O outro capítulo 22 A vingança

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 7667 palavras
Data: 04/01/2022 17:07:21

Capítulo 22 Vingança

_ Você só pode ter enloquecido!_ Abner o empurrou e se afastou. Ambos trocavam olhares coléricos.

_ Eu não sou idiota! Eu sei muito bem o motivo de você ter ido até a casa da minha sogra. O pior que a vaca tá dando cobertura pra vocês!

Júlio andava de um lado para o outro, bufando e gritando._ O que você tá querendo, hein? Que merda de jogo é esse?

"Eu quero o Leandro, seu merda!" Foi o que Abner quis dizer, mas se conteve para proteger o amado.

_ Eu fui até lá para te fazer uma surpresa e conhecer o Leandro, saber o que ele tem de tão especial que te faz não querer nada comigo. É... até que ele é bonito. Mas sou muito mais eu.

_ Para de mentira, Abner!_ Júlio gritou atirando um vaso no chão.

_Eu não estou mentindo!_Abner respondeu irritado, erguendo a cabeça.

_Eu não acredito em você!

_ Foda-se se você acredita ou não! Faz o seguinte: vamos acabar com essa merda. Ultimamente estou odiando transar com você, não suporto nem mais olhar na sua cara! Me esquece, caralho!

Júlio virou em direção á varanda. Com a cabeça erguida, pôs as duas mãos na boca e respirou fundo.

_ Você poderia foder com qualquer cara... qualquer um mesmo, menos com ele...ele não!

_ E por que não?

_ Porque ele é meu, porra! Leandro é meu homem! Pertence a mim!

_ Ah, entendi. Você o comprou como fez comigo. Olha eu sinto muito por toda essa confusão, mas eu não toquei na sua linda propriedade. Leandro continua intacto, dentro da caixa, nem toquei na embalagem.

_ Não deboche de mim, desgraçado!

_ Deve ser horrível ser casado com você e ser tratado como um objeto sexual. Você trai o homem com deus e o mundo, mas fica toda nervosinha achando que tá sendo traída por ele. Leandro não merece isso.

_ Como se atreve a dizer isso?

Tomado pela fúria, Júlio parte para cima de Abner acertando um soco no seu queixo. Com o impacto, Abner cai no chão.

_ Escute aqui, sua bichinha de merda, você não vai ficar com o meu marido! Não vai destruir o meu casamento.

Abner não suportou segurar a raiva do rival.

_ Aaaaaaaaaa!_gritou entre os dentes, levantando e partindo para cima de Júlio.

Devolveu o soco, fazendo o nariz do advogado sangrar e sujar a sua camisa Polo azul claro. Júlio retribuiu o soco. Atracaram-se no chão, trocando golpes.

Abner empurrou Júlio com um chute no peito. Ao se levantar, foi até a cozinha.

Júlio o seguiu correndo. Pegou-o por trás, dando com a sua cabeça no armário que fica localizado em cima da pia.

_ Eu vou te matar!_ Acerta a cabeça com força._ Ele é meu! Você vai pagar caro por ter tocado no que é meu!_outro golpe, que cortou a pele da testa do moreno, o fazendo sangrar.

Ligeiro, Abner pegou uma faca na pia e virou-se rápido, cortando o braço de Júlio.

_ Aaaaaa! Merdaaaaaa!_ Júlio gritou, segurando o braço sangrando.

_ Fora daquiiiii, seu filho da putaaaaa! Foraaaaaa! Ou sai por bem, ou eu te furo todo! Eu te odeio tanto, seu verme! Tenho nojo de você. Eu só queria que você morresse e deixasse a mim e o Leandro em paz.

_ Eu vou me vingar de vocês. Essa traição não vai fica impune.

_ Saia daqui!

Júlio quis ficar, tomar a faca de Abner e finca-la no seu peito. Mas teve medo de não ser bem sucedido. Saiu furioso, jurando vingança.

Abner respirava ofegante. Sentia tanto ódio, que quebrava os objetos do apartamento aos gritos.

Cansado, sentou no sofá para recuperar o fôlego.

_ Ele vai me foder! Eu preciso meter o pé daqui!

Correu para o quarto, arrumou às pressas as roupas na mala de viagem.

...

_ Meu deus!_Vanessa exclamou com a mão na boca e os olhos arregalados. Ficou assustada ao ver Júlio chegar em casa machucado. O braço, onde houve o corte jorrava sangue._ Pai, o que aconteceu?!

_ Eu descobri quem é o amante do Leandro. Fui tirar satisfações com ele e obtive isso como resultado. Olha o que o seu pai arrumou para a minha vida.

Desesperada, Vanessa caiu no choro.

_ Eu só quero que esse inferno acabe logo...eu não aguento mais.

_ Eu não suporto mais tudo isso, Vanessa. Mas eu não vou desistir do Leandro. Ele há de voltar pra casa...ah, volta._ a voz de Júlio transmitia raiva.

_ Você acha que ele volta depois de tudo isso que está acontecendo?

_ Ah, volta...volta nem que seja amarrado.

_ Você tá me assustando falando desse jeito.

_ Vanessa, ligue para a Priscila, aquela minha amiga enfermeira, peça para que venha aqui me fazer os curativos.

_ Tá bom...pai, quem é o outro? Eu o conheço?

_ Não conhece. Na hora certa você vai saber quem é.

_ Eu posso te pedir uma coisa?

_ Claro, meu amor.

_ Acabe com ele.

Júlio a olhou sério.

_ Destrua esse desgraçado que está acabando com a nossa família. Deixe ele na merda. Mas não faça nada com o meu pai. Apesar de toda canalhice, eu o amo, não quero que se machuque.

_ Não se preocupe, querida. Eu vou resolver toda essa situação. O seu pai vai voltar para a casa e esse outro vai sair da nossa vida pra sempre. Agora ligue para a enfermeira.

_ Obrigada. Tô indo ligar.

...

Já havia anoitecido quando Leandro havia chegado no apartamento de Valéria. Ele ficou chateado quando Soraya disse que a patroa ainda não havia chegado.

