglas lhe proporcionava num ritmo sem fim.

Como dois tresloucados, precisavam seguir em frente com aquela fúria de desejo; Valéria desvencilhou-se do rapaz, e fez com que ele se despisse; fê-lo ainda deitar-se sobre o sofá, exibindo seu mastro rijo e exuberante aos olhos gulosos da fêmea que dizia com voz lânguida: “Agora é minha vez de sentir todo o seu sabor!”. Sem rodeios, Valéria se posicionou e segurou o membro com uma das mãos, passando a lambê-lo com intensidade, sentindo toda a sua extensão.

Inadvertidamente, Valéria abocanhou o instrumento, fazendo com que ele desaparecesse dentro de sua boca, e aplicando um sexo oral deliciosamente sensível, sugando e lançando o sexo viril de seu parceiro e levando-o ao auge de um arrebatamento sem limites. Douglas jamais sentira tanto prazer na boca de uma mulher, que além de fazê-lo com maestria, exibia um olhar estimulante e cheio de devassidão.

Algum tempo depois, Valéria subiu sobre Douglas e com sua ajuda permitiu-se ser preenchida pelo enorme membro, gemendo e suspirando de prazer ao sentir aquele pedaço de carne pulsante invadir suas entranhas. Ela passou, imediatamente, a cavalgar seu macho, subindo e descendo sobre o membro cada vez com mais rapidez, não demorando a irromper em uma nova sucessão de orgasmos, cada um mais intenso que o anterior.

Ficaram assim por algum tempo, com a madrugada sucedendo a noite, enquanto os dois amantes usufruíam de seu desejo incontrolável. Depois, foi a vez de Douglas submeter sua parceira, colocando-se entre suas pernas e penetrando-a com um único golpe. Os movimentos pélvicos do rapaz também eram dotados de um vigor renovado, o que redundou em novos orgasmos em sua parceira que já não mais cabia em si de tanto prazer que recebera do rapaz que a salvara de um destino, provavelmente, trágico.

Pressentindo que seu gozo se avizinhava de forma inexorável, Douglas confidenciou a Valéria que não conseguiria mais conter o orgasmo que estava prestes a explodir e inundar as entranhas dela. A jovem olhou para ele e passou a retribuir os golpes pélvicos, jogando seu ventre contra o dele, incentivando-o a atingir seu clímax. E esse extravasamento aconteceu como uma eclosão quente e caudalosa, invadindo as entranhas de Valéria e deixando-a ainda mais excitada em antegozar o momento em que seu macho a transformava, definitivamente, em sua fêmea!

Exauridos de energia vital, o casal quedou-se sobre o sofá, único confidente daquela noite de desejo e amor entre duas pessoas. Valéria aconchegou-se ao corpo de Douglas, como se quisesse fazer parte dele, depositando nele a confiança de uma mulher em seu homem, seu protetor e seu confidente. Enquanto recuperavam-se de tanto esforço físico, Douglas quis saber mais sobre o tal César, mas por mais que insistisse, Valéria se esquivava, sempre de uma forma delicada e gentil, até o momento em que confidenciou com voz terna: “Não quero falar dele …, não quero pensar nele …, não agora …, não nesse momento …, só quero ficar ao seu lado e me sentir segura!”.

Douglas compreendeu as palavras de Valéria e nada mais perguntou, voltando a beijá-la e abraçá-la para que ela sentisse que estava protegida e segura. Ao longo da madrugada, Douglas e Valéria ainda retomaram o delicioso jogo do prazer, com suas bocas saboreando, mutuamente, o sexo do outro; o odor de jasmim ainda inebriava o rapaz que sentia o sabor quente e agridoce, causando-lhe uma vontade sem fim de permanecer ao lado de Valéria, esquecendo de que havia um mundo do lado de fora daquele apartamento, e que a vida se resumiria em uma longa de infindável noite de amor insano e ilimitado. E depois de tanto amor e prazer o casal adormeceu profundamente, tomados por um sono ancestral que lhes roubou, por completo, a consciência …

