MEU MELHOR AMIGO HETERO (História Real) — Parte 9.

Um conto erótico de ...
Categoria: Gay
Contém 2403 palavras
Data: 18/08/2020 03:41:38
Última revisão: 18/08/2020 03:55:21

De frente para Lucas, dei início ao papo.

— Aí, Lucas, bora trocar um papo.

— Eu vou dormir, tô mó cansado.

— Porra cara, quê que tá acontecendo contigo? Nem fala mais comigo, parece que eu não existo... E esse monte de caixa aí? Tu tá de mudança?

— É, eu ia falar contigo, vou me mudar amanhã.

— Amanhã? E tu ia falar comigo quando?

— Pedro, não força a barra cara. Oh, eu tô indo dormir, amanhã vai ser um dia cheio, tá ligado?

Lucas se virou, ja ia sair para o quarto. Mas quando eu comecei a falar, ele parou e me olhou.

— Cara, foi mal por aquele dia. Na moral, desculpa. Eu não sei o que deu em mim pra ter feito aquela merda, mas eu já fiz, não tem como voltar atrás. Foi mal mermo.

Lucas não disse nada. Em seu rosto dava para ver que aquela situação era mais embaraçosa pra ele do que pra mim.

— Não queria que tu se mudasse não. A gente podia resolver isso numa boa, mas se tu quer ir...

— Como que a gente resolve isso, Pê? Tu me deu beijo lek, papo reto eu nunca esperei isso de tu. Tu sabe que eu não tenho nada contra, mas é que eu não sou gay, tá ligado?

Eu nada respondi. Como eu disse, a situação era mais embaraçosa pra ele do que pra mim. Aquela altura eu já sabia que eu curtia homem, que aquele cara que tava na minha frente, o meu melhor amigo, era um cara atraente, gostoso e que me dava muito, mas muito tesão.

— E eu também não sabia que tu era gay... — ele continuou.

— Eu não sou. Sei lá... Eu senti vontade de fazer aquilo. Já te disse cara, que eu não sei o que porra deu em mim, mas deu vontade. Desculpa mano, na moral. Tu não sabe no quanto eu pensei nisso, em uma forma de chegar e pedir desculpa. Tô com uma vergonha do caralho aqui. Mas se tem uma coisa que eu aprendi contigo, é assumir um erro e pedir desculpa. E eu tô fazendo isso.

Lucas sentou-se ao sofá, inclinou o corpo para frente, apoiou os dois braços no joelho e abaixou a cabeça. Eu continuava em pé, sem tirar o olho daquele cara. Eu passava confiança, estava arrependido e não problema em demonstrar.

— O pior foi que eu também fiquei pensando nisso — Lucas pontuou, me deixando surpreso. — Sei lá, isso ficou rodando na minha cabeça. Achei mó bagulho estranho... Fiquei com raiva, tá ligado? Deu vontade de te dar um tapa, papo reto. Não quis trocar um papo e fiquei te evitando porque achei melhor assim, eu achei que tu tava apaixonado por mim... Tu sabe que eu sou hetero, não curto essas paradas... Não queria te confundir.

— Não tô apaixonado por tu não, na moral — menti. Achei melhor que fosse daquele jeito, Lucas não precisava saber sobre o que eu sentia — E tu ter parado de falar foi foda pra mim, mas ver que tu planejou uma mudança foi mais foda ainda. Não queria que tu fosse não, papo reto. Ainda mais desse jeito.

— Eu tenho que ir dormir Pê. Amanhã a gente conversa mais. — ele quis sair.

— Não cara, bora resolver esse assunto logo. Diz aí se você vai se mudar mesmo, por que não dá pra ficar nesse apê aqui, é grande demais pra mim. Eu vou ter que me mudar de novo, pagar a multa pela quebra do contrato, vou ter que fazer mudança também. Então eu quero que tu me fale se vai se mudar ou não.

— Eu não sei, beleza? Eu não sei. — Lucas alterou um pouco a voz. Ele estava, aparentemente, confuso, como eu estava uns dias atrás. — Deixa eu pensar se eu vou ou não. Amanhã eu te falo.