A empregada reparou que Leandro estava exausto e triste. Pela manhã, ela o encontrou com olheiras e inchaço nos olhos, consequência de uma noite mal dormida e muito choro.

_ Ela me mandou mensagem dizendo que está chegando. Está na estrada aquela doida.

_ Ainda bem. Tô precisando tanto da minha amiga.

Leandro sentou no sofá, apoiando a cabeça nas costas do estofado. Fechou os olhos, estava sentindo dor de cabeça.

_ O que eu devo fazer de janta?

_ Eu não sei. Faça algo que a Val goste._ Leandro respondeu sem abrir os olhos.

_ Eu vou fazer bife com fritas. Ela adora. Mas não vou fazer muito, porque Valéria quando volta da casa dos pais vem cheia de marmitas e você come feito um passarinho. Se eu fizer muito vai estragar e é pecado jogar comida fora... aliás, tô te achando tão tristinho, meu bem. Aconteceu alguma coisa?

_ Aconteceram muitas coisas, Soraya. Coisas até demais. Nem sei se vou suportar.

_ Suporta sim. Não há mal que dure a vida toda. Tudo acaba. É algo que eu possa ajudar?

Desta vez ele abriu os olhos e percebeu que ela o olhava com carinho.

_ Não, meu bem. Infelizmente, você não pode me ajudar. Mas obrigado pela boa intenção. Eu vou tomar um banho e tomar um analgésico para a dor de cabeça. Assim que a Valéria chegar, você pode me fazer um favor de dizer a ela que estou no quarto e que preciso falar com ela?

_ Claro, querido.

Antes de sair da sala, Leandro a beijou na testa.

O banho não resolveu os problemas, mas ajudou muito a relaxar. Com a pele limpa e refrescada, vestiu um pijama de tecido leve e deitou na cama macia, assim que ingeriu o comprimido, para relaxar ainda mais, apagou a luz deixando o quarto imerso na escuridão. Foi vencido pelo cansaço e adormeceu.

Leandro despertou sentindo o rosto pesado. Assustou-se ao perceber que já eram três da manhã. Lamentou por não ter acordado a tempo de falar com Valéria.

Presumiu que aquela hora ela já estaria dormindo. Mas resolveu arriscar em ir ao quarto da amiga. Tinha esperanças de encontrá-la acordada.

Abriu a porta devagarinho, pisou no ponta dos pés, se pudesse flutuar, com certeza, teria feito. Valéria tinha o hábito de dormir com uma luminária ligada, o que facilitou para que ele fosse visto por ela. A mulher lia um livro no e-reader digital, ela estava sentada na cama, com as costas apoiadas na cabeceira.

_ Você tá acordada!_Leandro disse sorrindo.

_ Eu perdi o sono. Aí aproveitei para ler Torto Arado, o livro que você me indicou. Comecei baixando uma amostra grátis, pra ver se eu ia gostar. Menino, não é que gostei!

_ Esse livro é muito bom. Não é atoa que é um dos meus vendidos do momento. Quando você chegou e por que não me acordou?

Leandro sentou ao lado da amiga e a deu um selinho e um abraço apertado.

_ Eu cheguei umas onze da noite. Não quis te acordar, porque te achei tão bonitinho dormindo.

_ Eu preciso falar com você.

_ Deu merda no almoço da sua mãe._ Valéria pôs o e-reader ao lado e o olhou como quem diz "eu avisei."

_ Como você sabe?

_ A Soraya me disse que você estava triste. E nem precisa me dizer que Júlio demônio estava lá. Eu conheço os seus pais e você também. Eles são baba ovo do capeta. Olha que eu te avisei que era cilada, que seria muito melhor se você fosse viajar comigo, mas você é uma bicha teimosa. Deu no que deu.

_ Amiga, eu tô arrasado. A Vanessa me humilhou. Ela me odeia e vê o Júlio como vítima.

Á medida que Leandro relatava o que ocorreu, Valéria ficava mais revoltada.

_ Olha, a Vanessa que não me apareça na minha frente, que eu vou meter a porrada nessa garota. Que pirralha abusada! Sério, ela passou de todos os limites. Não é mais nenhuma criança. Tá precisando de um corretivo. A bofetada que a Angela deu foi pouco.

_ Ele tá acabando com a minha imagem perante a minha filha. Aquele homem é horrível! Como pude ser tão cego durante todos esses anos?

Leandro a abraçou, buscando consolo. Valéria o deitou em seu colo e acariciou os cabelos.

_ Meu bem, tudo vai ser resolvido. Eu vou provar para a nojentinha quem é o verdadeiro Júlio. Ela vai te pedir perdão de joelhos. Eu detesto te ver tristinho. Você não merece nada disso do que está acontecendo. E outra, já passou da hora de você abrir mão dos seus pais. Se estão do lado do Júlio, eles que se fodam. Você tem que focar em você, meu Bijuzinho. Vai tirar uma semana de férias. Vamos fazer uma viagem, você tá precisando se distrair.

_ Não. Eu tenho muito trabalho a fazer. Não posso te deixar na mão. E nem tô trabalhando há tanto tempo para tirar férias.

_ Quem sabe sou eu, que sou a sua patroa. Você vai tirar férias e ponto final. Eu vou alugar uma casa na região dos lagos e você vai vai sem discussão.

....

Não só o dia havia amanhecido nublado como também o humor de Júlio. Ao chegar na empresa, trazia consigo uma tempestade mais feroz do que a que caía lá fora.

_ Cadê a Lorena?_perguntou a outras secretária, usando uma voz brava.

_ Ela foi ao banheiro, doutor Júlio._respondeu uma das secretárias, assustada.

_ Diga a ela para ir imediatamente á minha sala.

Ele entrou em seu escritório e fechou a porta com brutalidade. A moça correu para o banheiro. Bateu na porta apressada, chamando pela amiga.

_ Lo! Lo!

_ O que foi, mulher?_ Lorena perguntou saindo do cômodo.

_ O doutor Júlio quer falar com você. É melhor ir logo, porque o homem tá bravo.

