O outro capítulo 24 A hora da verdade

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 9519 palavras
Data: 22/01/2022 19:17:21

Capítulo 24

Luciano é um rapaz alto, ombros largos, porém relaxados. O corpo era sexy, com músculos bem definidos, mas não exagerados como os outros rapazes da mesma academia que ele frequentava. A pele bronzeada realçava os seus olhos cor de mel e a sua boca carnuda e avermelhada.

Os cabelos escuros e curtos estavam muito bem alinhados com gel. Vestia um terno azul escuro e uma gravata de mesma cor.

Admirava-se no espelho do elevador, se sentindo elegante como os advogados da firma. Luciano não estava habituado a se vestir daquele jeito, mas adorava se admirar tendo naquele espelho como o lago de Narciso.

Saiu do elevador com uma expressão serena. Era o seu primeiro emprego e os seus vinte e quatro anos não o permitiam não se sentir tenso toda vez que era requisitado a executar uma tarefa.

Caminhou pelo corredor tentando forjar tranquilidade.

Tocou a campanhia.

Pelo olho mágico, Abner avistou um jovem homem vestido de terno e gravata portando uma maleta preta de couro.

Estranhou o porteiro não ter anunciado a chegada do rapaz. Teve medo, já que há quatro dias recebeu alta da sua internação de um mês do hospital. Ainda estava abatido e com olheiras. Perdeu alguns quilos, deixando os ossos da face salientes.

Os cabelos optou por cortar, quando foi fazer a barba e o bigode. Depois daqueles dias turbulentos de recuperação, o que mais queria era praticidade.

_ Quem?_perguntou assustado. Não estava disposto a abrir a porta. Ainda temia pela sua vida. Ele viu, há dois dias, no noticiário que Júlio havia saído da prisão, que responderia em liberdade o processo por tentativa de homicidio.

_ Boa tarde, senhor Abner. Eu me chamo Luciano Neto, sou um representante do escritório de advocacia Vanessa Medeiros.

_ Vá embora! Antes que eu chame a polícia.

_ Por acaso é crime trazer um comunicado, senhor? Mas, se o senhor quiser incomodar os policiais tudo bem. Eu não me oponho.

_ Ele te mandou aqui para me matar?

Luciano deu um sorriso no canto da boca e respondeu:

_ Eu tenho cara de assassino?

_ Tem.

Luciano não esperava essa resposta.

_ Eu só vim fazer o meu trabalho de trazer um comunicado do escritório.

_ O que você tem dentro dessa mala?

_ Ah! Quer que eu abra para o senhor se certificar que não é uma arma?

_ Claro.

O jovem abriu a mala mostrando pelo olho mágico o conteúdo interno. Havia um tablet e alguns papéis.

_ Agora retire o paletó e gire.

Luciano obedeceu. Estava começando a deixar de achar graça daquela situação.

_ Agora posso entrar?

Abner foi para o quarto, retornando com um revólver escondido no cós da calça, e coberto com o casaco de moletom amarelo. Abriu a porta, sinalizando com a cabeça a autorização para Luciano entrar.

O rapaz já foi logo se sentando, sem perguntar se podia, pôs a maleta no colo e a abriu.

Abner sentou na poltrona em frente, com um olhar desconfiado.

_ Você é um advogado?

_ Não. Eu sou o novo assistente do doutor Júlio Medeiros.

_ Ah, é o novo secretário. Substituto da vaca do Lorena. O que você quer?

_ Eu vim anunciar que o meu patrão está requerendo o imóvel. Nós temos uma autorização para pedir que se retire do imóvel o mais depressa possível...e deixe a mobília dentro, como o senhor recebeu._ Luciano disse o entregando um documento.

Abner deu um sorrisinho debochado.

_Agora o traste quer que eu saia do meu apartamento? Nunca! Ouviu bem?

_ Se me permite fazer uma pequena correção, o apartamento não pertence ao senhor.

_ Ah, não?_Abner perguntou com ironia, cruzando os braços._ O Júlio comprou para mim. Me deu de papel passado. Ninguém mandou ele ser otário. Perdeu.

Luciano achou sorriso de Abner era de uma ironia irritante.

_ Bom, eu vou informá-lo que corre um processo judicial contra o senhor, requerendo os alugueis nunca pagos pelo imóvel, que pertence a senhorita Vanessa Medeiros Toledo, que é uma menor de idade e está sob a tutela de seu pai, o doutor Júlio Medeiros Garcia. Logo, ele é o responsável pelo imóvel, respondendo pela menor.

_ Você acha que eu sou otário? Eu tenho a escritura deste apartamento em meu nome. Posso provar que essa bodega é minha. Se a intenção do Júlio foi me assustar, falhou com sucesso.

Luciano retirou o tablet da maleta e fez uma chamada de vídeo. Virou o aparelho em direção a Abner, que ficou assustado ao ver Júlio do outro lado da tela.

Diferente dele, Júlio não parecia nada abatido. Estava mais corado, pele fresca, olhar brilhante e um sorriso largo. Estava em seu escritório de casa. Por trás, era possível ver pela parede de vidro o mar azul do Leblon. Estava sentado com as pernas cruzadas e as pontas dos dedos apoiando a cabeça, inclinada para o lado. Tinha em mãos, um copo de whisky.

_ Olá, talarico! Como tem passado depois de ver a morte de perto?

_ Que palhaçada é essa?

_ Nós precisávamos conversar, aí como tenho uma ordem de restrição para me manter a 500 metros de distancia, resolvi fazer essa ligação para esclarecer algumas coisinhas.

_ Que advogadozinho de merda você é. A restrição também vale para ligações e mensagens, você está violando uma ordem judicial.

_ Ah, é? E vai fazer o quê? Me denunciar? Nossa! Eu vou ser preso!_ Júlio sorriu._ O negócio é o seguinte, desgraçado. Você tem uns dois dias para sair do apartamento da minha filha. Isso eu tô sendo bonzinho. Mas se você quiser esperar o oficial de justiça bater aí como uma ordem de despejo, aí é contigo.

_ Você me deu este apartamento. Inclusive me entregou a escritura.

Júlio ergueu a cabeça para cima, gargalhando.

_ Aquele documento fake? O que você tem de gostoso, tem de burrinho...e de filho da puta também.

_ Falso?

_ Sim. Tão falso, quanto você. Luciano.

_ Pois não, doutor.

_ Mostre a ele o nosso contrato de aluguel.

Luciano retirou o documento da maleta e entregou a Abner, que leu estupefato.

_Você me deve meses de aluguel no valor de quatro mil reais mensais. Como nunca me pagou, terá que fazer isso quando for condenado. Vou mover os meus pauzinhos para agilizar a audiência. Não teve jeito, seu merda! Vai ter que me devolver todo o dinheiro que me roubou.

_ Eu não roubei porra nenhuma! Você me comprou! E outra, eu não assinei essa merda!

_ Assinou sim. Aí está a sua assinatura autêntica e com testemunhas.

_ Isso é falsificado!

_ Não reconhece o seu próprio garrancho?

_ Eu reconheço que é uma letra muito parecida com a minha, mas não é. Eu não me lembro de ter assinado.

_ Você assinou sim, coisa rica. Ambicioso como sempre, assinou em meio há muitos papéis. Lembra quando eu te dei alguns presentinhos e te pedia para assinar algumas coisinhas? O contrato foi no meio.

_ Filho da puta!

