UM PAI PRA DOIS, DOIS PAIS PRA UM - PARTE 5

Um conto erótico de ShinigamiBear
Categoria: Homossexual
Contém 1386 palavras
Data: 22/07/2021 18:42:46
Última revisão: 23/07/2021 21:35:13

PARTE 5

Quando cheguei em casa, meu pai ainda não tinha voltado, o mar estava agitado e já começava a chover. Já passava das 15hs e meu pai ainda não havia voltado, imaginei que estivesse bebendo e esquecido da promessa, então chamam no portão, pelo meu nome, reconheci a voz, Olavo, ouvi o trinco do portão abrindo e fui na direção da porta da frente, ao chegar encontro Massimo com uma cara fechada e Olavo tenso como jamais havia visto.

- Alberto, podemos entrar? – Disse Massimo.

- Claro, o que aconteceu? – Achei muito estranho, Massimo é de casa, nunca teve essa de chamar no portão ou pedir pra entrar, mas tinha algo muito diferente na sua fisionomia naquele momento.

Massimo se sentou no sofá e me puxou pra sentar ao seu lado, Olavo no outro sofá me olhava com os olhos cheios de lágrima.

- Alberto, você vai precisar ser forte.

- O que aconteceu Massimo? Foi com meu pai?

- O mar estava agitado, ele escorregou, bateu com a cabeça e caiu no mar, quando o achamos, bem, ele já estava muito tempo dentro d’agua.

Fiquei sem chão. Anos antes minha mãe, agora meu pai também morrera, tudo tão de repente, o perdi para o mar. Massimo me abraçou, me envolvendo em seus braços e eu desabei, chorava toda dor que sentia, todo remorso, culpa e sonhos futuros.

***

Massimo cuidou de tudo, foi forte todo o momento, cuidou da liberação do corpo, do velório, pagou tudo, meu irmão na ocasião veio para o velório, trouxe um amigo o acompanhando, ficaram bem próximos todo o tempo.

Massimo aparentemente não ia com a cara do meu irmão, foi seco e até rude com ele em alguns momentos, em especial quando ele disse que me levaria para morar com ele no Rio, que seria meu tutor, quando respondeu:

- Alberto tem uma vida aqui, não precisa de você, prometi para o pai dele que tomaria conta dele se algo acontecesse, tudo que temos aqui está no nome do Alberto, não tinha nada no nome do seu pai, só a casa do Rio se é o que você tá interessado e até Alberto se sentir pronto pra administrar tudo, ele pode contar comigo.

- Não quero nem um centavo deste homem, estou aqui pelo meu irmão.

Dona Maria, a senhora que ajudava nos afazeres de casa, agora com sua neta pra ajudar, teve que intervir, acalmando os ânimos. Após o enterro Massimo me deixou em casa com meu irmão, passei a tarde no quarto deitado recebendo mensagens dos colegas e amigos, do quarto ouvia mais uma discussão entre meu irmão e Massimo.

- Quem você é pra falar comigo desse jeito? Ele é meu irmão, você é o que dele?

- Esse menino é quase meu filho, eu o vejo quase todos os dias e considero um filho, e você quem é? Grande irmão que ele viu umas cinco vezes na vida.

- Você não sabe nada da minha vida.

- Sei o suficiente pra saber que você é um hipócrita, que fez seu pai sofrer o pão que o diabo amassou.

- Você não sabe nada do que aconteceu entre meu pai e mim.

- Ao contrário, seu pai me contou TUDO e ele morria de remorsos, mas cá entre nós, ele não tinha que se sentir culpado por você não ter escrúpulos.

Ouvindo aquele assunto distorcido e já nervoso pois começaram a alterar a voz, cheguei na sala, e Marco disse assertivamente.

- Alberto, você vem morar comigo ou não?

- Não Marco, vou ficar aqui, minha vida agora é aqui.

- Você não pode ficar sozinho nessa casa.

- Posso e vou.

- E se ele quiser, pode ir morar comigo. – Completou Massimo.

Marco saiu batendo a porta, voltou a noite, jantou comigo, calado, sem dizer uma palavra, de manhã perguntou novamente se eu não queria ir morar com ele, disse que não, ele arrumou as coisas e voltou para o Rio de Janeiro.