Lorena entrou na sala sem bater.

_ Mandou me chamar, Júlio?

_ Pegue as suas tralhas e dê um fora daqui!

_ O quê?!

_ Nem adianta fazer essa cara de surpresa. Tá pensando o quê? Que ia ficar a vida inteira me fazendo de bobo junto com a putinha do seu irmão?

_ Júlio, eu não estou entendendo.

Ela se assustou com o soco que o patrão deu na mesa, que fez todos os objetos sobre ela tremerem.

_ Você achou que eu nunca ia descobrir que o desgraçado do Abner estava fodendo com o meu marido? Você sabia disso e se juntou com ele para rir de mim, por trás das minhas costas!_ Júlio gritou, ficando vermelho.

_ Do que você está falando? Eu nunca ri de você.

_ Não minta pra mim, caralho! É lógico que você sabia! O que você acha que tava querendo hein? Já não basta levar dinheiro do otário do meu sogro, o meu e queriam tirar dinheiro do Leandro também?

_ Júlio, eu juro pra você que nunca concordei com isso. Diversas vezes eu falei com o Abner, mas ele nunca me ouvia.

_ Eu sempre confiei em você, sua traíra. Você me apunhalou pelas costas! Quanto vocês tiraram do otário do meu marido?

_ Nunca tirei um centavo do Leandro e muito menos o Abner. Eu mais do que ninguém não era a favor desse caso. Mas o Abner está cego e apaixonado...

_ O quê?! Ele se apaixonou pelo meu marido?

_ Júlio, eu sinto muito e...

_ Saia daqui! Nunca mais eu quero ver a sua cara na minha frente! E por respeito ao meu sogro, eu não vou contar nada para Angela do seu caso com ele, mas se não tirar o Abner do meu caminho, eu vou te desmascarar com a minha sogra.

_ Não é justo que eu pague pelos erros do Leandro! Foi aquele infeliz que te traiu e não eu! Eu não aguento mais aquela bicha maldita sendo uma pedra no meu sapato! Já perdi o Abner por causa dele, agora o emprego!_ Lorena gritava revoltada.

_ Fora daqui, vaca!

_ Não me ofenda! E se for me chamar de algum animal que seja outro, porque o único nesta sala que possui chifres aqui é você!

_ A sua sorte é que não sou um covarde e não bato em mulher. Mas se você fosse homem, eu fazia engolir as suas palavras na base da porrada. Agora caia fora.

_ Eu vou! Mas quero receber tudo que tenho direito! E isso não vai ficar assim! A songa monga do seu maridinho vai me pagar por tudo que está me fazendo perder.

As outras secretárias ouviram toda a discussão. Como viram o estado de ódio que a mulher saiu do escritório de Júlio, nem se atreveram a falar com ela.

Lorena somente pegou alguns papéis e pôs na bolsa antes de sair da empresa.

A mulher entrou como um furacão no apartamento de Abner. Chamava pelo seu nome aos berros. Estava decidida a atacá-lo com fúria. Estava revoltada por ter perdido o emprego por culpa do "irmão".

_ Abner, seu merda! Você não sabe o que aconteceu por sua culpa! Eu vou te matar! Vou acabar com você e aquela bicha ordinária que você se esfrega.

Para a sua surpresa, ninguém a respondeu. O apartamento estava num total silêncio.

Vasculhou por todos os cômodos e nenhum sinal de vida de Abner.

Ligou para ele furiosa.

_ Deixe o seu recado. Você só será atarifado depois do sinal.

A voz eletrônica a deixou ainda mais irritada. Ela sabia que Abner não a atendia porque não queria. Ela insistiu muitas vezes até que ele atendesse.

_ Seu merda! Por culpa sua eu fui demitida! O Júlio descobriu a sua putaria com a songa monga! Por culpa de vocês eu me fodi! Tomara que o Júlio acabe com a raça de vocês dois!

Ela esbravejava quase rouca.

_Eu não tô nem aí que ele te demitiu. Bem feito! Você me empurrou para ele. Agora pague pelo que me fez.

_ Deixe de ser cretino! Eu posso até ter te apresentado para o Júlio, mas não te obriguei a nada. Você é tão interesseiro quanto eu. Não é justo que eu tenha que pagar porque você se apaixonou pelo homem errado.

Abner encerrou a ligação, deixando Lorena ainda mais revoltada. Não se importou com a fúria e muito menos com a demissão de Lorena.

Estava num táxi, a caminho do aeroporto.

Mais uma vez o seu celular tocou. Mas desta vez ele atendeu sorrindo.

_ Fala, Val.

_ Dimitri, você vai estar de bobeira por esses dias?

_ Por que?

_ Eu tenho uma proposta pra ti.

...

Nu, Leandro cavalgava em Júlio, gemendo. Ambos os corpos estavam molhados de suor e o ambiente exalava luxúria.

Júlio vibrava, indo a loucura dentro do marido. Dava tapas barulhentos naquela bunda, que o satisfazia. Penetrava os dedos entre os cabelos de Leandro, puxando-os para trás.

_Mete, amor. Mete tudo em mim. Vai!

Júlio o virou com brutalidade, o deixando de quatro no sofá. Meteu com mais força, tinha sede pelo corpo do marido.

Envolveu a mão no pescoço de Leandro, que virou a cabeça para trás e o beijou.

_Eu te amo, Leandro! Te amo muito. Você me ama? Me ama, filho da puta?

Leandro saiu da posição, virando Júlio para que sentasse no sofá. Sentou por cima, encaixando com as pernas abertas, envolvendo os braços no pescoço de Júlio.

_ Você me ama, Leandro?

Leandro sorriu de um jeito demoníaco. Arqueou as sobrancelhas e piscou o olho. Sorriu debochado, que batia em Júlio como um chicote cortando a carne.

Levantou da posição e saiu correndo pela casa, gargalhando.

Sem entender o que estava acontecendo, Júlio foi atrás. Tentava captura-lo, mas Leandro sumia e aparecia em meio ao véus brancos.

Júlio olhou em volta e percebeu que estava em seu quarto. Contudo uma neblina vermelha dominava o lugar. Ouviu a cama rangir.