_ Não. A minha mãe não era a sua colega de profissão. Ela optou por ganhar a vida com meios honestos. Você poderia ter tido uma vida maravilhosa, Abner. Podia ter se dado bem até eu me cansar de você e te dispensar. Coisa que não ia demorar para acontecer, pois você estava perdendo a graça. Mas, não, foi querer meter o pau no que era meu!

"Eu lamento muito que você não morreu naquele dia. Bem que tia Dirce sempre diz que vaso ruim não quebra. Mas o que você me fez não vai ficar barato. Agora saia do meu apartamento."

_ Iiiih que chato! Eu saio deste moquifo hoje mesmo. Enfia está merda no seu cu. E nem venha me dizer que eu coloquei o pau no que era seu, porque o Leandro não é propriedade de ninguém. Eu não tenho culpa se você não teve competência para segurar o seu marido. Eu só dei a ele o que você não foi capaz de dar: tesão.

_ Isso é só o começo, Abner. Só o começo._ Júlio encerrou a chamada de vídeo sorrindo.

_ Então, senhor Abner, eu já vou indo. Obrigado por me receber. O senhor deve deixar as chaves na portaria. Dentro de dois dias o doutor Júlio virá para requerer o imóvel. E já aviso que não deve retirar nada daqui, a não ser os seus objetos pessoais.

Luciano ajeitou tudo na maleta, levantou e caminhou em direção á porta.

_ Você tá dando pra ele né?

Luciano parou e virou para trás. Viu que Abner continuava com o sorriso que lhe dava nos nervos.

_ Desde que entrou aqui todo tenso e vestido como um advogadozinho logo percebi que é uma passiva enrustida, que por sentar na pica do chefe, se acha importante.

_ Eu nem vou me dá o trabalho de descer o mesmo nível que você.

_ Você já desceu quando começou a foder com o seu patrão. Na certa, é pobre e está deslumbrado por se deitar com um ricasso mais velho. Júlio é bom de cama e de lábia também. Deve estar te iludindo, dizendo que te ama, que você é único...se duvidar deve estar fazendo várias promessas como fez comigo.

"Só te digo uma coisa: ele vai te usar até se cansar e depois vai te descartar como uma camisinha usada. Ele não tem responsabilidade afetiva com ninguém. Só pensa em satisfazer o próprio pau."

_ Ridículo.

_ Ele gosta que senta por cima. Fica doidinho. Aproveita enquanto pode_ Abner sorriu piscando o olho.

Luciano saiu batendo a porta.

_ Bicha abusada! _ disse Luciano com ar de nojo. Entrou no elevador.

....

_ Traidora!_ Vanessa disse, com a cabeça erguida, olhando de um jeito ameaçador no fundo dos olhos de Patrícia.

_ Nem adianta me olhar assim. Não tenho medo de você._Patricia respondeu serena, mostrando que a intimidação de Vanessa não tinha nenhum efeito sobre ela.

Vanessa cruzava os braços, revirando os olhos para cima e bufava batendo o pé.

_ Nem adianta debochar. Isso são notas?! Porra! Você não faz nada da vida, tem tudo que quer, não precisa se preocupar com nada! A única coisa que você deve fazer é estudar e mesmo assim tira essas notas vergonhosas?!

Enquanto ouvia os sermões de Júlio, Vanessa olhava para Patrícia.

No dia anterior, a diretora da colégio ligou para a casa de Vanessa com a intenção de falar com um dos responsáveis pela adolescente. Patrícia atendeu, dizendo que Júlio não estava em casa. Depois de muitas tentativas de falar com os responsáveis, a diretora acabou relatando o baixo rendimento escolar para Patrícia, que informou a Júlio no café da manhã.

Vanessa temeu ficar mais vez de castigo. No entanto, Júlio só deu um sermão antes de sair.

_ A culpa de tudo isso é daquele adúltero safado! Se tivesse cumprido com as obrigações dele como pai ao invés de arrumar macho, nada disso teria acontecido.

Vanessa levantou da mesa revoltada com Patrícia por ter passado o recado da diretora para Júlio e com o adultério de Leandro.

No fim da tarde, Patrícia foi até á casa de Valéria conversar com Leandro sobre o ocorrido com Vanessa.

_ Leandro, sem você aquela casa tá um caos. Júlio não se preocupa em fazer as compras do mês, na falta de ter o que cozinhar, Vanessa acaba comendo qualquer porcaria que pede por delivery. Até engordou uns quilinhos! E sem contar que a menina não tem hora para dormir. Fica até tarde de fofoca com as amigas na internet, e nem acorda cedo para ir á escola. Tem perdido muitas aulas. Deve ser por isso que o rendimento na escola tenha caído tanto.

Eles conversavam á mesa, tomando café e comendo um delicioso bolo de laranja feito por Soraya.

Á medida que ouvia toda a conversa, Leandro perdia a fome.

_ Isso tudo não é justo! Não aceito ver a minha filha sendo negligenciada desse jeito e não poder fazer nada. E ainda sou acusado de ser o responsável por isso.

_ Realmente, por enquanto, você não pode fazer nada, Bijuzinho. A Vanessa não quer nem te ver pintado de ouro. Ela te acha culpado pela curta temporada que o Júlio passou na cadeia. O jeito é esperar até a audiência.

_ Mas eu não posso deixar que ela se afunde. A cabecinha dela deve tá a mil. Toda essa merda acontecendo, as negligências do Júlio e ainda toda a alienação parental..._ Leandro pausou a fala para respirar fundo._ Eu preciso fazer alguma coisa. Eu não posso deixar que as coisas fiquem como estão.

Leandro não revelou a elas o que tinha em mente, pois sabia que as amigas não concordariam.

Luciano acompanhou com os olhos a entrada de Leandro no escritório. Estava incrédulo pela coragem dele de se aproximar de Júlio depois de tudo que havia acontecido.

As recepcionistas também olhavam com curiosidade, acreditavam que aconteceria alguma briga entre o ex casal.

_ Bom dia, meninas. Eu gostaria de falar com o doutor, Júlio.

_ Bom dia, seu Leandro. Eu...

_ Eu vou anunciar ao doutor Júlio que o senhor está aqui e deseja falar com ele._ Luciano disse interrompendo a recepcionista.

_ Obrigado.

Luciano saiu sério. Era visível que não gostou da presença de Leandro.

_ Quem é ele, Luíza?

_ É o novo secretário do doutor Júlio, o substituto da Lorena.

Luiza o olhava com malícia e Leandro entendeu o que ela quis dizer.

Luciano retornou com o ar de superioridade.

_ O doutor Júlio Medeiros autorizou a sua entrada. Me acompanhe, por favor.

Durante o percusso da recepção a sala de Júlio, Leandro tentava conter a tensão. Só de pensar em estar diante de Júlio se sentia apavorado. A imagem de Júlio transtornado, apontando uma arma para ele o apavarorava. Quando fechava os olhos, ainda podia ouvir o barulho das balas e Abner ferido em seus braços.

A porta do elevador se abriu. A porta da sala estava em frente. Leandro encolheu as mãos trêmulas, respirando fundo.

Ao ver o sorriso irritante do ex marido, o seu medo se transformou em raiva. "Como ele pode sorrir depois de tudo que me fez? Cínico!"

_ Pode se retirar._ Júlio disse a Luciano.

_ Com licença.

Luciano se retirou, deixando os dois a sós.