Lucas levantou-se e foi pro quarto. Não sei se dormiu de cara, mas ele saiu bastante confuso e machucado. Aquela conversa não tinha resolvido nada, nem pra mim nem pra ele. Tudo tinha ficado pior, só que com um detalhe a mais: o beijo havia mexido com Lucas também, pois, como ele mesmo disse, ficou remexendo em sua mente, assim como na minha. Fui deitar com aquilo na cabeça. Conhecendo Lucas como eu conhecia, eu imaginei que ele ia, sim, se mudar dali, então eu enviei uma mensagem para o meu pai, dizendo que tínhamos brigado e que eu precisaria me mudar novamente, pedi para que ele me ligasse assim que acordasse, para que resolvessemos tudo.

Acordei por volta das 6h com o celular tocando. Era o meu coroa.

— Pedro, acordei agora e vi sua mensagem. Que que tá acontecendo que o Lucas tá querendo sair daí?

— A gente meio que brigou... — falei, ainda sonolento.

— Mas não é assim que funciona as coisas. Briga tem em todo canto, e vocês são amigos, logo logo isso resolve.

— Não pai, não é fácil assim...

— Foi coisa seria?

— Foi.

— E agora?

— Vou ter que ir praquele apê de novo. .

— Olha, eu queria conversar com vocês dois. O Lucas vai tá de serviço hoje?

— Acho que não. Ele disse que ia se mudar hoje.

— Então eu vou aí, pra gente conversar. Chego no almoço, a gente almoça fora e conversa.

— Não pai, não precisa vir não, é melhor nao se meter.

— Já decidi, lá pras onze e meia, meio dia eu chego no Rio. A gente se encontra em algum restaurante. Avisa ao Lucas. — E desligou. Meu pai era um cara bem de boa, me apoiava muito, mas quando metia uma ideia na cabeça...

Levantei. Lucas já estava acordado, estava na cozinha fazendo um café. Chovia muito lá fora, as trovoadas e pancadas faziam muito barulho. Em cima do balcão da cozinha, vi uma chave de carro, estranhei.

— Bom dia. — eu disse.

— Bom. — Lucas respondeu, frio.

— E essa chave aqui...? — eu mostrei a chave do carro à Lucas.

— Eu tô com o carro de um amigo aí.

— Ah.

Silêncio entre nós dois. Única coisa que se ouvia era a chuva cair no asfalto. Eu tive que quebrar o silêncio.

— Tava falando com o pai agora, eu disse a ele que ia ter que me mudar de novo, pedi ajuda... Ele disse que quer almoçar com a gente hoje.

Lucas escutou, mas não respondeu. Estava concentrado em seu café.

— Ele vai avisar quando chegar.

— O tio perguntou o motivo?

— Perguntou, eu disse que a gente tinha brigado.

Pela primeira vez naquela manhã, Lucas me olhou, sério. Ele aparentava querer dizer alguma coisa, mas não disse.

— Se nao quiser ir, não tem problema.

— Eu vou. — disse Lucas, sério e decidido.

Não falei nada mais, apenas voltei pro quarto. Eu não sabia como ia ser aquele almoço, mas estava com um pressentimento bom, de que tudo ia se resolver.

Por volta das 12h, Lucas e eu já estávamos prontos pro tal almoço. Nós dois estávamos de bermuda jeans, sandália e uma camisa polo, nada muito formal. Meu pai ligou, disse o nome do restaurante que estava, era um pouco longe, mas pelo que ele dizia, a comida era excelente. Lucas e eu fomos ate la no carro do amigo de Lucas que estava com ele. Nao trocamos uma palavra durante a viagem, longa por sinal. O restaurante ficava um pouco afastado da grande cidade, tinha ate uma estrada de barro no caminho. A chuva forte, inclusive, nos fez atrasar um pouco. Mas chegamos.

Sentamos à mesa com meu pai, fizemos o pedido e começamos a conversar. Meu velho era muito bom com as palavras, mas eu estava com medo do que aquela conversa podia render.

Pai: Então, como é que vocês estão?

Lucas: Bem.

Eu: Bem.

Pai: E o que foi que aconteceu que vocês nao querem mais dividir o apartamento?

