Cap 58 - Jéssica Albuquerque

Um conto erótico de R Pitta
Categoria: Lésbicas
Contém 2426 palavras
Data: 07/04/2021 07:29:24

Parece que é apenas com a Melissa que acontece essas peripécias. De onde ela tirou a ideia de andar de skate com um cachorro junto? O mais engraçado que estava parecendo algo tão natural para ela o ocorrido. Parecia está habituada a cair e se machucar. Fui descendo o olhar e percebi que alguém já havia escrito algo em seu gesso. Como a hiperativa não ficava quieta um instante sequer não consegui entender o que estava escrito.

- E vou ter que voltar para verificar se o osso cicatrizou certo.

Quando fiz menção de abrir a boca Amanda chegou chamando para comermos. Concordamos e seguimos as duas em nossa frente que foram conversando com se fossem amigas de longa data. Sempre fui uma garota muito seletiva e cautelosa. Vivia com as pessoas que escolhia a dedo porem, após conhecer Melissa, tudo começou a mudar. Comecei a perceber as mudanças e melhorias que tive por conta do meu pacote de brancura. Aquela franja vermelha mexendo de acordo com a sua virada entre uma mordida no hamburguer e a golada profunda em seu refrigerante me faziam babar, resolvi ficar jogando a franja de um lado para o outro – Esse cabelo não para? – Não sei se era a saudade das suas ideias aleatórias ou piadas nerd que me fez sentir dor na barriga de tanto rir. Em um dos momentos no qual apoiei minha cabeça no ombro dela senti um frio na barriga ao sentir seu cheiro doce. O cheiro não era do perfume que usava, era seu cheiro natural. Um cheiro adocicado ao mesmo tempo marcante sem ser enjoativo. Virei a cadeira na intenção de ficar mais próxima a ela. Deixei meu queixo repousar em seu ombro e tive a sorte de ver bem de pertinho seu sorriso e seu rosto ficar avermelhado, quanto mais olhava, mais vermelho ficava. Seu corpo iniciou uma oscilação, percebi que suas pernas começaram a balançar sem o menor esforço.

- Jess, para de me olhar. – Disse Mel abaixando um pouco a cabeça tentando disfarçar a vergonha. Estava tão linda. Meu coração acelerou na hora. Arrisquei uma palavra nova para mim.

- Não, amor. Você está cada dia mais linda. Não vou parar de te olhar nunca.

Houve um silencio de um milésimo de segundo, onde senti uma eternidade se passar. Vi seus olhos fecharem lentamente, seu rosto virar na minha direção. Ao abrir e nossos olhos se encontrarem, me senti olhando o por do sol mais lindo do mundo. Sorri e um sorriso foi disparado de volta para o meu. Seu sorriso não foi a única coisa que foi disparada. Um flash de celular conseguiu estragar nosso momento.

- Nossa, que discreta! - A ironia de Vanessa ecoou entre nós.

- Estão tirando fotos nossas? – Melissa questionou.

- Estávamos tentando, né? Mas Poia aqui esqueceu de desativar o flash.

- Vocês estavam fofinhas se namorando aí. Um pouco gay a cena, mas tô acostumando já. – Vanessa completou o comentário feito por Amanda.

- Valeu, meninas. – Minha baixinha disse revirando os olhos.

Não queria ficar ali, ainda mais com as “corta-clima” por perto. Agora na minha casa tinha meu pai, precisávamos ir a outro lugar.

- Amor, podemos ir para sua casa ver um filme?

- Claro, qual filme?

- O filme é apenas um motivo para ficar agarradinha com você.

Preferi ser sincera, né? Vai que ela é uma pessoa que curte ver o filme mesmo. Levantamos, nos despedirmos das meninas e seguimos para o carro. Seguimos o caminho conversando e debatendo sobre qual tipo de filme eu pareço gostar. Mel apontou para o portão social e pediu para que eu estacionasse lá, e foi o que fiz. Seu cachorro veio em nossa direção assim que entramos no quintal, babando e pulando sobre nós. Nunca fui fã de cachorro, contudo acho Sansão extremamente lindo. Aproveitei aquele instante e comecei a acaricia-lo. Distraída brincando com o animal, me assustei com o grito dado por Melissa, corri em sua direção da casa. Bem, foi a pior coisa que poderia ter feito, deparei-me com uma cena nada legal. Pegar sua (futura) cunhada fazendo o que você queria estar fazendo não é legal.