Ao olhar, viu Leandro de quatro, com Abner atrás, bombando com força. Ambos gemiam alto, sorriam para Júlio, mordendo os lábios.

Ele sentiu o ódio arder no peito. Os seus olhos ficaram vermelhos como fogo. As narinas se abriram.

_ Seus desgraçados! Eu vou matar vocês!

Júlio tentou avançar em direção deles, mas não conseguia se mexer. Com isso, a sua raiva o consumia ainda mais e os gritos aumentaram, xingando e esbravejando.

Abner e Leandro gargalhavam, fazendo com que Júlio se sentisse muito humilhado.

O advogado despertou ofegante. Socou a cama, recordando do pesadelo.

Levantou da cama e foi até o banheiro, lavar o rosto com água fria. A casa estava escura e silenciosa.

_ É Leandro! Olha como você me deixa.

Quis voltar a dormir, mas não conseguiu. Rolava pela cama, queimando em ódio, imaginando Leandro nos braços de Abner.

"Quem você pensa que é para achar que pode ter algo com o meu filho? Olha pra você e olha pra ele." Recordou das palavras que Angela, que sempre o ofendiam quando era pobre. Palavras essas que o fazia se sentir inferior.

"Não me ofenda! E se for me chamar de algum animal que seja outro, porque o único nesta sala que possui chifres aqui é você!"

As vozes de Lorena e Angela mais a imaginação do sexo entre o seu marido e amante o levava a loucura.

Levantou num rompante, quebrou muitos objetos do seu quarto, gritando.

Do seu quarto, Vanessa se encolhia debaixo do edredom, assustada.

...

Leandro arrumava as malas tão concentrado que não percebeu que Valéria escondeu o seu celular.

_ Acho que peguei tudo.

_ Pegou sim.

_ Vamos?

_ Vai na frente. Eu tenho um compromisso. Chego depois.

_ Ah, então vou te esperar para irmos juntos.

_ Não sei por que, Leandro. Búzios não fica tão longe assim. Eu chego depois, caralho.

_ Nossa! Precisa desse mau humor todo? Aliás, por que você...

_ Iiiih! Você tá muito perguntativo hoje. Tome as chaves da casa que aluguei e o endereço você já sabe. Vá que mais tarde eu chego lá.

_ Tá bom, então.

A casa alugada era localizada próximo á praia. De cor salmão e contornada de branca na fachada, possuia janelas e portas de madeira nos dois andares. A arquitetura era colonial.

Leandro achou um exagero Valéria alugar uma casa tão grande só para os dois. Ela alegou que o motivo era a piscina e a sauna, além da boa localização.

O som do mar e o leve brisa vindo do mesmo transmitiam tranquilidade. Leandro respirava fundo, contemplando a natureza a sua volta.

_ Como eu precisava disso!

Estava saindo do carro, quando percebeu que não havia levado o celular.

_ Merda! Como pude esquecer justo o celular? Que cabeça é a minha.

Desejou que Valéria o encontrasse e levasse com ela.

Depois de retirar a mala do carro, Leandro entrou na casa. Ao caminhar do portão em direção á porta da sala principal, se espantou ao ver Abner de sunga sentado na espreguiçadeira, o olhando sorrindo.

O jovem correu ao seu encontro. Tomou-o nos braços, num abraço apertado, apoiando o queixo em seu ombro. Tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu. Sentiu um pavor presumindo que em breve perderia o amor da sua vida. Sabia que a sua mentira não se sustentaria por muito tempo.

Encarou Leandro nos olhos, quis mergulhar naquelas bolas escuras e nunca mais sair de lá. Perguntava-se em silêncio o porquê deixou que a situação chegasse aquele ponto. A principio, foi por ganância e vingança, quis tirar dinheiro de Júlio e rir por estar dormindo com o seu marido. Logo, tudo foi dando espaço a paixão. Se viu totalmente apaixonado por aquele homem e sentiu um medo enorme de perdê-lo. Sentiu-se impuro, covarde e indigno do amor de Leandro. "Ele não merece as minhas mentiras."

_ Eu tava com tanta saudade! Não posso viver sem você...eu te amo demais, Leandro._Abner se declarou beijando as mãos macias do amado.

_ Eu também te amo. Tava precisando muito te ver. Passei por tantas coisas. Mas você está machucado! O que aconteceu?

_ Eu tive uma briga num bar. Nada de importante.

_ Esse tipo de briga pode ser perigosa e não acabar bem.

_ Nada mais importa. Agora estou com você.

Abner o abraçou com força, desejando aprisiona-lo em seus braços para sempre.

_ A Valéria não me disse que você viria.

Abner segurou o rosto de Leandro com as duas mãos e o beijou.

_ Queríamos fazer uma surpresa._ Abner disse, encostando a testa na de Leandro.

_ Então, é por isso que ela não veio?

_ E nem vai vir. Quis deixar a casa só para nós dois._ Abner o olhou de um jeito tão malicioso, que Leandro se sentiu despido, sentindo o membro endurecer.

_ Que safada! Vai ver que ela que escondeu o meu celular.

Abner o abraçou por trás e beijou o seu pescoço, provocando arrepios.

_ Val não queria que ninguém te incomodasse, que você fosse todinho meu._Abner surrava ao pé do ouvido de Leandro, dando leve mordidinhas._ Minha delicinha, vamos lá pra dentro. Tô doidinho para te dar uns tratos.

Leandro sentiu a mão de Abner bater em cheio na sua bunda. Sorriu, mordendo os lábios como forma de concordância.

Entraram na casa aos beijos. Tinham tanto desejo que nem esperaram chegar no quarto para se despirem.

Totalmente nus, se entregaram um ao outro no tapete da sala, saboreando as bocas sedentas um pelo outros. Seus membros duros se roçavam, enquanto as mãos percorriam pelos seus corpos, provocando arrepios e gemidos.

Leandro foi virado de barriga para o chão, sentia Abner em cima dele, esfregando o pau duro entre as suas nádegas.

