Minha sorte/destruição 3

Um conto erótico de XXSBF
Categoria: Homossexual
Contém 1585 palavras
Data: 10/02/2021 18:11:26

Eu sabia de poucas coisas, aquele horário, não conseguia tirar conclusões por conta própria, na verdade eu não conseguia raciocinar perfeitamente.

Na medida que a hora passava eu ficava mais e mais inconsciente, talvez se eu parasse de beber ajudasse um pouco, mas quem disse que eu queria? Não queria ajuda, suporte, ou um conselho. Tudo que eu queria era que me deixassem em paz, de preferência que fossem pra puta que os pariu.

Oz já tinha desistido de mim. Não fui atrás dele depois daquele triste dia, e talvez eu não quisesse falar em voz alta o quanto eu estava mal. Infelizmente as atitudes têm consequências. Faltando assim, apenas eu para desistir de mim mesma.

Semanas difíceis e fins de semana improváveis se estenderam após isso, queria apenas não mais sentir, queria apagar tudo de uma forma ou de outra.

Estava se aproximando do aniversário de um grande amigo de infância, marcamos de nos encontrar e comemorar no domingo seguinte, o que parecia perfeito. No dia marcado cheguei cedo na chácara e já estavam praticamente todos lá, eram poucas pessoas... Falei com todos e de cara já me tiraram sorrisos sinceros, lembrar da infância é tão maravilhoso que eu não poderia estar mais aliviada por estar ali. Me afastei um pouco pra fumar um cigarro. Agatha se aproximou de mim e perguntou se tinha um outro cigarro, passei um pra ela e ascendi. Puxando assunto ela pergunta se eu já tinha visto Karla, que ela estava lá pra dentro.

- Não, quando eu cheguei ela já devia estar dentro da casa, pois não a vi ainda.

- Ela está com Heitor.

- Namorado dela?

- Como assim Alana, você não sabe quem é Heitor? Instagram? Tiktok? Planeta Terra?

- Você jura? Fala logo.

- É o filho dela, e ela separou, não está mais casada com aquele estúpido. Você nunca sabe de nada né.

- Um baby boy? MDSSSSSS!

Terminamos de fumar e eu quis logo entrar pra vê-los, fazia muito tempo que eu não via a Karla, deu pra perceber. Ela estava com ele na cama, com várias cobertas por de leãozinho, ele um bebê fofo de apenas meses, olhando para o celular que passava um desenho e ela em pé, de olho nele. O bebê não fez nenhum mal àquele corpinho que ela tinha, muito pelo contrário, ela conseguiu ficar ainda mais linda, o que antes me parecia impossível. Ela era uma menina loira, paulista, com aquele sotaquezinho que nunca saía dela, a pele cheia de tatuagens e um piercing na sobrancelha. Muito, muito linda. Nos cumprimentamos e ela falou sobre eu estar cheirando a cigarros. Cheirando quem fala é quem gosta, e todo mundo no mundo sabe disso.

Tinha uma piscina lá fora esperando o primeiro a criar coragem pra cair dentro naquele começo de tarde de um domingo que só me surpreendia.

Estávamos com um freezer cheio de cerveja, energético e whisky, e umas águas minerais.

Bebi um pouco e saia de vez em quando com Agatha para fumar atrás da casa, por causa do bebê de Karla, e meu deus, eu mesma fazia questão de não incomodar aquele pequenino, o mais fofo e feliz. Que logo descobri ser o mais feliz de todos nós, quando decidi levar ele pra tomar banho na piscina, com todas as proteções (e depois de jurar pela minha vida que não estava bêbada e conseguiria fazer àquilo). ((Sério, eu jurei)) Mas eu realmente não estava bêbada, até então.

Karla queria que eu sorrisse pra foto dela no instagram do Heitor, sim ele tinha um e eu não. Sorri e ele também, me deixando abobalhada. Se tem algo que me descreva naquele dia é isso: abobalhada.

Até que deixei esse contexto para o contexto bêbada sorrindo de tudo que nosso amigo Eduardo falava. Ele era o idiota da turma, sempre tem o idiota.

Eu estava atrás do meu bebê favorito, gritando “meu sobrinho”e fui atrás dele no quarto onde ele passou maior parte do tempo. Quando cheguei na porta bati antes de abrir devagar, e estava no fim da tarde, a luz do quarto tinha caído e já precisava de energia elétrica e Karla estava vindo em direção a porta mandando eu calar minha boca de bêbada, mas eu juro que não tinha feito muito barulho. Só estava gritando um pouco.

- Cadê ele? Vim chama-lo pra banhar de piscina!

- Ele dormiu e você enlouqueceu, né?! Já está de noite.

- E o que é que tem? Ele é o mais saudável de todos nós, eu tô louca pra cair naquela piscina mesmo sabendo que amanhã de manhã...

Karla caiu na gargalhada.

- Tinha esquecido o quanto você é idiota, sabia?