- Ihri, acho que sua irmãzinha já não é mais “zinha”, hein.

Fui ignorada com sucesso.

- Larissa, o que você está querendo? – Melissa alterou seu tom de voz.

- Gozar. – Tentei amenizar a situação.

- E você, Phelipe. Estava com a cabeça onde?

- Essa eu nem respondo! – Acho que minha tentativa de amenizar não foi bem recebida por Mel, percebi pelo olhar fuzilador dos olhos atualmente escuros. Simplesmente levantei os braços simbolizando trégua. – Não está mais aqui quem falou. Vou deixar vocês conversando.

– Agradeço.

Minha ruivinha foi direta. Dei meia volta e chamei o peludo canino para brincar, sem deixar de ter atenção na conversa dentro da casa. Escutava a conversa alterada entre as duas irmãs. Mesmo sem opinar, tentei me colocar no lugar das duas e imaginei ser complicado para ambas. Isso sem contar Phelipe que estava no meio de uma discussão entre família provavelmente de pau duro coberto apenas por uma almofada. Olhei para porta e vi os braços inquietos da garota, a cada frase dita por ela, era dado um passo à frente. Não pensei duas vezes e fui até ela, abracei sua cintura.

- Amor, calma. – Tentei dizer em um tom baixo para acalma-la. - Deixa os dois se vestirem. Vamos ficar lá fora.

Ainda agarrada em sua cintura, a puxei para a varanda. Não ocorreu resistência. Conseguia sentir sua barriga contraída e seus músculos rígidos. Dei um beijo em sua nuca e a soltei. Suas mãos seguraram a mureta de concreto da varanda deixando seus cabelos caírem na frente do rosto ao abaixar a cabeça. A permiti se acalmar. Se fosse eu não iria me importar da minha irmã perder a virgindade, porem ela deve ter um motivo para ficar assim. Cada um sabe a dor, medo, insegurança que carrega dentro do peito, quem sou eu para julgar? Apenas fiquei lá, calada, junto dela. As vezes conseguimos sentir e entender mais sobre uma pessoa em um momento de dor e silencio do que em anos de convivência. Queria poder dizer algo mesmo com a consciência que seria em vão qualquer palavra dita.

Percebi a luz da sala ligando e uma sombra saindo da residência.

- Boa noite.

O rapaz, já vestido, cumprimentou e foi rumo ao portão de mão dada com Larissa. Mel nem fez questão de virar para trás ou dizer alguma coisa.

- Ei, - cheguei perto dela. O silencio dela continuou. – Vamos entrar?

Coloquei seu cabelo atrás da orelha. Segurei sua mão e a conduzi para dentro. Quando seu rosto levantou, percebi seus olhos vermelhos e mareados. A coloquei sentada no sofá. Comecei a ficar sem saber o que deveria fazer. Até busquei um copo de água, mas Mel nem me olhou quando tentei entregar, acabei ficando em pé com o copo d’agua na mão. Larissa entrou em casa e seguiu escada acima. Nenhuma virgula foi dita entre as irmãs.

- Mel, você tá bem?

Seus ombros deram uma relaxada. Percebi que algumas lagrimas caíram de seu rosto.

- Meus pais... – Criou força para não chorar e continuo – Meus pais nos tiveram cedo. Não só cedo de idade como cedo de relacionamento dos dois. Quando eu nasci, eles não tinham uma boa condição financeira. Obviou que não fui planejada.

Decidi sentar do lado dela para ouvir o que tinha a dizer. Respirou fundo e voltou a contar.