_ Adorei o seu cabelo um pouco mais cumprido. Deveria usar assim sempre. Sem contar nesse cheiro maravilhoso que ele. Ah, como eu tava com saudades!_ Abner sussurrava ao pé do ouvido de Leandro, a sua voz grossa e a barba rala roçando no rosto dele o deixou ainda mais vulnerável.

Devorava a orelha de Leandro com linguadas e mordidas de leve, partindo para o pescoço.

_ Huuuuum! Que delícia!_ Leandro disse gemendo, abrindo as pernas aos poucos.

Abner percorreu a língua pelas costas de Leandro até chegar onde mais desejava. Mordeu e beijou as nádegas, antes de chegar no buraquinho.

Leandro gemia alto, sentindo a língua de Abner dentro dele, que enterrava cada vez mais.

O jovem o segurou pelos quadris, pondo a bunda empinada e as pernas dobradas. Para facilitar a posição, Leandro ficou com o peito e as mãos apoiados no assento do sofá.

_ Abre mais as perninhas. Quero ver esse buraquinho gostoso bem aberto e piscando pra mim.

Leandro obedeceu ao macho no mesmo instante. Estava louco para ser possuído.

Sentiu os cabelos serem puxados para trás e a língua novamente dentro dele.

Para deixar Abner mais fogoso, começou a rebolar na língua do amante e dizer palavras obscenas.

_ Fode o meu cuzinho, vai, gostoso! Mete tudo em mim! Me arromba gostoso, caralho!

Abner ficou louco e o pau pulsou, implorando por Leandro.

Levantou para pegar o lubrificante, lambuzou o seu pau e o cuzinho rosado que piscava para ele.

Antes de meter, Abner brincou um pouquinho na entradinha, pincelando e batendo com a pica na beira do cuzinho, deixando Leandro tão duro quanto ele.

Meteu aos poucos para curtir ser sugado por aquele buraco quente e pulsante.

Com as mãos nos quadris de Leandro, bombava sem dó, puxando o seu cabelo para trás e devorando o seu pescoço.

Estavam tanto tempo sem transar que pareciam famintos.

Leandro rebolava com vontade, deixando Abner de pernas bambas.

_ Isso! Rebola gostoso, minha cadelinha! Devora a pica do seu macho._ Abner lançou um tapa tão forte, que o deixou vermelho.

A mão procurou pelo pau de Leandro e o masturbou até que gozasse.

_ Aaaaaaaah!_ Leandro gritou gemendo, quase feminino.

Apesar de já ter gozado, Abner não estava satisfeito. Afastou-se, pegou o amante pelos cabelos e jogou com as pernas abertas em cima do sofá, encaixando novamente e metendo.

_ Aaaaaah caralho! Me fode todinha...vai, acaba com o meu cuzinho.

Beijaram-se durante o ato.

Abner o pegou no colo sem parar de meter e beijar. Levou-o até a parede, onde encostou as costas dele. Manteve-se entre as pernas de Leandro, que se agarrava ao seu pescoço, sentindo o frio da parede nas suas costas.

Abner meteu com vontade, até que o seu esperma desse pelas pernas de Leandro.

Finalizou com um beijo.

_ Eu amo tanto ficar assim com você, meu príncipe._ Abner disse, acariciando os cabelos de Leandro, que estava com a cabeça apoiada em seu peito.

Ambos estavam nus, deitados na cama do quarto de casal.

_Acho que vou te sequestrar.

Leandro gargalhou pensando que Abner estava brincando. Mal sabia ele que essa era a real intenção de Abner.

_ Até que não seria má ideia. Você poderia abusar de mim, enquanto eu estivesse indefeso no cativeiro._ Leandro disse com um olhar provocador, deslizando a língua sobre o lábio superior.

Abner não resistiu e subiu sobre ele, o beijando.

_Sim. Eu te deixaria num quartinho peladinho a minha disposição para meter nesta sua bunda gostosa._ Abner disse, seguido de um tapão na bunda de Leandro.

_ Que delícia...quer dizer, credo!_ Leandro o beijou segurando o seu queixo.

_ Fico feliz que tenha me perdoado, príncipe. Fiquei desesperado achando que nunca mais ia te ver.

O cozinheiro se deliciava beijando os ombros do amado. Em seguida foi para o peito, onde sugou os mamilos, fazendo Leandro gemer.

_ Você é muito gostoso, Dimitri. Reparei que você gozou muito, hein safado.

_ A culpa foi sua, que me deixou tanto tempo sem sexo.

_ Você ficou mesmo sem transar com ninguém durante todo esse tempo?_Leandro perguntou sorrindo, amando o fato de que a primeira vez alguém estava sendo fiel a ele.

_ Depois que eu provei desse corpinho gostoso, nenhum outro desperta o meu interesse.

_ Ah, como eu te amo!

Leandro segurou em sua face e o beijou, tendo a esperança que com Dimitri a vida poderia ser melhor.

_ Eu quero ficar com você. Quero poder gritar para o mundo que estamos juntos. Quero que frequente a minha casa e conheça a minha família e amigos. Quero ir ao cinema de mãos dadas com você. Quero que seja meu namorado.

Abner amou a proposta. Mas ficou entristecido, sabendo que isso não seria possível. Decidiu que desfrutaria daquele momento. Nem que fosse somente em seus planos.

_ Tudo bem, meu namorado e futuro marido.

Eles sorriram um para o outro, sentindo uma felicidade que transbordava.

_ Meu bem, eu já dei entrada no divórcio com Júlio. E também comprei um apartamento, que vou morar em breve. Você vai poder me visitar a hora que bem entender.

_ Hum! Então, logo logo você estará livre do imbecil. Gostei.

_ Só há um problema.

_ Qual?

_ Eu tenho uma filha adolescente. Ela tem um gênio forte e não tá lidando muito bem com a minha separação com o Júlio. Eu não sei como ela vai receber a notícia do nosso namoro. Mas se você não quiser lidar com isso tudo bem. Eu vou entender.

_ Lógico que não! Eu não vou abrir mão de você por nada e nem ninguém. Se ela não gostar de mim, eu resolvo tudo a pondo no forno.

