Smart City, um lar para casais diferenciados - Part 2

Um conto erótico de Gustavo Gutierrez
Categoria: Gay
Contém 2051 palavras
Data: 13/10/2022 16:00:11

Chegamos na casa de Angra dos pais da Pri eram 11:30 da manhã. O sol estava maravilhoso e o Carlos já nos esperava na beira da piscina com drinks. O cheiro que vinha da cozinha era maravilhoso. Com certeza eu estava no paraíso!

Era terça-feira. Eu tinha menos de uma semana pra me divertir e curtir tudo que eu quisesse antes de encarar a realidade da Gutierrez Incorporadora.

- Vai continuar fingindo que não tá vendo?

Disse Pri, me olhando pelo espelho após sair do banheiro da piscina.

- Vendo o quê? Tá louca?

- Bernardo ali, com aquela cara de fome pro seu lado.

- Eu ein... tenho cara de babá ou cozinheira?

- Vai dizer que não sentiu nada quando viu ele? Eu bem vi que ele te deu um abraço bem demorado.

- Claro! Tem sete anos que a gente não se via. Saudades normal...

- Ah claro! Me engana que eu gosto.

- Ai para Pri! A fila andou... a gente não é mais adolescente.

- Realmente. Ele cresceu bem. Você viu aqueles braços? Se ele não competisse comigo pelos boys na balada eu agarrava!

Nem respondi, entrei no banheiro, olhando pra ela com cara feia. De lá de dentro não me contive:

- Claro! Ele tá mais gostoso do que nunca! Eu acho que até ainda sinto algo por ele. Mas você viu as postagens dele? Acho que tá namorando.

Saí do banheiro e o Bernardo estava encostado na pia com os braços cruzados, olhando pra mim.

- Ué, cadê a Pri?

Ele só apontou pra piscina onde ela já pulava agarrada nas costas do Juliano e com uma taça na mão.

- Tá aí faz muito tempo?

- Um pouco. De quem vocês estavam falando?

- Não... Nada... De ninguém.

Saí dali, morrendo de vergonha. Aquela vagabunda tinha me deixado falando sozinho! Sozinho não né. Pior! Falando com ele sem saber.

Fiz questão de pular de bomba na piscina jogando bastante agua na cara dela e do Juliano.

Depois de uma guerrinha de água, que juntou todo mundo naquela bagunça saímos pra almoçar. A comida estava maravilhosa. Melhor que o cheiro.

De tarde eu precisei dormir. Estávamos cada um numa suíte. Eu fiquei numa ao final do corredor, a janela dava para o canto da casa, de frente para uma reserva de mata atlântica e do lado direito com vista pro mar.

Liguei o ar condicionado e dormi como um bebê. Ir pra balada na segunda a noite já não era mais tão fácil como antes.

Acordei era quase 16 horas. A casa estava silenciosa. Provavelmente estavam todos dormindo também. Fiquei na cama ainda algum tempo pensando no Bê. Ele estava realmente lindo.

Vou aproveitar para me descrever. Tenho 1,84m, perto do Bê fico baixinho. Ele tem 1,96m é um gigante! Sou loiro, provavelmente a minha mãe (doadora do meu óvulo) fosse bem branca e loira. Afinal meu pai é pardo, cabelo escuro e eu nasci muito branco e com os olhos azuis.

Não sou malhado, mas sou magro. Não sou gordo, mas tenho uma barriguinha irritante. Posso dizer que sou mignon. Sempre fiz sucesso entre homens e mulheres no Brasil. Nos Estados Unidos eu era só mais um. O que foi bom, para evitar que eu sofresse preconceito por ser Brasileiro. Eu passava batido.

Voltando ao Bê, quando ele saiu dos Estados Unidos era magrelo também, ainda tinha até espinhas no rosto. Hoje ele se tornou um homem muito desejável. Pelo jeito tem investido bastante tempo na academia. Ele está bem forte, tem cabelos e olhos castanhos escuro, que contrastam com a sua pele bem branquinha.

O Juliano é o tipo moreno alto, bonito e sensual. Com sua pele cor de mel, cabelo raspado, covinhas que fazem qualquer piriguete abaixar a calcinha na hora pra ele e olhos verdes que com certeza foram brincadeira de Deus! Ele sempre foi o maior pegador da escola. Apesar de competir nesse quesito com o Math.