_ Que bons ventos o trazem, coração?

Leandro o olhava com raiva. Mas prometeu a si mesmo que iria se conter para não brigar.

_ Não me chame assim. Não temos intimidade para isso.

Júlio manteve o sorriso, deixando Leandro ainda mais irritado.

_ Sente-se, senhor Leandro Toledo. É mais que um prazer te receber aqui em meu humilde escritório.

_ Vamos parar de deboches, Júlio. Você não tem mais idade para isso.

Leandro sentou na cadeira em frente a do advogado.

_ Deseja beber alguma coisa?

_ Não quero nada.

_ Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você me procuraria. O que é bom, eu tenho tanta coisa para te dizer. Eu sei que aconteceram coisas horríveis. Mas quero que saiba que tudo isso também me deixou mal. Muito mal mesmo. Eu refleti muito durante esses dias e cheguei a conclusão do quanto fui injusto com você. Você não merecia tudo que fiz. Nós fomos vítimas da sedução do Abner. Ele se aproveitou de você para poder me atingir. Eu sinto muito por tudo que...

_ Júlio, eu não vim aqui para falar de nós e muito menos do senhor seu amante. Vim para tratar de um assunto muito importante. Quero falar da nossa filha.

_ Pra você, meu amor, eu sou todo ouvido e o resto também._ Júlio disse sorrindo e olhando para o próprio pau. Leandro respirou fundo para não perder a paciência.

_ Eu acabei de vir do colégio. Tive uma conversa com a coordenadora e fui informado que a Vanessa teve uma queda preocupante nas notas escolares e tem faltado as aulas. Pelas últimas fotos que ela postou na rede social, percebi que ganhou alguns quilos e ela sempre está online às madrugadas, tudo isso me leva a concluir que a nossa filha precisa de cuidados. Ela é só uma criança, Júlio. Está passando por muitas coisas que são demais para ela. Você precisa fazer alguma coisa antes que...

_ Eu tenho que fazer alguma coisa?

_ Lógico! É você quem tem a guarda dela.

_ Você acha que eu tenho tempo para cuidar disso? Acha que levo a vida de boa? Tudo isso era função sua. Mas você preferiu sair de casa para viver uma aventura com um charlatão.

_ Então, deixe a Vanessa vir morar comigo, já que você não tem competência para cuidar dela.

Júlio gargalhou.

_ A minha filha viver com você? Onde? Encostado na casa da Valéria?

_ Não. Eu tenho onde morar.

_ Ah, é? E posso saber onde?

_ Não pode. Isso não é da sua conta.

_ É da minha conta sim saber onde você pretende viver com a minha filha.

_ Júlio, eu sei que, apesar de tudo, você ama a Vanessa tanto quanto eu. Só te peço que cuide da nossa filha. Ela precisa de um acompanhamento psicológico para poder processar tudo o que está acontecendo, ela precisa manter uma alimentação saudável, precisa focar nos estudos e praticar atividade física. Vanessa precisa manter o padrão de vida que levava antes. Como você é o responsável por ela, só te peço que cuide da nossa filha e não a use para me atingir.

_ Você tem razão. Eu vou ver o que posso fazer. Mas não sou tão bom quanto você. Você tá fazendo falta. Repense as suas atitudes por ela. Volte pra casa pela Vanessa. Nós podemos tentar reconstruir a nossa família. Fazer uma viagem seria ótimo para todos nós. As férias de julho estão chegando e a Vanessa adora as praias do Caribe. Coração, eu estou disposto a te perdoar, o que seria justo, já que você me perdoou inúmeras vezes.

_ Bom, é só isso que tenho a dizer. Com licença.

Leandro levantou e foi andando até a porta.

_ Eu te amo. Nunca vou desistir de você.

Leandro olhou para trás com ódio e saiu sem dizer uma palavra.

...

Por mais que as circunstâncias dissessem o contrário, Júlio ainda mantinha a esperança em reatar o casamento. Pensava que se mostrasse como um bom pai para Vanessa, Leandro poderia voltar a ter algum tipo de admiração por ele.

Vanessa era um elo eterno entre os dois, e Júlio queria tirar vantagens sobre isso.

Como detestava administrar uma casa, função que antes Leandro que exercia, Júlio pediu para que sua tia Dirce passasse uns dias em sua casa para cuidar do ambiente.

A idosa ficou admirada com a negligência do local. Há poucos dias, Patrícia havia surpreendido a todos com o seu pedido repentino de demissão e Júlio não havia providenciado a contratação de uma substituta.

A casa estava um caos, despensa e geladeira vazias, boletos de serviços de fornecimento de energia elétrica, condomínio, Internet, TV a cabo entre outros estão acumulados.

Vanessa não era organizada, deixava roupas espalhadas pela casa, louças sujas pela pia e mesa. Júlio detestava a desordem, sempre reclamava e recebia gestos debochados como respostas da filha.

_ Minha nossa senhora! Isto aqui tá uma zorra! Leandro poderia ter um péssimo caráter, mas era um bom dono de casa.

_ Leandro faz falta nesta casa, tia. Mas, tenho fé que em breve ele estará de volta.

_ Você ainda vai aceitá-lo como marido depois de ter te traído com o filho da caseira? Depois de toda tragédia que aconteceu e do que ele te levou a fazer, Júlio? Tenha amor próprio, pelo amor de deus!

_ Eu tenho amor próprio, tia. Mas o meu amor pelo Leandro é muito maior.

_ Isso não é amor, é obssessão!

Dona Dirce se encarregou de cuidar de tudo. No mesmo dia foi ao supermercado, programou as contas para serem pagas no débito automático (se perguntando o porquê Leandro nunca havia feito isso) e ligou para a agência solicitando uma nova empregada doméstica fixa.

Enquanto não se decidia entre as diversas candidatas entrevistadas, dona Dirce solicitou os serviços de uma empresa com profissionais de limpeza.

_ A senhora é um anjo, tia. Desde que veio para cá, este lugar voltou a ser chamado de lar.

_ É, mas pode contratar uma governanta ou se case novamente, porque não vou ficar para a semente.

_ Eu não vou fazer nenhuma coisa e nem outra. Leandro nunca achou necessário ter uma governanta. Ele sempre diz que isso é antiquado. E me casar novamente, nem pensar. Já sou casado e o lugar do Leandro ninguém ocupa.

_ Você precisa de terapia.

O interfone tocou naquele instante. Vanessa entrou na sala correndo saltitando, com o seu jeito alegre de menina. Vestia um short curto de moletom rosa e um cropt de renda branca, os pés descalços e os cabelos presos num rabo de cavalo, com cachos louros caídos. Dona Dirce chamou a sua atenção pelas vestes curtas e modos extravagantes, o que a fez bufar e desejar que a estadia da idosa se encurtasse na casa.

Atendeu empolgada, acreditando ser o grupo de quatro amigas que esperava. No entanto, se surpreendeu com o visitante.

_ Pai! Pai! O porteiro disse que tem um oficial de justiça querendo falar com você.

Júlio ficou surpreendido. E autorizou a entrada do oficial.

Sua expressão serena se dissipou por completo, enquanto os seus olhos percorriam pelo documento.

_ Puta que pariu! Merda!

_ O que houve, pai?!

_ O Leandro está me acusando de alienação parental e está requerendo a sua guarda.

_ O que é alienação parental, pai?