Os poderosos raios solares de uma nova manhã feriram os olhos de Douglas que viu-se forçado a acordar; com a vista embaçada e os sentidos ainda entorpecidos, ele olhou ao redor, e aos poucos foi tomando consciência da realidade …, “que lugar era aquele?”, ele pensava, não reconhecendo o apartamento de Valéria. Ele estava em um ambiente em ruínas, com toscas paredes mal cuidadas e janelas quebradas; não havia móveis e muito menos qualquer sinal de Valéria; viu que estava nu e procurou desesperadamente por suas roupas que não demorou a encontrar jogadas sobre uma cadeira.

Vestiu-se e ao ganhar a rua percebeu que o lugar também era outro! Um velho edifício situado na parte abandonada do centro da cidade, um antro de drogados e malfeitores; preocupado em sair dali o mais rápido possível saiu no encalço de seu carro, que logo localizou em uma rua próxima; enquanto caminhava na direção dele, viu um mendigo acomodado entre caixas de papelão e retalhos de tecido seboso. “Aí, garotão! Se deu bem essa noite, hein?”, ele disse com a voz rouca e arrastada.

Douglas não lhe deu atenção, exceto quando, chegando ao seu carro, viu o sujeito ficar de pé e alertar: “Foi bom, né, moleque? Mas fica esperto …, aqui vigora e lei de uma vida por outra …, e a garota te procurou porque precisava de alguma redenção! Fique ligado …, a cobrança vai chegar logo …, e depressa …”.

-O que você quer dizer com isso, seu maldito? – vociferou o rapaz, mantendo a guarda.

-Você vai saber …, não esquenta – respondeu o sujeito, enquanto reunia seus pertences e afastava-se dali – A garota te escolheu …, alguém salva …, alguém morre …, é assim que funciona, viu …, segue teu caminho agora …

Antes que pudesse interpelar o mendigo, este dobrou a esquina; Douglas ainda correu em sua direção, mas, ao virar a mesma esquina percebeu que o sujeito, simplesmente, desaparecera! Por algum tempo, ele ficou ali, tentando entender tudo que havia acontecido, mas com a cabeça doendo e sentindo um enorme cansaço decorrente do esforço da noite anterior, Douglas se viu obrigado a voltar para o seu carro.

Rodou até encontrar uma loja de conveniência, onde saciou sua fome profunda, tomou um analgésico para dor e voltou para seu carro. Pôs-se, então, a pensar em tudo o que acontecera na noite anterior, prestando atenção nos detalhes e procurando por respostas; voltou para sua casa onde tomou um longo banho, barbeou-se e trocou de roupa. Depois de sorver um café, viu que não tinha coragem para ir ao encontro de sua noiva, pois, sua consciência, além de pesada, ainda estava turvada pelos acontecimentos.

Vasculhou a internet em busca de alguma notícia sobre Valéria, mas, infelizmente, tudo restou infrutífero. Almoçou e decidiu que o melhor a fazer era trabalhar, e, assim foi para a rua. Muitas chamadas que redundaram em muita corrida, ajudaram Douglas a sedimentar os acontecimentos da noite anterior e recolocá-lo nos trilhos.

Passava das onze da noite, quando ele decidiu desligar o aplicativo e voltar para casa. No trajeto, recebeu uma mensagem do gestor da empresa a quem se subordinava, pedindo que ele atendesse uma última corrida. Douglas respirou fundo, colocou o endereço no navegador e seguiu em frente. Um homem musculoso de longos cabelos escuros e barba cerrada entrou no carro sem nada dizer. “Boa noite …, como posso chamá-lo?”, perguntou Douglas querendo se entrosar com o passageiro.

-Você já me conhece, rapaz – disse o sujeito com voz gutural – Meu nome é César …, noivo da Valéria …, lembra-se dela, não é? …, espero que sim …, pois, a sua vida me pertence!

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