- Na tentativa de dar uma boa vida para minha mãe e eu, meu pai começou a trabalhar em dois empregos e acabou tento pouco tempo para minha mãe. Isso antes do meu nascimento. Admito que acho que nasci por sorte, minha mãe começou a sentir raiva de mim, como se a “ausência” do meu pai dentro de casa foi culpa definitivamente minha, sem contar na dependência de álcool dela, acarretando uma depressão pós parto. Com isso, não produzia muito leite e acabou petrificando. O leite materno que tive na infância foi da minha tia, irmã do meu pai, que tinha que ir dia sim, dia não na casa dos meus pais para me alimentar. E isso acontecia, pois meu pai tinha que ficar com minha mãe para ela deixar minha tia me amamentar. Ela teve que passar por terapias e tomar antidepressivos até me aceitar. Quando estava com uns 2 anos e veio Larissa e mesmo tendo uma condição financeira melhor, minha mãe teve depressão novamente. Outra vez uma gestação complicada, isso em resumo. Minha irmã nasceu com 8 meses. Não tenho lembranças firmes dessa época, apenas pequenos flashs cada vez mais vagos ao decorrer do tempo. Quanto tenho coragem faço uma pergunta ou outra para meu pai e recebo respostas sem muitos detalhes, a maioria das informações que tenho foi da minha “mãe de leite”. – Uma pausa longa aconteceu – Minha irmã é muito nova, tenho medo que ela tenha algo parecido. Minha mãe conseguiu superar, mas tem mulheres que não.

Acho que esse é o momento de ficar calada e abraça-la. Se eu tentar aconselhar vou falar o que? “Nossa” “Eita” “Foda, né?”. Não rola. Me afastei para o lado e a puxei para deitar na minha perna. Que sensação gostosa a sentir se aninhar em meu colo, me senti tão forte como se pudesse protege-la de todos os perigos do mundo. Fiquei passando a mão ao longo do seu cabelo e seu corpo foi relaxando até entrar em um sono pesado.

Depois de um tempo sentada na mesma posição minha perna já estava formigando, nem ousei sair da posição com receio de acorda-la. Fiquei mais um pouco ali mexendo no celular e tirando algumas fotos dela, logico! Não tinha mais vestígios da luz do sol quando ouvi o portão da garagem se abrindo e Seu Rubens entrando com o carro. Com toda delicadeza possível levantei a cabeça da Melissa e apoiei em um travesseiro. Todo o tempo que fiquei ali com a perna formigando foi atoa, pois essa menina dorme que em pedra. Foi o tempo de levantas para os adultos da casa entrarem.

- Jéssica, que surpresa boa! – Disse O homem com uma barba farta que moldava muito bem seu rosto. Dando uma aparência rústica e seria.

- Fico feliz que esteja aqui. – Patrícia aparentava ser poucos anos mais velha que eu, mesmo sabendo que sua verdadeira idade era maior do que aparentava. Recebi seu abraço caloroso e retribui.

- Estava com saudades de vocês também. Eu dei uma sumida por que..

- Não precisa se explicar – Ela me cortou. – Todos temos nossos contratempos.

Sorri um pouco sem jeito.

- Já estava indo. Não irei atrapalhar mais.

- Só por que chegamos? Que isso, garota. Vamos tomar um café? Modéstia a parte, meu café é muito bem elogiado.

- Para seu ego tenho que concordar. – Disse Paty abraçando seu amado.

- Bem, café não se dispensa, ainda mais um uma propaganda dessas.

- Por um instante esqueci que tenho duas filhas. Viu sua cunhada?

- Ela subiu.

- Larissa!

Rubens deu um belíssimo grito e mesmo assim Melissa não moveu nenhum musculo. O que essa garota toma? Clonazepam?

Não demorou muito e Lari desceu a escada com um blusão atualmente cinza, mas havia vestígios que um dia ele foi preto, com um desenho enorme de uma caveira usando coroa. O short que ela usava era curto a ponto da blusa cobri-lo. Percebi o olhar desconfiado buscando a irmã pela casa.

- Senhor, pai.