_ Ele me acusa injustamente de te pôr contra ele. De te manipular para que tenha ódio dele. Isso é mentira! A única coisa que fiz foi te pôr a par de tudo que estava acontecendo. Não é justo que você não saiba de nada.

"Filha, Leandro quer te obrigar a conviver com aquele tal de Abner. E isso eu não vou permitir."

_ Eu não quero conviver com aquele sujeito! Eu o odeio, tanto ele quanta a família traidora dele! Porra! Eu gostava da Lorena, da Lurdes e do Martins. Os tinha como amigos e por debaixo do pano acorbertavam as safadezas do meu pai e do Abner? Eu não aceito nem olhar para a cara desse sujeito. Não quero!

_ Isso não vai acontecer. Eu vou fazer o possível para isso. Mas, vou precisar da sua ajuda. Se Leandro conseguir provar que você está sofrendo alienação parental, ele pode acrescentar com o fato de eu estar respondendo o processo por tentativa de homicidio contra o Abner, tudo isso pode favorecer o Leandro para que consiga a sua guarda.

Eu não conheço esse tal de Abner, mas dar para imaginar que não possui um bom caráter. Ele se aproveitou das minhas brigas com o Leandro para seduzi-lo e tirar dinheiro dele. Abner quer que você vá viver com eles e assim ser sustentado com o valor da pensão que eu terei que te pagar."

_ Que sujeito mau caráter! Filho da puta! Pena que você não conseguiu mata-lo. Aliás, você nem tinha que responder processo por isso. É um absurdo o sistema judicial ter abolido o crime de honra.

_ Não diga bobagens, menina! Você queria que o seu pai se tornasse um assassino?! Não vivemos na lei da selva.

_ Aquele traste merece morrer! Eu não quero viver com ele! Não quero!_ as lágrimas já se formavam nos olhos da menina. Júlio a abraçou e beijou a sua testa.

_ Você não vai viver com ele. Mas precisa confiar em mim. Fazer tudo o que eu te instruir, dizer ao juiz tudo o que vou te dizer. Você terá que fazer uma avaliação psicólogica. Mas não se preocupe, eu também vou te dizer tudo que terá que falar. Você confia no papai, meu amor?

_ Confio._ Vanessa respondeu, enxugando as lágrimas.

_ Muito bem. Você é uma boa menina.

_ Posso dar uma voltinha na praia com as minhas amigas do condomínio? Preciso espairecer a cabeça.

_ Claro, meu bem.

_ Posso usar o cartão de crédito para tomar sorvete?

_ Pode usar para o que você quiser, meu amor.

_ Obrigada. Te amo, pai. Te amo muito!

Vanessa o abraçou mais apertado que pode. Estava apavorada com a possibilidade de viver sob o mesmo teto que o terrível Abner. Figura que Júlio dedicou dias a descreve-lo com o mais abjeto dos seres humanos.

Ela subiu as escadas correndo como sempre para pôr o biquíni e ligar para as amigas.

_ Eu acho que você não deveria envolver a menina nas brigas de vocês. Ela tá ficando apavorada coitada. O mais correto a se fazer é sentar com o Leandro e ter uma conversa amigável. Botar os problemas conjugais de vocês de lado e chegar a um acordo do que seria melhor para o bem estar da menina. Vocês dois são os pais dela. Eu sempre gostei muito do Leandro e fiquei decepcionada com as atitudes dele, mas sei que é um bom pai. Talvez uma conversa tudo pode se solucionar. Guarda compartilhada seria o melhor. Que pelo menos os fins de semana ele veja a Vanessa.

_ Nem pensar, tia. Se Leandro quiser ver a filha , vai ter voltar pra casa. Fora isso, sem chances.

...

Leandro passou os dias angustiado. Cada vez que a audiência se aproximava se via mais nervoso e assustado.

Valéria tentava acalma-lo sempre dizendo palavras positivas, mas ele tinha um pressentimento que algo bom não estava por vir.

No grande dia tão esperado, Valéria o acompanhou até o fórum. Aguardava no corredor a saída de Leandro e da doutora Jaqueline. Estava ansiosa para saber a sentença do Juiz.

Do outro lado do corredor, Vanessa aguardava com acompanhada de dona Dirce e Luciano.

Assim que chegou no fórum, Vanessa não queria desgrudar de Júlio e olhava com ódio para Leandro, o que o deixou ainda mais triste.

Rubens compareceu como advogado de Júlio. Vestia um terno azul claro de listas pretas.

_ Rubens é um filho da puta mesmo. Nem nos cumprimentou._ Valéria comentou com Leandro e Patrícia, que estava como testemunha de acusação.

_ É óbvio. Você acha que ele vai querer contrariar o patrão? Sempre foi um puxa saco.

A única que os cumprimentou com um aceno de mão foi dona Dirce. Apesar de estar decepcionada com Leandro, ela fez uso da boa educação.

_ E ele não se enxerga que fica ridículo com esses ternos extravagantes?

_ Independente das roupas nada convencionais, Rubens é um dos melhores advogados da equipe do Júlio. Ele nunca joga para perder.

_ Eu tô confiante que tudo vai dar certo, Bijuzinho. E se olharmos pelo lado positivo, pelo menos foi o Rubens e não o seu pai, o que seria muito pior. E aquele cara com eles? Quem é?

_ É o novo assistente do Júlio. Mas não é só isso não. Esses dias mesmo, Júlio mandou a Vanessa dormir na casa de uma das amigas. Quando eu cheguei de manhã na cobertura, esse cara tava lá, só de cueca andando pela casa como se fosse dono. Tinha que ver. Acho que dormiu lá._disse Patrícia.

_ Deve ser um daqueles putos que Júlio demônio paga pra foder.

_ Tomara que seja feliz com esse cara e me esqueça de vez.

_ Seria um sonho, Bijuzinho. Mas eu duvido muito. Júlio é obcecado por você. É um doente.

Vanessa olhava para Patrícia com os braços cruzados e girando a cabeça negativamente.

_ Essa Patrícia é uma traidora. Como ela pode testemunhar contra você depois de trabalhar por anos na nossa casa.

_ Não se preocupe com ela, abelha rainha. Confie em mim._ Rubens disse, piscando o olho e segurando o queixo de Vanessa.

Uma hora depois, todos saem da sala do juiz.

Valéria se levanta num rompante, corre para Leandro com o coração acelerado. A expressão de tristeza do amigo a preocupa.

_ E aí?_ Valéria pergunta com medo da resposta.

Patrícia aguarda com um olhar de aflição.

Leandro abre a boca com dificuldade. Quer falar sem chorar, mas está difícil fazer isso, pois sente as lágrimas pesarem nos olhos.

Júlio e os seus saem sorrindo, vitoriosos.

_ O Juiz o inocentou da acusação de alienação parental e negou o pedido de afastamento do Júlio da Vanessa._ A doutora Jaqueline responde para poupar Leandro.

_ Como assim?! Isso é um absurdo! Júlio sempre encheu a cabeça daquela menina contra o Leandro! E como ele não vai ser afastado dela?! O Júlio cometeu um crime e foi preso por isso! Ele tentou matar uma pessoa!

_ Eu sinto muito. Fiz tudo que estava no meu alcance. Leandro, não desanime nós podemos recorrer da decisão do juiz.

_ E vamos.

_ Não vamos.

As três mulheres olharam surpresas para Leandro.

_ Como assim? Ficou doido, Leandro?!