_ Amor!

_ Tô brincando, benzinho._ Abner disse o beijando.

Passaram a tarde abraçados assistindo TV e comendo besteiras. Sempre que o desejo batia, seus corpos se rendiam a mais momentos quentes.

A noite, Abner decidiu preparar o jantar.

_ O que meu rei deseja comer?_Perguntou beijando a mão de Leandro.

_ Huuuum! Eu amo a sua comida! Só de pensar me dá água na boca.

_ Pois diga o seu desejo, que eu faço questão de realizar.

_ Eu estava pensando em algo mais simples...uma comida bem caseirinha.

_ O que você acha de arroz com brócolis e abóbora com carne seca?

_ Hum! Adoorooo! Obaaaa!

Mesmo vendo que Leandro sorria e elogiava a comida, Abner percebeu uma tristeza em seu olhar. Sentado á mesa, próximo a Leandro, segurou em seu queixo o perguntou o motivo da tristeza.

Leandro mentiu, dizendo não estar triste e desviando o assunto.

Passaram o dia seguinte todo na praia. Há tempos, Leandro não sorria como naquele dia. Sentia-se relaxado e feliz. Mergulhavam juntos no mar, aos beijos, sem se importar com os olhares curiosos das pessoas em volta.

A homofobia alheia parecia um grão de areia diante do oceano dos seus problemas.

Mesmo feliz, em alguns momentos, as lembranças ruins vinham á tona, deixando transparecer a sua tristeza. Mas Leandro não se entregava a elas, queria curtir aqueles momentos alegres.

A noite, jantaram num restaurante típico do local. Leandro estava envergonhado por Abner pagar todas as despesas.

_ Eu sinto muito que você esteja arcando com tudo sozinho. Todo o meu dinheiro eu gastei com o apartamento e não sabia que você estaria aqui. Mas eu prometo que assim que sair do sufoco eu...

Abner o interrompeu pondo o dedo indicador nos seus lábios.

_ Meu amor, eu não quero que se preocupe com isso. Tudo que pago pra você, pago com a maior satisfação. Um dia, ainda vou ser rico e pôr um mundo aos seus pés.

_ Credo! Você falou como o Júlio falava quando era pobre. Não quero que nenhum homem me banque mais. É horrível ficar vulnerável a uma pessoa. Quero que sejamos companheiros, que um seja o suporte do outro. Não quero nada de mão beijada.

Após o jantar, caminharam pela praia de mãos dadas. A lua estava cheia e o seu estrelado.

_ Amor, lembra que a nossa primeira vez foi numa praia?

_ Como eu poderia esquecer, Leandro? Foi uma dos melhores noites da minha vida.

Eles pararam a caminhada e Abner o abraçou por trás, observando o mar.

_ Eu reparei que você está tristinho. Você pode desabafar comigo, Leo.

_ Eu não quero estragar o nosso momento. Tá tão bom.

_Ter conversas difíceis, às vezes, é necessário para evitar uma vida difícil. O que você guarda pode te adoecer.

_ Podemos conversar em casa?_Leandro perguntou, apoiando a testa na de Abner.

_ Claro, meu bem.

Sentaram no sofá confortável, que ficava na varando do quarto. Leandro olhava para o mar com tristeza.

Contou tudo o que aconteceu no almoço de páscoa. Abria o seu coração sobre os seus sentimentos turbulentos.

_ Caralho! Tudo isso tá muito errado! Não é justo que você saia como o errado da história e o imoral do Júlio como o certo! Leandro, ele está jogando todos os podres em cima de você!

_ Estranho... você fala como se conhecesse o Júlio.

_ Um homem que magoa o seu coração não vale nada.

_ É muito injusto. O Júlio não deve usar os nossos problemas para pôr a minha filha contra mim. Eu sempre suportei as infidelidades dele em silêncio. Mesmo que me doesse muito eu ficava calado. O que eu não queria de jeito nenhum era que a Vanessa sofresse, a poupei de tudo. Mas, o Júlio não. Jogou os meus erros em cima da menina. Ele nem se importa que ela está sofrendo!

"Você não sabe o que eu passei. O quanto fui humilhado. O amante dele ligou para a minha casa! Numa festa de família! Foi tão vergonhoso!"

Ao ver Leandro chorar, Abner sentiu a culpa o torturar. E a vergonha o queimava a face. Aguentou calado, mesmo com o coração partido. O medo de perder Leandro abafou qualquer palavra que poderia dizer.

_ O amante dele se chama Abner. Ah, eu odeio tanto esse homem! Ele ligou para o Júlio na noite da véspera de Natal. Eu atendi e tenho certeza que ele riu de mim do outro lado da linha. Tive uma briga feia com o Júlio. Como sempre, Júlio me humilhou e ainda me tratou como se fosse um louco histérico. Eu sofri tanto naquele dia...sabe o que foi pior? Eu não tive direito de sofrer. Tinha que aguentar calado e fingir um sorriso perante os convidados e a minha filha. Ela ouviu as nossas brigas, mas eu não disse nada. Ao contrário do Júlio, que me fez sair como louco perante ela. Agora, eu sou o infiel, o imoral, o que não merece respeito...ah, isso é tão injusto.

Antes que Leandro desabasse, Abner o abraçou e distribuiu beijos em seu rosto.

_ Meu amor, você não merece nada disso. Eu sinto muito. Sinto muito mesmo.

Manteram-se abraçados. Abner beijava a sua testa, enquanto ele chorava.

....

Lorena saía do banho quando o celular tocou. Ela saiu do banheiro enrolada numa toalha e os longos cabelos molhados. Ainda estava de mau humor.

_ Fala, Valéria._ Ela disse como se fizesse um sacrifício.

_ Bom dia, Lorena. Tá podendo falar?

_Diga.

_ Eu gostaria muito de falar com você. Será que poderíamos nos encontrar no seu horário de almoço?

_Sobre o que quer conversar?

_ Um assunto que pode ser muito lucrativo pra você. Vai querer ou não conversa comigo?