Já o Math é a cara do Adrian Grenier, o Nate de O diabo veste Prada, namoradinho fofo da Andrea. Cabelo meio bagunçado, meio encaracolado, olho azul, barba as vezes por fazer. Apesar de um pouco mais baixo que o Ju e que o Bê, ele fazia sucesso com meninas e meninos no colégio.

Então resumindo era esse nosso grupo, um hétero, um bi, eu e o Bê de casalzinho e a Pri, que até hoje não tenho certeza de onde no espectro (LGBTQIA+) ela se encontra. Já deu pro Ju, pro Math, já tentou pegar o Bê antes de eu e ele começarmos a namorar e beijou metade da escola, meninos e meninas, mas não se diz Bi.

Enquanto eu pensava todas essas coisas, principalmente em como o Bê estava gostoso, ouço baterem na porta, bem levemente. Eu estava com preguiça ainda. Devia ser a Pri querendo agitar alguma baladinha na casa de alguém.

Levantei e abri a porta fazendo careta.

- Tudo bem?

Era o Bernardo. Pouts! Outro fora.

- Ah sim! rs Achei que fosse a Pri.

- Acho que sou um pouco maior que ela.

- Engraçadinho!

Dei língua pra ele.

- Posso entrar?

- Claro! Entra. Sinta-se em casa. Aceita um café, um chá?

- Quero um chá.

Ele disse isso me olhando com aquela cara de cafajeste e um meio sorriso.

- Desse aí que você quer está em falta.

- Mas eu não disse nada. Só falei chá.

Eu estava vestindo só uma camiseta e uma cueca branca. Estava sentado até então, sobre uma perna. Resolvi deitar de bruços pra ficar virado para ele enquanto conversávamos, já que ele estava sentado numa poltrona do outro lado de um tapete aos pés da cama.

- Isso já é sacanagem! Vê se se cobre pelo menos. Já não basta aquele shortinho que você tava?

- O quê? Tá louco? Tem nada aqui que você não tenha visto.

Falei isso, mas instintivamente me cobri.

- Vi mas faz muito tempo. Parece que foi em outra vida!

- Nossa, me chama de velho mesmo!

- Que nada. Você está ótimo.

Corei nesse momento. Ele me olhava com aqueles olhões de jabuticaba.

- E aí, como está a vida? Vendendo muitas Ferraris?

Resolvi mudar de assunto para ver se me acalmava. A família do Bê tinha varias empresas e ele resolveu abrir a própria importadora se automóveis de luxo. Primeiro para comprar os próprios brinquedinhos e depois, pra ajudar um amigo, depois outro e hoje é um empresário de sucesso.

- Ah sim. Os negócios estão ótimos!

- E essa carinha de quem comeu e não gostou? Desde ontem na balada que você já não estava muito bem.

- Ah man, é o Bruno. Ele tá dando showzinho. Desde ontem ele não queria que eu saísse com vocês. Ele foi obrigado, porque eu falei que não ia ficar em casa.

Bruno é o namorado do Bê. Eles estão juntos há uns quatro meses, ou pelo menos é desde então que eles tornaram público nas redes sociais.

- Mas ele não curte sair? Ele é mais caseiro?

- Nada! Você sabe que eu sempre fui mais tranquilo. Ele é porra louca. Toda semana tá na balada e durante a semana também, sai da faculdade as vezes e vai pro bar com os amigos.

- Ué, não entendi.

- Pois é! Ele sabe de você. De nós. Desde que eu falei pra ele que você tava voltando ele pirou.

Olhei pra ele como quem não entendeu, o incentivando a continuar.

- Ah, fica pegando meu celular, quer olhar as coisas. Tenta disfarçar que o dele tá assim ou assado, fica me ligando toda hora pra saber onde eu tô.

Esses dias ele foi lá na loja. Eu tava com um cliente bom. O cara fechou um pedido de dois carros que deu quase seis milhões.

Ele entrou na sala, veio me beijar, ficou olhando estranho pro cara. Você sabe que esses caras são uns filhos da puta homofóbicos. Isso não pode acontecer. Eles podem até saber que eu fico com homem, mas eles não querem ver essa porra na frente deles.

Sorte que o cara é brother do meu pai e eu consegui segurar a venda. Mas sei lá. Tô zuado desde então. Ele é gente boa. Pelo menos era, até pirar na batatinha e eu acho que tô gostando desse FDP.