_ Não fiquei, Valéria. Eu reconheci o Juiz. Era doutor Brandão. Ele já esteve lá na casa do Júlio algumas vezes, em uma das festas. Júlio conhece vários juízes, promotores e até desembargadores vive trocando favores com essa gente. Isso é causa perdida. Por que você acha que ele não permaneceu preso pela tentativa de assassinato do Abner? Se fosse o contrário, o Abner estaria preso até hoje

_ Não! Mas aí mesmo que temos que pôr a boca no mundo e...

_ Não, Valéria! Não! Já era! Eu perdi. Mais uma vez ele venceu!

_ Como? Um juiz não pode ir contra as evidências! Nós tínhamos o testemunho da Patrícia.

_ O Rubens pediu a anulação do testemunho da Patrícia. Ele alegou que não tinha valor por Patrícia ser a minha amiga pessoal. Rubens apresentou fotos minhas com Patrícia que ele pegou no perfil do Instagram dela.

_ Eu sinto muito, Leandro. Nem me passou pela cabeça que isso poderia acontecer. Se eu soubesse, teria apagado as fotos. Desculpe?

_ Não há do que se desculpar, Patrícia. Eu é que tenho que agradecer por tudo que fez por mim. E além disso, Vanessa negou que o Júlio a põe contra mim. Negou tanto aqui, quanto para a psicóloga.

_ Vaca mentirosa! Monstrinha!

_ Valéria, não fale assim dela, por favor. Ela é só uma criança manipulada por ele.

Valéria bufava de raiva. Olhava para Júlio com ódio, louca para arrancar o sorriso dele a tapas.

_ Gente, eu não tô bem. Eu vou ao banheiro molhar o meu rosto.

_ Vai lá, meu bem. E depois vamos embora. Você precisa descansar._ Valéria disse dando um selinho em no amigo.

Leandro se sentiu aliviado por não haver ninguém no banheiro.

Molhou o rosto e fitou a sua imagem refletida no espelho. Não conseguia chorar, por mais que quisesse. O peso da injustiça caía sobre o seu coração, gerando um sentimento de revolta.

Olhou para a porta ao perceber que alguém entrava.

Júlio já não sorria como fez no corredor. Estava sério.

Aproximou-se de Leandro, que tinha as duas mãos apoiadas na pia e o peito abaixado.

_ Olha aonde chegamos. Travamos uma briga judicial por causa da nossa filha. Você acha que isso está fazendo bem a ela, Leandro? Por que você a submeteu a isso?

_ Você não tem o direito de pôr a minha filha contra mim.

_ Cuidado com o que você me acusa sem provas. Eu posso te processar por isso.

_ Eu só quero poder estar com ela. Só quero exercer o meu direito de pai de cuidar da minha filha! Você não pode me tirar isso!

_ E não quero, meu amor! De jeito nenhum quero te afastar da nossa filha. Muito pelo contrário, coração. Quero que você fique ao lado dela sempre, ela precisa muito de você. Mas pra isso, você terá que voltar para a nossa casa. Podemos esquecer tudo isso e reconstruir a nossa família. Podemos juntos criar e educar a nossa menina. Essa é a condição que você tem para ficar perto dela. Pense com carinho, minha vida.

_ Isso não vai ficar assim. Eu vou arrancar a sua máscara e provar pra ela quem é você de verdade, Júlio. Eu já tô cansado de toda essa merda!

Aquela foi mais uma daquelas noites em que Leandro rolava na cama não encontrando o sono. Chorava baixinho, se abrigando debaixo dos lençóis.

Valéria entrou no quarto trazendo uma caneca fumegante de chá.

_ Bijuzinho, não fique assim. Eu odeio te ver desse jeito. _Ela sentou ao seu lado e acariciou o seu rosto._ Eu trouxe esse cházinho com ervas que acalmam.

Leandro sentou na cama, pegou o chá e agradeceu antes de dar o primeiro gole.

_ Não é justo, Val! O Júlio está transformando a minha vida num inferno e nunca paga pelo que faz. Eu não sou nenhum religioso, mas eu queria muito que a lei do retorno fosse verdadeira sabe? Que Júlio me pagasse por cada lágrima que está me fazendo chorar.

Na falta das palavras consoladoras, Valéria o abraçou querendo protegê-lo.

_ E olha que eu sempre te falei para abrir o jogo com a Vanessa. Para contar pra ela todas as merdas que o Júlio fazia. Mas você nunca me ouvia.

_ Eu era um imbecil! Achava que estava protegendo a Vanessa, que seria bom pra ela ver o Júlio como um bom pai. Mas eu estava cavando a minha própria cova. Tudo isso só facilitou para aumentar o seu poder de manipulação sobre ela e a pôr contra mim! Mas isso não vai ficar assim. Acabou Leandro idiota. Eu vou virar o jogo, amiga. Ah, eu vou.

Leandro se atirou nos braços de Valéria, desabando no choro.

....

Por mais que o celular insistisse em tocar, Abner se recusava a abrir os olhos. O que mais queria naquele momento era dormir para sempre.

Tudo havia dado errado na sua vida, perdeu o apartamento que achava que tinha e teve que retornar para a casa dos pais e aguentar mais um sermão e intragável presença de Lorena.

Estava desempregado, e ainda se recuperava do tiro que recebeu no ombro, tendo o braço enfaixado.

De todas as coisas ruins que aconteceram nada sua vida, nada foi pior para ele do que ter perdido Leandro, o grande amor da sua vida.

_ Que merda! Vou desligar essa porra!_ exclamou mal humorado, pegando o aparelho celular para desligar.

No entanto, levantou sorrindo, ficando sentado na cama. Atendeu com prazer ao ver que era o número de Leandro.

Desde o dia do atentado, ele nunca mais vira Leandro. O mesmo se recusava a atender as suas ligações e responder mensagens.

Mesmo sabendo que as chances seriam pequenas, sentiu uma onda de esperança invadir o seu coração.

_ Leo! Que bom ouvir a sua voz!

_ Como você está?_ A voz de Leandro tinha um tom seco, como se fosse um fardo falar com Abner.

_ Estou me recuperando, mas estou bem melhor. E você? Como está? Eu tô com tanta saudade!

_ Estou bem...na medida do possível. Eu gostaria muito de conversar com você.

_ Claro, querido. Sou todo ouvido.

_ Pode ser pessoalmente? O assunto é um pouco delicado para ser conversado por telefone.

_ Claro!

_ Quando poderá me encontrar?

_ O dia e a hora que você quiser, meu bem. Se quiser, pode ser agora mesmo.

_ Pode ser às cinco da tarde, naquela cafeteria que nos encontramos da outra vez? Esse horário fica melhor pra mim, por ser o fim do meu expediente.

_ Tudo bem. Você é quem sabe.

_ Ok, então. Obrigado. Eu tenho que ir agora. Até mais tarde.

_ Até mais tarde. Beijos.

Abner quis dizer que o amava, mas temeu que isso o assustasse e estragasse o seu encontro. Ele contou as horas, estava ansioso para o encontro.

Chegou alguns minutos mais cedo. O tempo inteiro olhava aflito para a porta da cafeteria para se certificar se Leandro estava chegando. Pensou em ligar, mas teve medo de aparentar muito desespero.

Seu coração bateu acelerado de felicidade ao ver Leandro caminhando em direção á sua mesa. Ele tinha uma expressão tristonha e cansada, o que deixou Abner comovido.