_ Só pode ser pessoalmente?

_ Sim.

A curiosidade falou mais alto e Lorena marcou o encontro para dali a uma hora, num restaurante japonês, que ficava localizado no shopping center.

Pontual, Lorena chegou na hora marcada e encontrou Valéria sentada á mesa, a sua espera. Cumprimentaram-se com três beijos no rosto, antes de sentarem.

O garçom foi acionado por Valéria, cada uma escolheu o seu prato e o homem partiu para oficializar o pedido.

_ Bom, Lorena, não vou fazer rodeios e vou direto ao ponto. Tanto eu quanto você somos mulheres ocupadas e não temos tempo a perder.

"Você trabalha há anos para o Júlio e eu sei muito bem que ele confia em você. Confia muito. Tanto é que você sabe de todas as putarias dele e os seus casos. E nem adianta negar que eu não sou nenhuma idiota."

_ Aonde você está querendo chegar, Valéria?

_ Eu estou disposta a pagar muito bem por uma informação. Muito bem mesmo. Te dou dois mil reais por um nome e uma ficha completa. Prometo ser discreta e tratar o caso de um jeito que o Júlio nunca vai suspeitar que veio da sua boca.

_ Entendi._ Lorena disse balançando a cabeça positivamente. Ela já presumia o que Valéria queria saber, mas preferiu perguntar para fingir que não sabia.

_ Eu quero saber o nome e ficha completa do Abner, amante do Júlio.

Lorena sorriu, vendo ali uma oportunidade de se vingar.

_ Eu sei tudo sobre esse Abner. Posso te dizer agora mesmo. Mas terá que fazer um pix antes.

_ Diga, que eu pago.

_ Primeiro paga.

_ E se você não disser?

_ Valéria, eu sou uma mulher e não uma moleca. Você decide. Confia em mim, faz o pix, que eu falo.

_ Tudo bem. Diga o seu pix.

_ Vou te mandar via Whatsapp.

Valéria fez o pagamento no mesmo instante.

_ Tá pago. Agora me diga quem é esse tal de Abner, onde mora, trabalha...se é que trabalha...e também quero foto.

_ Abner é o Dimitri.

Valéria deu erguida para trás, com os olhos arregalados.

_ Como assim?

_ É isso mesmo. Abner é o mesmo Dimitri que tá comendo o seu amigo Leandro. Abner é amante dos dois.

_ Que brincadeira é essa?_ Valéria perguntou incrédula.

_ Eu tô com cara de quem tá brincando? Abner é filho da minha madrasta. É um vagabundo literalmente. Vende o corpo em troca de dinheiro. O Júlio vive requisitando serviços de michês. Aí eu o apresentei ao meu irmão. Júlio gostou dos serviços do Abner e virou cliente fixo e único. Pagava para ter exclusividade e conseguiu um emprego para o meu pai e a minha madrasta como caseiros no sítio.

_ Que filho da puta! E eu achando que o motivo do emprego era por sua causa.

_ O caso deles foi ficando cada vez mais sério. Júlio mentiu para o Abner dizendo que deixaria o Leandro para se casar com ele. Eu sempre o alertei que era mentira. Todo mundo que conhece o Júlio sabe da sua obssessão por Leandro. Ele jamais o deixaria por homem nenhum. Mas Abner, quis se iludir.

"Até que Abner fez a burrice de ligar para o Júlio na noite de natal e o Leandro atendeu, dando em toda aquela confusão. No dia seguinte, Júlio foi até o apartamento que comprou pro Abner e ambos brigaram muito."

_ Pera aí. Você está me dizendo que o Júlio deu um apartamento para o Abner? É isso mesmo.

Lorena respondeu balançando a cabeça.

_ Que crápula! Para o meu Bijuzinho mesmo ele nunca deu nem uma chopana. Ai que desgraçado!

_ Com a briga, Abner resolveu aceitar a proposta do seu amigo bilionário, o... como é mesmo o nome dele?

_ Ivan Matarazzo.

_ Ah, sim! Esse mesmo. O que Abner não esperava era que o cliente fosse o seu rival Leandro. Ele só descobriu que era o dito cujo quando foi á casa de Júlio no réveillon. A intenção de Abner era confrontar Leandro e revelar tudo. Mas quando soube que Leandro era o tal de Guilherme, resolveu curtir com a cara da songa monga, como o Abner o chama.

_ Eu tô tão enojada, que nem consigo acreditar.

_ Eu posso provar. Veja com os seus próprios olhos.

Lorena enviou um link para o WhatsApp de Valéria.

_ Veja. Esse aí é o Instagram da Lurdes. Você a conhece como ex caseira do Júlio. Tá vendo as fotinhos dela ao lado do queridinho filho Abner.

Valéria olhava as fotos abismada, constatando que Lorena disse a verdade. Estava trêmula, com o susto.

_ Que desgraçado!

_ Abner tava achando divertido comer o Leandro. Morria de rir porque o mesmo acreditava nas suas falsas juras de amor. E ao mesmo tempo, também se divertia porque estava fazendo Júlio de idiota.

_ Como ele se atreve a brincar com os sentimentos do Leandro? Que crueldade!

_ O Abner é muito invejoso. Ele queria muito estar no lugar do Leandro e ser o marido do Júlio, só para obter os privilégios financeiros que o Leandro tinha. Como não conseguiu, resolveu se vingar desse modo.

_ Puta que pariu! Porra! Só de pensar que eu deixei o Leandro sozinho com esse crápula!

_ Isso não é bom! Abner pode ser muito perigoso. Ele morre de inveja do Leandro.

_ Perigosa serei eu quando pôr as minhas mãos naquele demônio. Ele vai pagar pelo que fez ao meu amigo. E você também, hein. Sabia de tudo e nunca disse nada.

_ Eu sinto muito. Mas eu não poderia dizer nada. Corria o risco de perder o meu emprego.

_ Mas agora você não está com medo de perder o seu emprego!

_ Eu já perdi. O Júlio descobriu tudo e me pôs no olho oh rua.