Olhei pra ele, ele estava deitado na poltrona, com as pernas apoiadas num puff e a cabeça no encosto, olhando para o teto.

- Vocês precisam conversar. Explicar as coisas pra ele. Porque ele não veio hoje? Tinha espaço no helicóptero.

- Você não viu o show que ele deu na balada ontem?

- Não.

Falei sincero. Eu sei que eles sumiram cedo, mas não vi nada.

- Ele empurrou um cara. Falou que o cara tava olhando pra mim. O cara quis engrossar pro lado dele e quando eu fui defender apareceram dois amigos dele. Se não fossem o Ju e o Marh que me cercaram também, acho que eu tinha levado uma surra. Mas como tava três a três eles ficaram de boa.

- Caraca! Que horas foi isso? Onde?

- Ah, nem era 3 horas ainda. Na escada do camarote. A gente tava descendo pra pegar bebida.

Eu briguei com ele, perguntei se ele tava louco, arrumando briga pra mim na balada. Ele começou a chorar. Disse que depois que você falou que ia voltar eu só maltrato ele.

Mas ele que ficou louco. Começou a fazer coisa que nunca tinha feito antes. A gente se conhece tem quase um ano, ficou sem compromisso uns 6 meses, se via de vez em quando, as vezes quando se esbarrava na balada levava ele pra casa. E tem 4 meses que ele me pediu em namoro.

Depois de tantos anos solteiro achei que poderia valer a pena, mas sinceramente, agora já não sei mais se ele é o cara certo.

A gente brigou feio em casa ontem, falou que não queria me ver nunca mais, me xingou de tudo quanto é nome e foi embora.

Hoje de manhã ele apareceu lá pedindo desculpas, com a mala na mão, dizendo que seria bom passar uns dias aqui, longe de tudo.

Eu fiquei tão puto que mandei ele embora. Falei que precisava de um tempo e que esse tempo longe de tudo seria bom sim, mas que seria bom para eu pensar o que eu queria da minha vida.

- Não sei o que dizer.

E eu não sabia mesmo. Depois do Bê eu não namorei ninguém. Fiquei com alguns, transei bastante, mas não namorei. Estava focado nos estudos e sabia que não queria morar nos Estados Unidos pra sempre.

- Relaxa man! Acho que eu só precisava desabafar mesmo.

Levantei e fui ate ele. O puxei para se levantar também, num abraço. Quanto tempo eu não sentia aquele abraço. O cheiro dele era o mesmo de antes. Mas seu corpo mudou bastante. Agora eu me sentia até pequeno em seu abraço.

Ele me olhou de cima e eu olhei para ele, sorri e abaixei minha cabeça novamente, a encostando em seu peito, enquanto ele a beijava. Fazia muito tempo que não ficávamos sozinhos e tão perto um do outro.

Depois de algum tempo que eu não sei precisar quanto, ali naquele abraço, ouvimos batidas na porta.

- More, tá dormindo ainda?

Gritou a Pri, do outro lado da porta.

- Oi, não. Já vou...

- Os meninos já desceram. A gente vai dar mais um pulo na piscina e depois se arrumar pra festa da Giovana. Você viu o Bê?

- Ele tá aqui, a gente já tá indo.

- Tá bom. Vem logo. Deixa pra namorar depois.

Falou isso já se distanciando da porta.

Já tinha me soltado daquele abraço, eu sentado na cama e ele na poltrona novamente. Olhei para ele e perguntei:

- Tudo bem?

- Sim. Vamos descer! Me ajuda a curtir essa noite e vai ficar tudo certo.

- Combinado. Vai na frente que vou colocar minha sunga.

Ele se levantou, deu um beijo na minha testa e saiu. E eu fiquei ali sentado na cama, perdido.

- Meu Deus, como ele está lindo! Eu não vou conseguir resistir a esse homem uma semana inteira.

Pensei, enquanto deitava na cama e brigava com o edredom, com raiva de mim mesmo, por ainda gostar tanto dele e ele parecer não estar nem aí para mim.

*>> * Bom, é isso. Mais um capítulo introdutório. Acredito que no próximo já teremos um sexo e no seguinte as coisas começam a andar mais rápido e a história vai tomando seus contornos.

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