- Vou fazer café. Vem ficar com a gente. Vamos ficar na cozinha, Jéssica. Essa aí só vai acordar quando sentir o cheiro da comida.

Segui a família até a cozinha. Sentei próximo ao balcão e ficamos conversando. A harmonia ali era diferente, a família era unida e não apresentavam medo ou receio de falar um com o outro. Rolou todo tipo de assunto, de como tirar mancha de óleo de carro da mão até a melhor maneira de sabe se orientar sobre norte-sul olhando as estrelas. No decorrer do assunto fui ajudando Patrícia a arrumar a mesa enquanto Rubens terminava de passar o café e Larissa de fritar alguns ovos.

- Olha aí. – Rubens apontou com o nariz – Não disse que vinha no cheiro.

Olhei para trás e vi Melissa escorada na porta. Seu rosto estava completamente cheio de marcas do travesseiro.

- Benção, Pai. – Mel o abraçou e recebeu um beijo na testa. Logo após cumprimentou sua madrasta e veio até a mim. Recebi um abraço tão forte. – Pensei que tinha ido.

- Seu pai me convidou para tomar o famoso café dele.

- Gostei de sabe que você pode ser comprada pelo estômago.

Sentamos a mesa e começamos a comer. E aquele café foi o melhor que já experimentei na vida. O papo aleatório e saudável continuou. Achei incrível aqui, minha família e eu nos limitávamos sobre onde podíamos ir com os assuntos. Sem contar alguma tons esnobes ditos sobre outras pessoas. Percebi o quão artificial eu cresci.

Na percepção que fui induzida a ter, a Família de Melissa deveria ser infeliz: um casamento acabado mesmo tendo duas filhas, e uma é homossexual. Atualmente existe uma outra mulher, a madrasta, que ajuda as meninas, é independente e conseguiu as coisas com o próprio dinheiro. Eles se pedem benção como Cristãos mas possuírem na varanda comigo-ninguem-pode, arruda, espada de são Jorge dando a entender que se sentem bem com coisas envolvendo do mundo espiritual. Senti ali que estava na hora de rever alguma conceitos meus.

Meu momento de análise foi quebrada com a vibração do celular no meu bolso. Era uma mensagem.

*Dorme comigo hoje?

*Meu pai está lá no apartamento. Se não tiver problema, vamos.

*Lá não, aqui.

Meu coração deu uma pequena parada. Se eu fizesse isso, seria uma grande passo para mim. Pode parecer pouco para alguns, para meus sentimentos é muito. Sabe aquela dancinha de dedos sobre a tela do celular? Foi o que meus dedos fizeram. Acabei demorando um pouco a responder, fazendo a ruiva ficar impaciente e me mandar um monte de stickers aleatórios. – Obrigada, Mark Zukcerberg, por fazer mais uma invenção inovadora do século 21 para tirar minha paciência. – Eu estava nervosa em aceitar o convite.

*Não vai dar, tenho que por comida pro Garfield.

*Ué, pede pro seu pai.

Desculpa mal dada número 1 sem sucesso.

* E eu nem trouxe roupa.

* Eu tenho roupa, sabia? Posso te emprestar.

Desculpa mal dada 2 sem sucesso novamente. Qual será a próxima? Falar que os pais dela não iriam gostar? Rum, duvido essa colar. Se eu tivesse me relacionando com homem seria mais fácil, era só falar que estava menstruada e pronto. Quer saber, está na hora de tentar.

* Eu durmo.

Ela sorri com o cantinho da boca. Eu não acredito que estou...

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Comentários

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Muito bom conto, envolvente, pena que parou.

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Espero que qualquer dia volte para finalizar esse conto e quem sabe nos agraciar com outros!

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Mr. Secret, quero voltar a escrever. Vou focar mais e tentar dar continuidade.

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Não que não vou ter a continuação delas... eu amo tanto, sempre venho reler e tentar imaginar uma continuação.

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Que saudades de ler seus contos.

Não demooooora

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Olá, querido!.. Melhor site de namoro para sexo >> adultme.fun

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