Massimo passou logo após o almoço e ficou comigo toda a tarde, em determinado momento cochilei no sofá da sala, quando acordei ele estava deitado na cama do meu pai, chorando baixinho, ver um homem de quase dois metros de altura, enorme, chorando, não é uma das coisas mais fáceis do mundo, vivemos achando que todos tem que ser fortes, aquilo mexeu comigo, cheguei pelo outro lado da cama, me deitei do outro lado, onde era o lado do meu pai da cama e fiquei olhando nos seus olhos.

- Vai ficar tudo bem, você tem a mim, somos só nós dois agora.

Massimo me puxou com seus braços fortes e me abraçou firme, pensei que me quebraria ao meio.

- Eu sei, você é um menino de ouro, meu filhão.

- Eu sei paizão.

O abracei e ficamos ali deitados onde há dois dias tomei coragem pra me deitar com meu pai pela primeira vez.

Massimo então segurou meu rosto com suas duas mãos fortes, minha cabeça ficava parecendo uma pequena bola de handball no meio das suas mãos, ou como um melão amarelo. Chorava me olhando nos olhos, então deu um beijo terno na minha testa, eu achava tudo muito estranho, aquele contato, não era acostumado a abraçar meu pai.

Ele beijou novamente, seu bigode fez coçar, então ele parou me olhando bem nos olhos, deu um beijo na minha bochecha e em seguida um beijo na boca, sem língua, sem nada, só um beijo segurando minha cabeça firme. Não recuei, ele também não fez mais nada, se afastou e eu ainda o encarava, lágrimas escorrendo nos olhos dele e nos meus agora.

Outro abraço forte, desta vez senti o cheiro do seu peito, ficamos ali, abraçados algum momento até que ele se levantou, disse que tinha que ir ver umas coisas na empresa e que voltaria a noite, que precisávamos conversar sobre minhas heranças, e que ele voltaria com o advogado do meu pai.

Dona Maria foi me visitar neste meio tempo, fez bolinho de arroz pra mim e deixou congelado, falei que não precisava, que não era dia dela ir trabalhar, e ela me disse que fazia porque gostava muito de mim, não por trabalhar pra nós. Falou que estava preocupada comigo, mesmo dizendo que ficaria bem, ela seguia fazendo comida, botando pra congelar, só parou quando Massimo chegou.

O advogado veio junto, eu já o tinha visto lá em casa, perguntou se poderíamos ir para o escritório, então fomos, me sentei no sofá que geralmente meu pai se sentava, Massimo e ele no sofá maior, ele me explicou que meu pai me deixou a casa, a empresa, que consistia em metade dos negócios e mais alguns barcos de pesca também no Rio e uma substancial quantia.

Ouvia tudo aquilo sem muito interesse, então Massimo tomou a palavra e pediu ao Advogado que era muito cedo pra falar disso, mas ele disse que era desejo do meu pai que resolvêssemos tudo rápido para que o outro filho não agisse, pra não dar espaço pra quererem tirar as coisas de mim.

Estava abalado, mas ainda assim ouvi até o fim com o máximo de atenção, meu pai tinha deixado tudo pronto, quase como se soubesse que iria morrer, na verdade ele tinha era medo de perder tudo pra ex-mulher e mãe do meu irmão. O advogado tinha inclusive uma emancipação, naquele ano, assim que completei a idade mínima exigida por lei, meu pai me fez assinar e eu nem sabia o que estava assinando, eu já era domo de tudo e não sabia, ele estava, palavras do advogado, só trabalhando pra mim e administrando meus bens.

Fiquei bem transtornado com tudo e Massimo me perguntou se eu confiava nele para seguir administrando os negócios e me repassando minha parte todo mês, eu não precisaria fazer nada, só seguir estudando. Perguntei pelo meu irmão, afinal, ele tinha direito, e sua mãe também, o advogado explicou que a casa da Ilha do Governador já estava no nome do meu irmão, deixando até o Massimo surpreso, ele não sabia dessa, segundo ele, minha mãe o fez prometer que deixaria algo para meu irmão, quando ela morreu, ele não queria mais saber daquela casa.

Naquela noite assinei muitos papéis, li a maioria, outros, Massimo só me explicou o que era, assinei várias escrituras e procurações para que o agora Paizão pudesse administrar tudo para mim.

CONTINUA>>

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Show de bola seus contos! Triste pelo desenrolar da história e pelo que aconteceu com seu pai. Continua!

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