O cozinheiro quis se atirar nós braços do amado, se ajoelhar, implorando pelo seu perdão. Quis beija-lhe a boca, saborear as delícias daquele corpo que um dia foi seu.

Conteve-se, aprisionando os desejos para não assustar Leandro. "Um passo de cada vez, Abner. Já foi um grande avanço ele querer falar com você."

Leandro o cumprimentou de um jeito formal, dando uma boa tarde e apertando a sua mão. Perguntou pelo estado de saúde de Abner.

_ Estou bem melhor agora que estamos aqui.

Leandro sentou em frente a Abner. Evitava olhá-lo nos olhos, pois estava contendo a vontade de chorar. Para ele era muito difícil estar diante de Abner. Ele já não era mais o Dimitri, o homem gentil que ele se apaixonou, a sua esperança numa vida melhor. Agora ele era Abner, o ex amante do seu ex marido, o estranho que desfrutou do seu corpo e o traiu de um jeito que ainda doía.

Depois de fazerem o pedido e receberem, Abner disse:

_ Eu sei que errei muito contigo. O que eu fiz foi horrível e você não merecia. Mas eu me arrependo tanto. Sinto muito por todo sofrimento que te causei. Eu menti em muitas coisas, mas nunca quando dizia que te amava. Eu ainda te amo e vou te amar pelo resto da minha vida e...

_ Eu não vim falar de nós. Não quero tocar nesse assunto pelo menos por enquanto. Isso ainda me machuca muito.

_ Tudo bem. Não vamos falar sobre isso até que você esteja pronto. Mas se me procurou, creio que tenha algo a me dizer.

_ Tenho algo a lhe pedir.

_ Realizo todos os seus desejos com todo prazer e sem contestar nada.

_ Eu não sei quem é você. Não sei praticamente nada da sua vida, mas gostaria de saber se dentro desse coração de pedra ainda resta algum restinho de caráter.

Abner abaixou a cabeça.

_ O Júlio usou toda essa história para me ferir de um jeito desumano.

Abner olhou novamente para Leandro, estava preocupado com o que estava acontecendo.

_ Ele fez parecer para a minha filha que só eu fui o adúltero, que destruí a nossa família e o fiz cometer um loucura. Ela me odeia.

Leandro contou toda a história de Vanessa para Abner, que ouvia revoltado.

_ Isso é um absurdo! O Júlio não pode fazer isso contigo! Você também é o pai dela.

_ Ele me ameaçou. Disse se eu quiser ter algum tipo de contato com a minha filha, terei que voltar para ele.

_ Isso não pode acontecer de jeito nenhum! Não digo só isso porque eu te amo e quero te reconquistar. Mesmo que você nunca mais volte pra mim, não seria seguro voltar para o Júlio. Aquele cara é louco e obsessivo, ele é perigoso!

_ Eu preciso da sua ajuda. Você tem algum vídeo ou foto que prove que teve um caso com o Júlio?

_ Não. Infelizmente não tenho nada. Júlio nunca me deixou registrar nada que o comprometesse.

Leandro socou mesa.

_ Merda! Merda! Eu preciso provar para a Vanessa tudo o que o Júlio fez! Mas pelo visto obtive mais uma derrota para a minha coleção.

_ Não! Nada de derrota! Eu não tenho vídeos e fotos, mas tenho como provar que tive um ..._ Abner odiava admitir na frente de Leandro. Para ele era um fardo dizer a palavra caso._ Eu posso provar tudo.

_ Sério?!_ Leandro sorriu, esperançoso._ Como?

_ Eu só preciso ter uma conversa com a garota. É só marcar, que eu levo as provas não só que Júlio foi um adúltero, como o canalha que ele é.

_ Aaaaah! Eu não acredito que finalmente posso ter um pouco de esperança! Obrigado.

_ Não precisa me agradecer. É o mínimo que devo fazer depois de tudo que te fiz sofrer.

_ A Valéria vai entrar em contato com você para planejar como será e quando será o seu encontro com a Vanessa.

_ Tudo bem.

_ Bom, vamos pedir a conta. Tenho que ir.

_ Mas já! Eu gostaria de ficar mais um pouquinho contigo.

Leandro ficou sério. Chamou o garçom com as mãos.

_ Deixa que eu pago.

_ Não. Eu te convidei, logo eu pago. Além do mais não quero que homem nenhum pague nada pra mim.

_ Mas...

_ Eu faço questão.

_ Tudo bem.

Depois de pagar a conta, Leandro se despediu com a mesma formalidade que chegou.

Desta vez, Abner segurou mais forte em sua mão e disse:

_ Eu te amo. Eu vou lutar por você.

Leandro retirou a mão, nervoso, se recordando que Júlio o disse as mesmas palavras.

_ Ultimamente, sinto um mal estar quando alguém diz que me ama. O amor que vocês me oferecem é sórdido e machuca muito.

_ Eu sei. E sinto muito por isso. Serei a melhor versão de mim para ti.

_ Tchau, Abner.

Abner o observou sair da cafeteria. Sorria e suspirava.

_ Ele é tão lindo! É o homem da minha vida!

....

Valéria o ligou no dia seguinte. Ela marcou de pegá-lo na sua casa por volta das onze da manhã.

"Estou dentro do carro, que está estacionado em frente ao seu portão." Foi a mensagem que Valéria enviou para Abner, assim que chegou.

Ele já a aguardava de banho tomado e vestido pronto para sair. Usava roupas formais, calça social preta e blusa social cinza. Optou por se vestir assim porque encontraria Vanessa num restaurante de alto gastronomia, o preferido de Vanessa. Além disso, portava uma pasta na mão.

Ao entrar no carro, cumprimentou Valéria com um "bom dia" e recebeu uma bofetada como resposta.

_ Tá maluca?!_Abner perguntou, segurando o lado da face que apanhou.

_ Isso é pelo que você fez com o meu amigo, seu canalha! O coração do meu Bijuzinho não é circo para qualquer palhaço fazer gracinhas.

_ É...eu mereci essa bofetada.

_ Mereceu mesmo. Agora, vamos focar no que vamos fazer. Eu vou te deixar no restaurante. Lá tem um bar, onde você vai nos aguardar. Eu vou chegar com a chatinha e vamos sentar á mesa em frente ao bar. Na hora certa, eu vou fazer um sinal para que você se aproxime.

_ Eu tenho certeza que ela não vai querer falar comigo.

_ E não vai mesmo. Ela te odeia por acreditar que foi o responsável pelo fim do casamento dos pais dela. Com certeza vai te atacar.

_ E o que eu faço se isso acontecer?

_ Se vire para domar a fera. Agora vamos. Daqui a pouco, a insuportável sai da escola.

O sorriso de Vanessa morreu nos seus lábios, quando viu que Valéria a aguardava com os braços cruzados e um sorriso debochado.

Júlio havia dito a filha que Valéria foi a responsável pelo fim do seu casamento.

Disse a menina que Valéria convenceu Leandro, mentindo que ele cometeu adultério e apresentou Abner a Leandro.

Vanessa se enfureceu e caminhou às pressas em direção á Valéria.

_ O que você quer, sua vagabunda?

_ Vagabunda não. Eu trabalho. Agora se você se refere a minha liberdade sexual para ter quantos parceiros eu quiser, saiba que não me ofendeu, pois tenho orgulho de ter consciência que sou dona do meu próprio corpo, e não são normas sociais machistas que ditam a minha vida.