Não sei para onde Lucas estava olhando ou o que ele pensou em responder, mas eu estava cabisbaixo, sem ter uma resposta sequer.

Pai: Não vão falar nada?

Lucas: Ah tio, o Pedro é muito cabeça dura. Não dá certo da gente morar junto, eu não tô gostando. É muita coisa, sabe?

Naquele momento, eu levantei a cabeça e olhei diretamente para Lucas. Ele não iria falar a verdade pro meu pai, provavelmente por vergonha, e, uma hora ou outra, iria jogar a mentira pra mim. Infelizmente, mesmo eu não gostando de mentir pro meu pai, eu teria que dançar aquela dança.

Lucas continuou: Eu acho que seria melhor se eu me mudasse, pra evitar briga, conflito, essas coisas.

Eu: É, eu também acho — concordei, extremamente chateado com a situação.

Pai: Mas não é assim que funcionam as coisas. Voces sabiam que dividir um apartamento com um amigo é quase a mesma coisa de um casamento? Você começa a ter responsabilidade, a ter problemas em casa, uma briga aqui, outra ali... faz parte. Não é porque a gente briga uma vez que já pensa em separar. Se eu fosse sair de casa toda vez que eu brigo com a tua mãe... Isso não existe. E vocês são amigos, caramba, desde molequinhos. Não vale a pena querer se mudar ou parar com a amizade por causa de uma briguinha boba, não. Eu nem sei o que é, mas so de vocês não quererem me contar, eu já sei que é bobeira. Então Lucas, pensa melhor nisso, sério. Não vale a pena. O negócio é vocês serem sempre sinceros um com o outro. Sinceridade é sempre a chave.

Nós dois queríamos ter entendido aquele conselho do meu pai. Mas não era nada daquilo que precisavamos ouvir. O nosso problema era outro, bem diferente daquele. Porém, fingimos que entendemos. O almoço seguiu normalmente, meu pai continuou nos dando conselho e nós dois só balançavamos a cabeça, fingindo aceitar.

Após todo aquele papo, nos despedimos. Papai seguiu o seu caminho pra sua cidade e Lucas e eu entramos no carro pra voltar pro apê. A chuva continuava forte lá fora, até nos molhamos um pouco antes de entrar... Lucas seguiu o caminho. Nada dissemos. Minha cabeça estava cheia de coisa, mas uma coisa eu sentia vontade de perguntar, mas fiquei quieto enquanto pude.

Estávamos bem no carro, até o pneu dianteiro furar. O carro já estava balançando.

— Puta que pariu! — Lucas desceu do carro, às pressas, para conferir o que nós dois já sabíamos. Ele rapidamente entrou de volta, um pouco molhado.

— Pneu furou mermo? — perguntei.

— Furou. Que porra. Puta merda.

Estávamos numa estrada tecnicamente deserta, debaixo de uma chuva forte, e com o pneu furado. Não sabíamos o que fazer.

— E agora? — perguntei.

— Vou tentar ligar pro reboque.

Lucas pegou o celular e discou um número.

— Xande, tu não sabe. O teu pneu furou...... Tô meio longe...... me dá o número de algum reboque, não se preocupa, eu vou pagar tudo...... Diz que eu anoto aqui....

Lucas me deu um toque para anotar o número enquanto ele ditava. Em seguida, ele ligou para o reboque; informou a situação e o endereço de onde estávamos, mas, por causa da distância e do engarrafamento na cidade devido a chuva, iam demorar bastante para chegar, algo em torno de uma hora, uma hora e meia... Não tínhamos o que fazer, a não ser esperar. E foi isso que fizemos... E uma coisa a mais.

Se passaram dez minutos. Eu estava com a cabeça colada a janela e Lucas, encostado à seu banco. Silêncio entre a gente. Em minha cabeça se passava um montão de coisas e como eu podia ter evitado tudo aquilo se não tivesse beijado Lucas aquele dia. O pior é que já estava ficando chato, eu não aguentava mais pensar naquilo. Mas, de repente, uma frase dita pelo meu pai apareceu em minha mente, e aquilo mudou a minha vida: 'Sinceridade é sempre a chave'. Aquelas palavras faziam sentido, claro que faziam. Como eu não tinha notado? Eu nao sabia se Lucas ia se mudar ou não, mas eu não podia deixá-lo ir sem antes ser 100% sincero com ele.