- E eu tinha esquecido o quando seu sorriso é gostoso.

Eu juro que foi simultâneo, quando eu abri a boca pra falar ela falou junto comigo:

- E não é só o sorriso – eu disse.

- Só meu sorriso? – ela perguntou.

Eu não me contive, meu impulso agiu por minha conta, parei e voltei de encontro a ela saindo do jardim pela parte de trás da casa, contrário a piscina e ao grupo de todo mundo, restando apenas nós duas ali. A minha intenção de bêbada era beijar logo a Karla e saciar esse desejo já desde infância, mas a minha razão só foi capaz de ir contra ela e parar a míseros centímetros de distância.

- Acho que você enlouqueceu de verdade – ela disse se aproximando do meu beijo.

Não consigo descrever um beijo tão gostoso que eu jamais tinha provado igual. Até o beijo se encaixar é o momento mais perturbador pro beijo alcoolizado, mas logo o corpo dela estava praticamente entre o meu, quase fazendo parte de mim de tão próximo. Ela tinha a mão macia, suas unhas com pontas afiadas arranhando minha pele com carícias.

Ao fim do beijo ela entrelaçou a sua mão esquerda na minha, depois de caminhar com os dedos pelo meu corpo. Desviou o olhar debaixo pra cima, de minhas mãos, pelo meu biquíni laranja verão, minha tatuagem no pescoço até chegar aos meus olhos, eu estava embriagada, mas eu precisava guardar aquela imagem, daqueles olhos mudando de doce para sorrateiro, bem ali na minha frente. Como uma cobra prestes a atacar.

- Eu era doida pra ficar contigo, Lana. Aquelas brincadeiras, as mensagens, o ciúme, eu gostava de você. Os meninos viviam enchendo o saco porque você era apaixonadinha por aquela garota, Isadora. Você arrastava um caminhão por ela, e todo mundo sabia.

- Isa hoje é só uma cicatriz – falei, o que era a porra de uma verdade literal. Mas isso era a última coisa na minha cabeça, e muita coisa passava pela minha cabeça.

- Por que você não me ajuda a levar o Heitor pra casa? – ela perguntou, ainda com uma de suas mãos no meu rosto.

- Claro, eu tô de carro, levo vocês em casa.

- Mas eu vou dirigir – eu quis teimar um pouco só porque eu sou teimosa mesmo, porém o guri dela né. Ela tinha mais que razão, ela não tinha bebido porque ainda estava amamentando - antes de você voltar a beber vem aqui.

Ela me puxou para mais um beijo, um beijo que durou, um beijo gostoso que só me fazia querer tirar aquele pedaço de roupa.

- Vamos sair logo daqui, por favor.

Quando saímos de volta pra onde a turma, quis rir imediatamente, pela cara de Agatha, mas me mantive séria. Bebemos mais uma hora mais ou menos, jogando conversa fora e rindo do passado. Então falei que já precisava ir, que ia aproveitar a carona de Karla. Alguns deram tchau e benção, enquanto outros sorriam cinicamente.

Heitor ainda foi dormindo, nos meus braços, e diferente de mim, ela dirigia devagar e com cuidado. Eu olhava pro rostinho doce dele e em seguida olhava pra ela.

- Não acredito que você já tem um filho.

- Tem quase 11 meses e eu não me acostumei ainda, mas ele é tão fofo Alana, ele não é só um rostinho bonito, ele é dócil, carinhoso. Ele é o meu carinha, o meu amor, a única coisa importante na minha vida.

- Eu imagino que deva ser indescritível. Quero um filho também, mas sabe... sem um pai de preferência.

Ela caiu na risada.

Fomos o restante do caminho falando sobre o restante do pessoal. O tanto que eles faziam falta, e que alguns já tinham ido ver o bebê ou na maternidade ou na casa dela. Daí fui me explicar.

- Mil desculpas por nunca ter ido ver vocês, pra ser sincera eu nem sabia do Heitor, eu desativei minhas redes sociais e sabe, estava meio cativa esses tempos.

- Eu soube.

-Soube?

- Todo mundo soube, Lana, nós só queremos que você fique bem, e mesmo que você não toque no assunto, a gente sabe que você tem problemas com garotas com o nome ISA.

- Você conseguiu me atacar de diversas formas com esse seu comentário maldoso.

Ela sorriu.

- Ainda bem que K está próximo de I mas não passa disso.

- Porra agora você me tirou as palavras.

- Quero tirar outras coisas de você, além das palavras.

Olhei pro bebê que ainda dormia sereno nos meus braços.

- H a tua mãe sabe muito bem ser malvada – ela pousou sua mão na minha perna e apertou com força – se você me permitir eu quero mostrar uma lição pra ela.

O bebê se mexeu um pouco, quase esperneando, em recusa, abrindo um choro. Mas ela já tinha parado, na frente da casa que eu supus ser a dela.

- Acho que vou precisar da sua ajuda pra colocar ele pra dormir – ela disse.

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