_ O quê?! Júlio descobriu tudo?! Que merda! Eu vou agora mesmo buscar o Leandro em Búzios.

_ Eles estão em Búzios?_ Lorena perguntou enciumada.

_ Sim. Eu aluguei a casa do Pacheco, aquele meu amigo e do Júlio.

_Sei quem é.

_ Eu tô indo pra lá agora tirar a máscara daquele cretino._ Valéria retirou algumas cédulas da carteira e deixou sobre a mesa._ Aqui está o valor da conta do nosso almoço. Nervosa do jeito que estou, nem vou conseguir comer. Tô indo.

_ Tá bom. Tchau.

Quando Lorena avistou Valéria saindo do restaurante, ela libertou o sorriso que estava aprisionado na sua falsidade. Imediatamente pegou o celular e ligou para Júlio.

_ O que você quer, Judas?

_ Eu vim te dar uma informação, mesmo você não merecendo, seu corno.

_ Escute aqui...

_ Escute aqui você. Você se acha tão esperto, né doutor? Todo mundo te engana, palhaço! Até o seu amiguinho, o Pacheco.

_ Do que você está falando?

_ O Pacheco alugou a casa de Búzios para o seu amante comer o rabo do seu marido._ Lorena deu uma gargalhada._ A essa hora os dois estão fodendo muito e rindo da sua cara. Leandro prometeu que ia se vingar de você e cumpriu. Te fez de palhaço pegando o seu amante.

_ Ele não sabe que o Abner é o Dimitri.

_ Meu deus como você é burro! Claro que sabe, doutor. Ele e Valéria me pagaram há um tempo atrás e com o seu dinheiro, para saber quem era o Abner. Aí ele começou a dar pro seu amante como forma de vingança. O que ele não esperava era que a pica do Abner era mais gostosa que a sua. Isso, segundo as palavras do próprio Leandro.

"Agora vá lá na casa do Pacheco e veja com os seus próprios olhos os dois pombinhos trepando. Deve ser muito sexy. Quem sabe eles te deixam participar,?"

Lorena desligou sorrindo.

Logo em seguida, ligou para Abner.

Ele estava na cozinha preparando o almoço, quando atendeu o celular. Pela parede de vidro, confirmou se Leandro estava mesmo na piscina, para não correr o risco de que ele ouvisse a conversa.

_ O que você quer, Lorena?

_ Te mostrar que comigo não se brinca. Eu acabei de contar para a Valéria que você é o Abner.

_ O quê?! Tá maluca?!

_ Contei tudo pra ela e a mesma está a caminho de onde vocês estão. E nem adianta fugir da Valéria. Ela vai te caçar onde for e vai contar tudinho para a sua songa monga de estimação.

_ Sua vadia! Eu vou acabar com você!

_ Veremos quem vai acabar com quem._ Lorena desligou sorrindo.

O garçom chegou com o pedido e pôs na mesa desejando um bom apetite para Lorena. Ele reparou que a outra mulher não estava mais ali, teve vontade de perguntar por ela, mas não quis ser indiscreto.

Lorena sorria enquanto mastigava o sushi, lembrando do caos que causou.

Abner se viu desesperado. Olhava para Leandro nadando, inocente, e o medo o pegou de tal forma que caiu em prantos. Chegou o fim da linha. Agora não há como escapar. Tudo estava acabado. Leandro ia descobrir a verdade e o odiar para sempre. Ele perderia o grande amor da sua vida.

Sentou no chão, abraçando os joelhos, chorando muito. Leandro era precioso demais para ser perdido daquele jeito.

Abner só queria ser feliz ao lado homem que ama. E isso não seria mais possível. Valéria era a melhor amiga dele, jamais aceitaria guardar segredo. E além disso, deveria estar com muito ódio e isso influenciaria Leandro a também ter ódio dele quando ela contasse.

"Não é justo que Leandro saiba desse jeito. É melhor eu mesmo contar." Levantou trêmulo e desligou o fogo do fogão.

Foi caminhando devagar até a área externa. De alguma forma esperava que algo acontecesse no caminho que o jogo pudesse mudar. Foi em vão.

Ao chegar próximo da piscina, sentiu a culpa pesar como toneladas em suas costas ao ver que Leandro sorria para ele, com um olhar apaixonado.

_ Venha, amorzinho. A água tá uma delícia!

Abner desabou no choro, sentando na espreguiçadeira. Preocupado, Leandro saiu da água e o abraçou.

_ O que aconteceu, meu amor?

Abner se levantou com as mãos nos ombros do amado, o encarou nos olhos e o puxou para si num abraço, seguido de um beijo demorado. Queria desfrutar o máximo daquela boca, pois sabia que poderia ser a última vez que a beijasse.

_ O que aconteceu, Dimitri? Você tá me deixando assustado. Alguma tragédia?

_ Eu preciso conversar com você. Preciso te dizer a verdade.

_ Que verdade?

_ Eu...eu quero que saiba que eu te amo muito e que nunca quis o seu mal, apesar de tudo.

_ Fale logo! Você está me deixando nervoso, Dimitri.

_ O meu verdadeiro nome não é Dimitri.

_ Que brincadeira é essa?_ Ao mesmo tempo que Leandro sorria, ele estava assustado.

_ Eu me chamo Abner...eu sou o ex amante do Júlio._ Essa palavras foram ditas por Abner com muita dor.

Leandro deu um passo para trás, expressando horror.

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Comentários

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Valéria ganhou o troféu de mulher burra aqui! Ela não podia ter ficado calada? Só faltou passar o CEP da casa. Que idiota! E pensar que havia inúmeras formas dela e do próprio Leandro saber quem era o Abner, mas pelo visto nenhum dos dois sabe o usar a cabeça do jeito certo.

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Gente o Leandro só sofre. Tomara que a Lorena se engasgue com os hashis. Que Val chegue antes do psicopata do Júlio e consiga tirar o bijuzinho sem nenhum arranhão

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Aeeeeeee finalmente a verdade vindo à tona. Fogo no parquinho é pouco, teremos é um incêndio nos parques da Disney hahahaahahahaha

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