_ Ui! Temos uma vaca empoderada.

_ Ui! Temos uma pirralha mal educada.

_ O que você quer?

_ Falar com você.

_ Sobre?

_ Você vai ficar sabendo quando chegarmos no restaurante. Te aturar já é um porre, e de barriga vazia não dar mesmo.

_ E quem te iludiu que vou a algum lugar com você?_ Vanessa perguntou arqueando a sobrancelha.

_ Claro que vai, chatinha. Eu sei que você é curiosa, tá louca para saber o que tenho a dizer. E é gulosa também.

_ Olha aqui eu só vou porque quero que essa conversa seja definitiva e que não me procure novemente.

_ Ah, "querida", vai ser um prazer nunca mais não ter que olhar para essa sua carinha de pirralha folgada.

A recepcionista as conduziu até a mesa que Valéria havia reservado.

_ O que as senhoras desejam?_ perguntou o garçom.

_ Eu vou querer tacos de camarão como entrada._ respondeu Vanessa.

_ Eu vou querer o mesmo que ela.

_ As senhoras querem alguma bebida como entrada?

_ Duas cocas zero._ respondeu Valéria.

_ Obrigado pelo preferência. Em instantes, as senhoras serão servidas.

Após a saída do garçom. Vanessa a olhou.

_ Diga o que você quer, Valéria?

Valéria olhou para Abner e piscou.

_ Eu vou ao banheiro. Quando eu voltar, nós conversamos.

Quando Valéria se levantou e saiu, Abner se aproximou da mesa.

_ Boa tarde.

_ Eu já fiz o pedido com o seu colega.

Abner sorriu e sentou á mesa, deixando Vanessa assustada.

_ Eu não sou o garçom.

_ Ah, tá. Então, deve ser um desesperado que quer dar em cima de uma adolescente. Olha, eu não estou interessada.

Abner deu uma gargalhada.

_ Isso é uma tremendo coincidencia. Eu também não estou interessado.

_ Então, o que você quer? Vender algo?

_ Falar com você. Deixe eu me apresentar. Eu sou o Abner.

Vanessa arregalou os olhos, sentindo o ódio ferver dentro dela.

_ Você é o Abner? O amante do meu pai? Como se atreve a se aproximar de mim, seu merda?

_ Ei! Ei! Abaixa o tom! Você está em um lugar público.

_ Saia daqui! Ou eu vou gritar.

_ Não vai mesmo. Pare de histeria e me escute.

_ Eu não tenho nada para falar com você! Ah, é isso! A desgraçada da Valéria armou toda essa porra! Pena que o meu pai não conseguiu te matar.

_ Nossa! Que patricinha mal educada você é.

_ Não. Eu fui muito bem educada, mas só faço uso da boa educação com pessoas de bem. Com as escórias eu trato do jeito que elas merecem.

_ Olha eu poderia ficar aqui ouvindo os seus insultos, mas eu tenho mais o que fazer. Então, vamos direto ao ponto. Pelo visto você não tem noção das coisas que estão acontecendo.

_ Se o Leandro te mandou aqui para...

_ O Leandro nem sabe que estou aqui._ mentiu Abner.

_ O seu macho não sabe que você veio falar comigo? Ah, conta outra, babaca.

_ Ele não é o meu macho. Leandro foi muito magoado por mim. Ele está chateado e com toda razão.

_ O que você fez com o meu pai, cretino?

_ Eu menti de um jeito cruel. Escondi dele que também fui amante do Júlio.

_ Que merda é essa? Mentiroso!

_ Não é mentira. Eu tive um caso com o Júlio antes de conhecer o Leandro. Eu fazia programas e a Lorena me apresentou ao Júlio. Os encontros foram ficando frequentes e eu acabei de me apaixonando por ele. Júlio mentia que também estava apaixonado por mim, que ia abandonar o Leandro para viver comigo.

_ Você é doente! Como se atreve a inventar um dispare desses?

Nessa hora o garçom chegou servindo as bebidas e saiu em seguida.

Abner pôs a pasta em cima da mesa e empurrou em direção á Vanessa.

_ Abra. Aí estão os comprovantes dos depósitos bancários que Júlio fazia em meu nome. O seu papaizinho não é o homem bom que você pensa que ele é. Ele me pagava para ter exclusividade, assim eu não precisaria fazer programas com outros.

Vanessa abriu a pasta e ficou atônita com as altas quantias.

_ Além disso, há uma escritura de um apartamento que o Júlio mentiu que me deu. A escritura é falsa. Ele me enganou. Mas eu morei lá por um tempo e era onde nós nos encontravamos.

_ Isso não é possível! Tudo isso pode ser falso.

_ Deixa de ser burra, garota. Lembra do dia em que Leandro e Júlio brigaram porque um tal de Abner havia ligado no Natal? Então, era eu.

_ Mas o meu pai deu um jantar lá em casa com o tal do Abner e a esposa dele...eles eram clientes e...

_ Eram atores. A Lorena mesmo conseguiu o contato deles. Tudo teatro para enganar o Leandro. Você não acha que é muita coincidência eu ter o mesmo nome que o cara que foi na sua casa? Não acha estranho o Júlio ter contratado os meus pais para trabalharem de caseiros no sítio?

As lágrimas desciam dos olhos dela. O coração batia no mesmo ritmo que a sua raiva.

_ Eu não tô entendendo. Você é o amante do Leandro e...

_ Júlio sempre me prometeu que terminaría com o Leandro para viver comigo, mas que não fazia porque Leandro era histérico e abusivo. Júlio dizia que Leandro ameaçava se matar e matar você caso houvesse o divórcio.

_ O meu pai nunca faria isso.

_ Sim. Eu sei disso agora porque o conheci. Mas acreditei durante muito tempo. Você sabe o quanto Júlio é persuasivo.

_ Eu não tô entendendo nada.

_ Eu fiquei com raiva quando eu descobri que Júlio mentia pra mim, que não tinha a intenção de se separar de Leandro. Acabei me envolvendo com ele, mas nunca dei o meu nome verdadeiro. Leandro me conheceu pelo meu nome de trabalho, Dimitri. Ele não sabia quem eu era, nem que eu era filho da Lurdes.

_ Pera aí._ Vanessa ergueu o dedo indicador._ Vocês são dois monstros! Meu deus! Meu deus! Agora tudo faz sentido. O Júlio traiu o meu pai com você...era por isso que ele tava sempre infeliz...caralho! Júlio mentia que não tinha ninguém e eu acreditava! Que merda! Como eu sou burra!

_ É mesmo.

_ E você se aproveitou disso para poder seduzir o meu pai. Se aproveitou que ele estava vulnerável, assim eles se separavam e você teria a sua vingança. Você quebrou o coração do meu pai!

_ Não! Eu me apaixonei pelo Leandro.

_ Mentira! Se tivesse se apaixonado não teria mentido para ele! É claro! Foi você quem ligou no dia do sítio. É do tipo de amante que gosta de humilhar o marido traído! Você zombou deles! Se aproveitou da carência dele e... E o Júlio...meu deus que mentiroso! Como ele pode mentir pra mim esse tempo todo? Ele me fez odiar o meu pai.

Vanessa chorava tanto que tinha o rosto vermelho. Preocupado, o segurança se aproximou da mesa.

_ Eu posso ajudá-la, senhorita?