— Vão demorar uma eternidade pra chegar... — eu disse, tentando puxar conversa.

— Só resta esperar...

— Aí, tu já decidiu se vai se mudar ou não?

Lucas respirou fundo, ele não sabia o que fazer, o que dizer, o que pensar.

— Não sei se tu vai sair lá do apê ou nao, mas eu queria que tu soubesse de uma coisa.

— O quê?

— Eu não fui totalmente sincero contigo ontem. Tem uma coisa que eu queria que tu soubesse antes de se mudar.

— Fala.

Eu olhei para Lucas e, com toda coragem dentro de mim, disse a ele o que sentia.

— Ontem tu disse que tava me evitando com medo que eu confundisse as coisas, com medo que eu me apaixonasse. Daí eu menti. Eu tentei negar. Mas não dá viado. Não dá. O pai disse hoje que sinceridade é sempre a chave né? Então... com toda a sinceridade que eu tenho aqui, tô te dizendo a verdade: eu acho que eu me apaixonei por tu. Papo reto. Não sei o que aconteceu, não sei, não sei. Sempre curti mulher, sempre curti ficar com mulher, mas eu não sei o que rolou, eu me apaixonei por tu, serião. Eu não queria que isso acontecesse, mas aconteceu.

Lucas continuou do mesmo jeito que estava: cabeça encostada ao banco, braços cruzados e visão reta. Parecia que ele já sabia o que eu sentia, o que eu ia dizer. Mas isso era apenas com ele. Eu não sabia que o que podia acontecer, e naquela altura eu já estava achando que a mudança dele era o necessário. Mas ele me provou que não.

— Acho que eu não fui tão sincero contigo também...

Eu abaixei a cabeça, triste, magoado, esperando que Lucas dissesse qualquer coisa, menos o que ele disse:

— Quando eu te falei que aquele beijo ficou rodando na minha cabeça... ficou mermo. Eu fiquei pensando naquilo demais...

Nisso, eu olhei para Lucas, sem entender onde ele queria chegar. Lucas olhou pra mim e completou:

— Acho que eu curti. Acho que fiquei pensando tanto nisso porque... eu queria de novo.

Não acreditei naquelas palavras. Tomei um susto grande, minha boca abriu-se levemente. Lucas não tirou o olho de mim, e eu pude perceber que o cara tava realmente falando a verdade. De seu olho esquerdo, escorreu uma lágrima. Eu não consegui identificar o que significava aquilo, mas Lucas teve uma atitude, a que eu desejava por tantas noites. Ele, levemente, levou sua mão ate meu rosto, se aproximou com cuidado e me beijou.

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Comentários

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Caaaaraaalhoooooo!!! Alguma produtora lê essa porra!! Caralho, certo que acabei de descobrir esse site e junto com esse site também descobrir que existem contos... Mas até agora essa é disparada a história mais top e a narração mais do caralho que pude ver. Puta que pariu!!

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Primeira vez que acompanho uma história, tô amando o Negócio que tem que ficar esperando atualizar mais por favor não abandone o texto

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Continua logo. Estou amando o teu conto.

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Agora sim, espero que o Lucas seja verdadeiro desta e vez e se aceite bi. Só assim poderá ser feliz.

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Nossa muito bom esperando muito os proximos

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Seu conto é muito foda mano, sua história com Lucas parece ter sido incrível (assim espero haha). Não demore a postar e não abandone o conto, como tantos outros fizeram com outros contos incríveis.Nota 10!!!

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que o Lucas se peita ser feliz ao lado do amor e da sincero

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Concordo com Martines essa pica enrustido talarica vai botar boneco.

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Amor é tão forte que tudo o que é certo se desfaz. Quem nunca se percebeu apaixonada!

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Esse Xandy aínda vai ser um b.o, tu vai ver só... ele é o amigo que pegou no membro do Lucas!

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Esse Xandy aínda vai ser um b.o, tu vai ver só... ele é o amigo que pegou no membro do Lucas!

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