_ Eu fiz uma merda imensa! Eu fui injusta com o meu pai._ Ela disse chorando.

_ Você foi enganada pelo Júlio...todos nós fomos.

_ Todos nós uma ova! Você o ajudou a magoar o meu pai! Coitado! Ele tá sofrendo muito e eu ainda fui dura com ele!_ Vanessa gritava, chamando a atenção de todos em volta._ Eu não deixar isso barato!

Vanessa se levantou e jogou a Coca cola no rosto de Abner.

_ Cretino!

A menina saiu furiosa do restaurante.

Valéria se aproximou no mesmo instante.

_ O que aconteceu aqui?

_ Ela tá puta!_ Abner respondeu limpando o rosto com o guardanapo.

_ Com quem?

_ Comigo e com o Júlio.

_ Ufa! Eu só queria ficar invisível só para ver o escândalo que essa menina vai fazer com o Júlio.

Abner sorriu, se sentindo vingado.

....

Vanessa entrou num táxi, que estava estacionado em frente ao restaurante. Pediu nervosa para que o motorista a levasse para o endereço, onde ficava o escritório de Júlio.

_Boa tarde, dona Vanessa._ cumprimentou uma das recepcionistas.

_ Boa tarde é o caralho!_ Vanessa respondeu bufando. Entrando na sede da empresa feito um furacão.

_ Geeente, a menina tá possuída pelo demônio!

Luciano levantou rápidamente quando viu Vanessa.

_ O seu pai está numa reunião.

_ Foda-se! Eu vou entrar!

_ Não vai._ Luciano disse ficando na frente da porta.

_ Se você não sair daí, eu vou gritar.

_ Vanessa, se acalme. Daqui a pouco a reunião vai acabar e o doutor Júlio vai poder falar com você.

Vanessa cumpriu com a promessa e começou a gritar.

Júlio interrompeu a reunião preocupado, pois reconheceu os gritos da filha.

_ Vanessa, pare! Pelo amor de deus!

_ O que está acontecendo aqui?_ Júlio perguntou quando chegou na porta da sala de reuniões.

_ Tá acontecendo, pai, é que eu descobri o crápula que você é! Eu já sei de todas as sacanagens que você fez com o meu pai Leandro.

_ Vamos até a minha sala.

_ Você mentiu pra mim! Me manipulou!

Júlio a conduziu até a sua sala e fechou a porta, deixando os funcionários curiosos.

_ Vanessa, você não pode chegar aqui fazendo escândalos desse jeito. Tá pensando que isto aqui é o quê?

_ É só com isso que você se importa?!_ Vanessa gritou._ Cara, como você pode fazer isso comigo e com ele? Nós somos a sua família!

_ Meu amor, do que você está falando?

_ Não me chame de "meu amor". Você não me ama. Não ama a ninguém! Quem ama não trai e não mente. Eu estive com o seu ex amante, o Abner. Ele me contou tudo, me mostrou os extratos dos valores que você pagava a ele. Uma grana muito alta para um vagabundo de quinta. Eu que sou a sua única filha só ganho cinco mil reais de mesada, mas pra amante você dar muito mais!

_ Vanessa, será que você não ver que isso é mentira! Me admiro você, uma garota tão esperta, acreditando nesse disparate!

_ Abner me mostrou um vídeo de vocês dois juntos. Vídeo esse que ele filmou escondido._ Vanessa mentiu para testar Júlio. No fundo, ela tinha esperanças de que tudo não passou de mentiras de Abner.

Acreditando ter sido descoberto, Júlio sentou no sofá, apoiando as mãos na cabeça. Viu-se num beco sem saída.

_ Eu sinto muito. Sinto por ter sido fraco e caído na sedução do Abner. Ele se aproveitou que eu e o Leandro estávamos numa crise conjugal e se aproveitou de mim para dar um golpe e...

_ Pare de mentir, cara! Pare!_ Vanessa gritou, batendo os pés._ Não teve vídeo nenhum. Eu menti para ver qual era sua. Eu também sei ser tão manipuladora, quanto você.

"Porra! Inúmeras vezes o meu pai dava crises de nervoso, sofrendo com o seu adultério. E você mentia pra mim, me fazia acreditar que estava sendo injustiçado! Você prometeu mundos e fundos para o seu amante, como não cumpriu, ele se infiltrou na vida do meu pai só para destruir o casamento de vocês e magoar o meu pai! Coitado! Ele sofreu por todos os lados: sofreu com as suas traições, com a canalice do Abner e com as minhas agressões...e tudo por culpa sua! Você não respeitou o seu marido e colocou aquele monstro nas nossas vidas... você fez a minha cabeça contra o meu pai! Você é um demônio!"

_ Vanessa, não fale comigo desse jeito. Eu errei sim. Mas eu posso explicar...

_ Eu não quero ouvir as suas explicações! Já tô farta das suas mentiras! Não quero mais ser manipulada por você! Eu só digo uma coisa: você não merece o meu pai! E se depender de mim, nunca mais vai chegar perto dele.

Vanessa saiu correndo do escritório. Júlio foi atrás, chamando por ela.

Como não a alcançou, voltou para o escritório desesperado.

_ Porraaaaaa! Porraaaaa!

Num ataque de fúria, Júlio começou a quebrar todos os objetos do escritório.

_ Caralho! Merdaaa!

Rubens entrou na sala, ficando assustado com a cena.

_ Calma, Júlio!

_ Que calma, Rubens! Não há como manter a porra da calma! O desgraçado do Abner acabou com a única chance que eu tinha para ter o Leandro de volta! Os pais dele se tornaram uns inúteis. A Vanessa era a única chance que eu tinha para que o Leandro voltasse!_ Júlio gritou e socou a parede._ Eu tô fodido! Eu não posso perder o Leandro! Não posso!

"Você já perdeu há muito tempo." Foi o que Rubens pensou, mas não teve coragem de falar.

...

_ Leo, meu bem, tem uma moça na recepção querendo falar com você._ Roberta informou, parando em frente a mesa de Leandro.

Ele sentiu um frio percorrer o seu corpo. Imaginou que fosse Vanessa e se sentiu muito tenso.

_ Ela está muito nervosa. Chora muito.

Preocupado, Leandro levantou imediatamente, indo até a recepção.

Vanessa, ao vê-lo, se atirou em seus braços.

_ Pai!

Leandro a abraçou forte.

_ Me perdoe, pai? Me desculpe por ter sido tão estúpida contigo.

_ Calma, meu amor. Tá tudo bem.

Leandro a abraçou. Sorriu pelo sucesso que obteve.

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Comentários

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Parabéns! História muito bem urdida, que bom que a Casa dos Contos ainda tenha gente interessadas em escrever HISTÓRIAS, sem as absurdidades quase animalescas. Mas há espaço para tudo não? Principalmente para romances como estes, que nos envolvem com personagens interessantes, e sabe dosar bem as partes eróticas que acabam por temperar, complementar o sabor de algo já delicioso por vários outros atrativos.

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Muito bem desenriçado todo o enredo antecedente. Li 2 vezes. Sem falhas na trama. Parabéns.

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Adoro capítulos longos! A virada com a Vanessa foi mais rápido do que eu esperava. Foi Lindo!

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Ufa! Capítulo longo mas maravilhoso. Te falar que eu pensei da Vanessa virar a mesa em cima do Abner no restaurante hahahahahahaha

Agora sim, a volta por cima do Leandro finalmente é certeza!

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